Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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terça-feira, 9 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27201: Agenda Cultural (899): Ciclo de Cinema - Imagens da Guiné-Bissau: Memória, Consciência e Futuro, a levar a efeito entre 23 de Setembro e 18 de Outubro de 2025, no Museu Nacional de Etnologia, Lisboa
De 23 de setembro a 18 de outubro, o Museu Nacional de Etnologia recebe, em parceria com a Casa da Cultura da Guiné-Bissau, o Ciclo de Cinema “Imagens da Guiné-Bissau: Memória, Consciência e Futuro” com uma seleção de filmes que refletem essencialmente sobre a História da Guiné Bissau. A seleção de filmes teve a curadoria de Onésio Soda e Welket Bungé e inclui filmes realizados por Flora Gomes, Sana Na N’Hada, José Magro, José Bolama, Djalma Fettermann e Josefina Lopes Crato.
Em cada sessão, para além das exibições, haverá também um momento de conversa com convidados especiais, com espaço para reflexão e partilha de memórias, consciência e futuros possíveis.
Entrada Livre
Sessões:
23.09.25
- 18h30 “A Pegada de Todos os Tempos”, Flora Gomes, 2009, 5’;
“A República di Mininus”, Flora Gomes, 2012, 78’
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27.09.25
- 16h00 “NOME”, Sana Na N’Hada, 2023, 118’
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04.10.25
- 15h00 “Nha fala”, Flora Gomes, 2002, 112’;
“Bissau d’Isabel, Sana Na N’Hada, 2005, 55’
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11.10.25
- 16h00 “Kadjike”, Sana Na N’Hada, 2013, 115’
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18.10.25
- 16h00 “Nha Sunhu”, José Magro, 2021, 21’ ;
“O Regresso de Cabral”, Sana Na N’Hada, Flora Gomes, José Bolama, Djalma Fettermann, Josefina Lopes Crato, 1976, 33’
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Nota do editor
Último post da série de 10 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27106: Agenda Cultural (898): Foi lançada em Julho a 2.ª edição do livro "Dados Biográficos do coronel Henrique Manuel Gonçalves Vaz - Último Chefe do Estado-Maior do CTIG/CCFAG", da autoria do nosso Grã-Tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz, filho do biografado
Guiné 63/74 – P27200: Filatelia(s) (10): Selos da Guiné Portuguesa da colecção do Alf Mil João Rodrigues Lobo (1)
Boa noite,
Por ter visto alguns selos da Guiné (então da República Portuguesa) no nosso blog, anexo alguns novos da minha pequena colecção.
Talvez seja uma temática interessante para o "nosso" blog.
Grande abraço.
João Rodrigues Lobo
(continua)
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Nota do editor
Último post da série de 31 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 – P5186: Filatelia(s) (9): Envelopes comemorativos do Dia do Selo, de 1 de Dezembro dos anos de 1963, 1968, 1970 e 1971 (Eduardo Ribeiro)
Guiné 61/74 - P27199: (in)citações (278): Dos nossos “males” sabemos, pelo visto. E dos “males” dos outros? (Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Operações Especiais)
Dos nossos “males” sabemos, pelo visto. E dos “males” dos outros?
Vejo e leio muitas vezes aqui na Tabanca Grande textos sobre os “os males” provocados pelas Forças Armadas Portuguesas na Guiné, e não só, (como recentemente o uso do napalm), mas raramente, ou nunca, se encontram por aqui textos relatando “os males” que o PAIGC, e não só, provocou nos militares portugueses e nas populações durante a guerra, porque sobre o acontecido depois do 25 de Abril até há alguns textos sobre o que então se passou.
Escreve-se sobre coisas que uma grande parte das vezes apenas se ouviu falar, histórias contadas e que terão sido praticadas pelos militares portugueses, mas sobre coisas semelhantes praticadas pelos militares do PAIGC, pouco ou nada se diz.
Eu, por exemplo, ouvi contar várias histórias que terão acontecido durante e depois de emboscadas feitas pelo PAIGC, mormente no conhecido “carreiro da morte”, mas, porque de tal não sou testemunha presencial e são histórias muitas vezes repetidas, evito falar ou escrever sobre as mesmas.
Mas com tanta gente que aqui vem todos os dias, não haverá ninguém que escreva e dê testemunho sobre isso?
Calculo que não seja politicamente correcto, como hoje em dia se diz, mas se este espaço se quer considerar um repositório mais ou menos fiel dos acontecimentos da guerra na Guiné, não deveria também ter essas histórias do “outro lado” aqui contadas?
É uma espécie de desafio que aqui deixo, para que a verdade não exista só para um dos lados, mas para ambos, pois a paz só se constrói verdadeiramente na verdade.
Marinha Grande, 9 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves
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Nota do editor
Último post da série de 4 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27091: (in)citações (277): O cérebro também pode apodrecer (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)
Guiné 61/74 - P27198: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXVII: a igreja de Santa Ana, em Mansoa
Foto nº 1 > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > A avenida da igreja... À esquerda, a igreja de Santa Ana (há quem lhe chame apenas capela, mas há diferenças do ponto de vista arquitetónico e litúrgico engre capela e igreja); e o edifício dos CTT à direita.
Foto nº 1A >Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > A avenida principal: à esquerda, ficava a igreja, e à direita, visível na foto, a, o edifício dos CTT (que era "chapa um", igual em todo lado)... A avenida tinha postos de iluminação pública (pelo menos desde o início dos anos 60, a avalora por fotos mais antigas ... Ao fundo, há edifícios, presumivelmente de comerciantes. Mansoa era sede de cirunscrição.
Foto nº 1B > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Em primeiro plano, um militar, um 1º cabo (?), muito provavelmente da CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71).
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Foto nº 4 > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Ábside e torre sineira da capela... Não sabemos como era a orientação geográfica do edifício, mas em princípio a ábside (onde fica o altar-mor) nas igrejas católicas é virada para leste, enquanto a fachada (ou entrada principal) é para ponte. Esta orientação do altar-mor para o leste, era tradicionalmente uma prática da arquitetura religiosa cristão chamada ad orientem, simbolizando a espera pelo retorno de Cristo pela “luz” do nascer do sol.
Foto nº 4A > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Se esta foto foi tirada, como parece pela vegetação, no tempo das chuvas (maio / outubro), o galo (/catavento) na torre sineira indicaria que o ventio estava a soprar predominantemente no sentido Sudoeste / Nordeste, vindo do Oceano Atlântics (esstes ventos, conhecidos como monções, são quentes e carregados de humidade, sendo os responsáveis pela elevada pluviosidade que caracteriza esta época do ano naquela parte de África). Sendo assim, a ijreja foi construída "ad orientem".
Foto nº 4B > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja católica de Santa Ana (pormenor): parte da ábside e da torre sineira; ao fundo, do lado esquerdo, o edifício dos CTT; em primeiro plano, o capelão, sentado no muro exterior.
Foto nº 5 > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana: vista do muro exterior, da ábise, da torre sinera e parte do corpo principal de uma só nave; pela luz, parece a que disposição do edifício é "ad orientem", isto é, com a ábside orientada para leste. Em 1971/72, a torre sineira terá sido danificada por um ataque do PAIGC (facto a confirmar ou documentar).
Foto nº 6 > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana: fachada (entrada principal); grupo de cinco jovens sentados no muro circundante, exterior.
Foto nº 6A> Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana: grupo de jovens, sentados no muro circundante, exterior; pareecem ser "assimilados" (pelo vestuário), e provavelmente ligadis à paróquia.
Foto nº 7> Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Outra vista da entrada principal (fachada), que dava para a "avenida da igreja"... Em frente, do lado direito, ficava o edifício dos CTT.
Foto nº 7A > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana, poormenor da fachada (1)
Foto nº 7B> Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana, poormenor da fachada (2)
Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(i) ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, fev 1970/fev 1971, hoje médico, a residir em Tomar; o Ernestino Caniço fez amizade com o Zé Neves, e este confiou-lhe o seu álbum fotográfico da Guiné, que temos vindo a publicar desde março de 2022; são cerca de duas centenas de imagens, provenientes dos seus diapositivos, digitalizados; uma coleção única, preciosa;
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O capelão José Torres Neves, missionário da Consolata |
(iii) o Padre Neves, nosso grão-tabanqueiro, reformou-se recentemente de uma vida inteira, generosa, abnegada, dedicada às missões católicas, nomeadamente em África; tm já cerca de 4 dezenas de referências no nosso blogue
2. Neste poste, selecionámos apenas fotos da igrejade Santa Ana.
Mansoa, localizada na região de Oio, foi um centro de resistência balanta contra a colonização portuguesa até o início do século XX, quando os portugueses estabeleceram um posto militar permanente em 1913 após várias "campanhas de pacificação", onde se destacou o "capitão-diabo" (Teixeira Pinto). (1913-1915). A povoação balanta pertencia ao regulado de Braia.
A missão católica em Mansoa foi fundada oficialmente apenas em 1953, quando monsenhor José Ribeiro criou a missão de Santa Ana de Mansoa e a confiou ao padre franciscano Júlio do Patrocínio. Isso mostra que a presença missionária católica institucional em Mansoa é relativamente recente e só se tornou possível depois do controle colonial efetivo. Até então a presença da igreja católica estava circunscrita ao Cacheu e a Bissau.
Último poste da série > 15 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27017: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXVI: a presença da Igreja Católica em Mansoa
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27197: Notas de leitura (1836): O uso do napalm na guerra da Guiné, na Revista de Relações Internacionais de Junho de 2009 (Mário Beja Santos)

Queridos amigos,
Não encontro somente na Feira da Ladra correspondência que já devia estar guardada no Arquivo Histórico-Militar, os vendedores de espólios permitem-nos adquirir pequenos tesouros informativos, obras desconhecidas, artigos inseridos em publicações onde não era imaginável encontrar um artigo como este, como o uso de napalm na Guiné. De 2009 à presente década, têm surgido relatos, sobretudo de oficiais da Força Aérea, que sugerem o uso de tais bombas e desfolhantes. Há que aguardar com expectativa o derradeiro livro que o José Matos está a escrever sobre o Santuário Perdido (história da Força Aérea na Guiné, falta o período 1973-1974) para saber se esta questão das bombas de napalm é pelos autores equacionada.
Um abraço do
Mário
O uso do napalm na guerra da Guiné
Mário Beja Santos
Na revista Relações Internacionais R:I, n.º 22, junho de 2009, António Araújo e António Duarte Silva publicaram o artigo intitulado O uso de napalm na guerra colonial. O ponto de partida foi o conjunto de quatro documentos localizados no Arquivo da Defesa Nacional:
- um documento datilografado, classificado “muito secreto”, com a assinatura do Tenente-Coronel José Luís Ferreira da Cunha, do Gabinete do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, de 9 páginas, com a data aproximada de 9 de maio de 1973;
- um documento em papel timbrado do Comando-chefe das Forças Armadas da Guiné, classificado “secreto”, datado de Bissau, 27 de maio de 1974 e assinado pelo Comandante-Chefe Carlos Fabião;
- um documento com indicação “Comando-chefe das Forças Armadas da Guiné – Quartel General, 3.ª Repartição”, datado de 28 de maio de 1974;
- documento datado de 19 de junho de 1974, não assinado, classificado como “secreto”, do Chefe do Gabinete do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, destinado ao Chefe do Gabinete do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, o assunto é “bombas napalm”.
Da análise interna feita por estes autores, pode apurar-se: um documento anterior ao 25 de abril, muito provavelmente do início de maio de 1973, que justifica a posse e utilização de napalm e outras armas incendiárias pelas Forças Armadas Portuguesas nos três teatros de operações; um ofício, de 27 de maio de 1974, do Comandante-Chefe Carlos Fabião, solicitando instruções quanto ao destino a dar às bombas napalm existentes naquele território, quantificadas em 1170 bombas NAP de 350 litros e 790 bombas NAP de 100 litros, sugere-se a sua transferência para a Ilha do Sal. Documentos de incontestável valor histórico, com o condão de exigir uma reflexão mais aprofundada quanto ao uso de bombas incendiárias em combate por parte das Forças Armadas portuguesas.
À data da publicação deste artigo dizia-se não existirem estudos especificamente dedicados ao tema. Havia algumas menções como, por exemplo, num artigo de Mário Canongia Lopes publicado na revista Mais Alto, e o livro de Luís Alves Fraga intitulado A Força Aérea na Guerra em África – Angola, Guiné e Moçambique, Prefácio, 2004.
Parece claro, aceitando o depoimento do Marechal Costa Gomes, que no seu tempo de Comandante-Chefe em Angola nunca se utilizou napalm, embora reconhecendo que havia napalm e desfolhantes no território, que tais desfolhantes foram usados só no Leste. Publicadas estas declarações, vários oficiais vieram negar veementemente que as nossas tropas algum dia tivessem utilizado napalm. E os autores voltam a observar que, pelo menos até meados de 1973, as Forças Armadas portuguesas utilizaram napalm e outras bombas incendiárias nos três teatros de operações em África.
Napalm e bombas incendiárias são uma das matérias mais controversas quanto ao seu uso durante as guerras, daí o silêncio quase absoluto do assunto. A Guiné era o território onde mais se recorria a este tipo de armamento. O consumo médio mensal era de 42 bombas incendiárias de 300 kg, de 72 bombas incendiárias de 80 kg e de 273 granadas incendiárias M64.
Voltando ao indisfarçável incómodo que se traduzia no uso destas armas, sabia-se que a opinião pública tinha um horror visceral pelo uso destes líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada. E os autores adiantam um elemento histórico informativo sobre o uso do napalm e o pavor da opinião pública, referindo que a partir da guerra do Vietname os seus efeitos sobre os seres humanos apareceram ilustrados em imagens crudelíssimas, divulgadas por todo o mundo.
Igualmente os autores recordam os preceitos do direito internacional, ao tempo ainda não se podia falar rigorosamente de interdição das armas bacteriológicas (ou biológicas) e, muito menos, das armas químicas. Seja como for, em agosto de 1968, Amílcar Cabral enviara uma petição à Comissão de Descolonização da ONU, assinalando que as forças portuguesas bombardeavam intensamente o território com napalm e fósforo branco e se preparavam para recorrer a produtos químicos desfolhantes e tóxicos contra as populações locais, uma matéria que levou à resolução condenando Portugal.
Voltando à análise dos quatro documentos constantes do Arquivo da Defesa Nacional, o marechal Costa Gomes despachou favoravelmente a proposta de Fabião para a retiradas das bombas da Guiné, o que não deixa de nos provocar uma certa estupefação já que Costa Gomes tinha afirmado nada saber contra o uso de napalm na Guiné.
No termo do seu artigo, os autores realçam um ponto: até ao 25 de Abril uma quantidade apreciável de bombas incendiárias permaneceu em África – ou, pelo menos, na Guiné. Se continuaram a ser utilizadas após a informação de Ferreira da Cunha, é algo que se desconhece. Mas estes documentos revelam que a incómoda e desconfortável presença do napalm em África se prolongou, pelo menos, até maio de 1974.
Nota do editor CV:
Por pura coincidência, e uma vez que as recensões do nosso confrade Mário Beja Santos, são publicadas, normalmente, por ordem de chegada, o assunto de hoje tem a ver com o que andamos a discutir actualmente no Blogue, o uso de bombas incendiárias/napalm na Guiné.
Fica a justificação, mesmo que desnecessária.
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Nota do editor
Último post da série de 5 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27188: Notas de leitura (1835): Para melhor entender o início da presença portuguesa na Senegâmbia (século XV) – 10 (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P27196: Manuscrito(s) (Luís Graça) (272). Erguemos a taça à tua, / Que a saúde está primeiro, / Sete sete é capicua, / Viva o nosso Zé Carneiro!
Lourinhã > Praia da Areia Branca > 18 de agosto de 2025 > O Zé na festa de aniversário da mana Chita (que fez 80). São agora os manos mais novos da família Ferreira Carneiro,
Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 1 de setembro de 2025 > Rio Douro, a albufeira da barragem do Carrapatelo, Porto Antigo, serra de Montemuro, já no distrito de Viseu...
Aqui vai, com todo o carinho, umas quadras para o nosso Zé,
setenta e sete a contar,
és mano, és companheiro,
sempre pronto a ajudar.
Na guerra foste valente,
nunca estiveste doente,
Homem bom, leal e forte,
não querias ser lavrador,
não te podes queixar da sorte,
logo voltas ao terreiro,
ainda há muito p'ra vindimar.
com o seu jeito brincalhão:
“Hei de morrer de pé,
sou um mouro dum c*brão!"
nada de freima ou stresse,
nem com brancas no cabelo,
sê feliz, agora e já,
sê Carneiro, e não... Camelo!
sete sete é capicua,
Brinde:
É o mais novo dos nossos manos,
Mesmo quando a saúde lhe prega partidas,
Por isso, ao Zé e aos manos,
Ao nosso Zém afinal, não falta nada:
Guiné 61/74 - P27195: Memórias da tropa e da guerra (Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834, Tite e Fulacunda, 1968/69) (10): Ataque à Tabanca de Feninquê
Boa tarde, caro Luís
Desta vez vai uma das noites que marcaram a minha presença em Tite.
Um abraço e bom fim de semana.
J.Caldeira
TABANCA DE FENINQUÊ
Quem ainda se lembra de uma tabanca a sul de Tite, composta por meia dúzia de palhotas e habitada por uma população que era fiel à nossa bandeira? Pelo menos assim parecia e pareceu. Chamava-se Feninquê.
Mais uma noite de muita chuva. Onze na noite. A aldeia estava a ser atacada e pelo que se ouvia, tínhamos a certeza de que estava a ser dizimada.
O já Coronel Hélio Felgas manda que a 15.ª Companhia de Comandos, nessa noite em passagem por TITE, vá em socorro da aldeia. Não sei o que se passou para que o seu comandante se escusasse e, ironia, não foi a Companhia de Caçadores 2314 que saiu em defesa daqueles pobres? Nunca percebi porquê, mas de uma companhia, foi resolvido que quem iria era o 2.º pelotão. E, como não podia deixar de ser, fui eu a comandar.
Acertadas as logísticas de aproximação, havia que evitar um campo de minas colocado na picada, foi-me entregue um mapa com as coordenadas rigorosas para eu seguir e, após avistar a tabanca, informar a sede do batalhão para onde deveria ser feito fogo de obus para neutralizar o IN e possibilitar-me o resgate da população.
Cheguei tarde. Só encontrei morte e destruição à minha chegada. Ainda assim, pressentindo que o IN estivesse em fuga pela margem esquerda do rio, pedi fogo nessa direção, o que não resultou em nada.
Reuni os habitantes que sobreviveram e, com a ajuda dos homens válidos, improvisámos umas macas para transportar os feridos que seriam tratados pelo médico do Batalhão de Tite. Encetámos o regresso já de dia bem alto e sem chuva. À chegada foi como se nada se tivesse passado. Apenas me ordenaram que elaborasse um relatório da operação.
Afinal, as companhias de Comandos, bem formadas e bem equipadas, também se escusavam a cumprir tarefas que pudessem comportar algum perigo. Será que ainda alguém se lembra deste episódio?
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Nota do editor
Último post da série de 31 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27170: Memórias da tropa e da guerra (Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834, Tite e Fulacunda, 1968/69) (9): O perfume da Enfermeira Paraquedista
domingo, 7 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27194: Efemérides (466): Homenagem do povo de Vila do Conde ao Padre Bártolo Paiva Gonçalves Pereira, Capelão Militar em Angola, Guiné e Moçambique, a levar a efeito hoje, dia 7 de setembro (Virgílio Teixeira, ex-Alf Mil SAM)
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Virgílio Teixeira |
Boa noite, Luís:
Lembrei-me agora desta homenagem que o povo de Vila do Conde vai fazer, hoje domingo, dia 7 de setembro, a uma figura ligada ao sacerdócio e nesta época em Vila do Conde.
O povo juntou-se e angariou 150 convivas para a sua homenagem, como homem bom, de fé, culto e amigo.
Fez 90 anos no dia 3 de setembro e hoje, dia 7, vai celebrar o seu aniversário e em especial uma homenagem ao padre em si.
É do concelho de Santo Tirso, foi incorporado no serviço militar como capelão. Passou 30 anos na tropa e 13 dos quais nos cenários de guerra. Está reformado como major graduado. É do meu tempo na Guiné embora nunca o tenha conhecido lá .Era capelão-mor no QG. Passou por Angola, Guiné e Moçambique, onde deixou obra feita.
Depois de 30 anos de tropa, reformou-se e esteve na Suíça outros 30 anos como sacerdote onde aprendeu muita coisa das vidas. É homem sem pergaminhos, aberto, conversado e de uma enorme cultura geral.
É nosso amigo, dá missa ainda aqui na Igreja do Desterro e é ele que preside a todas as cerimónias militares. Não se lhe conhecem convicções.
Tornámo-nos amigos de café onde passamos as tardes de domingo. Agora juntou-se outro casal amigo, o ex-alferes Alberto Leite, da CHERET, de que já aqui foram publicados alguns excertos da sua vida.
Não há tempo para dizer muito mais, dos livros que escreve oferece sempre um exemplar com dedicatória, como este que junto umas fotos. O próximo a sair é sobre a mulher.
Os festejos começam com missa às 11h na Igreja Matriz, depois almoço no hotel Santana.
Seguidamente as celebrações na Matriz.
Não há nada de política, são causas espontâneas do povo. Nem apoio religioso. Embora esteja também inscrito, o padre da paróquia, por sinal não se dão bem. São gerações com 45 anos de diferença. O padre mestre é um pretensioso que ninguém vai à sua bola, as pessoas fogem dele, de origem burguesa que só usa tudo de marca e luxo.
Caso interesse, esta referência no blogue fica ao teu cuidado.
Boas vindimas.
Um abraço
Virgílio
Nota do editor
Último post da série de 19 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27133: Efemérides (465): 21 de Julho, Dia da Arma de Cavalaria, comemorado em 1970, em Nova Sintra, com rabanadas (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)
Guiné 61/74 - P27193: No céu não há disto: Comes & bebes; sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (48): Jaquinzinhos da "arte xávega" da Praia da Vieira, azeitonas, arrozinho de tomate, pão, e vinho... Um home mata a sua fome e a sua sede...
Foto nº 1 > Lourinhã > Chez Alice > 28 de agosto de 2025 > Jaquinzinhos fritos. Vieram da Praia da Vieira. Captura: pesca artesanal, arte xávega...Um produto cada mais vez "gourmet", isto é, só para os ricos... Estavam há dias na praça da Lourinhã a 24 euros o quilo. Estes foi a minha "vizinha francesa", Odette, que os trouxe da Praia da Vieira, Marinha Grande... Fizemos, lá em casa, um almoço luso-francês..
Foto nº 2 > Lourinhã > Chez Alice > 28 de agosto de 2025 > Um "arrozinho de tpmate"... Diz a "chef": em havendo tomate, toda a cozinheira é boa...Ou como diz o ditado, "em época de tomates, não há maus cozinheiros!"...
Foto nº 3 > Lourinhã > Chez Alice > 28 de agosto de 2025 > Em havendo azeitonas...
Foto nº 4 > Lourinhã > Chez Alice > 28 de agosto de 2025 > ... em havenod m queijinho fresco (de preferência, de cabra, ou melhor ainda, um requeijão de Serpa (cada ada vez mais raro, que os cabrões não dão leite)...
Foto nº 5 > Lourinhã > Chez Alice > 28 de agosto de 2025 > ... em havendo um pepino, cortado aos pedaços, com sal e orégãos...
E a propósito de pão, lembro-me sempre de uma das quadras mais célebres do "marafado" do António Aleixo: “O pão que sobra à riqueza, /distribuído pela razão, /matava a fome à pobreza /e ainda sobrava pão.”
E já que estamos em maré de provérbios populares, fiquem com mais estes:
- "Com pão e vinho se anda o caminho"... (leia-se: o essencial da vida está nestes dois alimentos; dão sustento e energia.
- "Pão com azeite e vinho, fazem bom vizinho"... (leia-se: partilhar comida simples fortalece laços comunitários, de amizade e bioa vizinhança).
- "Onde entra o vinho e o pão, pouca coisa falta não"... (leia-se: se há o básico, não falta quase nada para viver; ou como diza o velho Zé Carneiro, em Candoz: "cá em casa nunca faltou o pão e o vinho"...)
Guiné 61/74 - P27192: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (111): Destaque do Arquivo da Defesa Nacional de setembro de 2025 sobre as “NEGOCIAÇÕES COM O PAIGC NA SEQUÊNCIA DO RECONHECIMENTO DO ESTADO DA GUINÉ-BISSAU, 1974” (Mário Beja Santos)
Base de dados do ADN em https://arquivo-adn.defesa.gov.pt/
Página do ADN: https://www.defesa.gov.pt/pt/adefesaeeu/phc/adn/Paginas/default.aspx
Portal IMDN: https://portalmemoria.defesa.gov.pt
Portal ARQMEDIA da Defesa: https://portalarqmedia.defesa.gov.pt/
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Nota do editor
Último post da série de 21 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26712: o nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (110): o cor cav ref António Bela Morais procura um exemplar do crachá da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72)