Página de rosto do sítio "Charlie Hebdo", com data de hoje: "Eu sou Charlie" | "Porque o lápis triunfará sempre sobre a da barbárie... Porque a liberdade é um direito universal... Porque vocês nos apoiam"... [Informação: Charlie Hedbo, o "jornal dos sobreviventes", voltara a sair, 4ª feira, dia 14 de janeiro]
1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista [, ex-alf mil inf, CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]
Data: 9 de janeiro de 2015 15:58
Assunto: CHARLIE HEBDO
A liberdade é um bem inestimável
A França, na revolução de 1789, ergueu essa bandeira bem alto a par da bandeira da igualdade e da fraternidade. Todas essas bandeiras têm sido desfraldadas por esse mundo desde os Estados Unidos , à Rússia e à China, para só falar dos grandes países, com êxitos desiguais.
Dentre os maus tratos que as bandeiras da igualdade e da fraternidade têm sofrido tanto a ocidente, como a oriente, tanto a norte como a sul, parecia que a bandeira da liberdade cada vez mais se erguia e mostrava a toda a humanidade. Liberdade! Liberdade, esse palavra mágica, que os combatentes das melhores causas, gritavam já gravemente feridos, como se fosse um nome das suas mães.
Enquanto houver estados islâmicos e estados demasiado islamizados que financiam as actividades terroristas dos primeiros continuará infelizmente haver mártires nos estados laicos do ocidente ou do
oriente.
É a hora de chorar a morte destes corajosos jornalistas e caricaturistas, pelo preço que pagaram pela sua coragem, sabendo como sabiam que estavam expostos à fúria dos fanáticos religiosos do Crescente.
Porque nesta hora seria uma falta de respeito à sua memória estar a especular sobre outros culpados das suas mortes além dos executantes e mandantes materiais e espirituais a minha análise e revolta não vai mais longe também porque a minha lealdade à verdade não mo permite.
Esta tempo é o desses heróis desarmados de Paris que desafiaram a morte, em campo aberto, todos os camaradas ex-combatentes da Guiné sabem como é difícil encontrar coragem para isso.
Nesta hora em que Paris, essa capital monumental e espiritual da Europa, sofre ainda o rescaldo, que poderá ser ainda mais trágico, do ataque ao Charlie Hebdo devemos dirigir os nossos pensamentos e
orações para todas essas vitimas inocentes e para essa grande capital cultural do mundo que sempre albergou emigrantes, trabalhadores, artistas e intelectuais de todo o Mundo.
Há alguns anos, poucos, li o livro "Samarcanda" do escritor libanês Amin Maalouf. Samarcanda, hoje uma cidade do Usbequistão, é uma cidade histórica, que ficava da nota da seda , portanto entre a
Europa e a China.
Gostei muito do livro pela forma poética e a delicadeza oriental que o escritor imprime às descrições e às personagens, à beleza e encanto das mulheres, mesmo quando resguardadas entre sete véus, à
hospitalidade dos povos do médio-oriente muitas vezes a contrastar com a ferocidade
com que tratavam os inimigos internos ou externos.
Nesse livro tomei conhecimento da "Ordem dos Assassinos", uma seita religiosa ismaelita, que criada e comandada por Hassan Ibn Sabbah, conhecido pelo Velho da Montanha, no século onze, praticava atentados seletivos e com muito êxito entre os opositores maometanos.
Essa seita terá ainda conquistado muito poder politico e territorial nos dois séculos seguintes no Irão e na Síria. Segundo a lenda, pois não há grande confirmação histórica, no século catorze, ter-se-á refugiado na Europa, com a proteção dos Templários, já em tempos aliados ou inimigos.
Ao falar desta seita procuro raízes e compreensão para toda esta desordem social e histórica que criam no nosso espírito estes atentados.
Nos últimos anos já tivemos os ataques às torres gémeas em Nova Yorque, o ataque ao comboio de Madrid, o ataque ao metro de Londres.
Tanta maldade, tantas vidas inocentes.
Na Ásia Menor, no Iraque, Síria , no Paquistão, no Afeganistão e outros países, os mortos sucedem-se aos milhares entre seitas e facções religiosas muçulmanas de cariz mais ou menos religioso, tribal
ou politico . São homens, mulheres, meninos, mais de cem meninos que há tão pouco tempo, os talibãs, esses bárbaros . mataram no Paquistão.
Vive la Liberté! Vive la France!
Um abraço a todos os camaradas
Francisco Baptista
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Nota do editor:
Último poste da série > 11 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14010: (In)citações (72): "Vem ver o que custou a liberdade", um colóquio/debate "A resistência na guerra colonial", levado a efeito no passado dia 6 de Dezembro em Á-dos-Loucos (Hélder Sousa)
15 comentários:
Caro camarada F.Baptista
Eu não sou "charlie".seja o que isso for.
Detesto o politicamente correcto.
Nada justifica a barbárie..mas há fundamentalismos religiosos.. e outros.. como "cartonismos".
A liberdade tem limites seja de expressão ou outra.
A França tem rabos de palha e não é exemplo para ninguém.
Detesto a França "chauviniste" e presunçosa de superioridade moral e intelectual.
A fraternidade igualdade e liberdade..é uma treta..já o Napoleão, antes de invadir Portugal, tinha essas "paroles",e dividiu-o em três partes mesmo antes da ocupação, na sua prosápia de conquistador.
Tenho pena dos inocentes que morreram..reféns e policias..e porquê ...porque uns fundamentalistas cartonistas queriam morrer de pé..não sei se os criminosos que os assassinaram lhes fizeram a vontade, ou se foi sentados ou deitados.
Heróis!!..de quê..só se for do mau gosto e humor abaixo de zero.
Não havia necessidade...
Convém lembrar que esse jornal é um "pasquim" e já foi condenado várias vezes em tribunal.
Só que há gente psicopata e criminosa que não entende ou não quer entender como funciona um estado de direito e julga que resolve as coisas a tiro ou à bomba.
Não havia necessidade..
C.Martins
C. Martins, meu amigo:
Muito obrigado pela tua mensagem.
Gosto que os meus amigos me falem, mesmo quando discordam de mim, eu não sou perfeito, nem nas minhas qualidades, nem nos meus actos.
Só com a ajudo dos outros poderei corrigir os meus defeitos e as minhas ideias erradas.
Deixa que te diga contudo que a tua critica, embora bem intencionada não me convenceu.
Para começar, logo após dizeres que não és politicamente correcto, fazes afirmações que são só politicamente incorretas, como são também juridicamente incorrectas:
A liberdade dizes tu:"tem limites de expressão" realmente tem esses limites que estão nas leis ncionais e internacionais. A França é um Estado de direito ou um Estado despótico e bárbaro?
Quando afirmas que a França é chauvinista e detestas a França falas num sentimento pessoal sem que com isso demonstres nada.
Por motivos diferentes ou idênticos posso não gostar da Inglaterra ou da Alemanha, mas não deixo de acreditar que os seus cidadãos e os organismos que os tutelam não cumprem as leis do pais e a Carta das Nações Unidas.
Acho muito incorrecto quando dizes que os novos principios que a Revolução Francesa trouxe para a discussão e aplicação entre todos os povos do mundo; a fraternidade, a igualdade e a liberdade, os reduzas a uma treta.
Os principios são metas que as sociedades devem procurar atingir mas que dificilmente atingem em pleno. Todas as democracias, até a nossa, se perguntares aos politicos de todos os quadrantes, tendem de facto, outras vezes formalmente, para a realizaçãos desses fins.
Invertes o sentido da realidade quando chamas fundamentalistas aos cartoonistas e pareces desculpar os fanáticos que os mataram. Certo é que depois acabas também por condená-los.
"Só que há gente psicopata e criminosa que não entende ou não quer entender como funciona um estado de direito e julga que resolve as coisas a tiro ou à bomba." Nesta frase acabas por concordar com muito daquilo que eu acabei de escrever
Quando dizes que o Charlie Hebdo é um pasquim está a transmitir uma opinião pessoal que nada esclarece.
Quando afirmas que já foi muitas vezes condenado pela justiça, nada contra, se ele cumpriu os termos das condenações.
Não sou Charlie, nunca o conheci, nunca o li mas dentro do conceito de justiça que aprendi com os homens grandes da minha aldeia transmontana a minha consciência obriga-me a defendê-lo e a condenar os carrascos que com tanta raiva, violência e sangue causaram ao querer calar essa voz.
Não calarão!
Amigo Martins, reflecte melhor sobre tudo isto e não te esqueces que tu tens raízes semelhantes às minhas. Tu se não estou em erro és natural da Beira Trnsmontana.
Um grande abraço
Francisco Baptista
Meu caro F.Baptista
No meu comentário apenas pretendo transmitir a minha opinião que vale o que vale.
Não pretendo mudar a opinião de ninguém muito menos a tua.
Eu sou agnóstico e julgo que tu és cristão..o que é que achas do jornal charlie hebdo publicar um carton referido-se à igreja católica portuguesa com um boneco representando um padre a fazer a saudação nazi e a dizer "heil dieu"..
Quanto à França, não nego o seu contributo no que diz respeito às artes, à ciência,filosofia..etc.e claro que é um estado de direito.
O que não tolero é a presunção de superioridade que demonstram..
No campo militar desde o Napoleão que levam na corneta...1.ª e 2.º guerra mundial (ai se não fossem os aliados)..vietnam..argélia...
Único país que tem uma legião estrangeira..está tudo dito..
Quem os houve falar são sempre os maiores.
Os alemães (por exemplo) são bons no que fazem..sabem que são..mas não dizem..
Não tolero hipocrisias em geral e em politica em particular daí o meu politicamente incorrecto.
Sou Beirão com muito orgulho e tenho um especial carinho pelos transmontanos e em particular pelos nordestinos.
Um alfa bravo
C.Martins
Os "media" fazem, não os que lhe compete mas o que lhes mandam. Um jornal semanário considerado de grande prestigio em Portugal assume e faz gala, num dos seus anúncios dizendo - 40 anos a fazer opinião - deveria ser 40 anos a informar.
Neste caso concreto todos canais de TV e jornais passaram 2 dias a dizerem que o mundo "inteiro" condenou a "chacina". O que todos sabemos não ser verdade. A verdade é que o mundo ocidental condenou, o mundo oriental festejou. Tal como a quando do atentado das Torres Gémeas.
Devo dizer que também, Não Sou Charlie.
Não sou simpatizante de quem tendo um jornal à sua disposição se acha no direito de ridicularizar figuras que para algumas pessoas são queridas, amadas e até mesmo veneradas. Também não sou a favor de quem pega em armas para fazer valer os seus argumentos. Simples.
Porém este assunto não é simples, ultrapassa e vai muito para além de um problema religioso.
É acima de tudo de uma segunda e terceira geração de imigrantes que não é aceite nem integrada pela pátria da fraternidade, igualdade e liberdade. Em 3 apenas disponibiliza a última, a que não tem custos económicos.
Vamos ver quem estará na manifestação em Paris. Penso que será a presença do Mundo Ocidental(cristão) e a ausência do Mundo Oriental (islâmico)
A nós também no ensinaram a chamar terroristas aos que combatemos, depois foram libertadores e nós...
O que sei, e disso não tenho dúvidas, é que não é a soma de dois princípios negativos que dá origem a um positivo. Na matemática dá, aqui não.
Deixemos o passado de retorica centremo-nos no presente, que passa por aplicar e concretizar a Fraternidade, Liberdade e Igualdade.
Não é altura de encontrar heróis, e mártires, esses já estão encontrados dependendo que lado lado estamos na trincheira.
João Silva Caç 12, 1973
João Silva:
Palavras e mais palavras sem nada que possam acrescentar à polémica dos últimos dias. Sem uma saúdação nem uma despedida educada que se deve exigir entre camaradas.
Desculpa mas somos todos portugueses e ex-camaradas da Guiné, julgo que deve haver um respeito minimo entre todos. "Não se deve entrar em casa de nimguém sem bater à porta". Confesso que não te conheço mas se não alterares os modos nunca te vou querer conhecer.
Passa bem
Francisco Baptista
Tudo o que se passa nesta Europa incapaz de defender as suas tradições e incapaz de controlar invasões de influências económicas e culturais e de povos difíceis de se integrarem, só a ela própria, Europa, se deve incriminar.
A Europa deu muitos "tiros nos próprios pés", que a deixaram debilitada, desmoralizada, em fanicos.
Só fez asneiras com 3 (três) Grandes Guerras, que foram a 1ª a 2ª e a Guerra Fria.
Quando a Inglaterra jurou defender Salman Rushdi, como se fosse um sonhador D. Quixote, quando a Europa espera que não europeus resolvam os problemas da Ex-jugoslávia, povos europeus, quando Hanibal precisava de elefantes para invadir Roma, e agora já se invade a nado, é sinal que a europa andou de cavalo para burro, já ninguem a respeita.
Dizia-se que DeGualle disse na euforia da independência dos argelinos, "ainda vão ter muitas saudades nossas".
Tambem se dizia que DeGaulle aconselhou o nosso ditador a fazer o mesmo com as suas colónias.
Se foi assim ou não, o que eu quero dizer é que a própria velha europa, já nesse tempo, anos 60 estava rota.
E está neste momento a tentar defender-se de problemas que as suas antigas colónias sofrem há vários anos: chacinas pro motivos religiosos, entre outros tão ou mais graves.
A Europa já não se defende a si quanto mais defender outros povos.
Casos de Quénia, Niger, R. Centro Africana, Nigéria, India e Paquistão e fico por aqui.
Cumprimentos
Eu não sou "Charlie".
Nunca fui e o facto de ter havido muitas mortes não me transforma em "Charlie".
Mas o facto de eu não ser, não diminui um milímetro que seja o respeito que tenho pelos amigos, camaradas e camarigos, que são "Charlie".
E nem preciso invocar a Revolução Francesa.
Não sou beirão, nem transmontano, mas também sou aldeão. E é precisamente a lembrança das "regras" comunitárias da minha aldeia, onde havia liberdade para fazer "chocalhadas", mas não havia "Charlie", é por isso que nunca fui, não sou e penso que nunca serei "Charlie".
E já escrevi na minha página do FACE que sou contra a "marcha" de Paris.
Até porque, na Guiné, depois dos ataques do inimigo, nunca íamos fazer "marchas" nem "manifestações".
A Europa está gravemente doente.
Sem melhoras à vista.
Um Abraço
Manuel Amaro
Charlie Hedbo... O humor tem limites ? A liberdade ten limites ?
Não, ou melhor, tem os limites da lei (que define e codifica as regras básicas de convívio dos seres humanos que vivem numa dada sociedade, neste planeta)...
Há muito que a generalidade dos seres humanos aceita que o princípio bíblico do "olho por olho, dente por dente" (ou seja, a justiça feita pelas próprias mãos) é inaceitável... Moisés é uma referência para as tr~es religiões monoteítas... É uma das matrizes da nossa comum civilização, para além da matriz helénica...
Também o nosso blogue tem regras que os seus membros, registados, aceitam observar e respeitar. Mas não é fácil quando estão em causa valores éticos, morais, filosóficos, religiosos, ideológicos, políticos... Como é o caso...
Por princípio, não abordamos os temas da atualidade (nacional e internacional) no nosso blogue. É difícil, no entanto, estabelecer uma linha de fronteira entre o passado (da guerra colonial na Guiné) e o presente...
Mas o Francisco Baptista, meu querido amigo e camarada. fez questão de trazer á baila, sob a forma deste texto de incitação (à reflexão e ao protesto) os trágicos acontecimentos de Paris... Achei que ele tinha o direito de manifestar a sua posição sobre este tema que mexe com todos nós... E que direta ou indiretamenet também tem a ver com a nossa vivência na Guiné...
Correndo sempre o risco de ser juzi em causa própria, acho que lidámos melhor com o Islão, nessa época. E seguramente melhor do que os franceses durante a guerra da Argélia... Veja-se o poste que acabei de publicar, relativo ao mês de setembro de 1973 e à história do BART 3873...
Eu, pelo menos, estive 22 meses com camaradas guineenses, muçulmanos, e fiz com eles a guerra, na CCAÇ 12, procurando respeitar e fazer respeitar as crenças e valores, tal como eles respeitavam as minhas ou as nossas...
Naturalmente que a leitura e interpretação destes acontecimentos de Paris não são lineares, tal como todos os outros terroristas, de diferentes sinais.... E cada um tem aqui o direito de opinião, desde que dada em tom de serena urbanidade como é próprio de antigos camaradas de armas que se repeitam e se sentem sob o poilão da Tabanca Grande...
E, se me permitem, deixem-me dizer aqui que não gosto da oposição, simplificada, entre "barbárie" e "civilização", que nos vem do tempo do império romano... Os lusitanos eram bárbaros, para os seus conquistadores romanos, no séc. III A.C.; os japoneses cahamaram-nops "bárbaros do sul" quando por volta de 1543 os primeiros europeus, portugueses, chegaram às suas ilhas...
Os "assassins" do Charlie Hebdo são "monstros sociais" produzidos pela nossa "civilização". Como o eram os anarqwuistas que nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX matavam (e se matavam) aos gritos de "abaixo o Estado!"... E nessa altura ainda não havia a tristemente famosa Kalashnikov...
De qualquer modo, todos estamos de acordo que temos o direito e a obrigação de defender, a todo o custo, os dois pilares em que assenta (ou deve assentar) a vida humana em sociedade, no séc. XXI: a liberdade e a justiça... Nenhum dos dois pilares pode cair, sob pena de abrirmos a terrível caixa de Pandora, que anda connosco desde o início da evolução da espécie humana...
E ai de nós, se fazemos depender a nossa felicidade do preço, volátil, do crude...Muitas das nossas guerras, no passado, foram travadas "in nomine Dei", em nome de Deus... Basta recuarmos até às Cruzadas... Mas foi sempre o "vil metal" (e o poder) o que constituiu a principal razão para nos chacinar,o-nos uns aos outros...
Um alfabravo fraterno, camaradas!
PS - Camaradas, façam humor e não guerra...
Cordiais saudações.
Parece não haver dúvidas quanto à condenação dos atentados.
Contudo há perguntas esperando resposta.
Usar a liberdade de expressão, para intencional e gratuitamente, para provocar e ofender, milhões de outras culturas naquilo que lhes é sagrado, será uma manifestação da superioridade da civilização ocidental, ou um ato de arrogância imperial, desfasado de de décadas (ou séculos)?
Essa visão etnocêntrica do mundo não será resquício de colonialismo tardio?
Forte abraço.
VP
Camaradas e amigos:
Sabia que o meu texto, seria polémico, iria criar alguma agitação no blogue mas confesso que não contava com tanta.
Logo de inicio apareceu o C. Martins, artilheiro, a fazer tiro instintivo e a rebater todas as minhas opiniões.
Inicialmente cumprimentou-me mas no final, talvez no calor dos argumentos, despediu-se à francesa. Quando a discussão é académica e amigavel as pessoas devem despedir-se da forma habitual ou instituida entre grupos sociais. Algum protocolo é importante mesmo entre individuos que pertencem a uma tertulia ou sociedade para avaliar o tipo de respeito e amizade que nutrem uns pelos outros. Em relação ao Martins superei isso e em resposta dirigi-me a ele duma forma amistosa.
O João Silva foi pior, agora com mais calma penso que poderá ter sido sem intenção. O João entrou logo na discussão e saiu sem qualquer despedida formal.
Não gostei e respondi-lhe duma forma pouco cortês, desvalorizando opiniões que até merecem a nossa reflexão. Levantas alguns problemas interessantes ainda não abordados. Um deles quando falas do reclame do Expresso que tem muito a ver com a liberdade de expressão e com os condicinalismos a que a imprensa nas mãos dos grandes grupos económicos sujeita todos os cidadãos de um país.
O problema grave da 3ª geração de arabes a viver em França nas piores condições e sem perspetivas de futuro que podem ser facilmente
arrastados para esses grupos radicais. Realmente faltam por aplicar os principios da revolução francesa porque mesmo a liberdade é condicionada e administrada pela opinião dos grandes grupos económicos.
O António Rosinha sem ser muito polémico dá-nos como sempre uma lição sobre a história contemporânea da Europa e das suas relações com a África e com os árabes.
O Manuel Amaro, camarada do meu batalhão, em Buba, com quem me terei cruzado muitas vezes, de quem não me recordava, tal como ele de mim. Lembro-me de há algum tempo teres escrito no blogue que estiveste 40 dias em Buba a substituir o Furriel enfermeiro Antunes. O Antunes pensei que me morria nos braços quando foi atravessado por um roquete, acidentalmente disparado quando atravessavamos o rio Grande Buba.
Ele era muito amigo do furriel Zamith Passos que pertencia ao mesmo pelotão que eu e por esse motivo quis sair connosco. Felizmente recuperou bem.
Naturalmente, e os outros que me desculpem tenho por ti uma amizade mais próxima que vem do tempo e do espaço, que juntos compartilhamos.
Falas de acordo com o que pensas e sabes transmiti-lo com clareza, sem comungares das minhas ideias defines bem as tuas e eu respeito-as.
Ser ou não ser beirão ou transmontano não define a qualidade dum homem. Julgo que hoje os transmontanos deixaram de ter caracteristicas especificas. Terão tido noutros tempos talvez por causa do isolamento e do tipo de sociedade de subsistência, patriarcal etc. Hoje está tudo standardizado, somos todos produtos da sociedade de consumo.
Falei dessa suposta superioridade transmontana, mais para tentar uma aproximação com o Martins.
Manuel Amaro por favor diz-me qual a tu aldeia, pois na minha também faziamos chocalhadas, agora não me lembro se era no tempo da quaresma ou antes do Carnaval.
Serás tu das Terras de Basto?
O Luís Graça faz uma exposição muita equilibrada sobre a razão da publicação deste poste e as váras opiniões. Conclui como sempre com muitos argumentos válidos que vai buscar à sua inteligência, à História e à história da vida dele.
O Vasco Pires, é outro professor que, se não estou em erro, lá longe das Américas nos continua a dar sábias lições. Só uma observação, os atentados de Paris estão relacionados com o possível abuso dum jornal que ofendeu crenças de milhões de pessoas.
Mas Vasco Pires, estes operacionais não estariam igualmente dispostos a fazer parte dos operacionais que atacaram as torres gémeas, o comboio de Madrid ou o metro de Londres, para só falar nestes. Não pertencerão todos à mesma família politica?
A todos um grande abraço
Franccisco Baptista
Caríssimo Francisco,
Aqui de longe, envio as mais cordiais saudações.
Lamento, ao ser demasiado sintético, não ter sido claro.
1 - NADA pode justificar os violentos atentados.
2 - A minha observação sobre a liberdade de expressão, refere-se ao uso dessa conquista, para,gratuitamente
provocar e ofender milhões de cidadãos de outras culturas, naquilo que lhes é mais sagrado;péssimo uso, digo, na minha modesta opinião.
Ah...mas é legal, porém, quantas barbaridades se fizeram ao abrigo de leis.
Forte abraço.
VP
VP
Bom gosto.Mau gosto.Humor (ou falta de).Liberdade e limites....
Enfim, pelo menos näo é negado à Franca a sua contribuicäo quanto a Artes,Ciência,Filosofia,Pedagogia,e o ser um Estado de Direito (o tal Direito Napoleónico pedra base de estruturalismos do Direito português).
Mas qualificar a Igreja Católica de "portuguesa"?
Compreendendo com o coracäo e a alma
o patriotismo da ideia,aparentemente apresentada também com grande coracäo e alma...mas..näo será antes a Igreja Católica universal?
Um grande abraco do José Belo.
Caros amigos,
O fundamentalismo religioso ou nao eh uma ameaca seria a paz e a convivencia pacifica dos homens no mundo e por isso, sou de opiniao que ninguem deve ficar indeferente a sua mais pequena manifestacao.
O nosso mundo so podera sobreviver na base da tolerancia e da sensatez, do respeito pela diferenca e da diversidade.
Dito isto, queria afirmar que nao sou adepto e nem comungo das ideias da liberdade sem limites.
Em consequencia, digo que tambem eu nao sou "Charlie" e espero que apos a manif gigante em Paris do Domingo, sera a vez de a Franca e o mundo occidental refletir calma e seriamente sobre o que deve entrar no conceito da chamada 'liberdade de imprensa'.
Abraco amigo,
Cherno Balde
José Belo, meu caro comandante Maioral, continuo a não conseguir comunicar contigo.Os mails não chegam ao destino. Um filho do General Carlos Azeredo, anda a tentar localizar pessoas que estiveram com ele em África e como tu estiveste em Aldeia com ele, quer contactar-te.
Abraço fraterno do
Zé Teixeira
Ana Olivera
14:17 (Há 2 horas)
para mim
Ola Chico,
Primeiro parabens pelo texto e pelos teus comentarios!
Moi aussi je suis Charlie! Pela liberdade e contra o terrorismo! Se estivesse em Paris tb teria ido ontem à manifestacao!
Interessante ler os outros comentarios do blog, uma vez que esses teus camaradas viveram todos antes do 25 de Abril. Mas tb fico a pensar que talvez nao tenham percebido bem o sentido da frase "je suis Charlie". O facto de estarmos a dar a nossa opiniao escrita desta forma ja mostra que somos todos Charlie.
Bjs e cont de bons textos,
Ana
Se me permitis, transcrevo uma mensagem duma grande amiga que tem agor 41 anos e que amou muito Paris e continua a amar, e onde viveu 5 anos , antes do ano de 2003.
A todos um grande abraço
Francisco Baptista
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