domingo, 3 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2502: Guiledje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (14): Enquadramento histórico (II): o significado da queda de Guileje

Guiné > Região de Tombali > Guileje > 22 de Maio de 1973 > Uma das fotografias-ícones da batalha de Guileje: a expressão de preocupação estampada no rosto do Major Coutinho e Lima, por detrás de uma viatura blindada ou de uma peça de artilharia... O comandante do COP5 terá, de motu proprio, decidido abandonar Guileje para salvar 600 vidas. Decisão que os seus superiores hierárquicos nunca lhe terão perdoado. Recorde-se que ele esteve preso preventivamente em Bissau, de 22 de Maio de 1973 até 12 de Maio de 1974. O auto de corpo de delito que lhe foi levantado, por despacho do General António de Spínola, de 22 de Maio de 1973, tinha a seguinte justificação: (i) Ordenou a retirada das forças sob o seu comando do quartel de Guileje para Gadamael, sem que para tal estivesse autorizado; (ii) Mandou destruir edifícios e inutilizar obras de defesa do referido quartel, bem como material de guerra e munições; (iii) não cumpriu a missão que lhe foi atribuída (*).

Guiné > Região de Tombali > Guileje > 22 de Maio de 1973 > A retirada, dramática mas ordeira, das tropas portuguesas ali estacionadas, mais a respectiva população civil, num total de 600 indivíduos, por decisão do major Coutinho e Lima, comandante do COP5, contrariando as ordens expressas do Com-Chefe, General Spínola.

Guiné > Região de Tombali > Guileje > 22 de Maio de 1973 > A população e os militares abandonaram Guileje, às 5.30h, a caminho de Gadamael.

Estas fotos, originalmente publicadas no Público, devem ser da autoria do Fur Mil Carlos Santos, da CCAV 8350 (1972/74), segundo informação do seu e nosso camarada e amigo José Casimiro Carvalho, também ele da mesma unidade (Os Piaratas de Guileje) mas que nesse dia estava em Cacine (**). Gostaríamos de confirmar esta informação junto do próprio Carlos Santos, cujo paradeiro desconhecemos. Talvez o Casimiro Carvalho nos possa ajudar nesta diligência.

Foram-nos gentilmente cedidas pelo Pepito, fazendo parte do acervo fotográfico do Projecto Guiledje.

Fotos: AD - Acção para o Desenvolvimento (2007).


II e última parte da brochura, publicada em pdf, pela organização do Simpósio Internacional sobre Guiledje, e que tem como título Guiledje: Na Rota da Independência da Guiné-Bissau (***).

Como já foi salientado, é um notável documento, objectivo, sintético, suportado na investigação historiográfica, e que nos ajuda a perceber melhor a importância estratégica que teve Guileje (e o corredor de Guileje) na estratégia do PAIGC e do seu líder histórico, Amílcar Cabral, nomeadamente a partir de 1965, e portanto o seu significado no contexto da luta pela independência.

É por outro lado um documento feito pelos guineenses que hoje podem, com orgulho, apropriar-se da sua própria história, construi-la e escrevê-la. O documento original, em pdf, de 20 páginas é ilustrada com fotografias cedidas por ex-militares portugueses que fizeram parte de unidades de quadrícula estacionadas em Guiledje, desde 1964 a 1973, incluindo vários camaradas da nossa tertúlia. É também um momento bonito, que só vem confirmar a sabedoria de Amílcar Cabral que nunca hostilizou o povo português e os portugueses, nunca os confundindo com o regime político de António Salazar / Marcelo Caetano... Amílcar Cabral gostaria certamente de ver, se fosse vivo, os inimigos de ontem transformados em amigos de hoje...

Como, de resto, temos aqui dito, no nosso blogue, o Simpósio Internacional de Guiledje não celebra a derrota de ninguém mas sim a vitória de dois povos que continuam ligados por laços históricos, afectivos, culturais e linguísticos... e querem estreitar esses laços... Guiledje (mantendo a grafia que é cara aos nossos amigos guineenses, mesmo contra os puristas da língua portuguesa para quem não existe o conjunto consonântico dj...) representa o triunfo da vida sobre a morte, a vitória da paz sobre a guerra, a primazia da memória (viva) sobre o esquecimento e o branqueamento da história, a afirmação da esperança no futuro, o reforço da amizade e da solidariedade entre os nossos dois povos... (LG).


Guiledje - Simpósio Internacional - Guiledje: Na Rota da Independência da Guiné-Bissau. Documento em pdf. 2007. 20 pp. (Com a devida vénia...)



(iv) Guiledje e a evolução da estratégia militar do PAIGC

A partir de 1968, começa a registar-se no seio do PAIGC uma acentuada tendência para a passagem de uma guerra de guerrilha para a convencional na medida em que passou a dispor de melhor e maior quantidade de armamento pesado. A partir de Março de 1970, o PAIGC intensifica os ataques sistemáticos com artilharia pesada aos quartéis fronteiriços, tais como os de Susana, São Domingos, Bigene, Guidadje, Candjambari e Barro, no Norte, e Guiledje, Gã-Turé, Bedanda, Catió e Buba, no Sul.

No que respeita concretamente à área de Guiledje-Gadamael, o PAIGC dá mostras claras, a partir de 1971, de pretender desalojar este campo fortificado. Faz manobrar as suas forças segundo dois eixos convergentes, a partir de Salancaur/Botche Sanza (por Medjo) e Kandjafra (10). Efectivos do Corpo do Exército deslocam-se da Frente de Catió para reforçar os de Buba. Esboça-se assim a primeira tentativa do PAIGC de proceder ao corte de ligações terrestres entre Gadamael e Guiledje, para reduzir a ameaça que este último quartel exercia sobre o importante centro logístico de Kandjafra, na Guiné-Conakry.

Três aspectos foram decisivos para o desalojamento do quartel de Guiledje pelas FARP: o assassínio de Amílcar Cabral que conduziu a uma Operação com o seu nome (11) e ao recrudescimento de acções militares com uma inaudita violência que denotava a existência no PAIGC de um misto de dor e de vontade de vingar o assassínio do seu líder; a utilização para além dos tradicionais morteiros 120 mm ou dos foguetões 122 mm, dos canhões 130 mm (12); o aparecimento em cena dos mísseis terra-ar Strella que retiraram por completo a supremacia aérea ao Exército português na Guiné-Bissau (13).

Estes factores viraram definitivamente o rumo dos acontecimentos em favor do PAIGC. Ao escolher os seus alvos, o PAIGC tinha como objectivo desgastar as unidades portuguesas que directamente estavam implicadas na defesa dos centros urbanos e assim libertar os corredores de infiltração e de abastecimento nas áreas fronteiriças do Norte e Sul. O Exército português seleccionou as bases do PAIGC situadas nas áreas fronteiriças com a República da Guiné-Conakry por representarem uma ameaça directa aos aquartelamentos estratégicos como Guiledje, fundamental para a defesa do Sul da Guiné (14). Mas Guiledje acaba por cair nas mãos do PAIGC, caso único em toda a guerra colonial.


(v) Do conflito militar à independência da Guiné-Bissau: o papel de Guiledje

A batalha de Guiledje foi determinante para a proclamação da independência da Guiné-Bissau a 24 de Setembro de 1973, continuando uma parte do seu território nacional sob ocupação colonial. Em 1974, já depois da tomada de Guiledje, o PAIGC continuou a pressionar os restantes aquartelamentos do Sul, sobretudo os situados em Cantanhez. É o caso de Iemberém (15) e dos destacamentos portugueses colocados na estrada asfaltada entre esta última localidade e Iemberém – eixo logístico vital que atravessa o Cantanhez e que era normalmente defendida por tropas portugueses de Cadique e Caboxanque. Todavia, os guerrilheiros do PAIGC tornaram esta estrada praticamente intransitável pelas constantes emboscadas que nela montavam ou ainda pela dinamitação constante de alguns dos seus principais troços.

Por ironia do destino, talvez a intensidade e a violência dos combates ali travadas possam explicar a inaudita rapidez e a eficácia com que, depois do 25 de Abril, aquando do impasse verificado nas negociações de Londres, Cantanhez tenha sido utilizada pelos ex-contendores como palco de intensas negociações directas entre o comando militar do PAIGC e o Comando militar português na Guiné. Esses encontros revelarem-se mais eficazes do que as formalmente realizadas em Londres, na medida em que contribuíram para o desfecho positivo das rondas negociais que se lhes seguiram, nomeadamente a de Argel, onde se rubricou o Acordo que pôs formalmente termo à guerra.

(vi) Os protagonistas de Guiledje

Guiledje permanece vivo na memória dos seus actores, independentemente do lado em que se encontravam. Na Guiné-Bissau, uns e outros vivem pacificamente, lado a lado, procurando construir um futuro de progresso comum. A consciência dos que não participaram directamente na “História” de Guiledje, a maioria da população actual, é permanentemente interpelada seja pela transmissão oral dos que nela tomaram parte activa, seja pelos vestígios da guerra, tal como ruínas de quartéis como os de Guiledje, Balanacinho ou Iemberém, carcaças de viaturas militares e até garrafas de cerveja vazias que mais não são senão testemunhos de uma história vivida e sofrida e que, por isso mesmo, resiste à erosão do tempo, que tende a moldar-lhe o imaginário colectivo.

Destaca-se, ao lado dos combatentes e dos líderes político-militares guineenses, a contribuição da população com um trabalho ciclópico no esforço de guerra. Além de contribuir com arroz e víveres em geral para a alimentação dos combatentes (16), a populaça era amiúde sujeita a privações de toda a sorte, nomeadamente ataques da aviação e de destacamentos do Exército português apeados ou ainda ataques de forças especiais heliotransportadas. Acrescente-se a contingência, sempre omnipresente, de accionarem as inúmeras minas anti-pessoal que o Exército português e o próprio PAIGC colocavam tanto a montante como a jusante do Corredor de Guiledje.

Ao lado dos seus irmãos guineenses, militares e responsáveis caboverdianos do PAIGC combateram em Guiledje pela independência, sonhada por Amílcar Cabral. Apesar de a Guiné-Bissau e Cabo Verde terem tomado rumos políticos diferentes após a independência, Guiledje é também uma página importante da História moderna de Cabo Verde e da sua luta pela independência.

Oficiais cubanos, outrossim, treinaram e aconselharam os guerrilheiros do PAIGC. Nessa qualidade, estiveram e participaram em Guiledje com o seu saber, mas também com o seu sacrifício e sangue, o que igualmente representa, sem dúvida, um marco importante na História das relações entre os povos africanos e outros povos do mundo, entre os quais os descendentes nas Américas, ou seja, daqueles que um dia para lá foram levados como escravos.

O povo da Guiné-Conakry participou no esforço de guerra do PAIGC em Guiledje e nas frentes Sul e Leste, pagando por isso um pesado tributo. O apoio político, logístico e militar fornecido por esse país ficou para sempre registado nas mentes e corações dos combatentes e da população de Guiledje. No contexto geral da luta de libertação nacional da Guiné-Bissau, embora em menor grau, o povo senegalês também deu o seu contributo sob diversas formas.

Grupos políticos, associações e organizações, responsáveis, dirigentes e governos de vários países africanos, europeus, asiáticos, norte-americanos e latino-americanos forneceram apoio político e material à luta do PAIGC. Nessa qualidade, também participaram de forma intensa e de diversas formas na luta de libertação nacional no seu todo. Muitos desses indivíduos e grupos eram portugueses.

Porém, em Guiledje, os militares portugueses e os soldados africanos do Exército português estiveram do ”outro lado”. Ambos combateram e sofreram, e muitos deles até morreram. Apesar dos profundos males que só a guerra pode causar, é hoje forçoso o entendimento de que uns e outros faziam parte de uma máquina de guerra criada pelos poderes políticos que na altura governavam Portugal, no quadro de uma determinada ideologia. Porém, não obstante isso, a resposta do PAIGC e, particularmente, Amílcar Cabral, era a de que a luta era movida contra o regime colonial e não contra o povo português




Guiné > Região de Tombali > Guileje > Brazão da CCAÇ 3325 (Jan/Dez 1971).


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 (Jan/Dez 1971) > Militares levantando uma mina A/C na estrada Guileje - Gadamael.

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 (Jan/Dez 1971) > Pessoal do Pel Art que guarnecia um das peças 11,4 cm ali existentes, no tempo em que a unidade de quadrícula era a CCAÇ 3325, a que pertencia o Jorge Parracho, hoje coronel na reforma (****).

Fotos: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados.



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAV 8350 (1972/73) > o Fur Mil At Inf Op Esp Casimiro Carvalho junto ao monumento aos mortos e feridos da CCAÇ 3325 (que esteve em Guileje de Janeiro a Dezembro de 1971).

Fotos: © José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.


(vii) Simpósio Internacional de Guiledje

Muito se sabe dos acontecimentos e do papel de Guiledje. Porém, na maior parte dos casos, trata-se de conhecimentos pessoais dos protagonistas de Guiledje. Sobretudo do lado guineense, esses conhecimentos não estão documentados, o que restringe fortemente a sua transmissão e partilha, sobretudo fora de pequenos círculos de combatentes e da população.

A transmissão, quase exclusivamente oral desses conhecimentos, coloca problemas à investigação e à escrita da História, à medida que o tempo passa e se afasta das suas fontes primárias.

Convenhamos que o desaparecimento físico dos actores directos e indirectos e as testemunhas da epopeia de Guiledje, tanto do lado guineense como do português, tornam vulneráveis a perpetuação dos conhecimentos que se encontram unicamente incrustados na memória individual, a qual tende a desaparecer.

Os recentes esforços de recolha e intercâmbio de informação sob forma escrita e outros meios têm já produzido bons resultados e revelado aspectos inéditos. Mas também indicam que o que ainda não se sabe ou não se partilhou é provavelmente muito maior.

Volvidos mais de trinta anos, os protagonistas de Guiledje reencontrar-se-ão no Simpósio Internacional de Guiledje que será organizado na Guiné-Bissau de 1 a 7 de Março de 2008. Fá-lo-ão como um acto voluntário e pela vontade assumida de aprendizagem mútua, eivados do espírito da partilha e reconciliação. Nesse
sentido, a reconciliação entre os ex-contendores é necessariamente o fruto de um processo já iniciado e, concomitantemente, de maior relevância para o Simpósio. Deste modo, Guiledje escreverá mais uma página na História da Guiné-Bissau e das relações entre os povos.

Durante o Simpósio, novas informações e conhecimentos serão produzidos através de comunicações, debates, projecção de filmes e exposições diversas, assim como encontros em Guiledje e nos outras antigos palcos de guerra de antigos combatentes, desta feita, porém, transformados estes em palcos de paz e de reconciliação. As comunicações serão feitas sobre temas históricos e sobre temas ligados à experiência de desenvolvimento económico e social na zona de Cantanhez.

Após o Simpósio, e na base dos seus resultados e recomendações, continuará o esforço de pesquisa e documentação históricas de Guiledje e da luta de libertação nacional, bem como a implementação de iniciativas de desenvolvimento socio-económico de Cantanhez.

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Notas dos autores da brochura:

(10) Data muito provavelmente dessa altura a elaboração de uma ordem de batalha não datado e intitulado Operação Maimuna, de autoria de Amílcar Cabral, em que são meticulosamente esboçados os detalhes de um eventual assalto ao quartel de Guiledje, aliás, plano esse usado posteriormente, já depois da morte de Amílcar Cabral, na operação que isolou e desalojou as forças do Exercito português em Maio de 1973.

Essa conjectura fundamenta-se, outrossim, pelo facto de nessa Ordem de Batalha se prever a concentração de efectivos nos moldes realizados.

(11) Em Março de 1973, o PAIGC pôs em marcha as operações Nô Pinctha, no Norte, e Amílcar Cabral, no Sul., pois que para o sucesso do cerco a Guiledje, precisava de se intensificar as hostilidades no Norte, com o objectivo de dispersão de efectivos, portugueses.

(12) Estes canhões, com um poder de fogo de longo alcance (cerca de 30 quilómetros) foram cedidos ao PAIGC pelas autoridades militares da Republica da Guiné-Conakry no âmbito da Operação Amílcar Cabral, pese embora o facto de, ainda em vida,
Cabral ter apresentado esta solicitação ao Presidente Sékou Touré (cf. Cabral, Amílcar, Propositions – a l’intention du Camarade Responsable Suprême de la Révolution, (manuscrito/inédito). Arquivo do PAIGC, Conakry, Setembro de 1972).

(13) Em pouco espaço de tempo o PAIGC abateu várias aeronaves portugueses, desequilibrando definitivamente a situação militar a seu favor. Como reconhece um estudo português publicado em 1997 era “(…) evidente que a guerrilha evoluiu muito em matéria de conhecimento sobre a actuação contra helicópteros e aviões, e armamento antiaéreo disponível(…)”.[Corbal, Aurélio B. Aleixo (dir. Adriano Moreira), “O vector Aéreo nas Campanhas de África”, In As Campanhas de África e a Estratégia Nacional”, Instituto Nacional de Estudos Militares, 1997.

(14) Segundo Julinho de Carvalho, Comandante militar dar das FARP , a resoluta decisão do PAIGC em proceder ao assalto ao quartel de Guiledje, explica-se também, entre outras razões, pela necessidade de desobstruir as estradas que facilitariam a circulação dos tanques blindados que o PAIGC já possuía e com os quais pretendia pressionar os aquartelamentos do Exército português ao longo da fronteira Sul (Entrevista a Carlos Silva, Abril de 2007, Ilha do Sal, Cabo Verde).

(15) A tropa portuguesa ponderou variadíssimas vezes a possibilidades de abandonar Iemberém, só não o tendo feito pois estavam praticamente cercados e isolados pelas FARP, na medida em que Iemberém fica encravada na região de Cantanhez, voltada
para o Sul, para o rio Cacine e só se podia lá chegar pelo rio Cacine com barcos pequenos, os zebros e os sintex.

(16) É curioso reparar que a expressão usada entre a população sob o controlo do PAIGC para as actividades de contribuição com o indispensável arroz e outros géneros alimentícios para os combatentes era a de “midi caneca”, significando literalmente
“Medir Caneca”, ou seja, fornecer a quantidade acordada para efeitos de contribuição.

Aos elementos da população ainda eram reservadas funções como a de estafetas, para além de funções de vigilância e organização logística.


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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2137: Antologia (62): Guileje, 22 de Maio de 1973: Coutinho e Lima, herói ou traidor ? (Eduardo Dâmaso / Luís Graça)

5 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2083: Em busca de... (10): Coutinho e Lima, o comandante do COP5 que decidiu abandonar Guileje e foi acusado de deserção (Beja Santos)

(**) Vd. poste de 24 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1784: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (4): Queridos pais, é difícil de acreditar, mas Guileje foi abandonada !!! Guileje está à mercê deles!

(...) Cacine, 22/5/73:

Queridos pais: Vou-lhes contar uma coisa difícil de acreditar como vão ter oportunidade de ler: Guileje foi abandonada [a bold, no original], ainda não sei se foram os soldados que se juntaram todos e abandonaram o quartel, ou se foi ordem dada pelo Comandante-Chefe, mas uma coisa é certa: GUILEJE ESTÁ À MERCÊ ‘DELES’ [, em maíusculas, no original].

Não sei se as minhas coisas todas estão lá, ou se os meus colegas as trouxeram. Tinha lá tudo, mas paciência.

Se foi com ordem de Bissau que se abandonou a nossa posição, posso dar graças a Deus e dizer que foi um milagre, mas se foi uma insubordinação, nem quero pensar…

Mas… já não volto para lá!!! Não tinha dito ainda que Guileje era bombardeada pelos turras há vários dias e diversas vezes por dia. Os soldados e outros não tinham pão, nem água. Comida era ração de combate e não se lavavam. Sempre metidos nos abrigos e nas valas. A situação era impossível de sustentar. Vosso para sempre (…).



(***) Vd. poste de 2 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2499: Guiledje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (13): Enquadramento histórico (I): a importância estratégica de Guileje

(****) Vd. poste de 15 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1431: Guileje: Quem (e quando) construiu os abrigos de cimento armado (Pepito / Nuno Rubim)

(...) Mensagem do Pepito:

(...) Queria pedir-te dois apoios, embora saiba que tempo é o que tens menos:

(i) Quando aí estive no verão 2006, conheci o Coronel Jorge Parracho que me forneceu excelentes fotos, algumas das quais te enviei. Nessa altura, e por seu intermédio conheci o ex-enfermeiro de Guiledje, Vitor Manuel Rodrigues Fernandes (CCAÇ 3325) que estava na altura a digitalizar o Livro da Unidade, tendo-mo prometido logo que acabasse (em finais de Setembro). O favor que te pedia era o de, se possível, dares-lhe uma chamada (933323135) para saber se ele já concluiu o trabalho e se te poderia dar esse documento, para tu mo dares (...).

(...) Mensagem do Nuno Rubim:

(...) As unidades que terão estado sediadas [em Guileje] parecem ter sido as seguintes (indico também os contactos obtidos no teu blogue):

CCAÇ 495 (Fev 1964/Jan 1965)
CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) (contactos: Teco e Nuno Rubim)
CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966) ( contacto: Nuno Rubim )
CAÇ 1477 (Dez 1966/Jul 1967) (contacto: Cap Rino)
CART 1613 (Jun 1967/Mai 1968) (contacto: Cap Neto) [infelizmente já desaparecio, José Neto, 1929-2007]
CCAÇ 2316 (Mai 1968/Jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos)
CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata)
CCAÇ 2617 ( Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio)
CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971) (contacto: Jorge Parracho) (*)
CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje (contacto: Amaro Munhoz Samúdio)
CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho )

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