sexta-feira, 5 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4465: Estórias de Jorge Picado (7): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (III): Reunião com o Secretário Geral - Generalidades

1. Mensagem de Jorge Picado, ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 27 de Maio de 2009:

Caros Amigos e Camaradas

Segue mais uma transcrição dumas papeletas do CAOP 1, que Anexo respectiva digitalização, para vossa apreciação.
São 7 folhas mais o verso da última, escritas a lápis

Abraços
Jorge Picado


I – Generalidades

Sua Ex.ª o actual Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, após um estudo detalhado acerca do panorama desta Província, traçou uma linha de orientação e trabalho tendo como objectivo o desenvolvimento e progresso sócio-económico e cultural do Povo da Guiné, com tanta oportunidade sintetizado na expressão “Uma Guiné Melhor Para os Guinéus”.

Assim, a meio do ano de 1969 e por razões estratégicas definiu a zona de etnia Manjaca como área piloto para a incidência de um esforço colectivo exercido pelo Governo da Província, que ficou portanto conhecido como a “Manobra Socio-Económica e Cultural no Chão Manjaco”.

Este Chão Manjaco, actualmente mais reduzido do que nos tempos de outrora, pois segundo consta inicialmente estendia-se mais para o interior incluindo o regulado de Bula – agora área de Mancanhos – e as Ilhas de Bissau até Sanfins e de Bolama – hoje em dia zona de Papéis – encontra-se distribuído por (?) 28 Regulados (?) povoados na sua esmagadora maioria por Manjacos, aos quais se juntam diversas minorias étnicas, além de Mancanhos e Balantas já em percentagem significativa.

Actualmente a população nesta zona ronda os 60.000 habitantes, quase exclusivamente animistas, se bem que existam (?) alguns católicos e ainda mais islamizados, estes com tendências expansivas.

Para implantação e execução do pensamento governativo nesta(?) área foi criado o CAOP, (?) que posteriormente englobou a zona de Bula, predominantemente Mancanha e mais recentemente a de Binar, já de ocupação Balanta.

A missão dada ao CAOP foi a de “Restabelecer a vida normal no Chão Manjaco” e em face disso, a par das actividades puramente militares que garantissem o espaço, o tempo e a tranquilidade necessários à criação dum clima de Paz, atribuíram-se-lhe actividades pacíficas de colaboração na execução dos diferentes programas nos campos da educação, da saúde, da agricultura, da pecuária e das obras públicas.

Actualmente este esforço desenvolvido e ensaiado nesta área piloto do Chão Manjaco estende-se a outros Chãos, nomeadamente o Balanta.

II – Reordenamentos

1- Uma das características da estrutura populacional da Província é a sua grande pulverização em núcleos pequenos e dispersos por largas áreas, aliás própria das sociedades vivendo numa fase da agricultura (económica) economicamente de subsistência, em zonas do globo com determinadas características.

Em face disso, todos os benefícios primários de natureza colectiva em que assenta qualquer promoção perdem muito da sua rentabilidade quando aplicados a essa sociedade multidividida, nomeadamente qualquer esforço que se faça no campo da Instrução, Assistência Técnica e Comunicações, pontos base de qualquer programa sério e honesto de desenvolvimento (económico ?) destas sociedades primárias.

Surgiu consequentemente a necessidade de aglomerar essas sociedades dispersas, de modo a usufruírem os benefícios que a civilização moderna pode facultar, sem contudo as ferir nos seus interesses e tradições ancestrais. Deste modo, essa aglomeração estudada e planeada tem sido feita unicamente de acordo com aceitação livre das populações, previamente elucidadas dos objectivos a atingir e que se resumem:

- Obtenção da máxima rentabilidade no esforço de promoção realizado, aproveitando melhor as pessoas e os meios;
- Criação de hábitos de trabalho mais comunitários;
- Garantir uma melhor protecção às populações beneficiadas.

A reacção inicial a estes reordenamentos foi como se esperava de descrença na nossa capacidade de realização e de desconfiança na honestidade e fins dos nossos propósitos, consequência de atitudes passadas e de permeabilidade à propaganda IN.

No entanto apesar das dificuldades encontradas e traduzidas em insuficiência de meios e materiais e mão-de-obra, venceu-se essa reacção inicial e actualmente acreditam e aceitam estas realizações.

2 - 1.ª Fase

Sector de Teixeira Pinto

Reordenamentos - 7
Casas previstas - 1397
Casas concluídas (Época seca 70/71) - 575
Casas a construir - 819

Sector de Pelundo

Reordenamentos - 3
Casas previstas - 411
Casas concluídas (Época seca 70/71) - 347
Casas a construir - 64

III – Saúde

1- A saúde pública é um dos principais aspectos que mais afecta a vida das populações, muito especialmente em zonas caracterizadas por elevado índice de doenças endémicas, como é o caso da maioria das regiões africanas, onde numerosas doenças existem e grassam facilitadas pelo habitat sui generis existente. A acrescentar a estes flagelos endémicos há ainda todo o restante espectro de doenças vulgares, traumatismos e a elevada mortalidade infantil que, tornam a duração média de vida destes povos bastante baixa, em comparação com sociedades mais evoluídas, além de constituírem uma das causas inibitórias duma real promoção sócio-económica.

As próprias características destes povos primitivos e sub-desenvolvidos, sem qualquer educação sanitária e possuidores duma forte crença nos seus mézinhos, contribuem para a existência dum retrato sanitário francamente mau destes habitantes.

Conhecendo-se estas verdades e concomitantemente as necessidades sanitárias do Chão Manjaco, idênticas aliás a todos os outros Chãos, e sabendo-se ser neste campo onde os resultados positivos de promoção e captação das massas mais rapidamente podem surgir, procurou-se, aproveitando a estrutura dos serviços de saúde existentes, suprimir os inconvenientes e melhorar e ampliar o que havia de útil.

Resumidamente, desejava-se proporcionar uma melhoria de vida biológica e social do Povo Manjaco, praticando fundamentalmente uma medicina preventiva, assegurando a medicina curativa e incrementando a educação sanitária, de forma a:

- diminuir a mortalidade
- assegurar a cobertura sanitária de todo o “Chão” Manjaco
- actuar sobre a origem das doenças
- modificar os hábitos higiénicos da população
- elevar o estado geral de saúde.

2- Realizações

2.1- Reparação dos edifícios já existentes

2.1.1-Hospital de T.Pinto

2.1.2-Postos Sanitários de Cacheu
Caió
Calequisse
Jeta
Pecixe

2.2- Ampliação e construção de diversos serviços do Hospital

2.3- Construção de novos Postos Sanitários
-Batucar
-Carenque
-Pelundo

2.4- Construção de novos Postos de Socorros
-Bassarel
-Có

2.5- Simultaneamente procedeu-se a um apetrechamento adequado de todos os serviços em material e ampliaram-se os quadros de enfermagem e auxiliar.
Nota: Não se toma em consideração o volumoso trabalho de assistência prestado pelos serviços militares nos diversos destacamentos.
(Nas costas da folha que acabei de transcrever está escrito, igualmente com a minha letra, mas esferográfica vermelha: profilaxia tétano; profilaxia poliomielite; profilaxia cólera; profilaxia sono.)

IV – Educação

Num plano de promoção dirigido a massas populacionais primitivas com um tão baixo nível cultural e uma percentagem de analfabetismo bastante elevada, não se podia menosprezar o ensino, compreendido (?) como instrução quer como educação propriamente dita.

Deste modo, fácil se torna compreender que o esforço no campo educacional teria forçosamente de absorver grande parte do esforço aplicado ao desenvolvimento do Chão Manjaco, tanto mais que os meios existentes, se eram suficientes para atender a instrução solicitada, manifestavam-se insuficientes para satisfazer uma instrução obrigatória, necessária para criar uma nova geração com capacidade para assimilar as inovações trazidas pelo progresso e aplicá-las duma forma eficiente.

Por estas razões, trabalhou-se e trabalha-se com a finalidade de:

- Colocar a escola e o professor ao alcance de todos, tornando a instrução obrigatória, de forma a reduzir ao máximo o analfabetismo.
- Associar ao ensino escolar (o ensino?) uma iniciação agrícola elementar (?), para criar hábitos de trabalho, fazendo contactar tanto quanto possível as crianças com novas técnicas e novas culturas.
- Ministrar durante o ensino escolar conhecimentos de higiene pessoal e habitacional e (???) criar o gosto na juventude pelos regimes alimentares diferenciados e completos
- Seleccionar os mais inteligentes, proporcionando-lhes (?) através da concessão de bolsas de estudo, a possibilidade de atingirem níveis mais adiantados de cultura, pela frequência dos Liceus, Escolas Técnicas, Institutos e Universidades.
- Seleccionar os mais aptos para frequentar a Escola de Artes e Ofícios, a criar em T.PINTO, ou a Escola de Iniciação Rural, na Granja de T.PINTO.
- Mentalizar as crianças de acordo com os propósitos da Nação Portuguesa.

Congregaram-se por conseguinte todas as entidades empenhadas (?) desenvolvendo actividades de fomento educacional, – (?) serviços de educação civil, serviços de educação militar e missões – (para que se atingisse o objectivo global???) a fim de proporcionarem uma escolaridade para todos, combatendo assim o analfabetismo e possibilitando aos mais dotados o acesso a outro(a)s (fontes?) (graus) de ensino, tendo em atenção que a população a escolarizar, no Chão Manjaco (era em 1969 - 10139?) apresentava os seguintes valores:

- 1969 – 10139
- 1970 – 10640
- 1971 – 11172

Escolas Oficiais

Existentes - 4
Construídas - 13
A construír -

Escolas Missões

Existentes - 13
Construídas - 1
A construír -

Escolas Militares

Existentes -
Construídas - 7
A construír -

No verso da última folha estão as seguintes notas

- Delegacia de Saúde em Teixeira Pinto

– vacinação
- lepra e tuberculose
- materno infantil

Subdelegacias de Saúde em:
- Calequisse
- Cacheu - Postos Sanitários
- Pelundo - Brigadas de Socorros móveis
- Có

- Hospital Regional em Teixeira Pinto

Postos Sanitários em:
– Jeta
- Caió
- Pecixe
- Calequisse
- Cacheu
- Batucar
- Carenque
- Pelundo

Posros de Socorros em
- Bassarel
- Có

- Missão Combate Tripanossomiases

Concomitantemente, a par destas realizações materiais de construção e reconstrução de edifícios e apetrechamento adequado dos mesmos em material, aumentou-se o número de enfermeiros e parteiras na área.

Oficiais
Batucar
Carenque
Bassarel

P.E.M.
Batucar
Carenque

11 Oficiais + 7 P.E.M.

Acerca deste documento julgo que falta alguma(s) página(s), pois tal como se apresenta, está manifestamente incompleto. Por outro lado não está datado, ainda que saiba ter sido elaborado já em 1971 – uma vez que refere expressamente elementos desse mesmo ano –, nem assinado. Não me recordo já se foi alguma resenha que me tivessem mandado fazer para ser remetida ao COMCHEFE (como algumas correcções feitas e o que está escrito nas costas de certas folhas parecem indicar ser apontamentos de algo que faltava) ou se foi uma transcrição que fiz, de documento em arquivo, para mostrar depois em casa (coisa que aliás nunca fiz, já que não abri a boca sobre o passado na Guiné), algo onde estava envolvido, mas na verdade não sei precisar.

Destas transcrições ressalta a natureza dos trabalhos, no âmbito da ACAP e POP, fundamentais na execução das Directivas do ComChefe com vista à obtenção do sucesso militar e baseadas em: Reordenamento das POPs; melhoria do Estado Sanitário das mesmas; elevação do grau cultural com o desenvolvimento da Educação; apoio e desenvolvimento na Agricultura e Veterinária; fornecimento de infra estruturas diversas; etc.

Por isso é que eu me desloquei por diversas vezes a todas essas povoações, não só para aquilatar da execução do programado, mas também para acompanhar algumas das personalidades que eram aí enviadas, para visitarem a Obra que o Governo da Guiné estava efectuando em prol daquelas Populações.

Só tenho pena de não me recordar dos militares que me acompanhavam e protegiam nessas deslocações. Se algum deles for Tabanqueiro, ou tenha conhecimento destes escritos que dê sinal de vida par refrescar a memória.

Jorge Picado
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4430: Estórias Jorge Picado (6): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (II Parte)

Guiné 63/74 - P4464: Tabanca Grande (149): Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux de Enfermeiro da CCAÇ 1589, Guiné 1966/68

1. Mensagem de Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589, Guiné 1968/70, novo camarada que se apresenta na Tabanca Grande, com data de 30 de Maio de 2009:

Camarada Luis Graça

Gostava de fazer parte da Grande Tabanca, mas não tenho possibilidades de enviar fotos do tempo de tropa pois como tive um grande incêndio na casa onde morava, todas as fotos desse tempo, incluindo a Caderneta Militar, se foram. Por isso não consigo fotos antigas.
Como participar?

Armandino Marcílio Vilas Alves
Ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem
CCAÇ 1589
Guiné 1966/68


2. Mensagem enviada em 1 de Junho ao nosso camarada:

Caro camarada Armandino Alves
Obrigado pelo teu contacto.
Para fazeres parte da nossa Tabanca Grande só precisas de manifestar esse desejo, o que aliás já fizeste.
Manda então uma foto tua actual e conta-nos alguma coisa sobre ti e sobre a tua Unidade. Quando foste para a Guiné, quando regressaste, por onde andaste e tudo o mais que aches que devas escrever.

Aguardamos, então as tuas notícias para te receber formalmente.

Um abraço do camarada
Carlos Vinhal


3. No dia 2 de Junho recebemos esta mensagem de aprsentação do nosso novo companheiro Marcílio.

Caro camarada Carlos Esteves Vinhal

Aí vai a minha história do tempo de tropa:

Assentei praça no Regimento de Infantaria 7 em Leiria, 4.ª incorporação de 1965 como soldado.

Depois dos três meses de Recruta fui mandado para o Regimento do Serviço de Saúde em Coimbra onde fiquei classificado em 1.º lugar no Curso de Enfermagem e fui enviado para o Hospital Militar Regional n.º 1, no Porto onde fui colocado no Serviço de Infecto Contagiosas.

Terminado o Estágio, regressei a Coimbra donde fui despachado para a Academia Militar em Dona Estefânia.

Quando já tinha 11 meses de tropa recebi ordem para regressar a Coimbra onde me deram uma guia de marcha para o RI15 em Tomar onde estive dois dias, sendo depois enviado para o Depósito Geral de Adidos, em Lisboa, pois a minha mobilização era de rendição individual.

Embarquei num cargueiro da CUF - Alfredo da Silva - onde fomos alojados no porão.

Cheguei a Bissau a 6 de Outubro de 1966. Fui enviado para Santa Luzia, para o 600, e apresentei-me na Companhia de Caçadores 1589, que salvo erro tinha chegado em Julho.

Enquanto em Bissau ainda fiz uma patrulha a nível de Companhia.

Em Dezembro recebemos ordem de marcha e embarcámos numa LDG rumo a Bambadinca onde desembarcámos, e em coluna de camiões, fomos para Fá Mandinga (de baixo) pois ficava num fundão onde o Amílcar Cabral tinha guardado o material para a sua fazenda modelo.

Em Fá de Cima estava outra companhia mais velha do que a nossa. Passámos aí o Natal e foi nesse aquartelamento que o Comandante de Companhia foi promovido a Capitão.

Nessa altura fizemos várias operações em Porto Gole, Enxalé e a maior foi à mata do Saraoul, a nível de Batalhão, e que durou 10 dias, onde fomos atacados por formigas, abelhas e onde não podiamos dormir devido aos obuses lançados de Mansoa sobre o aquartelamento inimigo.

Como prémio recebemos ordem para seguirmos para Nova Lamego onde passamos a Páscoa, fizemos uma patrulha a nível de Pelotão e depois arrancamos para o Che-Che, para atravessarmos o rio Corubal na célebre jangada.

Nessas travessias o pessoal desse aquartelamento, com as milicias na travessia dos Unimogs que levavam os garrafões de vinho, balançavam a jangada de maneira a virá-la e os garrafões e viatura caíam ao rio.
Depois ligavam um cabo de aço a uma GMC e tiravam o Unimog e depois mergulhavam para irem buscar os garrafões, mas só apareciam metade dos que caíam.

Atravessado o Rio Corubal e com todo o pessoal do outro lado, lá seguimos em direcção a Madina do Boé, trajecto esse feito a pé, pois havia o perigo das minas.

Ao segundo dia apareceu a FAP com os Fiats e os bombardeiros e aí íamos descansando à vez em cima dos carros. Para nos levantar a moral, em certo ponto do trajecto estavam duas GMC todas queimadas pois tinham sido atacados pelo IN e houve luta corpo a corpo.

Dizem que morreram sete militares entre soldados e milicias. O meu pelotão foi destacado para Béli que ficava a 60 Km de Madina, para a esquerda.

Estivemos aí de Abril de 1967 a Fevereiro de 1968. Entretanto a Companhia seguiu para Madina do Boé onde teve um morto, atingido a tiro na barriga por um atirador solitário, que também teve a mesma sorte pois foi abatido a rajada de G3.

No regresso ao Che-Che e apesar de trazermos de cada lado da picada, picadores de minas, uma Daim ler, pisou uma e os tripulantes, o apontador de metralhadora voou por cima da mesma e poucos ferimentos sofreu. Em contrapartida o condutor por não trazer capacete de protecção, sofreu traumatismo craniano com perda de massa encefálica, e morreu antes mesmo de ser evacuado. Só depois soubemos que eles se tinham oferecido como voluntários a quatro dias de regressarem à Metrópole.

Novamente atravessámos o Corubal e mais uma vez um Unimog caiu ao rio com material nosso. Eu fiquei sem o capacete, a bolsa de enfermagem e parte do camuflado.

Regressámos a Bissau onde a minha Companhia embarcou de regresso à Metrópole onde chegou em 16 de Maio de 1968. Eu fui para o QG, onde estive até Setembro, embarcando para a metrópole noutro barco da CUF (salvo erro o Ana Mafalda).

Quarenta anos depois conseguimos, graças ao Furriel Carvalho, que muita gasolina gastou para conseguir a lista completa do pessoal da Companhia e depois o contacto pessoal ou telefônico com cada um.

Assim em 24 de Maio de 2008 fizemos o 1.º almoço nos arredores de Viana do Castelo juntando cerca de 50 camaradas. Este ano foi Bustelo-Amarante no dia em que a Companhia fez 41 anos que chegou a Lisboa, 16 de Maio


4. Comentário de CV:

Caro camarada, bem-vindo à Tabanca Grande.
Um pequeno à parte só para te dizer que és o segundo Marcílio que conheço, sendo o primeiro um tio meu.

Pena que te tenha acontecido aquele contratempo do incêndio em casa, pois além das perdas irreparáveis de obejectos que lembram o nosso percurso ao longo da vida, há que somar os danos materiais. Esperamos que tenhas já ultrapassado esse mau momento da vida.

Como dizes, não tens recordaçoes fotográficas da tropa, mas tens uma coisa que só a morte apaga, que é a memória.

Recorre a ela e conta-nos as estórias vividas pelo enfermeiro que foste. A tua actividade como curador das maleitas de militares e civis, deixaram-te concerteza, marcas indeléveis.

Com votos de muita saúde para colaborares connosco, deixo-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia.

O teu novo amigo
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 26 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4417: Tabanca Grande (148): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil da CART 2412, Bigene, Guidage e Barro (1968/70)

Guiné 63/74 - P4463: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (5): Colaboração do nosso blogue

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Fiofioli > Março de 1969 > Operação Lança Afiada. O Alf Mil Paulo Raposo, da CCAÇ 2405, junto a um dos helicópteros. O número de evacuações, por insolação, desidratação, doença, ataque de abelhas e esgotamento foi enorme: mais de uma centena de casos (*)

Fotos: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados


Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Maio/Agosto de 1968 > A construção do aquartelamento de Gandembel requereu muitas canseiras envoltas em perigo permanente, para que se garantisse alguma segurança aos nosso homens, uma vez que eram alvo de inúmeros e consecutivos ataques inimigos.

Foto 320 > "E nestas acções, a aeronave trazia sempre algo. Desta vez, uns cunhetes de armamento que se descarregam, enquanto o ferido espera a oportunidade de ser levado até ao Hospital Militar" (**)


Foto e legenda: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados


1. Mensagem de Matt Hurley

Senhores,

Many thanks for posting this on your web site! (*) I look forward to comments from your comrades, fellow veterans of the war in Guinea.

If I could be so bold, might I make one more request? I would like permission from your contributors to use any original photos of they might have. These include photos already posted on your site, which would be most convenient to download and use. Of course, I will give them full credit! I am most interested in photographs of:

- Aircraft used in Guinea (F-86, PV-2, C-47, AL-III, T-6, G.91, DO-27, C-54/DC-6, Boeing 707), especially "on the ramp" at Bissalanca and in FAP markings;
- The airfield at Bissalanca--overhead views, the runway, the shelters, etc.;
- Captured PAIGC anti-aircraft weapons, such as the ZPU-4 or the 12.7mm machinegun;
- Portuguese aircraft during operations over Guinea, especially pictures from inside the aircraft;
- Pictures of personnel who played important roles, such as Ten Cor Brito, Gen Spinola, Ten Pessoa, Cor Lemos, or others;
- Reconnaissance photos of targets, either before or after FAP missions;
- And, sadly, pictures of aircraft that were damaged or shot down in Guinea.

I respectfully request the rights to use any photographs in my dissertation, or any book that might follow. Again, full credit will be given to anyone who permits me to use such photographs.

Very respectfully,
- Lt Col Matthew Hurley Tradução do e-mail do Matt


Tr. do Miguel Pessoa:

Senhores,

Muito obrigado por terem publicado a minha súmula no vosso site! Aguardo com expectativa os comentários dos vossos camaradas, colegas veteranos da guerra na Guiné (***).

Se me permitem a ousadia, poderia fazer-vos mais um pedido? Gostaria da permissão dos vossos colaboradores para utilizar quaisquer fotos originais de que possam dispôr, o que incluiria fotos já publicadas no site, as quais são fáceis de copiar e usar. Claro que irei dar todo o crédito aoa respectivos propritários!

Estou mais interessado em fotografias de:

(i) Aeronaves utilizadas na Guiné (F-86, PV-2, C-47, AL-III, T-6, G.91, DO-27, C-54/DC-6, Boeing 707), especialmente nas placas de estacionamento, em Bissalanca, com as marcas da Força Aérea Portuguesa;

(ii) A pista em Bissalanca - imagens na vertical, da pista, dos abrigos, etc;

(iii) Armamento anti-aéreo capturado ao PAIGC, como a ZPU-4 ou a metralhadora 12,7 mm;

(iv) Imagens de aeronaves da FAP no decorrer de operações na Guiné, especialmente as obtidas do interior da aeronave;

(v) Fotos de pessoal que desempenhou papéis importantes, como o Ten Cor Brito, Gen Spinola, Ten Pessoa(*), Cor Lemos Ferreira, ou outros(**);

(vi) Reconhecimento fotográfico de objectivos, quer antes quer depois da execução das missões;

(vii) E, infelizmente, as imagens dos aviões que foram danificados ou abatidos na Guiné.

Respeitosamente, solicito o direito de utilizar as fotografias na minha dissertação, ou em qualquer livro que possa vir a ser publicado. Mais uma vez, todo o crédito será concedido àqueles que me permitirem a utilização de tais fotografias.

Muito respeitosamente, Tenente Coronel Mateus Hurley.

(*) Texto do autor, esclarecimento de MP.

(**) Nota de MP: Aqui, deveria acrescentar-se o nome do Cor Gualdino Moura Pinto, o qual era à época Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné.


2. Mensagem original de resposta, em portugês:

Caro Matt

Recebi o teu e-mail. Na sequência do pedido que fazes, o Luís Graça deu a sua permissão para a utilização do material publicado no site - textos e fotos. Da minha parte também não há qualquer restrição.

No entanto, o material específico que pedes não existe nos arquivos do blog nem nos meus arquivos pessoais.

Dado o bom relacionamento que tem havido entre vós no passado, sugiro-te que encaminhes esse pedido para o Chefe de Estado Maior da Força Aérea ou para o Arquivo Histórico da Força Aérea.

Cheers. Miguel


Versão em inglês do texto anterior, enviada ao Matt Hurley em 2JUN09


Dear Matt I received your e-mail. Answering to your request, Luís Graça gave his permission for the use of all the material published on the site - text and photos. From my part there isn't also any restriction.However, the specific material you are asking doesn't exist in the archives of the blog or in my personal files.

Given the good relations that you have mantained in the past, I suggest that you forward this request to the Portuguese Air Force Chief of Staff (CEMFA) or the Arquivo Histórico da Força Aérea (AHFA) Cheers. Miguel



3. Resposta do Matt, com data de 3 de Junho:

Miguel, Many thanks! I will certainly contact Cor Alves at AHFA, but the photographs on Luis' blog are certainly a great place to start!

Cheers, - Matt Hurley


[Miguel, muito obrigado! Irei seguramente contactar o Cor Alves, do AHFA, mas não dispenso, para começar, as fotografias do vosso blogue, que são muito importantes para mim. Saudações, Matt Hurley.

4. Comentário de L.G.:

Teremos muito gosto em colaborar neste projecto de doutoramento. Só mais recentemente com a entrada de alguns camaradas da FAP (Incluindo, pára-quedistas, enfermeiras pára-quedistas,pilotos e técnicos de manutenção aeronáutica) é que começaram a aparecer histórias e fotos relacionadas com este ramo das forças armadas portuguese que estiveram no CTIG, entre 1963 e 1974. O nosso arquivo sobre a FAP não é tanto rico como o do Exército. Mas assim é muito melhor do que o da Marinha... Isto tem a ver essencialmente com a composição da nossa Tabanca Grande. Dentro destas limitações, daremos a melhor colaboração ao Matt Hurlei. Desde já lhe desejamos felicidades para levar a cabo, com sucesso, a sua tese de doutoramento.



Graça's comments to be read by Matt Hurley and other English-speaking persons:

We appreciate very much the honnor and the opportunity of participating, as actors, key-informants or only verbal and non-verbal documentation suppliers, in this research project on the air power during colonial war in the Guinea-Bissau. Only recently some Portuguese Air Force veterans (including paratroops, paratroops nurses, pilots and aircraft maintenance technicians) have come into our group blog, starting now to tell their stories and send their photos. By this reason, our documentation on the Air Force, this branch of the Portuguese Armed forces having played an important role during the colonial war, is not so rich as the Army one. Neverthless, it is much better than the Navy's stories and pictures... Explanation is mainly due the composition of our Tabanca Grande [ Big Village, in the Portuguese-based creole language of Guinea-Bissau, is the name of our social network]. Apart from these limitations, we will give the best collaboration to Matt Hurley. Best wishes to you. Good luck to to carry out and accomplish, successfully, your Ph D dissertation. Many thanks too to our Friend and Comrade Miguel Pessoa, Retired Air Force Pilot, Colonel, by offering his knowledge and language skills to our veterans' community.

_____________

Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de 28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2592: Voando sob os céus de Bambadinca, na Op Lança Afiada, em Março de 1969 (Jorge Félix, ex-Alf Pil Av Al III)

(**) Vd. poste de 21 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28

(***) Vd. postes anteriores desta série:

29 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4436: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: tradução de Miguel Pessoa (4): Alguns comentários

27 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4430: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (3): Parte III (Bibliografia)

27 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4423: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (2): Parte II

26 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4418: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (1): Parte I



quinta-feira, 4 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4462: História do BCAÇ 4612/72 (5): Aspecto político, Aspecto Administrativo e Organização Militar (Enviado pelo Jorge Canhão)


Amigos e Camaradas, 

Este é o 5º Poste da série História do B CAÇ 4612/72, da Autoria do então Alferes Ferreira, da CCS, escrita sob alguma "supervisão" do então Capitão Vicente (Operações). 

Ao falar do saudoso Capitão Vicente (que na sua carreira militar chegou ao posto de Coronel), não posso deixar de mencionar que, enquanto foi vivo, sempre participou entusiástica e alegremente nos almoços das várias companhias do Batalhão. 

Alguns textos da História do BCAÇ foram extraídos da História da Guiné. 

Um abraço para todos, 

(Jorge Canhão) 


(4) Aspecto político 


Os grupos étnicos de maior representação numérica no Sector: 
 
- Balantas, Mansoancas e Oincas - são dos que mais se ligaram à subversão, muitas vezes coercivamente, no inicio do terrorismo; houve então milhares de indivíduos que fugiram para o “mato”ou para o SENEGAL - por vezes até tabancas inteiras - e se subtraíram ao controle das nossas autoridades. Dos que estão no "mato" e passaram à clandestinidade, nem todos pegaram em armas contra a nossa soberania. 

É evidente que as populações sob controle das nossas autoridades o que constituem a grande maioria não se alheiam da situação e da sorte dos que estão no “mato” aos quais estão ligados por laços familiares, de amizade ou simplesmente étnicos e a quem ajudam, em maior ou em menor grau, em caso de necessidade. 

Consequentemente o IN obtém algum apoio das populações sob o nosso controlo, nomeadamente na contribuição com alimentos, na recolha de informações e na colecta de fundos; há conhecimento que elementos IN, OU de populações fugidas, contactam com relativa frequência com elementos da população sob O controlo das nossas autoridades por vezes até nas próprias Tabancas. 

Neste campo, destacam-se as populações das povoações de BRAIA e INFANDRE de quem o IN das áreas do QUERE e do CUBONGE obtém fácil apoio e da povoação do BINDORO, com ligação com o IN da área de CHANGALANA. 

É curioso verificar que a esmagadora maioria das populações sob nosso controlo, (bem como a quase totalidade das populações que vivem na clandestinidade e até mesmo muitos elementos do IN armados, desconhecem o que seja o PAIGC, quem são os seus dirigentes e qual o seu ideal político ou os objectivos que se propõe alcançar. 

A luta que se trava tinha, para eles, uma feição essencialmente racial, conceito este que vai sendo desfeito com o crescente número de soldados e milícias nativos que servem nas nossas fileiras. 

Aparentemente as populações sob controlo das nossas autoridades mostram-se submissas e colaborantes quando lhes é pedido um esforço físico remunerado (trabalho de desmatação, capinagem, etc.); contudo repete-se - há entre elas vários elementos - e até mesmo em MANSOA – que são colaborantes em maior ou menor escala com o IN. Embora haja alguns elementos suspeitos, torna-se difícil a detecção e neutralização de possíveis redes subversivas, devido fundamentalmente à índole reservada e pouco expansiva das populações do Sector. 


São frequentes, principalmente em épocas de crise alimentar, apresentações às nossas autoridades de elementos Balantas da população fugida do mato, provenientes das áreas do CUBONGE; na sua maior parte são velhos, mulheres e crianças, alegando como razão da sua apresentação, terem no mato uma vida de privações e de insegurança. Contudo, desde que a área de MANSABÁ passou para o Sector 04, ainda não se apresentou qualquer elemento Oinca que estivesse sob controlo do IN, o que se enquadra na sua maneira de ser e rebeldia tradicionais. 

(5) Aspecto administrativo 

O Sector 04 abrange: 

- No concelho de MANSOA: a quase totalidade do Posto Sede, no qual se localizam os Regulados de MANSOA,CUBONJE, JUGUDUL e SANSANTO. Grande parte da área do Posto Administrativo de PORTO GOLE, onde se localiza o regulado de ENXALÉ. 

- No Concelho de FARIM: Parte da área do Posto Administrativo de MANSABÁ, onde apenas existe o regulado de OIO. As relações com as autoridades Administrativas têm sido normais. 

Conclusões 

- Predominam no Sector os grupos étnicos Balantas, Mansoancas e Oincas que no início do terrorismo foram dos que mais aderiram à subversão; consequentemente, as populações sob nosso controlo não merecem confiança absoluta, pois embora se mostrem colaborantes com as nossas autoridades, têm também elementos que colaboram com o IN, ao qual estão ligados por laços de parentesco e étnicos Salientam-se neste aspecto, as povoações de BRAIA, INFANDRE e BINDORO. 
 
- A população nativa aprecia e aceita de bom grado as realizações materiais que lhes ocasionam benefícios no campo socioeconómico (construções do tipo reordenamento, escolas, poços, etc.) e à Assistência Sanitária prestada pelas NT. Os Fulas e Mandingas de MANSOA, pedem, com frequência, às autoridades, apoio e auxílio de toda a espécie; em contrapartida os Balantas, mais sóbrios e independentes, raramente pedem seja o que for. 

- A economia nativa da região assenta na agricultura, com grande destaque para a cultura do arroz; consequentemente a sua riqueza e poder de compra subordinam-se às colheitas que, por sua vez, dependem em larga escala das condições climatológicas. Se chove bem na época própria, há um ano de abastança; se chove pouco o ano é de escassez. 

- A influência no campo de desenvolvimento económico, da escassa população europeia do Sector pouco se faz sentir; são comerciantes e funcionários que se dedicam ao modo de vida que escolheram sem se manifestarem muito quanto à luta que se desenrola. 

3. ACTIVIDADES DO INIMIGO 
 
a. Resumo das actividades 
 

- Até ao momento da tomada de responsabilidade do Sector pelo BCAÇ 4612/72, a actividade do IN tem sido a seguinte: 
 
- Flagelações às povoações e aquartelamentos das NT, especialmente aos de MANSOA e MANSABÁ. 

- Intimidação e acções de rapto e roubo, contra as populações sob o controlo das NT. 

- Emboscadas e implantação de engenhos explosivos nos itinerários utilizados pelas NT, nomeadamente nas estradas MANSOA–MANSABÁ e MANSOA-BISSORÃ. 

- Reacção à penetração nas suas áreas de refúgio, especialmente nas regiões de MORÉS, CUBONGE e CHANGALANA. 

b) Organização civil e militar 

(1) Generalidades 

No quadro da organização IN, o Sector 04 integrado, na INTER-REGIÃO NORTE, compreendendo a parte dos "SECTORES" de MORÉS, SARA e CANJABARI, da organização político-administrativa do IN, e parte dos “SECTORES” de MORÉS e NHACRA, da FRENTE DA LUTA–MORÉS–NHACRA, parte do sector do BIAMBE da FRENTE DE LUTA CANCHUNGO–BIAMBE e ainda parte do SECTOR de SAMBUIÁ, da FRENTE DE LUTA S.DOMINGOS–SAMBUIÁ, da actual organização militar do IN. 

(2) Organização Civil 

Dentro da ZA do Batalhão, incluem-se os seguintes Sectores da organização político-administrativa do IN: 

- MORÉS, com as secções de CUBONJE, NANJA, MORÉS, MANSODÉ, MADINA e parte das secções de GANSAMBO, IRACUNDA e DANDO. 

- CANJABARI, com as secções de CAMBAJU, UÁLIA, e BRICAMA e parte das secções de CANJABARI (TAMBICÓ) e IONFARIM. 

- SARA, com as secções de LAMOI, DAR-ES-SALAM, BESSUNHA ou CORBA, BANTANJÃ E MANHAU e parte das secções de CUBDJAL e BANIR. 

(3) Organização Militar 
 
Na área de interesse do Batalhão, o IN tem o seguinte dispositivo e potencial: 

(a) FRENTE MORÉS/NHACRA 

1. SECTOR DO MORÉS 
CANJAJA 
- 01 bi-grupo, comandado por JOSÉ INDEQUE. 

MORÉS 
- 01 bi-grupo, comandado por BRAIMA SEIDI. 
- 01 bi-grupo, comandado por IMBEMBA SEIDI. 
- 01 bi-grupo não identificado. 
- 01 Bateria comandada por TURÉ MANTCHA. 
- 01 GR de Sapadores, comandado por ALBINO NANCASSA. 
- 01 GR de Foguetões 122, comandado por ALFA DJALÓ, destacado do CE 199/A/70. 
- 02 Grupos FAL, referenciados em MORÉS e MANSODÉ. 

SANTAMBATO 
- 01 Grupo, comandado por MAMADU SEIDI. 
- 01 Grupo FAL, na região de SANTAMBATO. 
 
CAMBAJO 
- 01 Grupo, comandado por MADA.  

CUBONGE 
- 01 Bi-grupo, comandado por NHAGA NHAME. 
- 01 Grupo, não identificado. 
- 04 Grupos FAL, referenciados em CUBONGE, TALICÓ, MADANE e SINRE. 
BIRIBÃO 
- 01 Bi-grupo, comandado por SEIDICÓ TURÉ. 

2. SECTOR DE NHACRA 
 
- CE 199/C/70, comandado por ANDRÉ PEDRO GOMES, responsável da FRENTE DE LUTA MORÉS/NHACRA, com as seguintes unidades: 

SARA/MANTEM 
- Sede do CE 199/C/70 e do Comando da FRENTE. 
- 01 Bi-grupo, comandado por FERNANDO NANCASSA. 
- 01 Bateria, comandado por BRAIMA PADRE. 
- 01 GR de Foguetões 122, comandado por SAMBÁ LAMINE MANÉ (ROBALDE). 
- 03 GR FAL, referenciados nas zonas de SUARECUNDA, SARAOUL e BUMAL. 

CHANGALANA (POLIBAQUE) 
- 01 Bi-grupo comandado por INFANDA NABENA. 

MADINA/ENXALÉ 
- 01 Bi-grupo (-) comandado por ALFOCENE SEIDI. 
- 01 GR de Sapadores, não identificado. 

MALFO 
- 01 Grupo do bi-grupo de ALFOCENE SEIDI. 

PORTO GOLE/BESSUNHA 
- 01 Bi-grupo comandado por CAMBRA. 

b) Capacidade de Combate 
 
- O IN dispõe de armamento eficiente e em quantidade. 
 
- Os elementos combatentes, a par do seu conhecimento profundo do terreno em que actuam, estão já dotados de uma mais apurada técnica de guerra de guerrilha, resultante, além do mais, de vários anos de ex¬periência. 

c) População sob o seu controlo 
 
O estudo da situação do IN e a análise dos binários IN/população e IN/terreno, mostram-nos a existência de duas áreas distintas na ZA. 

(1) Uma vasta área a OESTE do itinerário MANSOA-MANSABÁ-SALIQUINHEDIM, onde o IN controla totalmente as populações, perfeitamente integradas na sua organização político-administrativa, e mantém um dispositivo militar solidamente implantado e ainda FAL para defesa e controle da população. Constitui área de esforço em ordem a manter os itinerários do reabastecimento e a consolidar as estruturas sociopolíticas. 

(2) Na área a LESTE do itinerário MANSOA-MANSABÁ-SALIQUINHEDIM, podem considerar-se ainda duas zonas distintas, a primeira, a região de CANJABARI-BANJARA, a NORTE da estrada MANSABÁ-BANJARA, dispondo de FAL e situando-se em estado de evolução semelhante ao MORÉS, e a segunda, a SUL da mesma estrada, dispondo de forças do Exército Popular e das FAL, que dela irradiam para acções de guerrilha contra as NT e para acções de roubo e rapto das populações sob seu controlo, e exercendo sobre elas esforço de mobilização psicológica, aliciamento e intimidação.  

d) Movimentos, Linhas de infiltração e comunicação.  

São as seguintes as linhas de infiltração e comunicação do IN com incidência sobre a ZA do Batalhão: 

(1) Continuação do "corredor" de SAMBUIÁ que a partir da zona do MORÉS se bifurca segundo os eixos: 

                                 MABONCÓ-SUARECUNDA 
MORÉS<                                                                                          >SARA 
                                SAMTAMBATO-MANDINGARÁ  

(2) Continuação do corredor de LAMEL, que de BRICAMA, se bifurca segundo os eixos: 

                       BIRIBÃO-IONFARIM-BIRONQUE-CÃ QUEBO-MORÉS 
BRICANA < 
                       FARANDITO-TENTO-UÁLIA-GUSSARÁ- MANTIDA-SARA  

2.1) Formas de actuação. Táctica. 

De um modo geral o IN só tem actuado no Sector: 

- Em flagelações às povoações e aquartelamentos das NT. 

- Intimidação e acções de rapto e roubo, contra as populações sob o controlo das NT.  

- Por emboscadas e implantações de engenhos explosivos nos itinerários mais utilizados pelas NT.  

- Reagindo à penetração das NT nas suas áreas de refúgio. Para a execução da sua actividade, o IN tem modos de actuação característicos. Assim, relativamente ao Sector 04 e de um modo muito genérico: 

- O IN quando executa uma flagelação: 

- Monta normalmente as suas bases de fogos durante o dia, quando pretende flagelar uma povoação e respectivo aquartelamento a partir do cair da tarde, o que tem feito por sistema. 

- Monta normalmente mais do que uma base de fogos. 

- Tem procurado abordar o arame farpado durante a flagelação, sobretudo quando tem actuado contra os destacamentos de INFANDRE, BRAIA e JUGUDUL e sobre a tabanca em auto-defesa do CUSSANÁ 

- Deixa-se ficar, durante algum tempo, perto das suas bases de fogos, enquanto a Artilharia normalmente procura bater os possíveis itinerários de retirada. 

- Tem deixado ultimamente as suas bases de fogos, depois da retirada, armadilhas. 

- Procura flagelar mais de que um destacamento a fim de evitar o apoio de fogos e o socorro em tempo oportuno. 

2.2) Redes de informações e de colectas de fundos 

E do conhecimento do Batalhão que existem no Sector, redes de informações que até à data não foram detectadas, muito embora se encontrem vários elementos em observação, por haver desconfiança de possíveis ligações com o IN. 

No que respeita a colectas de fundos, o Batalhão tem notícias de que continuam a ser feitas, através dos comités de tabancas no que respeita às populações controladas pelo IN e através de elementos que recruta para o efeito, nas tabancas das populações reordenadas e controladas pelas NT. 

Neste aspecto predomina o apoio fornecido pelas populações de BINDORO, BRAIA e INFANDRE. Nos restantes reordenamentos populacionais há conhecimento de que se colectam, mas em menor escala. 

e) Situação em abastecimentos. Locais de apoio.

O IN leve a efeito regularmente colunas de abastecimentos, através dos "corredores" tradicionais utilizados para o lado da fronteira do SENEGAL, socorrendo-se ainda por vezes de ligações e cambanças para o SUL, quando pretende abastecer-se através dos "corredores" tradicionais de penetração da REPUBLICA DA GUINE. 

Para estas colunas de reabastecimentos o IN serve-se normalmente das populações sob seu controlo e só raramente se serve das que se encontram controladas pelas NT. 

Neste último caso procura as referidas populações quando se encontram a trabalhar nas suas bolanhas ou embosca trilhos por elas utilizadas nos seus deslocamentos e em ambos os casos rapta-as para Utilização posterior nas referidas colunas. 

Dentro do Sector podem-se considerar como locais de apoio o MORÉS e o SARA. É a partir destas duas regiões que o IN faz irradiar os reabastecimentos. No que respeita a alimentação, o IN recorre: 

- A colecta de alimentos junto das populações sob controlo das NT.  

- Aos produtos cultivados pelas populações sob seu controlo.  

- A produtos por ele próprio cultivados, embora em menor escala.

f) Aspectos característicos e pontos fracos. 

- O IN continua a ter necessidade de se apoiar nas suas populações que controla a fim de se alimentar. 

- Utiliza as populações normalmente na periferia das suas bases e acampamentos, servindo-lhe de escudo e alarme à aproximação das NT. 

- Nos últimos contactos havidos na região do CUBONGE e no SARA, tem sido com FAL que as NT têm tido inicialmente contactos, evitando deste modo que as NF cheguem, por terra às suas bases. 

- Tanto o IN como as suas populações controladas, continuam a ter necessidade de fazerem as suas trocas comerciais nas povoações por nós controladas, visto que dificilmente terão outro processo de terem dinheiro, alimentos que lhes faltem e vestuário. 

- Continua a ter necessidade de realizar colunas de reabastecimento de trajectos longos e difíceis servindo de carregadores, normalmente, os elementos que recruta de entre as populações que controla. Estes elementos já de há tempo que vêm manifestando o seu descontentamento, porquanto: 

-Já há anos que o vem fazendo, e é fácil de imaginar o seu cansaço. 

- Não recebem qualquer pagamento e muitas das vezes nem alimentação lhes é fornecido, 

- Prometem-lhes ofertas, sobretudo de vestuários, que não chegam a cumprir. 

(Jorge Canhão – Ex-Fur. Milº da 3ª Cia)  
Fotos: © Augusto Borges & Magalhães Ribeiro (2009). Direitos reservados
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Nota de MR: 

Vd. último poste desta série em: