domingo, 22 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5321: Memória dos lugares (57): Tabanca de Sucujaque na fronteira norte da Guiné-Bissau com o Senegal (Patrício Ribeiro)

1. Mensagem de Patrício Ribeiro, membro da nossa Tabanca Grande, empresário na Guiné-Bissau onde reside há mais de 25 anos, antigo fuzileiro em Angola, onde nasceu, com data de 21 de Outubro de 2009:

Boa noite

Obrigado pela morada do "Bissau Digital”.

Para actualizar a noticias deste blogue, junto algumas fotos de 2009 da tabanca de Sucujaque e da linha de fronteira no rio Sucujaque, a dois quilómetros da tabanca onde se apanha a canoa para o Senegal.
Esta fronteira tem bastante movimento de pessoas a pé, bicicleta e moto que é possível atravessar na canoa, junto ao marco de Cabo Roxo, (estrutura em ferro com alguns metros de altura) instalado pelos portugueses e franceses, há pouco mais de 100 anos.

Do lado do Senegal, existe a povoação de Cap Skirring, que tem dezenas hotéis e recebe milhares de turistas europeus por ano.

A linha de fronteira no GOOGLE, não está correcta.

Um abraço
Patricio Ribeiro
impar_bissau@hotmail.com

Localização da Tabanca de Sucujaque da Guiné-Bissau junto à fronteira com o Senegal




Vistas da Tabanca de Sucujaque

Fotos: © Patrício Ribeiro (2009). Direitos reservados.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5316: Memória dos lugares (56): Reportagem fotográfica de Gadamael (Jorge Canhão)

Guiné 63/74 - P5320: Controvérsias (56): Direito de resposta (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem, com data de 20 de Novembro de 2009, do nosso camarada Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa) (1971/73):

Caros camarigos (Camaradas+Amigos) editores e caro António Matos,

Em todo este assunto do Lobo Antunes, (que eu já tinha deixado morrer, mas que renasce agora com o texto do António Matos, inserido no poste P5301), tentei ser o mais cordato possível e os editores bem o sabem.

Não posso deixar no entanto de salientar como me parece diferente o tratamento dado neste espaço a afirmações indignas, repito indignas, por parte de alguém que esteve na guerra do Ultramar, apenas porque é um escritor de nomeada, um intelectual de méritos firmados, uma figura de topo da nossa cultura.

É que nada disso ameniza as palavras que disse, e, António Matos, envolvem os ex-Combatentes, quer tu queiras quer não, e não dão boa imagem das Forças Armadas Portuguesas, pois não se refere a um homem ou dois, mas um Batalhão inteiro, que se pode extrapolar para o teatro de operações de Angola, porque a decisão de mudar um Batalhão para sítios “mais calmos” não depende do Batalhão mas do Estado Maior da Região Militar, pelo que logicamente, a prática seria universal, pelo menos em Angola, o que se sabe não corresponde à verdade.

E se as afirmações são uma figura de estilo, então são pobres e desonestas, e lembro que recentemente porque alguém escreveu que “saltava” de dentro do rio, qual rambo, para matar o IN, aqui neste espaço se fez o gozo necessário no qual eu colaborei também um pouco.
Ou quando um jornalista escreveu umas coisas quaisquer todos lhe caíram em cima e muito bem.

Não devo nada a Lobo Antunes, considero-o uma pessoa de bem e uma figura importante das nossas letras, mas isso não lhe dá o direito de dizer o que disse, ou o que lhe vem à cabeça no momento.

Quanto a ti, caro António Matos, escreves então esta frase:
«Caro Mexia Alves, receio que este texto te possa criar algum descontentamento mas crê que não é essa a intenção. Era só o que faltava!»

Não me causa descontentamento, mas causa-me estupefacção pelas palavras que usas e não é a primeira vez que o fazes, não comigo, mas com outros.

Escreves tu:

«Querer comparar os dois tipos de afirmações será por demais intolerante, descabido e ignorante!»

Não só me chamas intolerante, como me achas descabido, e pelos vistos ignorante!

Olha meu caro, até serei ignorante mas sou com certeza uma pessoa educada e nunca utilizaria tais adjectivos numa polémica qualquer para classificar a intervenção daquele com quem troco opiniões.

Quanto ao resto, tu tens a tua opinião e eu tenho a minha.
Respeito a tua e tu deves respeitar a minha, discutindo-as se quisermos, mas nunca te colocando num pedestal de superioridade que não te reconheço.

Ah, e não estou zangado nem um pouco, e quem me conhece sabe que não estou: Era o que mais faltava!

Aviso desde já que para mim esta polémica, que nunca o foi, acaba aqui e agora.

Um abraço camarigo para ti, António Matos, e para todos,
Joaquim M. Alves,
Alf Mil Op Esp/RANGER da CART 3492
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P5319: Em busca de... (103): Procuro informações sobre… (José Martins)


1. Apelo enviado pelo nosso Camarada José Martins (1) (ex-Fur Mil, Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos,Canjadude, 1968/70), com data de 20 de Novembro de 2009:


APELO

Camaradas,

Lanço-vos um apelo para encontrar camaradas de:

  • António Aldeia Soares, conhecido por "Aldeia", foi soldado da Companhia de Caçadores 2596 do Batalhão de Caçadores 2886, que esteve em Angola, no período 1969 a 1971, é natural da freguesia de Vila Nova de São Bento, concelho de Serpa. Está recenseado na freguesia de Loures, concelho de Loures. Segundo António Aldeia Soares, o Capitão Valente foi o comandante da Companhia de Caçadores 2596 e o comandante do seu Pelotão foi o Alferes Vale.

  • José Aldeia Soares, foi soldado na Guiné (não referenciou mais nenhuma informação). Sobre este camarada da Guiné, sabemos que foi mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 7 em Lisboa, e que esteve em Bissau e Bafatá. Penso tratar-se de uma companhia operacional. Estes dados foram por mim recolhidos quando falei com o José Aldeia Soares, antes do envio da carta aberta. Vou continuar a investigação nos meus arquivos e no AHM.

A análise da história destas sub-unidades poderá ajudar o fio condutor para nos levar à fala com estes camaradas.

Qualquer informação agradeço que a enviem para o meu e-mail:

josesmmartins@sapo.pt

Com um fraternal abraço,
José Martins
Fur Mil Trms da CCAÇ 5
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Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série, em:


Guiné 63/74 - P5318: Blogoterapia (130): A guerra exisitu!... (Fernando Santos)

1. Mensagem de Fernando Silva Santos, ex-Soldado IO Art.ª da BAA 3434, Bissau, 1971/73, com data de 16 de Novembro de 2009, reencaminhada para a Tabanca Grande pelo nosso camarada Jaime Machado:

Camaradas:
Se tiverem algum interesse neste artigo, podem divulgá-lo, inclusivé para publicação no Blogue.
[...]

Abraços,
Fernando Santos
BAA 3434 "As Avezinhas" - Guiné 1971/73

Jaime Machado e Fernando Santos, na Tabanca de Matosinhos.
Foto retirada do site da Tabanca de Matosinhos, com a devida vénia



A Guerra Existiu!...
“Os que morreram, viajaram envoltos na Bandeira da Honra, com a legenda: Portugal!...”

Foi há 36 anos. Já lá vai muito tempo!...

De repente, apetece-me escrever que a Liberdade, hoje, ainda não é como o ar que respiramos. Não sendo anómala nem rara é uma causa muito preciosa que todos temos de manter e dela falar!... É que o silêncio, não é só a ausência das palavras. Também é o adormecimento das causas, a camuflagem dos valores e tantas vezes a renúncia imposta às memórias que não deveriam sumir na poeira dos tempos!...

A Guerra Existiu!...

E há 36 anos, no dia 26 de Maio de 1971, no cais de Alcântara em Lisboa, a bordo do navio “Angra do Heroísmo”, uma Bateria de soldados, especializados em anti-aérea, partiu rumo à Guiné. Era a Bateria Anti-Aérea 3434, baptizada com o nome dos “Avezinhas”.

Também nessa altura, era um tempo de Maio. Um Maio já prestes a despedir-se de maduro, vestido de incerteza e de mistério por tudo aquilo que haveria de acontecer no futuro das madrugadas nascentes, no seio daquela terra africana, no coração do seu Paiol e dos bafos vermelhos que acariciavam o rosto de rapazes na casa dos vinte e poucos anos de idade!...

Na altura, o serviço militar era obrigatório.

Que o digam as centenas de matosinhenses que foram mobilizados para as nossas ex-colónias ultramarinas.

Mas é acerca da Bateria Anti-Aérea 3434 – os “Avezinhas” – que eu gostaria de escrever esta semana. Até porque neste contingente militar, foram incorporados alguns camaradas de armas, patrícios meus, que ainda hoje, felizmente, vivem e habitam no nosso concelho.

E se é verdade que as pessoas reagem a estímulos exteriores, o encontro convívio e de saudade, que tive com os “Avezinhas”, no passado Sábado, motivou-me a comungar com os meus caros amigos leitores, alguns testemunhos de vida que marcaram, indelevelmente, os meus 21/23 anos!... Foram tempos já distantes, em que os horizontes para a minha pequena adultês pareciam quebrados e o medo existia escondido nos nossos olhares que se cruzavam com os olhares côncavos e famintos das crianças nativas vestidas de inocência!

No passado Sábado, no Santuário do Sameiro, em Penafiel, os “Avezinhas” tiveram o seu encontro de ex-militares que fizeram parte daquela incorporação. Evocamos – alguns de nós já com o babado estatuto de avós – o nosso tempo de juventude passado a combater na ex–colónia da Guiné. Rezamos pelos camaradas já falecidos e relembramo-nos de alguma da nossa actuação, ainda que involuntária, no palco das operações do teatro da guerra.

Nesse encontro estavam camaradas de Matosinhos e que, curiosamente, lêem o Jornal de Matosinhos!

Prometi-lhes que escreveria uma crónica a referir a guerra colonial para que, a juventude matosinhense não se esquecesse que os seus pais e os seus avós, provavelmente, passaram por essas acerbas provações! Não podemos branquear esta parte da História recente de Portugal.

A Guerra Existiu!

O papel dos soldados portugueses, como embaixadores da política do Estado Novo, terminou no dia em que a bandeira portuguesa foi arreada dos palácios dos Governadores das respectivas colónias e de todos os edifícios públicos.

Hoje, passados estes anos, a pergunta continua escondida acutilantemente, na mente de muitos ex-combatentes:

- Valeu a pena?!...

Claro que valeu a pena, digo eu!...

A História é feita de tudo isto. De dicotomias. De contradições. Neste caminhar inexorável, vivemos amores e lavramos desamores; semeamos amizades e criamos ódios inóspitos; fomos o “eu” e fomos o “outro” num caminhar intermédio e subterrâneo; embrutecemos e tornamo-nos sensíveis transportando na nossa formação constante o cheiro das tabancas e a melodia da mata verde que moldaram para sempre o nosso sentir e a nossa personalidade. Anjos ou Demónios, francamente não sei, nesta catarse ainda por inventar…

O que sei, é que nesse dia de final de Maio de 1971, quando os “Avezinhas” chegaram à Guiné, ao desembarcarem no cais do Geba, em Bissau, sentiram um sol intenso, vermelho, a confundir-se com o vermelho de uma terra jamais vista!... Depois, em coluna militar, lá fomos, com destino ao primeiro aquartelamento situado no Cumeré. Pelos estradas – algumas de terra batida – camaradas de guerra prestes a regressarem à metrópole, saudavam-nos num ritual e praxe guerreira: “Piu…Piu…Piu. Salta Pira…”, ou então, numa música mais estridente e sádica do que motivadora, cantavam gozões e intimidatórios:

Piriquito vai pró mato, olé, olé… que a velhice vai p’ra Bissau, olé, olé!...”.

Nessa altura, os nossos olhares virgens de maçaricos, admirados, penetravam naquele mundo novo, feito de mulheres negras com os seios caídos de uma nudez sensual, jovem e hirta que da berma dos caminhos nos acenavam, ou então, pelas “mulheres grandes” de pele ressequida, as quais, nos olhavam sentenciadoras, como quem já adivinhava o nosso futuro!...

Chegados ao Cumeré, a nossa primeira reacção foi perguntar:

- Aqui já aconteceram ataques?!...

A resposta surgiu motivadora e a vida lá continuava num ritmo de adaptação às novas gentes, ao novo clima e às novas mentalidades. Como recordo os dias decepcionantes do “lerpanso” do correio. Nem uma carta. Nem um aerograma. Nada! Só as carícias cantadas em crioulo pelas bajudas nativas.”Parte um peso, pessoal!...” E lá recebiam o “patacão!...”

No dia 9 de Junho de 1971 (faz amanhã 36 anos), o “inimigo” – de propósito entre aspas – brindou-nos com o seu “baptismo de fogo!...”

Era uma quarta–feira!... A noite espreitava do poente. A G3 era a nossa companheira, num artifício de fogo tricotado, belo e trágico!... Não víamos nada!... Só fogo reluzente e o ribombar das granadas e dos obuses!... Disparávamos ao encontro do vácuo!...

Era a Guerra!... Os “Avezinhas” tinham chegado somente há nove dias à Guiné!...

Nesse ataque, no dia 9 de Junho de 1971, morreu um camarada. Outros ficaram marcados no corpo e no espírito para toda a sua vida…

Eu sou testemunha que a Guerra Existiu!...

f.silvasantos@netcabo.pt



Fotos da Guiné-Bissau de autoria Fernando Inácio © Direitos Reservados, com a devida vénia


2. Comentário de CV:

Caro Fernando. Não costumo fazer comentários aos textos dos camaradas. Quem sou eu para isso?

No entanto é um prazer publicar prosa ou verso com qualidade. Foi o caso deste teu trabalho.

Sei que tens participado nos almoços dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, porque tenho registo da tua presença. Não por isto, mas também, estou a convidar-te a colaborares neste Blogue, que como sabes tem a missão de fazer um registo de histórias dos ex-combatentes da Guiné. Nesta Caserna virtual têm lugar militares do Quadro Permanente ou Milicianos; oficiais, sargentos e praças; licenciados ou não. Tudo em pé de igualdade, porque o que nos une é aquele pequeno país de terra vermelha e ar sufocante, e tudo o que por lá passámos.

Envia-nos os teus elementos militares como: posto, locais por onde andou a tua Unidade, data de ida e regresso, e uma foto actual e uma antiga, tipo passe em JPEG. Manda-nos também mais um dos teus textos e eu faço a tua apresentação formal à tertúlia. Teremos muito prazer em receber-te nossa Tabanca Grande.

O endereço electrónico do nosso Blogue é: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Obrigado por esta tua colaboração que espero seja a primeira de muitas.
Recebe um abraço do camarada
Carlos Vinhal
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Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5294: Blogoterapia (129): A guerra que Portugal não ganhou (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P5317: Historiografia da presença portuguesa em África (32): O que José Henriques de Mello viu no Cuor e em Bissau (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos, (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Novembro de 2009:

Carlos e Luís,
Findo assim a apresentação do maravilhoso álbum fotográfico do José Henriques de Mello.
Basta ver as fotografias que junto para se perceber que este livro é um tesouro ainda ao alcance de todos.

Um abraço do
Mário


O primeiro fotógrafo de guerra português:
O que José Henriques de Mello viu no Cuor e em Bissau

Por Beja Santos

Chegou a altura de acompanhar José Henriques de Mello, o primeiro fotógrafo de guerra português, nas campanhas do Cuor, Antim e Antula, região de Bissau. Os factos históricos estão devidamente registados, como segue.

O imposto de palhota nunca foi bem aceite pela população guineense. Até 1904, a cobrança era irregular e tinha muitas isenções. O seu produto revertia sobretudo para as despesas militares. É no Cuor que irá dar a primeira insubordinação, bem violenta. O residente de Geba, 2.º tenente Proença Fortes, dirigiu-se à tabanca do régulo Infali Soncó, em 1907, aqui vou desrespeitado, espancado e preso. O Governador da Guiné, Oliveira Muzanty, declarou em estado de guerra a região do Cuor. Ficou proibido o comércio naquela região do Geba. A insubordinação alastrou e incluiu Bissau, Cuor, Oio, Churo, Costa de Baixo e Pecixe. As operações visavam: bater a região de Bissau, subjugando os Papéis, sobretudo em Antula; fazer uma demonstração de força no território balanta; desembarcara em território de Infali Soncó e obrigá-lo a manifestar fidelidade; marchar sobre Mansoa, criando um posto militar na povoação; bater a região do Oio; percorrer o rio Cacheu até Pelundo e bater a região dos Manjacos até à Costa de Baixo.

Algumas das operações começaram em Novembro de 1907, Muzanty foi até ao Xime e conseguiu obter apoio de vários régulos. Subindo o rio Geba na lancha-canhoneira Cacheu, foi atacado pela gente de Infali Soncó, houve baixas de parte a parte. Infali Soncó fugiu aos combates, Muzanty também não tinha contingente para o perseguir. Muzanty foi seguidamente combater um levantamento de Felupes na região de Varela, os régulos submeteram-se, a situação melhorou, temporariamente.

Lisboa decide criar uma dotação para uma grande expedição na Guiné. No final de Fevereiro de 1908, o general Costa Monteiro comunicava à Secretaria de Estado da Guerra que a Companhia Expedicionária de Infantaria 13, armada com a espingarda Kropatschek estava pronta. O navio “Angola” embarcou 200 mil cartuchos, granadas, lanternetas, peças de artilharia, comida para os humanos e comida para os muares de artilharia montada. É interessante verificar o tipo de víveres destinados às tropas expedicionárias: champanhe e vinho do porto, conhaque e rum, bacalhau, vinho branco e vinho tinto, manteiga e marmelada, queijo da serra e flamengo, leite condensado e águas minerais. Mário Matos e Lemos descreve com copioso pormenor as peripécias do embarque em Lisboa e desembarque em Bissau, refere o diário de campanha de Nunes da Ponte (que eu aproveitei em alguns episódios da Mulher Grande) quanto à campanha do Cuor e às operações na ilha de Bissau. O repositório fotográfico é espantoso na qualidade dos registos: Infali Soncó e a sua comitiva recebendo os visitantes antes das hostilidades; sessões na carreira de tiro; muares desembarcando no Geba, na região do Xime, vemos a preparação do rancho e uma formatura de carregadores Fulas; temos depois o embarque no Geba e o seu desembarque, provavelmente na região de Mato de Cão; as tropas em bivaque em Caranquecunda e o ataque a Canturé; depois as tropas na fortaleza da Amura e a seguir as operações de Antim, vemos gentios mortos e um conjunto impressionante de fotografias das tropas a pousar para a posterioridade. Para quem colecciona fotografia de alta qualidade, para quem quer viajar à Guiné de um século atrás, para quem, sobretudo, se quer deixar maravilhar por fotografias que ninguém suspeitava existir, este livro é um surpreendente achado. Aliás, basta ver as fotografias que juntamos.

Antes da guerra, o Régulo Infali-Soncó e sua gente, recebenco visitantes

Regresso das Forças que acompanharam o enterro d'uma Praça

No porto de Sambal Santrá, a canhoeira Cacheu e o Capitania

Destruição: queimada da tabanca Gan-Turé, em 5-4-1908, guerra do Cuhor

A retaguarda d'uma trincheira abrigo construída pelo inimigo
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5312: Historiografia da presença portuguesa (31): José Henriques de Mello, o primeiro fotógrafo de guerra português (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P5316: Memória dos lugares (56): Reportagem fotográfica de Gadamael (Jorge Canhão)



1. – O nosso Camarada Jorge Canhão, ex-Fur Mil At Inf Jorge Canhão, da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa 1972/74, ao tomar conhecimento do poste P5308, com a mensagem do Daniel de Matos (Fur Mil da CCAÇ 3518 “Marados de Gadamael” - Gadamael, 1972/74), enviou-nos do seu álbum de memórias, uma série de fotografias daquele local, após o ataque do PAIGC, em Junho de 1973, com um curto texto:

Camaradas,
Estou a enviar estas fotos de Gadamael, porque segundo li num dos postes do blogue existem poucas ao dispor. Todas estas foram obtidas por mim.
Se algum camarada que lá esteve souber identificar qual era a função/destino das instalações fotografadas, antes da destruição pelo ataque do PAICGC, seria bom que nos informasse, porque eu não sei.
Abraços,
Jorge Canhão
Fur Mil da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72





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Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Jorge Canhão, Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, pontão e quartel.



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Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Jorge Canhão, Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, edifício das transmisões e "restos das instalações do aquartelamento de Gadamael", fortemente atacada pela artilharia do PAIGC.















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Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Jorge Canhão, Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, "restos das instalações do aquartelamento de Gadamael" e o Alf Mil Rocha junto dos destroços.















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Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Jorge Canhão, Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, o Alf Mil Rocha junto dos destroços e mais alguns "restos das instalações do aquartelamento de Gadamael".













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Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Jorge Canhão, Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, mais alguns aspectos dos "restos das instalações do aquartelamento de Gadamael".


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Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Jorge Canhão, Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, "restos das instalações do aquartelamento de Gadamael" e o Fur Mil Jorge Canhão.


Fotos: © Jorge Canhão (2007). Direitos reservados.
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Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em: