Guiné > 1970 > Uma das imagens porventura mais emblemáticas da guerra colonial/guerra de libertação. Um guerrilheiro do PAIGC jaz morto, no chão da mata, com a sua Kalash ao lado. Foto muito provavelmente obtida no sul, na região de Tombali. A foto original (entretanto editada por nós) é do repórter fotográfico húngaro Bara István (n. 1942), que acompanhou a guerrilha do PAIGC em 1969 e 1970 (não sabemos exactamente em que circunstâncias: num das fotos, ele próprio deixa-se fotografar com uma Kalash pendurada ao pescoço, o que para um fotojornalista de hoje seria altamente reprovável, do ponto de vista deontológico; pode pôr-se a hipótese de, na época, ter lá estado apenas como simples fotógrafo, e não como fotojornalista, ao serviço do governo do seu país e da própria máquina de proganda do PAIGC, tal como acontecia com os jornalistas portugueses, autorizados a visitar o TO da Guiné: estou-me a lembrar, por exemplo, do Amândio César; recorde-se, por outro lado, que na época a Hungria fazia parte do Pacto de Varsóvia e, portanto, era um dos apoiantes do PAIGC).
Legenda, em húngaro:
Bara István: Elesett PAIGC katona, Guinea Bissau, 1970. De qualquer modo, estamos gratos a este conhecido fotógrafo magiar pelas imagens sobre a guerra colonial / guerra de libertação na Guiné-Bissau que disponibilizou na sua página. Partimos do princípio que estas imagens são do domínio público. Tentámos contactá-lo por e-mail, até agora em vão, para obtermos autorização para divulgação de mais fotos da sua fotogaleria. Tudo indica que ele hoje se limita a gerir o seu estabelecimento de fotografia e artigos fotográficos, em Budapeste. Enfim, teve que fazer pela vida, como todos nós...
Fonte / Source:
Foto Bara > Fotogaleria (com a devida vénia /
with our best wishes...)
Guiné > Bissau > Janeiro de 1970 > "O Tigre de Missirá em Bissau... Comentário: Mais tristeza no olhar é impossível. Fui tratado pelo David Payne e passei uma semana a dormir. Nas minhas cartas, quando me despeço digo sempre que já estou sobre a acção do Vesperax. Novembro e Dezembro foram meses terríveis, as emboscadas nocturnas à volta da pista de aviação atingiram o sistema nervoso e deixei de poder dormir. Graças a este tratamento, regressou a confiança, a energia, o sabor da vida. Avizinha-se o período operacional mais tumultuoso, de Fevereiro a Abril. Depois volto a Bissau para casar [, em Abril de 1970].
Foto e legenda: ©
Beja Santos (2007). Direitos reservados.
Mensagem do Beja Santosa, com data de 15 de Junho de 2007:
Caro Luís, no tempo em que se comemoram os 50 episódios no blogue, quero que saibas que esta aventura, que ainda não chegou a meio, é uma das etapas mais exaltantes da minha vida. Leva-me a ler e a reler o que julgava interdito ou fruto para outra época mais madura; reconduz-me a conversas e a rememorações; tudo é pretexto para dizer a verdade ficcionando e ficcionar com alguma verdade, deixando ao leitor a interpretação do que realmente aconteceu. Em cada episódio rejuvenesço, solidarizo-me, volto ao local do crime sem nenhum azedume. Por vezes dói muito, como no enterro de que aqui se fala. Recordo quando vimos um morto desfeito à morteirada, o Cherno e eu entreolhámo-nos sem falar: qual de nós tirou a vida a este homem? Nunca mais perguntei ao Cherno o que ele pensava, é indigno e deslocado. Muitíssmo obrigado pelo teu empenho em cada episódio que sai, como as minhas memórias fizessem parte do teu tempo, o do passado e do presente. Toda a camaradagem e esta bonita amizade regada em cada semana que passa, Mário.
52ª Parte da série Operação Macaréu à Vista, da autoria de
Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52,
Missirá e Bambadinca, 1968/70) (1). Texto enviado a 15 de Junho de 2007.
15 de Julho de 1969: a gente de Madina flagelou Missirá e teve desairepor Beja Santos
A versão de Queta Baldé, o mais modesto dos bravos
Queta Baldé, artista do batuque quando era adolescente e vinha de Amedalai ao Cuor, a Enxalé e ao Oio, o veterano 126, é o meu primeiro convidado para falarmos daquele anoitecer em que a gente de Madina saiu a perder de uma flagelação que não chegou a demorar 30 minutos. O Queta irá receber um louvor pela sua acção nessa noite, conforme reza:
Em 15 de Julho de 1969, durante uma flagelação do IN, como apontador de metralhadora ligeira reagiu imediatamente ao fogo e não obstante ter sido a sua arma atingida, continuou no posto com deficiente segurança, incitando todos os seus camaradas na zona mais duramente atingida. Tal atitude concorreu para assinaláveis baixas ao IN e respectiva captura de armamento.
Entrego cópia do louvor ao Queta, ele lê, dobra a folha e começa a falar:
Não esqueci nada, os olhos e os ouvidos guardaram tudo. Viemos pelas 5 e meia da tarde, era uma coluna de duas viaturas, trazíamos chapa de bidão, chapa ondulada, sacos de cimento, petróleo e gasóleo. Nosso alfero tinha ido ao Cossé buscar seis sacos de arroz para a população civil. Arrumámos tudo, os petromaxes estavam bem acessos, uma noite calma, sem vento e sem frio. O furriel Pires informou quem, na manhã seguinte, iria com o nosso alfero a Mato de Cão. Fomos tomar banho e descansar.
Pelas 9 da noite, a minha mulher trouxe o arroz e a mafé, levei a colher à boca quando rebentou a primeira roquetada que caiu perto da messe. O primeiro fogo caiu entre o balneário e as moranças da família do régulo. Fui a correr para o abrigo da porta de armas, peguei na Dreyse e Seco Embaló pegou as fitas com a mão. Eles mandaram para este ataque gente mal preparada, gente que queria avançar e entrar no quartel, como se isso fosse possível connosco. Eles devem ter sofrido muito com a resposta dos morteiros e das bazucas. Nosso alfero foi para o 81 com aquele rapaz pequenino, cabelo cor de palha; Adulai Djaló, Mamadu Djau e Bacari Djassi não pararam com as bazucas, Cherno e Tunca Baldé corriam com o morteiro 81 à volta do quartel.
É então que um tiro me partiu o tapa-chamas. Tive sorte, pois a bala fez ricochete e alojou-se na palmeira do abrigo. Esperei com calma o fogo do apontador da Kalash. Apontei-lhe à cabeça, a arma calou-se. Depois fui varrendo o terreno à volta. Tudo começou com um enorme fogo, eles fizeram meia lua entre a fonte de Cancumba e a porta de armas. Surpreenderam-nos bem, mas não percebo porque é que se enervaram e avançaram para o quartel. Pensei muito, eles devem ter chegado perto de Missirá ao anoitecer , quando estávamos a entrar, e o barulho das duas viaturas confundiu-os. Depois precipitaram-se, fizeram mau uso dos morteiros, um deles foi atingido.
Terá sido nessa altura que eles retiraram com muitos feridos e deixando os mortos e as armas. Não percebo o louvor. Eu tive sorte. Nosso alfero devia ter louvado Seco Embaló, esse sim, tinha as mãos feridas, feria os lábios, aguentou a dor, sem a sua ajuda a Dreyse não tinha feito os estragos que fez.
Queta é um homem cheio de pudor. Tinha-lhe proposto uma agenda para falarmos dos acontecimentos de Julho, a começar pela flagelação do dia 15, uma patrulha de reconhecimento que fizemos com um pelotão da CCAÇ 12, a ida ao Enxalé, o acto desvairado do Benjamim Lopes da Costa, a 3 de Agosto.
Quando Queta não quer falar, o seu olhar imobiliza-se e a sua voz cicia:-Desculpa, agora não lembro, talvez mais tarde, à noite começo a pensar e junto tudo, mas talvez eu não estivesse lá e ninguém me falasse nas coisas de que falas. Desculpa, agora não posso ajudar.
Não quer falar do ataque de nervos do Casanova, não estava na emboscada em que o Benjamim me chamou "branco assassino". Mas quando lhe falei que precisava da sua ajuda por causa da operação
Pato Rufia respondeu-me prontamente:
- Sim, nosso alfero escolheu-me para ir à operação, ainda me lembro de muita coisa".
As lembranças do Furriel Pires dessa noite
Voltei a encontrar-me com o Pires na Livraria Barata, na Avenida de Roma. A agenda para a conversa era praticamente livre, mas eu pedira-lhe que revolvesse a memória em torno da flagelação da noite de 15 de Julho. À semelhança da reunião anterior, falámos de tudo sem direcção nem bússola, ouvi a sua versão sobre o estado de saúde do Casanova, falámos das pequenas coisas do dia a dia, ele lembrava-se de ter ido em Junho de 69 a casa da Cristina levar-lhe uma lembrança e trazer outra, não esquecera a sua ansiedade e uma permanente curiosidade em tudo saber sobre Missirá e Finete, registou tudo e adjectivou.
-A Cristina estava preocupadíssima.
Falámos das escalas de serviço, das culturas dentro e fora do aquartelamento, reavivou-me a memória com um episódio que eu já tinha esquecido à volta da visita que o Capitão Figueiras fez a Missirá, em Outubro, quando os soldados fizeram disparos de G3 para os troncos de palmeiras, perto da fonte de Cancumba, parecia fogo de
costureirinhas até os veteranos pegaram nas armas e foram até aos abrigos. O Capitão Figueiras estava siderado e não percebia porque é que eu ia ao posto de vigia ver o que se passava.
Depois a noite do 15 de Julho caiu em cima da mesa, ele tinha meticulosamente as suas anotações escritas numa folha. Não esquecera a minha gritaria para dentro do abrigo onde ele ia passando balas a vários apontadores de G3, recordava perfeitamente a bazucada que deflagrou na parede ao lado da messe, o zunir das balas a estilhaçar as telhas do depósito de víveres, as roquetadas a espatifar tudo à volta do balneário, recordava o fogo em crescendo e o súbito silêncio.
Estas duas memórias, curiosamente, esqueciam o que se passou depois. Quando desapareceram os sinais da flagelação, nenhum de nós ficou tranquilo. De facto, espaçadamente, ouviam-se tiros, uma vezes de metralhadora ligeira, outras de pistola, dentro da mata. A gente de Madina parecia querer dizer-nos que podia atacar de novo a qualquer momento. E durante horas foi assim: tiros esparsos, como se a gente de Madina tivesse um código para se reorganizar. O régulo Malã comentara:
- Tiveram baixas, estão a retirar com os feridos, estão a chamar gente que se perdeu, não se preocupe mais.
Dois guerrilheiros, caídos por um dever, junto ao arame farpado de Missirá
Preocupei-me, eram tiros a mais que se ouviram até de madrugada. Depois descansámos até ao alvorecer. Quando a luz nasceu sobre o céu do Gambiel, com o capim molhado do muito orvalho da noite, saímos para o reconhecimento. O primeiro cadáver era de um jovem manjaco que vestia caqui amarelo, jazia de olhos abertos, com a massa encefálica ao lado da calote craniana, a Kalash na mão. Começámos a ver trilhos , e perto dos cajueiros do régulo Malã vimos postas de sangue, algodão e ligaduras, mais à frente mais sangue, granadas abandonadas como se alguém tivesse interrompido uma tarefa ou aligeirasse a carga para transportar feridos. Continuámos até à fonte de Cancumba onde jazia outro corpo desmembrado, seguramente atingido por granada. No céu, pairavam os jagudis, despertos pelo cheiro do sangue.
Concluído o patrulhamento, mandei buscar dois lençóis e uma caixa de sapatos: os mortos seriam enterrados junto ao cemitério mandinga, os miolos do jovem manjaco desceriam à terra com o corpo do combatente. Lembro o protesto de alguns, que exigiam a justiça dos jagudis. Atalhei firme, repeti que queria dois lençóis limpos, duas pás, os combatentes enterram-se com todo o respeito, é uma honra que a todos assiste, caíram por um dever, o nosso dever agora era respeitá-los. Abriram-se as covas, os corpos foram depositados, o mais díficil, tive que fechar os olhos, foi sentir as minhas mãos a pegar aquela matéria escorregadia que depositei dentro da caixa de sapatos. Os soldados preparavam-se para retirar quando os surpreendi dizendo que me ia perfilar e rezar por eles.
-Partimos ao meio dia, temos de estar em Mato de Cão às 4h, vamos descansar um pouco mais.
Só a 17 é que escrevo à Cristina:
Fomos de novo atacados, pelas 21 horas de 15. Tudo inesperadamente, estávamos ainda na sopa quando verdascaram as metralhadoras e os morteiros. A rapaziada estava nos seus dias e o impacto rebelde, depois dos primeiros cinco minutos, ficou atabalhoado. A nota discordante foi a perda de um braço de uma das mulheres de Quebá Soncó, quando uma roquetada atingiu a trave principal da casa, que era um dos meus sonhos mimosos da reconstrução após o 19 de Março. De resto, a nova Missirá ficou incólume, com excepção da mangueira do poço e um bidão do balneário, esburacados. Estranhei a debandada dos rebeldes... A carta termina aqui, recomecei-a mais tarde, devo ter caído a dormir até partir para Mato de Cão.
O Queta é capaz de ter razão, fui injusto com Seco Embaló e com o seu comportamento exemplar. Mas mais injusto fui com o Cabo maqueiro Adão, que aguentou toda a noite o gravíssimo ferimento de Fatumana Soncó, que ele tratou com desvelo até chegar o helicóptero. Aturou toda a noite os escoriados, aqueles que saíram com pés descalços e rasgaram os pés, aqueloutros que se rasgaram a entrar nos abrigos, que levaram com cápsulas a ferver na cara, nos braços, peito e costas. O Adão aguentou tudo, como aguentava os reforços, as ajudas nas obras, as idas a Mato de Cão, as passagens em Finete para ajudar sinistrados.
Muitos anos mais tarde, em 1991, irei visitar Fatumana que vivia num bairro ao pé do mercado de Bandim, em Bissau, na companhia de seu filho Mamadu Soncó, de quem aqui iremos falar, no final da minha comissão, em Agosto de 1970. Foi um reencontro comovente, levei-lhe flores e o seu único braço apertou-me com força e calor. Tanto me comovi que não falámos daquela noite de 15 de Julho, em que Quebá Soncó, o marido, passou perto de mim com o seu braço na mão.
De Jorge Amado a S. S. Van Dine
O pior de tudo é a prostração e os vírus que me deitam abaixo. Vai ser pior no próximo mês, quando eu voltar a cair na cama, totalmente exausto, doente e moralmente ferido. Por razões que aqui iremos falar em breve, vou ainda defender-me escrevendo até cair sobre a secretária, ouvindo música e sobretudo lendo e orando. É nessa semana, por coincidência, que leio duas novelas espantosas de Jorge Amado, sob o título
Os velhos marinheiros.
A primeira história é "A morte de Quincas Berro Dágua". Quincas vivia na estúrdia , nas ladeiras e becos escusos de Baía. Fora respeitável até deixar de o ser, abandonara famíia, carreira e nome honrado para viver no meio de bêbedas e nos castelos das meninas. O apelido Berro Dágua ficara-lhe de uma garrafa que levara à boca e onde ele esperava cachaça saiu água que o amedrontou. Quincas morre, a respeitável família prepara velório e enterro, cheia de incomodidade. Os amigos Pé-de-Vento, Negro Pastinha, Cabo Martim e Curió aparecem no velório e quando a família parte, enfastiada, começa a noite delirante com o morto aos ombros, subindo e descendo ladeiras até chegar ao mar donde partem em saveiro, levando Quitéria, a bem amada de Quincas. Todos comem peixada, Quincas é obrigado a beber cachaça que deita fora, pois claro. Veio o temporal que os apanha quando as luzes de Baía brilhavam na distância. E foi aqui que começou a lenda.
Capa do romance de Jorge Amado Os Velhos Marinheiros. Lisboa: Publicações Europa-América. 1962 (Colecção Século XX; 48). Capa de Joaquim Esteves.
Foto: ©
Beja Santos /
Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.
Escreve Jorge Amado:
Ninguém sabe como Quincas se pôs de pé, encostado à vela menor. Quitéria não tirava os olhos apaixonados da figura do velho marinheiro, sorridente para as ondas a lavar o saveiro, para os raios a iluminar o negrume. Mulheres e homens se seguravam às cordas... foi quando cinco raios sucederam-se no céu, a trovoada reboou num barulho de fim do mundo... no meio do ruído, do mar em fúria, do saveiro em perigo, à luz dos raios, viram Quincas atirar-se e ouviram sua frase derradeira. Penetrava o saveiro nas águas calmas do quebra-mar, mas Quincas ficara na tempestade, envolto num lençol de ondas e espuma, por sua própria vontade.
História não menos atribulada e divertida é a do comandante Vasco Moscoso de Aragão, um velho marinheiro de opereta que comprara o título , que exibia uma condecoração da Ordem de Cristo paga a peso de ouro e cuja popularidade veio dividir o povo de Periperi, nos arrabaldes de Baía. Uns achavam-no um aventureiro prodigioso, outros um trafulha e embusteiro de primeira água. Até que veio a prova dos 9 quando, de acordo com as leis do mar, o Comandante é chamado ao comando e o navio que vai atracar em Belém. O imediato prepara-lhe uma cilada para o pôr a rídiculo, pede-lhe as ordens finais para amarrar o navio ao cais. Sucedem-se as ordens mais insólitas do mundo: o navio deve ser amarrado com todas as amarras, com todos os ferros, com todas as manilhas, com todas as espias, com todos os strings.
Foram estendidos os cabos de aço, os traveses, enleando o navio definitivamente ao cais. Como se já não estivesse ele de tal modo preso ali com raízes tão profundas, como se as âncoras, as manilhas, os lançantes, já não o garantissem de sobejo contra as piores tempestades e os tufões mais brutais. Tempestades e tufões que nenhum serviço meteorológico previa, nem o olho mais experiente do mais temperado e velho marinheiro.
Vasco Muscoso de Aragão percebe o ridículo em que caiu, foge humilhado. Só que essa noite um tufão apoderou-se da cidade, aquele foi o único barco que resistiu em Belém do Grão-Pará. Assim nasceu outro mito, o que leva o autor a perguntar por onde anda a verdade, qual a fronteira ente o heroísmo e aldrabice.
A outra leitura é muito mais ligeira,
O caso do antiquário, por S. S. Van Dine. O senhor Willard Huntington Wright, era um crítico de arte norte-americano que obrigado a estar dois anos de cama devido a um acidente cardíaco, descobriu o prazer de escrever novelas policiais e ganhou a celebridade logo com o seu primeiro livro
O caso Benson. Já aqui falei desse pedante, hedonista e intelectual incorrigível que é Philo Vance, um detective amador que sabe tudo de aguarelas de Cezanne, de cerâmica chinesas e até de cães escoceses.
Este romance é por sinal fraco, presta uma grande homenagem a Edgar Wallace que
Na pista ao alfinete novo forjara um homicídio praticamente indecifrável, dentro de um quarto fechado. Philo Vance move-se em ambientes de clausura, descobre que antes de um pretenso suicídio houve um crime bem premeditado a qeu se seguirão outros. E, como é timbre nalguns finais de S. S. Van Dine, no termo, quando se deslindou a verdade, pratica-se justiça sem necessidade de julgamento. Sempre que posso, abasteço-me em Bafatá com livros das colecções Vampiro, O Escaravelho de Ouro, Xis e começo a intrometer-me na ficção científica graças aos livros da colecção Argonauta.
Derreado ou não, vou ao Enxalé de surpresa e recebo os
periquitos do 4º grupo de combate da CCAÇ 12 para irmos até Sancorlã, depois a Salá e fazermos uma emboscada. Mas é uma época em que escrevo febrilmente, como se estivesse a redescobrir o mundo e a encantar-me no feitiço das palavras. Escrevo faminto de amor, cada vez mais sozinho. Aprendia como escrever é a mais linda garrafa que se pode lançar no mar, à espera de resposta. Dos homens e de Deus.
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Nota de L.G.:
(1) Vd. último
post desta série > 22 de Junho de 2007 >
Guiné 63/74 - P1870: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (51): Cartas de um militar de além-mar em África para aquém em Portugal (5)