quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5340: Blogpoesia (59): Guiné: A Face Oculta (Carlos Geraldes)

1. Mensagem de Carlos Geraldes, ex-Alf Mil da CART 676, Pirada, Bajocunda e Paúnca, 1964/66, com data de 22 de Novembro de 2009:

Boa noite, amigos

Peço desculpa pela desfaçatez, mas também eu escrevi "poemas" em noites de maior solidão. Reuni aqui alguns que me parecem retratar melhor os sentimentos despertados pelas noites africanas.
Curiosamente tinha-lhes dado um título, "Guiné: A Face Oculta", mas era a minha face que, sentia e queria manter oculta. Nada tem a ver com essa escandaleira que nos dia de hoje está a vir a lume em todos os meios de comunicação.
À laia de prefácio escrevi também um texto explicatico "Como tudo aconteceu... " que deveria anteceder todos os pretensos poemas.

Aqui ficam para quem quiser dar-se ao trabalho de os ler e interpretar.
Fico a aguardar os vossos comentários se for caso disso.

Um abraço do
Carlos A. Geraldes


Como tudo aconteceu...

Na manhã do dia 08 de Maio de 1964, embarcaram no paquete "Uíge" 1.160 militares com destino à Guiné-Bissau.
Iam incumbidos de uma missão de “soberania”, ou seja, acabar de vez com o avanço da insurreição armada naquela antiga colónia portuguesa.

Mais de uma centena eram oficiais e sargentos milicianos, vindos de todos os cantos de Portugal. Portuenses, lisboetas, minhotos, algarvios, açorianos e até um angolano. Só os cabos e os soldados é que eram na generalidade provenientes da região minhota.
A todos tinha sido ministrada uma intensiva instrução de combate anti-guerrilha, mesmo assim muito incompleta, à “portuguesa”, que “eles depois saberão desenrascar-se”, como disse alguém fumando elegantemente um bom charuto, enquanto se refastelava num sofá diante da lareira bem aquecida da Messe dos Oficiais de um quartel qualquer algures do Norte.

- E para onde é que vocês vão?, perguntava o façanhudo a um dos imberbes oficiais milicianos que nessa noite estava de serviço.

- Para Moçambique, para a Namaacha, respondeu o jovem alferes meio envergonhado.

- Ah! Estão cheios de sorte! porque se fossem para a Guiné. bem..., aí é pior que o Vietname, vocês sabem, não é? Vim de lá agora e sei bem o que digo.

- Pois é mesmo para lá que vamos!, - interrompeu um capitão, comandante da recém mobilizada Companhia, que tinha acabado de entrar, batendo com a porta atrás de si.

- O quê, meu capitão?, disseram várias vozes em uníssono.

– É isso mesmo, ouviu, nosso alferes? Hoje mesmo, ou amanhã o mais tardar, precisamos avisar todo o pessoal da Companhia da alteração das ordens. Recebi agora mesmo novas instruções do Q.G. Temos de estar prontos para embarcar para a Guiné daqui a dois dias. Parece que somos mais necessários lá. E ordens são ordens, que remédio, não é? Ah! E não se esqueça de telefonar ao alferes Meireles que foi a casa de licença. Não se esqueça, saímos depois de amanhã, num comboio especial que estará nas Devesas para nos levar até Stª Apolónia e depois, em viaturas, seguimos directos para o cais da Rocha do Conde de Óbidos. Mais alguma dúvida? Bem, vou para o meu quarto, boa noite! - e saiu por onde entrou, batendo novamente com a porta, o que provocou uma lufada de ar gelado que arrefeceu subitamente a sala, onde todos os presentes ficaram mudos e paralisados.

- Bom, paciência, foi mesmo azar... que se há-de fazer?, tartamudeava o façanhudo fanfarrão, agora fazendo-se de compreensivo para consolar o aturdido alferes, que já não sabia se havia de dar um pontapé no cachorro do comandante anichado diante da lareira, se ordenar ao impedido que lhe trouxesse mais um whisky duplo.

Lá fora fazia uma verdadeira noite de inverno. Sem chuva, mas com um vento seco gelado anunciando neve de certeza.
No dia seguinte, o Meireles estava a fazer a barba muito descansado quando tocou o telefone.

- Como? O que estás para aí a dizer? Não pode ser!

E o que é que vou dizer ao alfaiate que ainda tem lá a farda n.º1 para acabar de fazer? – O quê? Está tudo tratado? Bom está bem, seja o que Deus quiser!.

E foi assim que aconteceu. Em menos de um Credo fui recambiado para a famigerada Guiné, que toda a gente, nos bastidores da guerra, considerava já um segundo Vietname, senão ainda pior.
O resto foi dois anos de medos, alegrias, desespero e revolta. Todos tentaram adaptar-se, escapar de todos os perigos e “passar” o tempo o melhor possível. Uns conseguiram-no melhor que outros.

Não sei se os mais instruídos, os “citadinos” tiveram mais dificuldades que os mais simples, os “camponeses”. Talvez até fosse ao contrário, mas as sequelas não foram muito evidentes para se poder tirar conclusões.
Porém no coração de todos guardou-se de certeza e foi crescendo sempre, cada vez maior, uma determinada “Face Oculta...”

Nas cartas e aerogramas que se enviavam para casa surgiam aqui e ali, palavras que denotavam uma certa crise psicológica inegável. Só o companheirismo, o instinto gregário, daquele grupo de soldados que se conglomerava sob o mesmo aquartelamento, sob o mesmo abrigo de troncos de palmeira, auxiliava a que se seguisse em frente, sem o rebentar de dramas emocionais mais graves.

Os longos serões, à volta de uma fogueira ou de um Petromax, libertaram sentimentos nostálgicos que noutras situações surpreenderiam o mais rude.
Daí o aparecimento destes poemas, chamemo-lhes assim.

Analisados sob um ponto de vista médico psiquiátrico, serão detectados, com certeza, os claros sintomas da depressão, da auto punição, da eterna inquirição das causas e dos efeitos. Mas são mais um testemunho da guerra colonial, na Guiné, da década de 60, no século XX.

Carlos Geraldes, 2005


Face Oculta

Às vezes acontece que

Às vezes acontece que me lembro de coisas
Que fiz há muito tempo,
Como quando acendi um cigarro
Pela primeira vez contra o vento.

(Outras vezes nem me consigo lembrar
Do simples nome de um parente...)
Nem para onde me leva o pensamento
Preso entre o Ser e o Nada.

Levanto-me e atiro à noite as preocupações verticais.
Queria ficar aqui a servir de abrigo às aves leves
Que viessem pousar ao toque de uma guitarra subtil.
... E acabaria o tempo...

Ficaria eu... Um jogo de xadrez...
Um filme parado...

(Sim, esse é o meu desejo!)


Bissau, 05 de Julho de 1964

***
Como um afogado

À noite atiro-me para cima da cama
Como um afogado que desdenha a frieza da água.

Enrodilho-me no meu desprezo pelo tempo
Pelas pequenas preocupações e
Por outras coisas que povoam o mundo.

Geralmente adormeço
Para depois acordar no dia seguinte
(sempre igual a tantos outros!)
Lavado e esquecido do passado,
Mas mal!


Bissau, Agosto de 1964

***
As altas vertentes

Para alcançar as altas vertentes
Do deserto da coragem,
Tenho de atravessar o ar frio
De uma noite de emboscada.

Abrir um rasgão na alma doente
De tantos dias fechada,
De tantos dias vazia,
Por morte tão brevemente negada.

Preciso beber a embriaguez da dor,
Ignorar a longa ausência de alguém.
Preciso não sei o quê,
Preciso não sei de quem...


Bissau, 13 de Setembro de 1964

***
A toalha branca

Pousada aos pés da cama
Está uma toalha branca,
Onde limpo o rosto após a jornada.

Dá-me calma, alento, vigor.
Mas hoje está para ali,
Inútil, enxovalhada.

Haverá alguém que diga:
Pronto, tudo acabou!
Já não há mais nada!

Será que é hoje? Amanhã?
Quem sabe?
Qual será o fim da derrocada?


Pirada, Abril de 1965

***
Soldados de Paúnca

Os soldados, deitados na caserna,
Silenciosamente inertes,
Vão remoendo na sombra,
As esperanças de iludir a morte

Outros, à volta de uma mesa,
Jogando cartas, apostam tudo,
Querem conquistar o mundo,
Sempre a rir, desprezando a sorte.

Mas hoje aqui é domingo!
(Como está bonito o palmeiral e a bolanha reluzente!)
Mas há sempre uma criança que chora...
Quando a chuva cai, assim de repente,

Passou ainda agora, mesmo agorinha,
Um velho de olhar profundo
Que apenas me disse: “- Bom dia!”
Ou quereria apenas dizer: “- Má Morte!”?


Paúnca, 10 de Julho de 1965

***
A noite da guerra

Soluços são paisagens
Que não vislumbro,
Amarguras que não sinto.

Há uma noite desfazendo-se em luz,
Risos e gritos por toda a parte,
Como ecos de uma guerra.

Hoje vi a primeira flor,
(Mas o jeep, indiferente, nem parou...)


Paúnca, Julho de 1965

***
Os meus amigos

Os meus amigos
São as lentas sombras da memória,
Que me visitam em dias de chuva.

São aqueles com quem respirámos
A alma, os tormentos e a glória,
Dos heróicos dias do passado.

São aqueles com quem chorámos
As tristezas e as breves alegrias,
Deste mundo inacabado.

(E também a melancolia das tardes frias...)

Os meus amigos (os mais queridos),
São as palavras e as cores
Que vão morrendo aqui e agora.

(Os meus amigos voltaram esta noite.).


Pirada, 24 de Agosto de 1965

***
O trovão

Para lá da noite,
Para lá do brilho de um olhar,
Há a raiva violenta do trovão.

Para o lado de cá, o que restou
Depois daquele persistente atraiçoar
Senão um vastíssimo mar de ilusão?

(...)
Se lá no fundo das matas,
Onde mora o medo sombrio,
Os homens levam agora as almas a enterrar!


Paúnca, 11 de Outubro de 1965

***
As regras

Se alguém quiser escrever
Do luar e das terras por onde passa...
Olhar-se no espelho e ver a Vida a cantar
Não entre em qualquer igreja, templo,
Ou santuário, para se arrebatar.

Porque registar o luar,
E as terras por onde passa,
Não necessita caneta
Nem talento para rimar.

Redigir do luar
E das terras longínquas,
(por onde às vezes ele passa...)
É coser a alma com o sal,
A raiva,
E o amigo que nos abraça!


Paúnca, 21 de Outubro de 1965

***
Noites de Paúnca

Depois vem a noite.
Plena de luzes brilhantes
Parecendo tão longe
Como sóis agonizantes.

Gritos horríveis, gritos de bichos
Rasgam o silêncio das trevas
Sem abalar a indiferença
Dos que adormecem nas casernas.

E as coisas cómicas,
E as coisas tristes,
Acabam por se misturar,
Ficando tudo mais indiferente.

Quando nasce o Sol, finalmente,
As coisas cómicas e as coisas tristes
Ficam novamente cómicas,
Ficam novamente tristes...


Paúnca, 21 de Outubro de 1965

(Já em Lisboa, em 1968, soube pelo Mário Soares que uma versão destes versos teria sido gravada numa placa de madeira e colocada na “parada” do quartel de Paúnca, pela guarnição que nos foi render)

***
Suspense

De súbito,
No silêncio das trevas,
Dilacerando a escuridão,
Apertamos as armas
Em vão...


Paúnca, 10 de Novembro de 1965

***
Tambor negro

O tambor negro é um poço
Rodando no espaço,
Num vaivém dengoso,
Embalado no regaço.

No silêncio da noite
É radar permanente,
Um som que nos enleia,
Uma vingança latente.

Por todas as flores decepadas
Em covas violadas...


Paúnca, 01 de Dezembro de 1965

***
O coração dos cobardes

Ah! Quando o frio da morte empalidece as faces,
E o remorso pelos sentimentos ultrajados,
Esmaga o sombrio coração dos cobardes.

Ah! Quando a solidão canta a triste mágoa,
Dói no ser, na existência ameaçada,
Dói nos mais longínquos recantos da alma torturada.


Paúnca, 03 de Dezembro de 1965

***
Quando voltar

Quando voltar,
Quero tocar violão
Sentado bem no fundo
Do meu cadeirão.

Quieto e devagarinho,
Soltarei os meus queixumes,
Os meus prantos,
As minhas juras de amor.


Paúnca, 03 de Dezembro de 1965

***
Os náufragos do Apocalipse

A música da noite esvoaça
Eterna sobre o nosso olhar atónito
De náufragos do Apocalipse.

Berros aflitos, gemidos,
Ladrar de cães, ganidos,
Adivinham a morte dos proscritos.


Paúnca, 03 de Dezembro de 1965

***
As marcas

Dentro de mim
Estão as marcas,
As rezas, e as trevas
De todos os mistérios do Mundo.


Paúnca, 07 de Janeiro de 1965

***
A patrulha

Alargam-se os caminhos da povoação
Já se distinguem as enormes mangueiras,
Ouve-se o rumor abafado do pilão,
O falso matraquear de armas traiçoeiras.

Perdida a prudência, exauridos,
Pelas crianças, caem vencidos.
Pois em troca de balas e tiros,
Recebem longos abraços e risos.

Agora, já é tarde,
Muito tarde para voltar,
Ninguém mais recorda o ódio,
A crueldade ignóbil de matar.

Lá longe, a caminho da bolanha,
Vai uma rapariguinha a cantar,
Lembra aos tristes soldados
As longas saudades do mar.


Paúnca, 16 de Janeiro de 1966

***
As tinas grandes da alegria

Nas recordações débeis que quase enlouquecem,
Surgem formas arredondadas que apetecem,
Cheiros, conversas e lágrimas que se esquecem.

Numa atmosfera de Olimpo e árvores meigas,
Corações radiantes e beijos breves,
Transbordam as tinas grandes da alegria.

Mas a noite volta e, com ela o terror,
A angústia, a raiva, e a esperança
De uma catástrofe há muito anunciada.


Paúnca, 20 de Janeiro de 1966

***
Cadáver que busca sepultura

Caminhando pela areia da estrada,
Sou aquele que agora aqui chegou
Com a arma ao ombro carregada.

Envelhecido, sem jeito,
Embora soldado poeta,
Sou um mercenário perfeito.

Mortal, de certeza também sou,
Um cadáver que busca sepultura,
Num silêncio lento de esquecer.


Paúnca, 29 de Janeiro de 1966

***
Oceano negro

É das sombras que sai o brilho húmido
Das flores e das lágrimas doloridas.
É junto ao portão dos gritos e das fúrias,
Que mora a melancolia das carícias perdidas.

Finalmente é aqui que me quedo,
Que me debruço e tombo
Num profundo oceano negro.


Paúnca, 29 de Janeiro de 1966

***
O Sol das rapariguinhas

Há o Sol nas varandas
E o riso das rapariguinhas.
Mas há sempre chuva
No fim das batalhas perdidas.

Quando cantam os corvos
Desço aquela encosta distante,
Enxovalhado pela fadiga
De um amigo que nos mente.


Paúnca, 27 de Março de 1966

***
Os olhos vagos

Os seres de olhos vagos choram
Num vão de escada inacabada,
Enquanto o músico, o doido e o político,
Vagueiam pelo mato de mão dada.

Quando premimos o gatilho,
A Lua já mergulhou no pantanal...


Paúnca, 28 de Março de 1966

***
O fim da noite

(Poderia falar das flores, do mar, mas que sei eu?)

Agora que o tempo congelou,
Nada abafa o som da longa noite,
Cheia como a Lua, um ventre de mãe.

Na estrada, pisada pelos camiões,
Ouvimos ainda o tam-tam magoado,
Da grande e misteriosa noite.

No mato por mil fogos devorado.
Nada é triste de esquecer.
Mas vi, além, um Sol derrubado,

Na longa, grande, eterna e misteriosa noite...


Bissau, Abril de 1966
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5277: Gavetas da memória (Carlos Geraldes) (12): O Furriel Emanuel

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5309: Blogpoesia (58): Para os amigos e camaradas da Guiné que esta noite tiveram insónias (Luís Graça)

- Poste actualizado às 23h20 conforme instruções do autor dos textos.

6 comentários:

Luís Graça disse...

Carlos:

Saúdo o novo poeta da Tabanca Grande!... Mas qual desfaçatez, qualquer carapuça!

Dizes: "Também eu escrevi 'poemas' em noites de maior solidão. Reuni aqui alguns que me parecem retratar melhor os sentimentos despertados pelas noites africanas".

Todos temos uma face oculta, como a lua... E sobretudo dúvidas, muitas dúvidas sobre o "valor intrínseco" do que escrevemos, dizemos, fazemos...

Não, meu amigo e camarada, não ponhas os teus poemas entre aspas, não os minimizes, não os desvalorizes, por que eles são autênticos, falam-nos de ti, de nós, de Paunca, da Guiné, da longas noites brancas de angústia e solidão...

Não apreciei que tenham sido publicados de "rajada"... Gosto de os ler, soletrar, falar com eles, recitá-los em voz alta, às tantas da noite, olhando da minha varanda, em Alfragida, para a "mata cerrada" de Monsanto... Com tempo e vagar, nas noites brancas de insónia em que, em vez de carneiros, passam pelo cavalo de frisa fantasmas de camuflado e armas aperradas...

Força, Carlos, Geraldes sem Pavor, faz aí uma segunda vindima, nem que seja só rabisco...Pela amostra, és um homem de grande sensibilidade e seguramente um bom camnarada...

Reproduzo aqui um dos teus belíssimos poemas de Paúnca, escritos no dia [ 29 de Janeiro de 1966,] em que eu fiz 19 anos e tive a premonição de que ia parar à Guiné, dois anos e meio depois (Partiría, no Niassa, em finais de Maio de 1969)...
______________

Cadáver que busca sepultura
por Carlos Geraldes

Caminhando pela areia da estrada,
Sou aquele que agora aqui chegou
Com a arma ao ombro carregada.

Envelhecido, sem jeito,
Embora soldado poeta,
Sou um mercenário perfeito.

Mortal, de certeza também sou,
Um cadáver que busca sepultura,
Num silêncio lento de esquecer.

Joaquim Mexia Alves disse...

Caro Carlos Geraldes

Começei a ler assim como quem não quer a coisa, mas de repente vi-me envolvido na tua face oculta, que é também um pouco a de todos nós.

Não parei de ler até chegar ao fim porque era impossível parar.

Como o Luís, também acho que teria sido melhor se nos tivessem sido dados a ler mais espaçadamente, pois todos e cada um servem para leitura prolongada e reflectida.

E já oiço alguém dizer, ou melhor, gritar: UM LIVRO, UM LIVRO!!!

Abraço camarigo para ti e para todos

Zé teixeira disse...

Estados de alma muito bem expressos, para quem passou "por elas" saborear.
Obrigado Carlos.
Deve haver mais escondidas no baú.
Põe-nas cá fora, para a gente saborear.

Abraço
zé teixeira

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes disse...

Que maravilha!!! Geraldes, tu és um grande poeta. Nem seria preciso ler mais. Mas, por favor, venham mais...
Um abraço

MANUEL MAIA disse...

CARO GERALDES,

QUE PODEREI DIZER SOBRE OS TEUS POEMAS?
NÃO CONSIGO ADJECTIVAR A QUALIDADE QUE PATENTEIAM.
VERDADEIRAMENTE FABULOSOS!

FIQUEI A LER E RELER, A TENTAR ABSORVER A BELEZA E QUALIDADE QUE LHES EMPRESTASTE...

MUITO E MUITO OBRIGADO GERALDES.

MANUEL MAIA

Manuel Joaquim disse...

Carlos:

Nos teus poemas perpassa a "face oculta"da Morte,aquela tal personagem que,nos nossos 20 anos,não "existia"mas estava sempre presente,ora brutalmente presente,ora provocatoriamente invisível.

É a Morte que,sorrateira e diáfana,percorre os espaços: incógnita,brincalhona,cínica,piedosa,no chilreio das aves e no estoiro do trovão,sobrevoando condescendente as horas de ócio ou de combate,estampada na toalha branca
"Pousada aos pés da cama/... /Onde limpo o rosto após a jornada."
Olha por onde ela andava disfarçada:
"A musica da noite esvoaça/ Eterna sobre o nosso olhar atónito/ De náufragos do Apocalipse."
E Ela aqui anda,a impertinente, :
"Tenho de atravessar o ar frio/ De uma noite de emboscada." e terá casa também "...lá no fundo das matas/ onde mora o medo sombrio."

Parabéns,Carlos!
Que viva a poesia!

Um abraço do Manuel Joaquim