1. Em 22 de Novembro de 2009, recebemos uma divertida estória do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68) e que passamos a transcrever:
Camaradas,
Vou-vos contar uma estória, que não presenciei, mas que ainda hoje, durante os convívios da nossa companhia, se recorda com grande diversão.
Nos princípios de 1967, já a minha companhia estava em Fá Mandinga, quando recebeu ordem para fazer uma batida, a uma certa área, por suspeitas de movimentação de tropas IN. Lá saíram mato fora e, depois de muito andarem, o capitão pediu um voluntário para carregar o rádio AN\PRC 10, que era bastante pesado.
Logo um soldado se ofereceu. Era o nosso apontador do morteiro 60 mm, conhecido pelo “trinta putas” (pois quando a pontaria dele não era a melhor, costumava dizer “Com trinta putas não acertei.”).
Ora o rádio tinha uma antena, que era uma fita de aço vertical, igual á das fitas métricas, esverdeada e que na passagem pelas ramagens se vergava e depois de recolhida voltava à sua posição normal.
Durante o percurso da batida tinham que atravessar um rio (não faço a mínima ideia do seu nome), que se processava por cima de pedras submersas, mas que possibilitavam manter o tronco fora de água e, portanto, não molhar as armas.
Por aí foram o capitão e os outros camaradas.
O nosso “trinta putas” porque estava carregado com o rádio e nunca mais chegava a vez dele, não esteve com meias medidas e meteu-se a atravessar o rio a vau e, como é de prever, começou a desaparecer, ficando submerso, pois o declive era grande, até se ver apenas a ponta superior da antena.
Toda a gente se pôs a gritar e o capitão rapidamente descalçou as botas e atirou-se ao rio, para o resgatar. Outros camaradas que sabiam nadar fizeram o mesmo e lá conseguiram que o homem viesse à tona da água.
Este “trinta putas” não sabia ler uma letra do tamanho da Basílica da Estrela, mas como apontador de morteiro 60 mm, era difícil errar uma granada.
Passou à “peluda” com a 4ª classe.
Mais tarde apareceu um novo rádio nas NT, conhecido na gíria por Racal, que era mais leve e mais bonito que o da nossa companhia.
Não tivemos direito a nenhum.
Assim se viu como um voluntariado poderia ter acabado numa tragédia, por mera estupidez do seu protagonista.
Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
22 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5323: Estórias avulsas (61): Reencontro de irmãos (Armandino Alves)
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