sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Guiné 63/734 - P13715: Fotos à procura de... uma legenda (37): D. Idalina Carvalho Pereira Martins, esposa do cmdt do BART 3873, ten cor Tiago Martins, no almoço de Natal de 1972, no Xime, o quartel do setor L1 mais atacado e flagelado (Jorge Araújo, ex-fur mil, op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)



Foto: © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados

1. Afinal, houve mais mulheres que foram à guerra...

Uma foto rara e insólita (*)... a precisar de uma boa legenda (**).

Jorge Araújo [ ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74) comentou o seguinte, no poste P13645 (***):

 (...) Pretendo, com o presente, dar conta de que o mês de Dezembro de 1972 [01Dec] iniciou-se com uma nova emboscada na Ponta Coli [estrada Xime-Bambandica] - a segunda da CART 3494 - conforme narrativa divulgada nos P9802 e P12232.

Aliás, no 9.º Fascículo da História do Batalhão - Dezembro/72 - refere-se a este facto no Ponto 61; alínea d), pp 37/38.

Quanto à quadra natalícia desse ano, realizou-se no Xime um almoço de Natal, com rancho melhorado, no qual esteve presente o CMDT do BART 3873, Ten Cor. António Tiago Martins (já falecido) [, mais a esposa, também já falecida].

Por correio interno seguem algumas fotos do evento. (...)

________________

(**) 4 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13688: Fotos à procura de uma legenda (36): Uma vacada... no Cachil (Victor Neto / José Colaço, CCAÇ 557, 1963/65)

(ªªª) Vd. poste de 24 de setembro de 2014 >  Guiné 63/74 - P13645: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XI: dezembro de 1972: (i) talvez a primeira quadra festiva do Natal e Ano Novo passada, no setor L1, sem ataques nem flagelações do IN; (ii) por outro lado, o comandante 'Nino' Vieira vem pessoalmente à frente Bafatá-Xitole para censurar e punir maus tratos infligidos às populações locais pelos seus guerrilheiros

7 comentários:

Luís Graça disse...

Vê-se que a senhora tem um ar digno. E um porte sereno. Está familiarizada com o meio castrense. É a única mulher num grupo de homens, militares, numa companhia de mato. Traja à civil. Só me lembro de ter visto uma mulher de camuflado, à parte as enfermeiras paraquedistas: a Helena, a mulher do meu camarada alf Carlão (2º Gr Comb / CCAÇ, 12, Bambadinca, 1969/71).

Bambadinca está habituada a acolher mulheres de militares. Conheci algumas no meu tempo. A vida de um comandante de batalhão no TO da Guiné era dura no tempo de Spínola. Era preciso mostrar serviço, ser líder, ser comandante. Não conheci a malta do BART 3873 (1972/74). Regressei em março de 1971. Muito menos conheci o ten cor António Tiago Martins (1919-1992), +pro quem a malta do batalhão tinha, ao que parece, apreço e estima. A esposa parece-me mais nova: morreu em 2011 provavelmente com oitentas e tais. Nesta altura. Dezembro de 1972, poderia ter 40 e tais anos.
Devia acompanhar o marido nas andanças por África. Bambadinca era um pequeno oásis. O quartel estava bem situado num pequeno promontório, sobranceiro à grande bolanha de Bambadinca. Só no tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) é que tinha sido atacado, em 28 de maio de 1969. Depois disso, em junho, houve uma flagelação. Com a chegada da CCAÇ 12, em julho de 1969, o PAIGC não arriscou mais aproximar-se de Bambadinca. Os fulas defendiam bem o seu chão.

Bambadinca tinha boas instalações para os sargentos e oficiais. Não havia falta de géneros. A 30 km, por estrada asfaltada chegava-se a Bafatá, a 2ª cidade da Guiné, onde já havia um cheirinho de civilização: aeródromo onde aterrava o NordAtlas, hospital, cinema, piscina, restaurantes, bom comércico, gentes várias. Era sede de concelho e sede do CAOP 2, o coração do chão fula… Mais a nordeste ficava Nova Lamego, também acessível por estrada asfaltada.

O Xime era porto fluvial e entrada na zona leste. Quem não passou pelo Xime, os que foram para o leste ? Do Xime até Bissau, havia a grande “autoestrada” do Rio Geba. Tinha heliporto. E distava 10/12 km da estrada, nova, asfaltada, construída pela TECNIL. A meio do percurso havia o destacamentoo do Rio Udunduma. Além disso, havia a Companhia de Milícias do Xime espalhada pelo subsetor (Amedalai, Taibatá, Dembataco, Enxalé…). E havia 3 obuses 10.5 do 20º Pel Art, além do morteiro 81.
O risco de emboscada, no troço Bambadinca-Xime, era maior, sobretudo na zona de Ponta Coli, de má memória. Mas o tenente coroneç, por certo, que não foi no seu jipe dar um passeio até ao Xime no dia de Natal. Além da escolta, deve ter tido segurança montada pela malta da CCAÇ 12 e da CART 3494.
Mesmo assim, tiro o quico ao tenente coronel e à esposa…

Luís Graça disse...

Ainda esta manhã mandei o seguinte email a uma senhora que queria como e onde morreu o pai, capitão miliciano, no TO da Guiné, quando ela tinha um ano...

"Querida: Lamento muito que só agora saiba das circunstâncias trágicas em que morreu o pai. Mas o nosso blogue tem esse dever (doloroso) também de falar dos nossos queridos camaradas mortos, em combate, por doença, acidente ou outros motivos. Nalguns casos, temos ajudado as famílais a fazer o lutto (até agora patológico). O exército (e o Estado) tratiou mal estes bravos que deram tudo pela Pátria.

Posso pô-la emn conctacto com o Artur Conceição, soldado de transmissões que estava a 2 metros do gabinete onde tudo ocorreu... Ele vive aqui perto na Amadora. Mas a Ana pode primeiro falar comigo. Tem aqui o meu telemóvel: 931 415 277. Ou se preferirr eu ligo-lhe, se me mandar o seu nº de telemóvel.

"Eu não conheci o seu pai. Sou mais novo na Guiné (1969/71). Mas sou o fundador deste blogue coletivo (que vai a caminho dos 700 membros e dos 7 milhões de visualziações). Cmo costumamos dizer, os filhos dos nossos camaraas nossos filhos são. Convido-a inclusive a integrar a nossa Tabanca Grande (comunidade virtual (à volta do blogue, que tem mais de 10 anos), honrando desse modo a memória do seu pai. Se qusier. mande-nos uma foto dele e outra sua. E escreva-nos duas linhas. Ou autorize-nos a publicar a sua mensagem anterior, ou parte dela. Sente-se à sombra retemperadora e fraterna do nosso mágico poillão, a árvore sagrada da Guiné. Somos uma espécie em vias de extinção, mas partilhamos memórias e afetos.

Um beijo com ternura. Luís Graça".

Luís Graça disse...

Ainda esta manhã mandei o seguinte email a uma senhora que queria saber como morreu o pai, capitão miliciano, no TO da Guiné, quando ela tinha um ano, em 1966...

"Querida: Lamento muito que só agora saiba das circunstâncias trágicas em que morreu o pai. Mas o nosso blogue tem esse dever (doloroso) também de falar dos nossos queridos camaradas mortos, em combate, por doença, acidente ou outros motivos. Nalguns casos, temos ajudado as famílias a fazer o lutto (até agora patológico). O exército (e o Estado) tratou mal estes bravos que deram tudo pela Pátria.

Posso pô-la emn conctacto com o Artur Conceição, soldado de transmissões que estava a 2 metros do gabinete onde tudo ocorreu... Ele vive aqui perto na Amadora. Mas a Ana pode primeiro falar comigo. Tem aqui o meu telemóvel: 931 415 277. Ou se preferirr eu ligo-lhe, se me mandar o seu nº de telemóvel.

"Eu não conheci o seu pai. Sou mais novo na Guiné (1969/71). Mas sou o fundador deste blogue coletivo (que vai a caminho dos 700 membros e dos 7 milhões de visualiazções). Cmo costumamos dizer, os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são. Convido-a inclusive a integrar a nossa Tabanca Grande (comunidade virtual à volta do blogue, que tem mais de 10 anos), honrando desse modo a memória do seu pai. Se quiser. mande-nos uma foto dele e outra sua. E escreva-nos duas linhas. Ou autorize-nos a publicar a sua mensagem anterior, ou parte dela. Sente-se à sombra retemperadora e fraterna do nosso mágico poillão, a árvore sagrada da Guiné. Somos uma espécie em vias de extinção, mas partilhamos memórias e afetos.

Um beijo com ternura. Luís Graça".

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

No meu tempo 1972/74 não era só a mulher do CMDT Tiago Martins que habitava em Bambadinca, havia outras senhoras de oficiais e creio também de sargentos que viviam com os maridos. Quando iamos a Bambadinca ironizavamos com a situação, era bom olharmos para aquela brancura no meio de tantos negros. Naturalmente que a segurança para aquelas deslocações não era descurada.Na Ponta-Coli a segurança regressava ao quartel no fim da tarde e voltava de manhã. Curiosamente o meu natal de 72 foi passado em Bambadinca e o de 73 em Mansambo o de 71 foi passado a navegar, portanto, para o BART 3873 foram três natais fora. Tenho uma ou dus fotos do natal em bambadinca, em Mansambo se a memória não me atraiçoa foi passado nos seus abrigos, acho, não havia refeitório, no Xime sim, havia refeitório, acho que era servido dois turnos, acho.

Valdemar Silva disse...

Caro Luis Graça.
Quando vi esta foto, pela primeira vez, perguntei-me: Ceia de Natal, no Xime? Então, em que abrigo dormiriam o Sr. CMDT e a esposa? (e daí o meu espanto, pelas razões já explicadas) Mas, afinal, foi o almoço do dia de Natal. Foi um procedimento muito importante o CMDT e a esposa passarem o dia de Natal/72, com a 'tropa' flagelada do Xime.
Realmente, em Bambadinca estavam muitas mulheres dos militares, basta ver as fotos do P7907, com certeza que ouviram a guerra, com certeza que sofreram quando os militares saíam em operações. Valentes mulheres.
Mas, o Xime não era lugar para elas, como se pode ler o que o ex-Cap.Art Pereira da Costa diz no P10206, só as africanas aguentavam aquelas 'vidas'.
Um abraço
Valdemar Queiroz

manuel carvalho disse...

Meu caro Luís a propósito de mulheres de camuflado, a esposa do nosso Comandante Chefe em meados de 69 apareceu em Jolmete com um casaco camuflado e um boné diferente dos nossos e de saia branca as botas também eram tipo tropa ia a acompanhar o marido e umas senhoras do M. N. F. quem quiser pode ver no post 10999.Agora quanto a esposas de militares a passar o Natal no mato julgo que a esposa do Eduardo Moutinho passou o Natal de 69 em Empada quando o marido estava lá a comandar a 2381 julgo que isso foi falado no blog ou pelo Zé Teixeira ou pelo Estorninho.Não haveria muitas a fazerem isto.
Um abraço
Manuel Carvalho

Valdemar Silva disse...

Estava-me a esquecer.
A esposa do Cap.Mil Analido Pinto, Cmdt. da CART 2479/ CART 11, esteve com ele quer em Contuboel quer em Nova Lamego e passou, julgo, o Natal/69 connosco. Também ouviu a guerra e andou por estradas poeirentas, até ser evacuada por estar grávida.
Valdemar Queiroz