domingo, 7 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25351: Facebook...ando (53): Joaquim Garrett procura camaradas que andaram com ele na EINAT n.º 2052 (1968/70)



T/T Niassa >  2 de maio de 1968, a bordo do "Niassa" a caminho da "colónia de férias" da Guiné. Na companhia dos enfermeiros António Guita, Adriano Herculano e Coelho (Neusa), ambos da EINAT nº 2052. Tambem está o enfermeiro Martins,  da CCaç 2383.(O Joaquim Garrett é o primeiro do lado direito, na primeira fila.)



Bissau > Cais do Pidjoguiti  >  25 de agosto de 1968 > A contar da esquerda para a direita: o Pereira (açoriano),  Joaquim Garrett, e o Victor Ventura


Abrantes > 30 de abril de 1968 > Antes do embarque para a Guiné.

Fotos (e legendas): © Joaquim Garrett (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camaradas Joaquim Garrett, amigo do Facebook da Tabanca Grande,  
publicada na sua página, em 24 de fevereiro de 2024, o8:34

(...) Faz hoje, 24 de fevereiro de 2024, 54 anos, que regressei da Guiné acompanhado da minha Equipa de Instrução de  Nativos - EINAT n.º 2052. 

Fizemos esta viagem de regresso a bordo do navio T/T "Índia", Graças a Deus regressámos todos. 

Aos camaradas que tenham conhecimento de outros que fizeram partir desta unidade militar e me acompanharam, agradeço que deem-lhe conhecimento desta publicação para caso seja possível voltarmo-nos a encontrar.

Foto (acima) tirada no dia 30 de abril de 1968, em desfile de despedida da população de Abrantes um dia antes do embarque. O meu muito obrigado. (...)



2. O Joaquim Garrett é amigo do Facebook da Tabanca Grande... Esteve no CTIG de 1968 a 1970, integrado numa subunidade, de que nunca antes tínhamos ouvido falar, a EINAT nº 2052, Equipa de Instrução de Nativos (sic)...

De acordo com a sua página no Facebook, tem 162 amigos (15 em comum). E pela sua apresentção, ficamos a saber que:

(i) é sócio gerente na empresa J.  A. Garrett - Organização e Gestão de Empresas;
(ii) trabalhou como gestor na empresa BMW;
(iii) estudou Gestão no ISCTE - Lisboa, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa;
(iv) estudou Contabilidade e Auditoria em ISCAL - Instituto Superior de Contabilidade Administração de Lisboa;
(v) estudou no Instituto Comercial de Lisboa;
(vi) andou na Escola Comercial Patrício Prazeres;
(vii) é 
 de Lisboa e vive em Lisboa;
(viii) desde jovem que está ligado aos escoteiros;
(ix) aderiu ao Fcebook em setembro de 2016.

3. Além do pedido para nos esclarecer esta sigla (EINAT) (e já agora dizer algo mais sobre o que faziam estas Equipas de Instrução de Nativos, no seu tempo), teríamos muito gosto em tê-lo connosco, sentado à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande, a tertúlia do nosso blogue (que faz 20 anos dentro de dias).  

Vemos que, entre os seus amigos do Facebook, está um outro contabilista certificado, o José Martins, de Odivelas, um histórico do nosso blogue, com cerca de 470 referências. Vejo que o Joaquim Garrett também andou no ISCTE, possivelmente até na mesma altura que eu (1975/80).

Pelas legendas das fotos, vemos que à EINAT também pertenciam enfermeiros. Seriam equipas mistas de alfabetização, prestação de cuidados de saúde e extensão rural ? Confesso que não ouvi falar, no meu tempo de Guiné (1969/71).

Um alfabravo, camarada. LG
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P25350: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (12): "Os velhinhos"

Adão Pinho Cruz
Ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547
Autor do livro "Contos do Ser e Não Ser"


Os velhinhos

Há vários restaurantes clássicos e tradicionais no Porto, aos quais acorrem, sobretudo ao domingo, as terceira e quarta idades. Como é óbvio, também por lá ando. Odeio a velhice, mas nunca os velhinhos, um pouco na mesma linha de que odeio as religiões, mas nunca os que as professam. Por vezes, convido o meu filho Marcos, não só porque gosto de estar com ele, mas também como contrapeso. Empresta-me um certo arejo de mais novo e permite-nos discorrer sobre filosofias da vida para as quais nos estaríamos marimbando se não fosse a garrafinha à nossa frente, às vezes duas.

Hoje fui sozinho a um desses restaurantes comer um cozidinho à portuguesa. Ia eu a meio da orelheira quando eles, os velhinhos, começaram a chegar. Bem alinhados nas roupas e nos arranjos, eles e elas, mais elas do que eles, numa derradeira tentativa de exumar alguns restos de juventude: logo à cabeça, um antigo colega meu do hospital de Santo António, que por acaso operara em tempos idos a minha irmã e, logo atrás, a sua própria irmã, que fora minha colega de curso. Que ternura! Quem os viu e quem os vê! O suficiente para eu parar de roer a unha, do porco, claro, e abrir os arquivos neuronais de trinta ou quarenta anos atrás. Quase me apetecia chorar se não fosse as couvinhas estarem-me a saber tão bem.

Logo a seguir, uma senhora de meia-idade, com ar de Senhora de Fátima, pedia uma mesa para seis. Podia ser aquela que estava mesmo à minha frente, disse o empregado. Logo, entraram dois de terceira idade, mais um de quarta idade e, um tanto atrasados, uma outra senhora de meia-idade, também com ar de Nossa Senhora de outra coisa qualquer, amparando um velhinho a arrastar-se, de braços trémulos no ar, como que a dizer Dominus Vobiscum. Uma cena provavelmente comum no Reino dos Céus.

Dizia um dos de terceira idade, carteira a tiracolo, calça pelo meio da perna e sapatilhas brancas da moda:
- Então, o que escolhem?
Ao que respondeu o outro, de quarta idade, a quem uma lufada de vento havia tombado definitivamente para o lado esquerdo:
- Comida mole, comida mole.

Tomei o meu cafezinho e pedi a conta. Nesse preciso momento, sentou-se na mesa ao lado um sujeito dos seus oitenta e muitos, torcendo a face com aquele esgar esquisito que denuncia a puta da dor das artroses, todo vestido a condizer, certamente ao gosto da filha ou da neta e não da mulher, que Deus provavelmente já havia chamado à sua Divina Presença. No meio da confusão, o empregado colocou a minha fatura na mesa do velho, ao que ele reagiu vociferando:
- Que caralho é isto? Eu ainda nem pedi nada!

É preciso vir a estes sítios para sentirmos a ternura da velhice. Odeio a velhice, mas cada vez mais me sinto pateticamente encantado com o mundo dos velhos, a sua profunda poesia e a dramática coreografia da antecâmara da morte.

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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25323: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (11): "Zulmiro"

Guiné 61/74 - P25349: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (7): Uma estória passada no Pelundo, na escolta a um transporte de rachas de cibes: periquitos e velhinhos...


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Canchungo > Pelundo > 2008 > Restos do antigo quartel português, ao tempo do BART 6521/72 (Pelundo, 22/9/1972 - 27/8/1974), a unidade que fez a transferência de soberania para o PAIGC, e que era comandado pelo Ten Cor Art Luís Filipe de Albuquerque Campos Ferreira.   

A foto foi-nos enviada, em setembro de 2008, juntamente com as fotos de uma série de ex-camaradas nossos,  manjacos do Pelundo (que estiveram ao serviço do exército português e para quem se pedia apoio), pelo sociólogo António Alberto Alves  que residia na altura (e desde 2006) em Canchungo (antiga Teixeira Pinto) e trabalhava para uma ONGD portuguesa.

Foto: © António Alberto Alves (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de Joaquim Luis Fernandes ao poste P25341 (*), que decidimos incluir na sua série "Acordar Memórias" (**): o nosso camarada leiriense foi alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973, e Depósito de Adidos, Brá, 1974:


Este tema das rachas dos cibes (*), usados nas estruturas das coberturas das casas nos reordenamentos na Guiné, mas também no geral, na cobertura das casas das aldeias, vilas e cidades, traz-me à memória um episódio que vivi na Guiné, em fevereiro de 1973, que me ficou gravado bem fundo.

Estaria na 2ª ou 3ª semana de Teixeira Pinto (muito periquito). Recebi ordens para fazer a escolta ao soldado (ou cabo) da Engenharia, adido no BCAÇ 3863 em Teixeira Pinto, que iria, com pessoal civil, recolher uma carrada de rachas de cibes, nas matas que se situavam entre o Pelundo e Jolmete.

No dia seguinte, saímos logo pela manhã com 2 secções a escoltar a viatura de transporte, creio que uma Mercedes, onde iam os carregadores e o responsável da Engenharia. Eu ia num Unimog com uma secção e um furriel (já velhinho) num outro.

Do Comando, nada me disseram do local onde iríamos fazer a escolta, mas quando nos preparávamos para iniciar a marcha, fui informados por um ou mais soldados, os mais próximos, o que tinha acontecido nessa picada, entre o Pelundo e Jolmete, em 1970: o assassínio pela guerrilha do PAIGC, de três Majores, um Alferes e os seus três acompanhantes nativos. 

Fizeram-me a descrição como sabiam, que eu ignorava completamente. Inicialmente passou-me pela cabeça que o que estavam a dizer era só para assustarem o alferes periquito que os comandava. Depois, tomei consciência de que tinha sido verdade e que o local para onde íamos comportava alguns riscos.

Chegados ao local sem incidentes, montámos um cordão de segurança ao redor da área onde era feito o carregamento dos cibes. Eu (periquito e receoso) orientei uma secção como me pareceu melhor e o Furriel (velhinho) orientou a outra.

Terminado o carregamento, preparámos o regresso. O Unimog onde eu ia, seguia à frente, a seguir a viatura de carga e na retaguarda a outra secção. Tudo tinha corrido bem e isso tranquilizava-me.

No regresso, já com o sol a castigar forte, ao aproximarmo-nos do Pelundo, os soldados mais próximos, sugerem-me que parassemos no quartel do Pelundo, para matarmos a sede com umas cervejas frescas. Cedi à sugestão e,  aí chegados, foi deixar as viaturas e ir direito ao bar do soldado, um balcão que dava para o exterior.

Quanto todos estavam reunidos em frente a esse balcão, verifico que o Furriel e um outro soldado não estavam presentes. Senti um calafrio, terei ruborizado que nem um tomate maduro. O que teria acontecido para não terem vindo? 

Senti o peso da responsabilidade por não ter verificado se estavam todos presentes antes de iniciarmos a marcha de regresso. Vários cenários me passaram pela cabeça. A decisão foi voltarmos ao local onde tínhamos estado na esperança de que os encontraríamos.

E assim aconteceu: bastante antes de chegar ao local onde tinhamos estado, lá vinham eles a pé pela picada, com a G3 nas mãos (ou à bandoleira, ou ao ombro)

Não sei (não me lembro) se alguma vez disseram porque não tomaram o transporte no regresso. Também não compreendo como o condutor do Unimog e os outros soldados dessa secção não deram pela sua falta.

Como isto não é uma estória de ficção, só concluo que naquela guerra havia muita balda e falta de rigor no cumprimento das missões. Por isso às vezes aconteciam azares graves que não deviam acontecer.

Serviu-me de lição este episódio e durante o resto do tempo que passei em Teixeira Pinto, em missões de escoltas e patrulhamentos, passei a ser mais cuidadoso, evitando quanto possível as baldas e seguindo os ensinamentos que tinha recebido na instrução: "suor gasto na instrução e na disciplina, é sangue poupado no combate".

E a minha coroa de glória, é que daqueles que me acompanharam, não perdi nenhum.

Abraços
JLFernandes

6 de abril de 2024 às 00:41
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sábado, 6 de abril de 2024

Guiné 61/75 - P25348: 20.º aniversário do nosso blogue (4): Alguns dos nossos melhores postes de sempre (IV): Um roteiro poético-sentimental para um regresso àquela terra verde-rubra (Joaquim Mexia Alves / Luís Graça)


Guiné > Zona Leste < Sector L1 (Bambadinca) > Vista aérea do aquartelamento e povoação do Xitole 


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves (*).  Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

Fotos: © Humberto Reis  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Um coluna logística ao Xitole... O pessoal fazendo uma paragem na famosa  Ponte dos Fulas, destacamento do Xitole.

A Ponte dos Fulas (sobre o Rio Pulom, afluente do Rio Corubal) era uma espécie de guarda avançada do Xitole (na altura, a subunidade de quadrícula, do Setor L1, mais a sul, era a sede da CART 2716, em 1970/72).

Perspetiva: norte-sul, quando se vem de Bambadinca e Mansambo para Xitole e Saltinho. A ponte, em madeira, de construção ainda relativamente recente e em bom estado, era vital para as ligações de Bambadinca e Mansambo com o Xitole, o Saltinho e Galomaro... A ponte era defendida por um 1 Gr Comb do Xitole, em permanência, dia e noite... Na foto sãos visíveis, em segundo plano à esquerda, o fortim; em terceiro plano, ao fundo, à direita, as demais instalações do destacamento.

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste < Sector L1 (Bambadinca) >  CCAÇ 12 (1969/71 ) > Chegada ao Saltinho.. Ponte Craveiro Lopes sobre o Rio Corubal... O troço de estrada a seguir, para Aldeia Formosa, estava interdita... Na imagem,  em primeiro plano os Fur Mil Reis (Humberto) e Levezinho (Tony)... De costas, o Fur Mil Graça Henriques.

Foto: © Arlindo Roda (2010).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região do Oio > Mansoa > Distância, em quilómetros, de Mansoa a algumas das principais povoações, a leste (Bafatá, Bamabadinca, Enxalé), a sul (Porto Gole) e a leste (Bissau, Nhacra, Encheia)... Na foto, o ex-Alf Mil Paulo Raposo, CCAÇ 2405/BCAÇ 2852 (1968/70).

Foto: © Paulo Raposo  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > Missa na igreja paroquial de Monte Real >  O Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria, a viver na Marinha Grande). Membro da Comissão Organizadora dos nossos Encontros Nacionais (interrompidos com a pandemia de Covid-19 em 2020), é um histórico do nosso blogue, tendo mais de 310 referências.

Foto: © Manuel Resende  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) >  Possivelmente 2º semestre de 1969 (tempo das chuvas)

Foto: © Arlindo Roda (2010).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/ BART 2917 (1970/72) > O Mário Beja Santos, cmdt do Pel Caç Nat 52, em fim de comissão, junto ao edifício de comando, messe e instalações de oficiais.  Do lado esquerdo, eram as instalações dos sargentos; o edifício em U fora construído pela Engenharia Militar, BENG 447, ao tempo do BART 1904 (que será substituído pelo BCAÇ 2852, 1968/70)... O Beja Santos, que esteve em Missirá, conheceu estes 3 batalhões.

Arquivo do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné





Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 3 de Março de 2008 > O antigo quartel das NT (CCS/BCAÇ 2852, 1968/70; CCAÇ 12, 1969/71; CCS/BART 2917, 1970/72...)  > No regresso a Bissau, depois de uma visita ao sul, à região do Cantanhez, no ãmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de Março de 2008), eu e o Nuno Rubim, fizemos um pequeno desvio para visitar Bambadinca... (Éramos acompanhados pelas nossas caras-metade, Júlia e Alice, e pelo Antero, condutor do jipe da ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento; as fotos foram tiradas pela Alice)

As instalações de sargentos (à esquerda) e oficiais (à direita) eram agora ocupadas pelo exército da República s Guiné-Bissau... O antigo quartel estava em ruínas. Chegámos a uma hora inconveniente, a da sesta... Trocámos cumprimentos com os oficiais presentes (incluindo o comandante, à civil,  de camisola interior, bem como um coronel inspector da artilharia que estava ali, também à civil, de máquina fotográfica e óculos escuros, em serviço, vindo de Bissau...). Fotos que falam por si... Estupidamente, não quis ver o interior do meu antigo quarto (*)...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Texto de Luís Graça,  a partir do poste P2633 (*)  

Com um agradecimento, muito emocionado, ao Joaquim Mexia Alves pela ternura do roteiro poético-sentimental  que ele fez para mim, em 27 de Fevereiro de 2008 (Poste P2631) (**), antes de eu partir para a Guiné (onde estive de 29 de evereiro a 7 de março de 2008) (***), e de que só no regresso, infelizmente, tomei conhecimento...

No dia em que ele, Joaquim,  celebra 74 anos, achei que este roteiro, a quatro mãos, podia figurar, sem imodéstia da minha parte, na série comemorativa dos nossos 20 anos de blogue (****). Daí esta republicação.


(i) Recado para uma ida à Guiné

por Joaquim Mexia Alves



Vai, Luís,
Para essa terra quente
Que viveu dor e sofrimento
Para se fazer País.
Vai e leva o meu abraço
Porque num dia,
Num momento,
Também aí fui feliz.

Passa por Mansoa
E sobe para Mansabá
E ao carreiro da morte
Pára e contempla
Das árvores do Morés
O seu porte.
Deixa uma lágrima
E um voto
Por todos os que aí ficaram.
Depois desce a Jugudul
E segue a estrada nova
Que tanto sacrifício me deu.
Passa por Portogole
E mais à frente um bocado
Sobe ao Mato Cão,
E fica ali sentado
Com uma cerveja na mão
A assistir ao Pôr-do-Sol.

Agora que vês Bambadinca,
Depois de parares um pouco,
Segue em frente
Pela estrada do meu suor
A caminho do Mansambo,
Que fica à tua direita.

Na Ponte dos Fulas
Vai a pé,
Ali para a tua esquerda,
Sim, dentro da mata,
Vá, anda,
Porque vais encontrar,
Se agora não me engano,
Uma mata de caju
Onde o macaco cão
Faz barulho que ensurdece.

Volta à estrada
Para o Xitole
E, quando lá chegares,
Senta-te naquela varanda,
Mesmo que destruída,
(reconheci-a entre mil),
E bebe por mim um uísque
Em memória do Jamil.

Segue para o Saltinho,
Banha-te naquelas águas
E não pares,
Arranja um barco
E sobe o Corubal.

Quando chegares ao Xime,
Desembarca na lama preta
E sobe por um bocado,
Apenas para ver a vista.
Regressa ao Geba.
Lá está a Nau Catrineta
Que tem muito que contar,
Embarca agora nela,
Deixa a maré te levar,
Porque assim à noite
Estarás em Bissau, a varar.

Já é tarde,
Estás cansado,
No físico, no coração,
Então senta-te no Pelicano,
E come…
Um ninho de camarão.

Vai, Luís,
Leva-me contigo,
Mata feridas, mata mágoas,
Mata saudades até,
E abraça por mim
A Guiné…

Joaquim Mexia Alves

Monte Real, 27 de Fevereiro de 2008

(Revisão / fixação de texto: LG)


(ii)  Roteiro poético-sentimental

por Luís Graça


Passei por alguns dos sítios 
que tu me sugeriste,
a alta velocidade,
com enormes ganas de parar...
Quis controlar as minhas emoções,
quando a vontade era de chorar;
segui em frente,
mesmo querendo ficar;
não tirei fotografias,
com muita raiva minha,
por que me estava a armar em forte...
Tinha apenas em mente o sul,
nunca o leste,
nunca o norte...
Queria apenas mostrar a mim mesmo
que estava a passar o teste  da catarse...
Que eu, de facto, 
já tinha esquecido a Guiné
e o seu cheiro a morte...

Não esqueci, claro está...
E a Guiné, para mim, era apenas o Corubal,
a perigosa margem direita do Corubal,
o Geba, a Ponta Varela,
a maldita Ponta do Inglês,
o triângulo Xime-Bambadinca-Xitole,
a tristeza das  tabancas fulas em autodefesa,
o cerco ao regulado de Badora,
o estrangulamento do regulado Corubal,
o deserto do  regulado do Cuor...
A Guiné era o Geba, o Xaianga, o Geba Estreito,
Finete, Mato Cão, Missirá, a Missirá do Tigre,
Santa Helena, Mero, Fá Mandinga, a Fá do Alfero Cabral...

Ah!, e os Nhabijões,
de triste memória.
Era também Contuboel,
a do Renato Monteiro,
o homem da piroga.
Era também Bafatá...
Os tocadores de kora e os ourives
e os ferreiros, mandingas.
Ah!, o Bataclã,
e a sacana  da amorosa Helena de Bafatá,
mais o bife com ovo a cavalo  na Transmontana.
Era isto e pouco mais.

Joaquim, 
desta vez fui a Mansoa,
a Mansoa da tua CCAÇ 15,
onde nunca tinha ido...
À procura de bianda para o almoço, imagina!...
Mas não segui para Mansabá
e muito menos para o carreiro da morte no Morés...
Acabei por ir almoçar
ao restaurante  do Hotel Rural de Uaque...

Tive depois um convite,
do camarigo Zé Teixeira
e do seu grupo de beduínos, comilões,
para ir comer leitão a Jugudul…
Leitão em Jugudul, imagina!,
como antigamente,
o leitão dos balantas de Nhabijões,
atropelado pelo burrinho da tropa
(no relatório, alguém escrevia:
animal subversivo e suicidário)

Mas outros deveres,
os trabalhos do Simpósio Internacional de Guileje,
me retiveram em Bissau, 
num hotel todo chique, 
de muitas estrelas
num céu esburacado de papel de cenário...

Passei pelo teu/nosso Mato Cão,
pelos cerrados palmeirais do Mato Cão,
como cão  em vinha vindimada,
vi o cotovelo do Geba Estreito,
onde nos emboscávamos,
para montar segurança às embarcações,
admirei a extensa bolanha de Finete,
passei por Bambadinca,
vi vacas,  magricelas,  a pastar
na imensão da sua bolanha,
triste bolanha outrora verdejante,
parei em Bambadinca no regresso,
revisitei as ruínas do meu quartel,
não ousei sequer entrar no meu antigo quarto,
não tive estômago  ou sangue ou fel
ou coragem  ou sequer desejo...

Tomei a seguir  a estrada, 
alcatroada
(que não havia no nosso tempo)
de Mansambo - Xitole - Saltinho...
Não parei em Mansambo, 
por falta de dístico,
nem no teu Xitole.
Apenas no Saltinho, 
porque estava no programa turístico...
Mas lembrei-te de ti,
que me encomendaste
este roteiro poético-sentimental,
pedestre, p'ra fazer ao pé coxinho...
Lembrei-me de ti 
e do David, o  Guimarães,
do Torcato, o Mendonça
do CMS, o nosso Carlos Marques dos Santos,
do Mário, do Beja, do Tigre,
do Jorge, do Bilocas (o Machdinho),  do Humberto, o Reis,
do Tony, o  Levezinho, do cripto GG, 
o nosso arcanjo São Gabriel,
do Fernando Marques, do Jaquim Fernandes,
do Arindo Tê Roda,
e de tantos outros,
sem esquecer o puto Umaré Baldé,
que a morte já levou,  em Portugal,
nem muito menos o portuguesíssimo José Carlos,
de seu apelido Suleimane Baldé,
1º cabo, de 1ª classe,
um coração de ouro,
um homem doce,
enfim, todos os camarigos 
da minha CCAÇ 12,
e de outras unidades com quem convivi,
em Contuboel, Bambadinca, e arredores,
entre julho de 1969  e março de 1971...

Desculpa-me,
mas não bebi um uísque, por ti e por mim,
à memória do Jamil.
Só bebi um uisquinho no avião 
de regresso a Lisboa,
que as bactérias e os vírus na Guiné-Bissau
é quem mais ordenam...
E eu que gostava tanto, como tu,
do nosso uísquinho (coisa boa, não é ?!),
com uma ou duas pedras de gelo 
e água de Perrier.

Não subi o Corubal, confesso,
mas fui a Cussilinta,
ver os rápidos,
a Cussilinta onde nunca tinha ido nem poderia,
e foi com contida emoção
que revi os palmeirais
que bordejam o rio,
e o que resta da floresta-galeria...

Não, também não passei
pelo Xime, nem pela Ponte Coli,
muito menos pela triste Ponte do Udunduma,
porque não é esse agora o caminho 
de quem agora vem de Bissau,
e estrada só há uma.
Não tomei o "barco turra", o velho barco,  ronceiro,
da outrora soberana e imperial Casa Gouveia
nem me sentei na esplanada do Pelicano,
como sugeria o teu roteiro.
E das ostras, só provei a sopa,  uma colher,
na casa do Pepito, no bairro do Quelélé...
Agora, vais a Quinhamel para comer ostras,
que a cólera é endémica na capital da Guiné!...

Como vês, fui frugal, espartano, sanitarista...
Fui mau.
Mas um dia prometo seguir à risca o teu plano, 
voltar ao Mato Cão,
e à bolanha de Finete,
e à Ponta do Inglês,
e à margem direita do Corubal...

Camarigo, 
já foram demasiadas emoções
para uma semana só...
Em todo o caso, sempre gostei mais daquela terra
no tempo das chuvas e do capim alto
e das miríades de insectos à volta dos candeeiros 
na noite espessa e húmida...
Mas adorei, confesso que adorei,
a tua sugestão, o teu projecto, 
o teu roteiro poético-sentimental...
Quem sabe, talvez o faremos
pelo nosso próprio pé...
Um dia destes,
nesta ou noutra encarnação, 
Tu, eu e a malta  de Bambadinca,
da Zona Leste, que é muita,
e que esteve no sítio tal e tal
e que faz parte da nossa Tabanca Grande...

Obrigado, Joaquim,
até pela ideia 
que aos 20 anos se poderia ser feliz.
Ou que a Guiné foi para ti, foi para nós, fado,
fatumdestino,
destino que o Destino quis.
Vemo-nos em Maio, na Ortigosa, Monte Real,
no nosso III Encontro Nacional.

13 de Março de 2008 / Revisto.

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Notas do editor:


(**) Vd. poste de 13 de março de  2008 > Guiné 63/74 - P2631: Dando a mão à palmatória (5): Recado para uma ida à Guiné (Joaquim Mexia Alves)

(***) Vd. poste de 9 de março de 2008 > Guiné 63/74 - P2621: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (3): Pequeno-almoço no Saltinho, a caminho do Cantanhez

 
(...) No percurso entre Bissau e Saltinho, não tomei grandes notas. Nem tirei fotos. A caravana seguia a boa velocidade. Fui em estrada alcatroada, ao longo do Geba, por sítios que não conhecia, com belíssimas bolanhas, sobretudo na região de Mansoa. No meu tempo, esta estrada, a norte do Geba, estava interdita. Para a Zona Leste ia-se de barco, até ao Xime, até Bambadinca, até mesmo a Bafatá...

Noto que as estradas modernas, como em toda a parte, atraiem as populações... Há mais tabancas, com maior risco de acidentes, à beira do caminho. Uma das nossas viaturas passou por cima de um cabrito. Ninguém porém parou. Há um membro do governo na caravana e leva escolta policial. Há também uma deputada, antiga combatente da liberdade da pátria...

Passo pela bolanha de Finete, agora com direito a tabuleta. Passo em Mato Cão e o Rio Geba Estreito ali tão perto... Imagino um comboio de barcos da Casa Gouveia a aparecer na curva do rio... E nós ou o PAIGC, emboscados. Passo ao largo de Bambadinca, sem aparente emoção. Mas tenho um pensamento positivo ao lembrar os velhos camaradas que andaram por aqui comigo... Cortamos para o sul, mais à frente, perto de Santa Helena, se não me engano...

Não dou conta de passar por Mansambo: do Xitole, retive apenas a fachada de uma mesquita que não existia no meu tempo... Entrevejo as ruínas do Xitole... Passo pelo Rio (seco) de Jagarajá e por Cambesse onde, em 15 de maio de 1974, teriam morrido os últimos portugueses em combate, segundo o José Zeferino ... A estrada antiga passava ao lado...

A viagem vale pelo Saltinho, o Rio Corubal, as lavadeiras do Corubal... Mas já não há a tensão dramática que percorria a fiada de palmeirais ao longo do Rio, no tempo da guerra... Há também maior desflorestação nesta zona. Os cajueiros são uma praga, na Guiné-Bissau. As bolanhas tendem a ser abandonadas ou a transformar-se em campos de cajueiros... Uma armadilha mortal para os guineenses, para a sua economia, para o seu futuro... O arroz continua a ser a base da alimentação do guineense, de Bissau a Bafatá... Arroz que é importado, em grande parte. (...)

Guiné 61/74 - P25347: Reordenamentos (5): Nalus para Cacine e biafadas para Gadamael, na sequência da retração dos aquartelamentos de Sangonhá e Cacoca, em 29 de julho de 1968


Guiné > Região de Tombali > Sangonhá, a sul de Gadamael-Porto > c. 1967/69  > Vista aérea do destacamento e da sua pista de aviação, de terra batida (como em todo o lado), na altura em que estava a chegar uma coluna militar [visível no lado esquerdo]. Foto tirada de uma aeronave DO 27 (nº 3490 ?). (*)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael - Porto > s/d > Tabanca, reordenada pelas NT.

Fotos: Autor desconhecido. Álbum fotográfico Guiledje Virtual.

Fotos:  © Pepito/ AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007).  Todos os direitos reservados (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.L.G.).


Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana >  Título da foto: Morreu Salifo Camará, Rei dos Nalus; Data de Publicação: 30 de Janeiro de 2011; Data da foto: 22 de Janeiro de 2011; Legenda:

"Salifo Camará, rei dos Nalus, sábio, filósofo e combatente da independência da Guiné-Bissau, despediu-se desta vida no dia 21 de Janeiro de 2011, em Cadique, onde sempre viveu" (...) . (****)

Foto (e legenda): Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2011) (com a devida vénia...)


1. Mal tomou posse, em finais de maio de 1968, o novo governador e com-hefe da Guiné, o brig António Spínola,  prodeceu ao "reajustamento do dispositivo", com destaque para a região de Tombali, no sul,  e com implicações em muitas das suas guarnições (Aldeia Formosa, Sangonhá, Cacoca, Gadamael, Cacine, Ilha do Como, Empada, Ualada, Gubia, Cabedú, Guile, Mejo, Gandembel,  etc.)

Pode ler-se no livro 2 da CECA, relativo à atividdae operacional no CTIG (de 1967 a 1970) (pp. 170/171);

(...) Pela Directiva n° 3/68 (sem data) é imposto ao CTIG, ouvido o Comando local, que proceda a um estudo sobre a possibilidade de reajustamento a curto prazo do dispositivo das NT, no 'corredor' do Guileje, à luz do princípio da concentração de meios.

Em continuação da alteração do dispositivo, é difundida a Directiva nº 4/68 (sem data) - reajustamento do dispositivo nas áreas de Sangonhá - Cacoca e do Cantanhez, a qual fixa ao CTIG o estudo, emcolaboração com o Comando local, da possibilidade de recuperar a Companhia implantada na área de Sangonhá - Cacoca e idêntico procedimento à Companhia implantada na área de Cabedú.

Igualmente em sequência do tema da Directiva n° 4/68 e no que diz respeito ao reajustamento do dispositivo na área de Sangonhá- Cacoca e reordenamento das populações prescreve a Directiva n° 14/68, de 25jun,  que:

 "Os aquartelamentos de Sangonhá e Cacoca serão abandonados em Jul/Ago próximo quando da rendição da CCaç 1621.(*)

"As populações de Sangonhá e Cacoca devem ser deslocadas desde já, por forma a que possam ainda cultivar as terras das regiões de Cacine e Gadamael.

"Em princípio, as populações de Sangonhá devem recolher à área de Gadamael, e as de Cacoca à área de Cacine, procurando-se paralelamente aproveitar este reagrupamento das populações para resolver o litígio da sucessão em Sangonhá, transferindo os Nalús para Cacine e os Beafadas para Gadamael. [... ]"

Os reordenamentos de Gadamael e Cacibe, ara realogar as popukações de Sangonha e Cacoa, respetivamente, deve, ter começado logo no 2º semestre de 1968. 

Segundo informçõ do nosso amigo e camarada cor art ref António J. Pereira fa Costa, "em Maio/Junho de 1968, o brig Spínola determinou o abandono dos quartéis de Sangonhá e Cacoca. Houve que transportar, para Gadamael e Cacine, a população que ali residia e que, em Cacine, ficou instalada na antiga Missão do Sono que agora já não existia, visto que a doença estava erradicada.

"Foram feitas mais de 30 colunas em pouco mais de 15 dias. À chegada foi necessário construir as casas com o auxílio do pessoal da CART 1692. Pela sequência das fotos é possível ver que se podem construir casas a partir do telhado. A qualidade das fotos não será a melhor, mas este poderá ter sido o primeiro Reordenamento da Guiné" (**).

Em 13 de julho de 1968, a CCAÇ 1621 ainda estava em Sangonhá, com um pelotrão destacado em Cacoca, a sul de Gadamael- Porto, junto à fronteira com a República da Guiné.


Guiné > Mapa geral da província ( 1961) > Escala 1/500 mil > Posição relativa de Sangonhá e Cacoca,  a sul de Gadamael e a leste de Cacine. na estrada fronteiriça Aldeia Formosa-Cacine...  

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)

 Fonte: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico- Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro 2 (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014, 604 pp.)

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, itálicos: LG)
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(**) Vd, poste de 2 de julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3013: Reordenamentos Populacionais (1): Gadamael, o primeiro, na sequência da retirada de Sangonhá e Cacoca em meados de 1968 (António J. Pereira da Costa)

(***) Último poste da série > 6 de abril de  2024 > Guiné 61/74 - P25344: Reordenamentos Populacionais (4): Uma perspetiva mais "securitária", no final do mandato de Arnaldo Schulz: em março e abril de 1968, foram deslocadas e reagrupadas cerca de 3 mil pessoas do "chão balanta"

(****) Vd. 22 de fevereiro e 2011 Guiné 63/74 - P7836: (In)citações (26): A morte de Salifo Camará, rei dos nalus, e pai espiritual adoptivo do nosso amigo Pepito (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P25346: Agenda cultural (852): Convite para o lançamento do livro "Geração D", da autoria de Carlos Matos Gomes, a realiar no dia 11 de Abril de 2024, pelas 18h30, na Sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa, Av. António Augusto Aguiar, 31


C O N V I T E

A Porto Editora, o Âmbito Cultural do El Corte Inglés e o autor convidam-no/a para o lançamento do livro Geração D, de Carlos de Matos Gomes, que se realiza a 11 de abril (quinta-feira), pelas 18:30, na Sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa .*

O autor estará à conversa com José Fanha.

Esperamos poder contar com a sua presença.

*Av. António Augusto Aguiar, n.º31 | 1069-413 Lisboa


MAIS INFORMAÇÕES
Vera Valadas Ferreira | 21 836 40 50 | 910 464 457 | vvferreira@portoeditora.pt

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Notas do editor

Vd. recensão do livro "Geração D" da autoria de Carlos Matos Gomes, por Mário Beja Santos, nos posts de:

18 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25285: Os 50 anos do 25 de Abril (3): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (1) (Mário Beja Santos)

25 de março dfe 2024 > Guiné 61/74 - P25307: Os 50 anos do 25 de Abril (4): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (2) (Mário Beja Santos)
e
1 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25326: Os 50 anos do 25 de Abril (6): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (3) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25301: Agenda cultural (851): "Noite de Solidão no Capim", peça de teatro da autoria de Castro Guedes, levada à cena pela Companhia de Teatro Seiva Trupe. Pode ser vista na Sala Estúdio Perpétuo, no Porto, até ao próximo dia 27 de Março (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

Guiné 61/74 - P25345: Os nossos seres, saberes e lazeres (622): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (148): No Museu Agrícola da Atalaia, uma obra de respeito (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Novembro de 2023:

Queridos amigos,
O programa da excursão incluía a visita a Arraiolos e ao Museu Agrícola da Atalaia. Este último foi uma agradável surpresa. Situa-se num espaço que foi outrora a Quinta Nova da Atalaia, perto do fim do século a propriedade veio à posse do município, tomou-se a decisão de aqui fazer um museu agrícola, pareceu-me um trabalho modelar, um património profundamente didático, o lagar de vinho, o lagar de azeite, uma impressionante destilaria para a qual a autarquia adquiriu o alambique que faltava, a adega, um conjunto de reservas com doações, impecavelmente restauradas e conservadas, a quinta tem ainda um pomar, maioritariamente de laranjeiras, com função educativa, pois proporciona às crianças e jovens a compreensão da origem de alguns alimentos e até a respetiva sazonalidade. Fiquei com vontade de voltar. É um universo que irá surpreender a minha neta, pela certa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (148): No Museu Agrícola da Atalaia, uma obra de respeito

Mário Beja Santos

De Arraiolos o autocarro excursionista encaminhou-se para o Montijo, era a visita ao Museu Agrícola da Atalaia, instalado numa quinta agrícola, de nome Quinta Nova da Atalaia, no passado constituída por casas de habitação, adega, casa para caseiro, abegoarias, palheiros, celeiro, casa para a malta, cavalariça, e mais acomodações para lavor, dois poços, pomar de espinho e caroço, olival, vinha, terras de semeadura e pinhal. Terá sido uma quinta de sucesso, houve mesmo um grande empreendedor que aplicou a tecnologia mais avançada do seu tempo na construção de lagares de azeite e vinho, depois veio a decadência; em 1997 a propriedade veio à posse do município do Montijo, foi decidida a sua refuncionalização como museu agrícola. O objetivo, bem-sucedido, é o de permitir a preservação da história e a transmissão de uma memória de casa agrícola. Depois de uma impressionante intervenção vamos ver lagares de azeite e vinho, há mesmo um lagar de azeite a funcionar, adega, a destilaria, estão patentes diversos instrumentos e alfaias e cá fora pode contemplar-se um pomar de citrinos, uma horta e um espaço de lazer. É esta a visita que vamos efetuar.
Estamos no lagar do vinho constituído por lagariças, uma prensa de considerável dimensão, uma bomba de trasfega e quatro depósitos de fermentação. Em cima dos depósitos pode ver-se um esmagador de uvas, composto por tegão com cilindros em ferro, ligados no interior a uma haste em ferro que se prolonga para o exterior do tegão e se fixa a uma roldana em ferro que lhe transmite movimento.
Um pormenor da adega, espaço destinado ao armazenamento de vinho e aguardente, grandes tonéis de grande capacidade, pipos, barris, cântaros e garrafões. Ali se pode ver a bomba de trasfega e a prensa.
Pormenor do lagar de azeite mecânico, constituído por um moinho de azeitona com duas galgas cilíndricas, duas prensas, equipamentos e utensílios utilizados no fabrico do azeite. Segundo o guia, estamos perante um exemplar da arqueologia industrial, chegou aos nossos dias em muito bom estado de conservação, podendo ainda funcionar.
É possível visitar no Museu Agrícola uma diversidade de objetos que têm sido doados por particulares relacionados com a vida rural da região; o museu integra uma oficina de restauro.
Entre uma variedade de latas de azeite, recordo um objeto que era comum em qualquer mercearia da minha juventude, levava-se uma garrafa para adquirir meio litro ou 7 decilitros e meio de azeite, e o milagre acontecia.
Outros objetos constantes de doações impecavelmente restaurados
Há no museu um conjunto de alfaias agrícolas utilizadas na mobilização da terra (com enxada, arado e trator) até à produção do azeite e do vinho. O que se pode ver nessa sala é um conjunto de recolhas efetuadas das diversas freguesias do concelho, a coleção etnográfica retrata as atividades agrícolas características da região, vê-se logo em primeiro plano uma grade de quatro banzos de madeira, utilizada para desterroar e alisar a terra, como se pode ver também um carro de bois, um cultivador de tração animal, um pulverizador em cobras, etc.
Pormenor do exterior do Museu Agrícola da Atalaia

Finda a visita ao Museu, o guia informou que vamos fazer uma incursão rápida ao Santuário de Nossa Senhora da Atalaia, confesso que o que mais me impressionou foi a recuperação do património edificado em torno do santuário, ainda há ali amostras bem visíveis do estado de degradação em que se encontrava aquela área e como está tudo em franca recuperação. Quero voltar ao Montijo para visitar o moinho de maré e o moinho de vento e revisitar Canha, que tanto me impressionou. Então, até breve!
Escadaria e Santuário da Nossa Senhora da Atalaia
Interior da Igreja do Santuário da Nossa Senhora da Atalaia
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Notas do editor

Post anterior de 23 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25300: Os nossos seres, saberes e lazeres (620): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (147): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (7) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 3 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25332: Os nossos seres, saberes e lazeres (621): Giselda e Miguel Pessoa, o casal mais strelado do mundo, entrevistado no Jornal Nacional da TVI, 20h00, de 2 de Abril de 2024