1. Mensagem do nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Maio de 2010:
Luís,
Li os teus comentários sobre as guloseimas de Bambadinca. Seria bem interessante que se desencadeasse aí uma tempestade de recordações à volta da mesa, não os acepipes de Bissau mas os desenrascanços das gazelas de mato e peixe da bolanha, bem como os cantineiros que ainda conhecemos e que nos ajudaram a levantar a moral da muita comida sorumbática a que éramos obrigados.
Quase me sinto a entrar na loja do Rendeiro (o concorrente do José Maria de Bambadinca) onde eu encomendava o caldo de mancarra à subida da rampa, para todo o contingente que me acompanhava, naquele dia.
Estou convencido que ainda vamos fazer um livro de recordações gastronómicas...
Um abraço do
Mário
O privilégio de ter combatido com grandes amigos de hoje
Beja Santos
Em 6 de Março de 2008, aquando do lançamento do primeiro livro sobre a minha comissão na Guiné, na Sociedade de Geografia de Lisboa, recebi, com uma tocante dedicatória, “Rumo a Fulacunda”, que o Rui Alexandrino Ferreira me entregou depois de me ter abraçado. Como trabalho por objectivos, e é muito difícil sair de disciplina auto-imposta, reservei a oportunidade de o ler quando me lançasse na empreitada desde demencial inventário que ninguém me pediu. Chegou o momento azado, eis as minhas impressões.
Primeiro, desvanece ver alguém que reteve, com carinho, boas memórias dos seus camaradas do grupo de combate a que esteve associado na CCaç 1420. Ilustro com o que ele escreveu sobre o soldado António Pacheco Sampaio:
“Foi o caso mais espantoso de evolução de um ser humano a que tive oportunidade de assistir.
Completamente analfabeto, era meio marreco, deformado fisicamente pela posição em que trabalhava horas a fio, quando ingressou na vida militar. De feitio introvertido e pouco falador, mais parecia um “bicho”.
Frequentou as “escolas regimentais”, aproveitou as lições que lhes ia dando e tendo rapidamente a ler e a escrever passou a interessar-se por quanto o rodeava, ganhou complexão com a ginástica que nunca tinha tido e a correr atrás de um bola como nunca tinha feito. A par de alimentação apropriada como nunca tivera, do convívio em grupo, do contacto com elementos mais evoluídos e de ideias mais abertas, ganhou novas perspectivas do mundo. Foi se transformando aos poucos, passou a ser um elemento totalmente novo, muitas coisas em que nunca tinha reparado lhe chamavam à atenção e eram motivo de espanto.
Nunca ao longo da vida voltei a ter um caso tão extremo e tão marcante como este. Nunca mais vi alguém tirar tantos benefícios da sua passagem pela tropa. Tenho por ele um imenso carinho e uma grande amizade que nem o facto de nunca mais o ter visto os diminuem. Sei por outros camaradas que leva uma vida perfeitamente normal e que se encontra bem. É quanto me basta, me orgulha e me enche de satisfação pois sei nisso que tenho o meu quinhão”.
O Rui aparece na CCaç 1420 em condições dramáticas, vinha em rendição individual. Numa emboscada, um alferes e mais cinco militares separaram-se da coluna, desorientaram-se e andaram açulados por tropas do PAIGC. Só sobreviveu um soldado. O Rui veio substituir o alferes Vasco Cardoso. Ele descreve esses terríveis acontecimentos de modo impressionante. Antes, fala-nos da sua mobilização e, chegado à Guiné, dá-nos conta da sua inserção da companhia sediada em Fulacunda. O que à partida parecia um remedeio acabou por se transformar por uma profunda estima pela gente do seu grupo de combate. Foi uma relação gradual, com inequívocas provas dadas no terreno de combate. O Rui vai deixando desfiar a sua memória, nota-se que a cronologia não é o seu forte, é muito tentado pela divagação e pelo arrastar da corrente emocional. O que ele nos oferece em livro é o crescimento de uma amizade, da formação de vínculos entre combatentes, numa atmosfera de excepção, decorrente do trauma de, logo no início da comissão, terem desaparecido seis camaradas. “Rumo a Fulacunda” deve ser percebido pela energia positiva das suas memórias e pela construção dessa relação poderosa, inquebrantável. A CCaç 1420 irá depois para Bissorã, vai ser confrontada com emboscadas, minas e operações de grande risco, abarcando Olossato, Mansabá, Cutia e a estrada para Mansoa. O Rui torna-se um frequentador da região do Oio, passaram a andar à volta do Morés à procura de bases como Mansodé, Iracunda, Santambato e Cambajo. Tudo é descrito, as grandes capturas de armamento, os grandes dissabores, os sustos tremendos, as tropas à deriva, a selvajaria em combate, as chuvas torrenciais, a sede, o cansaço extremo. Segue-se Mansoa, a CCaç 1420 não foi descansar: reabastecimentos a Bissau, havia que os transportar para Mansabá, K-3, Bissorã e Olossato. O Rui anota inúmeras solidariedades, dá conta das refregas, o K-3 era um verdadeiro quebra-cabeças, as gentes dos Morés vinham testar regularmente a resistência deste destacamento.
O segundo aspecto que gostaria de destacar é a relação do Rui com Angola, as páginas sobre Sá da Bandeira são de uma beleza incomparável, percebe-se à légua que ele tem nesta sua infância e adolescência o filão para reconstruir o mundo que se perdeu: desde os professores aos vizinhos, a natureza dos tempos livres, as transformações operadas naquela região angolana entre os anos 50 e 60, ele tem aqui um alfobre para um livro espantoso.
O Rui prometeu voltar a escrever sobre a sua segunda comissão, aquela em que ele foi determinante na preparação da CCaç 18, a operar em Aldeia Formosa. Vamos ficar naturalmente a aguardar, com expectativa, raros são os registos (como os seus) tão detalhados no campo operacional. Estou convicto que ele irá aproveitar a oportunidade para eliminar referências e críticas desajustadas e seguramente desnecessárias para o objectivo em causa: o dever de memória do combatente. Aprendemos com a vida que há recriminações, denúncias, zangas que perdem a sua razão de ser, além disso ele foi mesmo um grande combatente e é timbre das pessoas valorosas e de bom carácter deixar no anonimato a vilania e mediocridade.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6444: Notas de leitura (110): A Guerra Colonial e o Romance Português, de Rui de Azevedo Teixeira (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 22 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Guiné 63/74 - P6447: A minha CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (1): Composição orgânica (Luís Graça)
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Natal de 1969 > Sargentos e furriéis da CCAÇ 12 (*) e da CCS do BCAÇ 2852:
(i) da esquerda para a direita, na 1ª fila: o Jaime Soares Santos (Fur Mil SAM, vulgo vagomestre) (sdize,-me que se formou economia e trabalhava na TAP); António Eugénio da Silva Levezinho (Tony, para os amigos, fez parte dos quadros da Petrogal, vive na Ponta de Sagres, com o amor da sua vida, a Isabel, com quem, se casou nas férias de 1970, tinha ela 17 anos); Fur Mil At Inf; António M. M. Branquinho (nunca mais o vi, era de Évora, trabalhava no Centro Regional de Segurança Social); Fur Mil At Inf; Humberto Simões dos Reis (meu vizinho, de Alfragide, engenheiro técnico, condenado a trabalhar até aos 100 anos); Fur Mil Op Esp; Joaquim A. M. Fernandes, Fur Mil At Inf) (também engenheiro técnico, reencontrei-o o ano passado, em Castro Daire):
(ii) da esquerda para a direita, 2ª fila, de pé: 2º sargento Inf José Martins Rosado Piça (não tenho notícias dele, deve estar com os 70 e muitos anos); Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques (conhecido hoje apenas como Luís Graça); um 2º sargento, de cujo nome não me lembro; 1º Sargento Cav Fernando Aires Fragata (deixou-nos ao fim de algum tempo, para seguir o curso de oficias, em Águeda; Fur Mil Enfermeiro João Carreiro Martins (reformou-se como enfermeiro chefe, do Hospital Curry Cabral, foiu meu aluno, tem dois filhos médicos); e um outro 1º sargento de cujo nome também já não me lembro mas que julgo ser da CCS do BCAÇ 2852 (dizem-me que tinha a especialidade de corneteiro)...
Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969: O 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 (futura CCCAÇ 12), ainda em período de instrução da especialidade . O 2º Gr Comb era comandado pelo Alferes Miliciano Carlão que aparece na fotografia, na primeira fila, ajoelhado, olhando no sentido oposto ao do fotógrafo. Atrás dele o soldado Arménio, de alcunha o Vermelhinha (era cabo, antes de embarcar mas foi despromovido, por ter apanhado uma porrada da PM). De pé, na terceira fila, os furriéis milicianos Levezinho e Reis. Na segunda fila, meio agachados, os 1ºs cabos Branco e Alves (de alcunha o Alfredo) .
Um grupo de combate da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) era constituído por 30 homens. Havia 4 Gr Comb. Cada grupo de combate, comandado por um alferes, tinha três secções (1 furriel e 1 cabo e oito soldados, estes africanos).
Casa secção era especializada. Havia a secção dos lança-granadas, com o respectivo apontador e municiador (1 LGFog 8.9, 1 LGFog 3.7). Havia a secção do Morteiro 60 (apontador e municiador ). E havia ainda a secção da Metralhadora Ligeira HK 21 (apontador e municiador). Cada combatente estava equipado com a espingarda automática G-3 e granadas defensivas. Em geral havia ainda dois apontadores de dilagrama (neste caso, 1ª e 3ª secção) (LG)
Foto: © António Levezinho (2005). Direitos reservados
Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 123 (1969/71) > Pessoal do 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12 atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba, regulado do Cuor (que estava reduzido a Finete e a Missirá).
No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (salvo erro), vê-se o Furriel Miliciano Tony Levezinho, ao meio, ladeado pelo 1º Cabo Branco (à sua direita) e pelo 1º Cabo Alves (à sua esquerda). Pormenor interessantes: O Branco leva duas granadas defensivas à cintura; o Levezinho tem um protector de plástico, verde, a proteger a boca do cano da G3... O homem da frente não vem de camuflado...
Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados
Capitão Inf Carlos Alberto Machado Brito [, Cor Ref, vive em Braga];
1º Sargento Cavalaria Fernando Aires Fragata [, morada actual desconhecida];
2º Sarg Infantaria José Martins Rosado Piça [, vive em Évora];
2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive em Vila Real];
Furriel Miliciano MAR Joaquim Moreira Gomes [, vive em Esposende ?]];
Fur Mil Enfermeiro João Carreiro Martins [enfermeiro reformado, vive em Lisboa];
Fur Mil SAM Jaime Soares Santos [, vive em Corroios ?];
Fur Mil Trms José Fernando Gonçalves Almeida [, reformado da RDP, vive em Óbidos];
Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques [, prof univ. vive em Alfragide / Amadora];
1º Cabo Aux Enf José Maria S. Faleiro [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Aux Enf Fernando Andrade de Sousa [, vive na Trofa];
1º Cabo Aux Enf Carlos Alberto Rentes dos Santos [, vive em Amarante];
1º Cabo Trms Inf António Domingos Rodrigues [, vive em Torres Novas];
1º Cabo Cripto José António [ou António José ?] Damas Murta [, vive em Coimbra];
1º Cabo Aux Enf José Maria S. Faleiro [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Aux Enf Fernando Andrade de Sousa [, vive na Trofa];
1º Cabo Aux Enf Carlos Alberto Rentes dos Santos [, vive em Amarante];
1º Cabo Trms Inf António Domingos Rodrigues [, vive em Torres Novas];
1º Cabo Cripto José António [ou António José ?] Damas Murta [, vive em Coimbra];
1º Cabo Cripto Gabriel da Silva Gonçalves [, vive em Lisboa];
1º Cabo Manut Material João Rito Marques [, vive no Souto, Sabugal];
1º Cabo Mec Auto Renato B. Semedos (ou Semedeiros ?) [, vivia na Reboleira, Amadora];
1º Cabo Mec Auto António Alves Mexia [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Manut Material João Rito Marques [, vive no Souto, Sabugal];
1º Cabo Mec Auto Renato B. Semedos (ou Semedeiros ?) [, vivia na Reboleira, Amadora];
1º Cabo Mec Auto António Alves Mexia [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares[, morada actual desconhecida];
1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro [, vivia em Vila do Conde];
1º Cabo Radiotelegrafista Manuel da Graça S. Zacarias [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Corneteiro Manuel Joaquim Martins Ferreira [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Cozinheiro José Campos Rodrigues [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Apont de Armas Pesadas José Manuel P. Quadrado [, vive na Moita];
Sold Mec Auto Gaudêncio Machado Pinto [, morada actual desconhecida];
Sold Trms Inf José Garcia Pereira [, morada actual desconhecida; vivia nos Açores];
Sold TICA António Fernando Cruz Marchão [, morada actual desconhecida];
Sold TICA José Leite Pereira [, morada actual desconhecida];
Sold TICA António Dias dos Santos [, morada actual desconhecida];
Sold Cozinheiro Henrique Manuel [, morada actual desconhecida];
Sold Corneteiro Orlando da Cruz Vaz [, morada actual desconhecida];
Sold Cornet José de Sousa Pereira [, morada actual desconhecida];
Sold Radiotelegrafista João Gonçalves Ramos;
Sold Radiot Manuel Maria Carita André [, vive na Marinha Grande];
Sold Condutor Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [, vive em Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [, comerciante, Castro Daire];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [ vive e, Vil de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [, vivia em Viseu, faleceu em 6/12/2007;
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [, vive em Brejos de Azeitão];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Radiotelegrafista Manuel da Graça S. Zacarias [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Corneteiro Manuel Joaquim Martins Ferreira [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Cozinheiro José Campos Rodrigues [, morada actual desconhecida];
1º Cabo Apont de Armas Pesadas José Manuel P. Quadrado [, vive na Moita];
Sold Mec Auto Gaudêncio Machado Pinto [, morada actual desconhecida];
Sold Trms Inf José Garcia Pereira [, morada actual desconhecida; vivia nos Açores];
Sold TICA António Fernando Cruz Marchão [, morada actual desconhecida];
Sold TICA José Leite Pereira [, morada actual desconhecida];
Sold TICA António Dias dos Santos [, morada actual desconhecida];
Sold Cozinheiro Henrique Manuel [, morada actual desconhecida];
Sold Corneteiro Orlando da Cruz Vaz [, morada actual desconhecida];
Sold Cornet José de Sousa Pereira [, morada actual desconhecida];
Sold Radiotelegrafista João Gonçalves Ramos;
Sold Radiot Manuel Maria Carita André [, vive na Marinha Grande];
Sold Condutor Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [, vive em Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [, comerciante, Castro Daire];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [ vive e, Vil de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [, vivia em Viseu, faleceu em 6/12/2007;
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [, vive em Brejos de Azeitão];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto António C. Gomes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, vive em Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vive em Aljubarrota, Prazeres];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida];
Sold Básico João Fernando R. Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Básico Salvador J. P. Santos [, morada actual desconhecida].
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Estrada de Bambadinca-Mansambo-Xitole > Ponte do Rio Jagarajá (?) > CCAÇ 2590/ CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)> Eu, o então Fur Mil Ap Armas Pesadas Inf Henriques, pau para toda a obra, peão das nicas - como me chamava o meu capitão - e o soldado condutor auto-rodas Dalot, o Diniz G. Dalot, talvez o melhor condutor de GMC do mundo ou, pelo menos, o melhor que eu alguma vez conheci... E que também era conhecido como o Setúbal, sua terra natal, se não me engano.
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, vive em Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vive em Aljubarrota, Prazeres];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida];
Sold Básico João Fernando R. Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Básico Salvador J. P. Santos [, morada actual desconhecida].
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Estrada de Bambadinca-Mansambo-Xitole > Ponte do Rio Jagarajá (?) > CCAÇ 2590/ CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)> Eu, o então Fur Mil Ap Armas Pesadas Inf Henriques, pau para toda a obra, peão das nicas - como me chamava o meu capitão - e o soldado condutor auto-rodas Dalot, o Diniz G. Dalot, talvez o melhor condutor de GMC do mundo ou, pelo menos, o melhor que eu alguma vez conheci... E que também era conhecido como o Setúbal, sua terra natal, se não me engano.
Berliet e GMC nas mãos dele, carregadas de sacos de arroz, não ficavam atoladas na famosa estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole, a menos que rebentassem debaixo de uma mina. E mesmo assim, era preciso que os cabos de aço ou os troncos das árvores não aguentassem... Eu dizia que era preciso ser maluco para conduzir uma GMC. Ele ofendia-se: era o mais profissional dos nossos condutores auto-rodas...
Reguila, setubalense, condutor de pesados na vida civil, apanhou logo no princípio da comissão, em Julho de 1969, cinco dias de detenção. Por ser reguila, setubalense, condutor de pesados, descendente de franceses, e se calhar por ser o melhor condutor de GMC que eu alguma vez vi na vida... Já há tempos lhe mandei, em vão, esta missiva: "Gostava de te rever, Dalot. Sinceramente, gostava de te rever. Tu fazes parte da mítica galeria dos meus (anti)-heróis, tu e todos os bravos soldados condutores auto-rodas que passaram pela Guiné"... Revi em 1994, em Fão, Esposende, e há pouco tempo, em Marçoi passado, em Coruche.
Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.
Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Furriéis Mil Fernandes, Reis, Roda e Levezinho.Foto: © Vitor Raposeiro (2009). Direitos reservados.
A ficha-resumo da CCAÇ 12, constante no Arquivo Histórico Militar... Entre 1969 e 1974, a CCAÇ 12 teve cinco capitães...Quando é que a gente reune esta malta toda ?
GuinéGuiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Tabancas de Bambadincazinho onde estava instalada a Missão do Sono. Estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole. Foto do Luís Moreira (ex-alf mil da CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/71; BENG, Bissau, 1971; será gravemente na explosão de uma mina anticarro, em 13 de Janeiro de 1971, em Nhabijões, no mesmo sítio onde duas horas depois rebentaria outra mina que atingiu a viatura onde ia um Gr de Combate da CCAÇ 12, e onde seguia o editor do blogue) .
Foto: Luís Moreira (2005). Direitos reservados
GuinéGuiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Tabancas de Bambadincazinho onde estava instalada a Missão do Sono. Estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole. Foto do Luís Moreira (ex-alf mil da CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/71; BENG, Bissau, 1971; será gravemente na explosão de uma mina anticarro, em 13 de Janeiro de 1971, em Nhabijões, no mesmo sítio onde duas horas depois rebentaria outra mina que atingiu a viatura onde ia um Gr de Combate da CCAÇ 12, e onde seguia o editor do blogue) .
Foto: Luís Moreira (2005). Direitos reservados
Guiné > Zona Leste > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 > Um das raras fotos do Alf Mil Moreira, à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel), o António Marques (furriel), o Rodrigues (alferes, já falecido) e o Fernandes (furriel), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).
Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados
Composição orgânica dos grupos de combate (Fonte: História da CCAÇ. 12: Guiné 1969/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores 12. 1971. Capítulo I).
1º Gr Comb
Comandante Alf Mil Op Esp 00928568 Francisco Magalhães Moreira1ª secção
1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama)
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau (F) [, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (F)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82105469 Baiel Buaró (F)
Sold 82106269 Mamadu Será (FF)2ª Secção
Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama)
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82105269 Sherifo Baldé
Sold 82106669 Mussa Bari (FF)
Sold 82106969 Mamadu Jau (F)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (M)3ª Secção
Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (F)
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) )(FF)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (FF)
Sold 82105669 Amadu Baldé (FF) [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide(F)
Sold 82107569 Gale Jaló (FF)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (F)
2º Gr Comb
Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão [, comerciante, vive em Fão, Esposende]1ª secção
Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca [, vive no Porto]
Sold 82118169 Samba Camará (FF)
Sold 82115369 Iéro Jaló (F)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82105169 Mamadú Bari (FF)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (FF) [,dado como tendo sido fuzilado depois da independência]
Sold 82118669 Mussa Seide (F)
Sold 82117669 Amadú Camará (FF)
2ª Secção
Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, Alfragide / Amadora]
1º Cabo 17626068 José Marques Alves [, vive em Fânzeres, Gondomar]
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (F)
Soldado 82101469 Udi Baldé (FF)
Sold 82101069 Sajo Candé (F)
Sold 82108069 Alfa Jaló (F)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (FF)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (F)
Sold 82111069 Adulai Baldé (F)
Sold 82117269 Adulai Bal (F)3ª Secção
Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho [, reformado da Petrogal, vive em Sagres, Vila do Bispo]
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (F)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82111369 Amadú Turé (F)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82107869 Iero Jaló (FF)
Sold 82116869 Gale Camará (F)
3º Gr Comb
Comandante: Alf Mil Inf 01006868 Abel Maria Rodrigues [, bancário reformado, Miranda do Douro]
1ª secção
Fur Mil Luciano Severo de Almeida [, já falecido]
1º Gr Comb
Comandante Alf Mil Op Esp 00928568 Francisco Magalhães Moreira1ª secção
1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama)
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau (F) [, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (F)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82105469 Baiel Buaró (F)
Sold 82106269 Mamadu Será (FF)2ª Secção
Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama)
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82105269 Sherifo Baldé
Sold 82106669 Mussa Bari (FF)
Sold 82106969 Mamadu Jau (F)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (M)3ª Secção
Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (F)
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) )(FF)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (FF)
Sold 82105669 Amadu Baldé (FF) [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide(F)
Sold 82107569 Gale Jaló (FF)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (F)
2º Gr Comb
Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão [, comerciante, vive em Fão, Esposende]1ª secção
Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca [, vive no Porto]
Sold 82118169 Samba Camará (FF)
Sold 82115369 Iéro Jaló (F)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82105169 Mamadú Bari (FF)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (FF) [,dado como tendo sido fuzilado depois da independência]
Sold 82118669 Mussa Seide (F)
Sold 82117669 Amadú Camará (FF)
2ª Secção
Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, Alfragide / Amadora]
1º Cabo 17626068 José Marques Alves [, vive em Fânzeres, Gondomar]
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (F)
Soldado 82101469 Udi Baldé (FF)
Sold 82101069 Sajo Candé (F)
Sold 82108069 Alfa Jaló (F)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (FF)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (F)
Sold 82111069 Adulai Baldé (F)
Sold 82117269 Adulai Bal (F)3ª Secção
Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho [, reformado da Petrogal, vive em Sagres, Vila do Bispo]
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (F)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82111369 Amadú Turé (F)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82107869 Iero Jaló (FF)
Sold 82116869 Gale Camará (F)
3º Gr Comb
Comandante: Alf Mil Inf 01006868 Abel Maria Rodrigues [, bancário reformado, Miranda do Douro]
1ª secção
Fur Mil Luciano Severo de Almeida [, já falecido]
1º Cabo 02920168 Carlos Alberto Alves Galvão [, vive na Covilhã]
Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (F)
Sold 82108569 Sambel Baldé (F)
Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82109169 Malan Baldé (F)
Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109969 Malan Nanqui (M)2ª Secção
Fur Mil 07098068 Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal]
1º Cabo 17625368 António Braga Rodrigues Mateus [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108369 Mamadú Jau (Ap Dilagrama) (F)
Soldado 82109369 Malan Jau (Ap Mort 60) (F)
Sold 82100769 Amadú Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82108869 Quembura Candé (F)
Sold 82109769 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115369 Ussumane Jaló (FF)
Sold 82110169 Madina Jamanca (F)3ª Secção
Fur Mil 06559968 José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, agente de seguros]
1º Cabo 12356668 José Jerónimo Lourenço Alves [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108469 Sajo Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Soldado 82109669 Cherno Baldé (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109469 Sanuchi Sanhã (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82109269 Sori Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110569 Mamadu Embaló (F)
Sold 82110769 Chico Baldé (F)
Sold 82115169 Demba Jau (F)
Sold 82108669 Cutael Baldé (F)
4º Gr Comb
Comandante: Alf Mil Cav 10548668 José António G. Rodrigues [, já falecido, vivia em Lisboa]1ª secção
Fur Mil 15265768 Joaquim Augusto Matos Fernandes [, engenheiro ténico, vive no Barreiro]
1º Cabo 18861568 Luciano Pereira da Silva [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82115469 Samba Só (F)
Soldado 82109869 Samba Jau (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82115269 Cherno Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82117569 Mamai Baldé (F)
Sold 82117869 Ansumane Baldé (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82118269 Mussa Jaló (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82118969 Galé Sanhá (FF)2ª secção
Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques [, vive em Cascais, empresário reformado]
1º Cabo 17714968 António Pinto [, morada actual desconhecida];
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (F) [, vive em Amedalai, Xime, Guiné-Bissau]
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (F)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (F)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (F) [, já falecido, vivia na Amadora]
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (FF)
Sold 82119069 Mamadu Balde (F)3ª secção
1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação [, vive em Barcarena]:
Soldado 82116069 Sajuma Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82110269 Suleimane Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82111069 Sori Baldé (F)
Sold 82115669 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115769 Tenen Baldé (F)
Sold 82117169 Ussumane Baldé (F)
Sold 82117769 Califo Baldé (F)
Sold 82118469 Califo Baldé (F)
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Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (F)
Sold 82108569 Sambel Baldé (F)
Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82109169 Malan Baldé (F)
Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109969 Malan Nanqui (M)2ª Secção
Fur Mil 07098068 Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal]
1º Cabo 17625368 António Braga Rodrigues Mateus [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108369 Mamadú Jau (Ap Dilagrama) (F)
Soldado 82109369 Malan Jau (Ap Mort 60) (F)
Sold 82100769 Amadú Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82108869 Quembura Candé (F)
Sold 82109769 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115369 Ussumane Jaló (FF)
Sold 82110169 Madina Jamanca (F)3ª Secção
Fur Mil 06559968 José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, agente de seguros]
1º Cabo 12356668 José Jerónimo Lourenço Alves [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108469 Sajo Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Soldado 82109669 Cherno Baldé (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109469 Sanuchi Sanhã (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82109269 Sori Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110569 Mamadu Embaló (F)
Sold 82110769 Chico Baldé (F)
Sold 82115169 Demba Jau (F)
Sold 82108669 Cutael Baldé (F)
4º Gr Comb
Comandante: Alf Mil Cav 10548668 José António G. Rodrigues [, já falecido, vivia em Lisboa]1ª secção
Fur Mil 15265768 Joaquim Augusto Matos Fernandes [, engenheiro ténico, vive no Barreiro]
1º Cabo 18861568 Luciano Pereira da Silva [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82115469 Samba Só (F)
Soldado 82109869 Samba Jau (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82115269 Cherno Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82117569 Mamai Baldé (F)
Sold 82117869 Ansumane Baldé (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82118269 Mussa Jaló (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82118969 Galé Sanhá (FF)2ª secção
Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques [, vive em Cascais, empresário reformado]
1º Cabo 17714968 António Pinto [, morada actual desconhecida];
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (F) [, vive em Amedalai, Xime, Guiné-Bissau]
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (F)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (F)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (F) [, já falecido, vivia na Amadora]
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (FF)
Sold 82119069 Mamadu Balde (F)3ª secção
1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação [, vive em Barcarena]:
Soldado 82116069 Sajuma Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82110269 Suleimane Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82111069 Sori Baldé (F)
Sold 82115669 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115769 Tenen Baldé (F)
Sold 82117169 Ussumane Baldé (F)
Sold 82117769 Califo Baldé (F)
Sold 82118469 Califo Baldé (F)
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Legendas:
F= Fula
FF= Futa Fula
M= Mandinga
Mc=Mancanhe
Ap= Apontador
Mun= Municiador
Mort= Morteiro
LGFOg= Lança-granadas foguete
Met= Metralhadora
Lig= Ligeira
F= Fula
FF= Futa Fula
M= Mandinga
Mc=Mancanhe
Ap= Apontador
Mun= Municiador
Mort= Morteiro
LGFOg= Lança-granadas foguete
Met= Metralhadora
Lig= Ligeira
Observações - Dados a completar... Pede-se a ajuda dos nossos leitores
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Em tempos escrevi, na I Série do nosso blogue, que podia parecer fastidiosa, inútil, irrelevante... a minha lista de Baldés, a lista de cerce de uma centena de guineenses do recrutamento geral que se juntaram às cinco dezenas de metropolitanos da CCÇ 2590 para formnar mais tarde a CCAL 12...
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Em tempos escrevi, na I Série do nosso blogue, que podia parecer fastidiosa, inútil, irrelevante... a minha lista de Baldés, a lista de cerce de uma centena de guineenses do recrutamento geral que se juntaram às cinco dezenas de metropolitanos da CCÇ 2590 para formnar mais tarde a CCAL 12...
A minha explicação, pouco afectiva, era então a seguinte: pode ter (ou vir a ter) algum interesse documental, historiográfico, eu sei lá... Pode facilitar a pesquisa de informação, de testemunhos, de depoimentos... Na época, não tinha esperança que os guineenses alguma viessem a interessar-se pelo nosso blogue...
Mas também acrescenatava:
É um pequeno, modestíssimo, gesto de elementar justiça para com aqueles guineenses que lutaram ao nosso lado, que fizeram parte da CCAÇ 12 e, portanto, da nova força africana com que sonhou Spínola e que tanto atemorizou o PAIGC. Infelizmente, uma parte deles (quantos, exactamente?) já não hoje estarão vivos. Uns foram fuzilados, como o Abibo Jau, outros terão morrido de morte natural, que a sua esperança de vida era muito menor que a nossa, em 1969...
E antecipando-me a eventuais críticas imiginárias, acrescentava, com um misto de sinceridade e ingenuidade:
E antecipando-me a eventuais críticas imiginárias, acrescentava, com um misto de sinceridade e ingenuidade:
Eu estou à vontade para publicar esta lista: sempre critiquei a africanização da guerra da Guiné, embora longe de imaginar que, no dia seguinte à nossa retirada, começasse a caça aos traidores, aos contra-revolucionários, aos mercenários, aos colaboracionistas... Em 1969, ainda estava vivo o Amílcar Cabral e eu admirava-o, intelectualmente... Achava que na Guiné, depois da independência, tudo seria diferente, e não aconteceriam os ajustes de contas que se verificaram noutras revoluções ou guerras civis, na Rússia, na China, na Espanha franquista, na França depois da libertação, etc. Pobre de mim, ingénuo...
Mas, por outro lado, também fui cúmplice da sua integração no nosso exército: mesmo sendo de da especialidade de armas pesadas, e não fazendo parte formalmente de nenhum dos quatro grupos de combate da CCAÇ 12, participei em muitas das operações em que estes participaram, fui testemunha da sua coragem e do seu medo, dormi com eles nas mais diversas situações, incluindo nas suas tabancas... Foram meus camaradas, em suma.
E a respeito da sua origem aduzia ainda mais a seguinte informação;Soldados ex-milícias, a maior parte com experiência de combate, os nossos camaradas guineenses da CCAÇ 12 (originalemnte, CCAÇ 2590), eram oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Badora e Cossé, com excepção de um mancanhe, oriundo de Bissau.
“Todos falam português mas poucos sabem ler e escrever", lê-se na história da CCAÇ 12 (O que só verdade, 21 meses depois de os termos conhecido e instruído em Contuboel, em Junho e Julho de 1969). Foram incorporados no Exército como voluntários, acrescentou o escriba, para branquear a instustentável situação dos fulas, condenados a aliarem-se aos tugas.
Tirando o 1º Cabo José Carlos Suleimane Baldé (promovido ao actual posto em 16 de Setembro de 1969),eram, todos Praças de 2ª classe. Samba Só, Mamadá Baldé, Braima Bá e Quecuta Colubali passaram a soldados arvorados na mesma data, por reunirem qualidades para uma eventual promoção ao posto de primeiros cabos: 'ascendente sobre os camaradas, experiência de combate e aprumo militar' (sic). Entretanto, houve mais promoções no final da 1ª Comissão da CCAÇ 12 (a rendição individual dos quadros metropolitanos fez-se a partir de Fevereiro de 1971).
Por fim, dizia algo de temerário, baseado em informações dispersas, contraditórias, orais e não sujeitas ao exercício do contraditório:É muito provável que todos ou quase todos os graduados africanos da CCAÇ 12 ( e da CCAÇ 21, para a qual transitaram em 1973) tenham sido fuzilados, em 1974 e 1975...
E perguntava-me, com um misto de sentimentos contraditórios, de admiração, de tristeza e de culpa:O que será feito destes homens, portugueses e guineenses, que foram meus camaradas ? Lembro-me, com um sentimento de gratidão e de admiração, sobretudo dos soldados condutores auto que tantas vezes fintaram a morte nas picadas do leste da Guiné, na estrada do Xime-Bambadinca ou na estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole... O Bastos, o Braga, o Monteiro, o Vieira, o Rocha, o Fernandes, o Patronilho, o Almeida, o Gomes, o Curto, o Silva, o Dalot, o Reis...
Por onde andam vocês, velhos malucos das GMC, Berliet, Unimog ? Houve, pelo menos, um que não sobreviveu, que pagou com a vida a lotaria russa que era andar pelas picadas da Guiné: chamava-se Manuel da Costa Soares, morreu no dia 13 de Janeiro de 1970, na estrada Nhabijões-Bambadinca ...
A única vez que me tinha encontrado com alguns deles, malta que tinha ido comigo no velho Niassa, integrado a estranha e minguada CCÇ 2590, tinha sido em Fão, Esposende, em 1994... A eles se juntaraima também alguns dos camaradas da CCS do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).
Alguns deles já os encontrei, por aí... Alguns inclusive fazem parte do nosso blogue... Mas dos africanos tenho escassas notícias... Amanhã vai realizar-se em Óbidos o 16º Encontro do Pessoal que passou por Bambadinca, entre 1968 e 1971... Não vou poder estar com eles desde o início, mas ainda espero poder dar lá um salto por volta das 16h...
A única vez que me tinha encontrado com alguns deles, malta que tinha ido comigo no velho Niassa, integrado a estranha e minguada CCÇ 2590, tinha sido em Fão, Esposende, em 1994... A eles se juntaraima também alguns dos camaradas da CCS do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).
Alguns deles já os encontrei, por aí... Alguns inclusive fazem parte do nosso blogue... Mas dos africanos tenho escassas notícias... Amanhã vai realizar-se em Óbidos o 16º Encontro do Pessoal que passou por Bambadinca, entre 1968 e 1971... Não vou poder estar com eles desde o início, mas ainda espero poder dar lá um salto por volta das 16h...
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Notas de L.G.:
Realiza-se amanhã, em Óbidos, o 16ª convívio do pessoal que passou por Bambadinca entre 1968 e 1971 (**):
Vd. poste de 4 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6317: Convívios (145): 16º Convívio da malta de Bambadinca, 1968/71: CCS/ BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas (Fernando Almeida, ex-Fur Mil Trms, CCAÇ 12, 1969/71)
(**) Convívios anteriores, registados no blogue:
2 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4454: Convívios (140): Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (3): Gente feliz, com lágrimas...
7 de Junho de 2008 > Guine 63/74 - P2922: Convívios (63): 14.º Convívio de ex-combatentes da Guiné que passaram por Bambadinca entre 1968/71 (Jaime Machado)
27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1788: Convívios (10): Pessoal de Bambadinca 1968/71: CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52 e 63 (Luís Graça)
29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIV: Ao Fernando Sousa: Sei que estás em festa, pá (Luís Graça)
20 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)
Vd ainda postes de:
21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)
24 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1545: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras A/B) (Humberto Reis)
21 de Maio de 2007 >Guiné 63/74 - P1773: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras C / Z) (Humberto Reis)
15 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1527: Lista de ex-militares da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e unidades adidas (Benjamim Durães)
27 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3151: Unidades sediadas em Bambadinca entre 1962 e 1974 (Benjamim Durães)
24 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1545: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras A/B) (Humberto Reis)
21 de Maio de 2007 >Guiné 63/74 - P1773: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras C / Z) (Humberto Reis)
15 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1527: Lista de ex-militares da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e unidades adidas (Benjamim Durães)
27 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3151: Unidades sediadas em Bambadinca entre 1962 e 1974 (Benjamim Durães)
Guiné 63/74 - P6446: Convívios (242): 21º Encontro do BCAV 8323, 6 de Junho de 2010, em Coimbra (Amílcar Ventura)
1. O nosso Camarada Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, enviou-nos uma mensagem solicitando a divulgação da festa do seu batalhão:
Batalhão de Cavalaria 8323
21º Almoço/Convívio
Camaradas,
No próximo dia 6 de Junho, em Coimbra, vai levar-se a efeito o 21º Almoço/Convívio do BCAV 8323.
O evento será realizado a partir das 11h00, no restaurante “Varandas do Ceira” (antigo “Pego Negro”), que se situa na estrada da Beira (EN17).
Chega-se lá, passando por cima do rio Mondego e seguindo em direcção à Guarda, ao km 12.
Um abraço do tamanho da Guiné para todos,
Amílcar Ventura
Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323
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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
19 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6426: Convívios (156): o 3º Convívio da Companhia de Caçadores 1589, 15 de Maio de 2010 (Armandino Alves)
Guiné 63/74 - P6445: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (12): Um PM devidamente fardado apesar das circunstâncias (António Paiva)
1. Mais uma história do nosso camarada António Paiva, (ex-Soldado Condutor Auto no HM 241 de Bissau, 1968/70):
Histórias de um Condutor do HM 241 - 12
Um PM devidamente fardado apesar das circunstâncias
Como todos sabem, a PM (Polícia Militar), primava pela sua apresentação e pelo rigor, no cumprimento do seu dever.
Verdade seja dita, pelo que me tocou, nunca me fizeram qualquer mal, correu sempre tudo às mil maravilhas, na Guiné, talvez por se tratar da Unidade que era, Hospital, do qual poderiam necessitar durante o tempo que lá estavam, tinham-nos sempre em atenção.
Alguns camaradas da PM quando ia haver uma operação de controle de excesso de velocidade, de uma forma ou de outra, nos informavam do dia, local e hora, chegavam mesmo a avisar-nos de que o Oficial que estava na operação não era “gajo” para perdoar. Por vezes até boleia nos davam quando, à noite, perdíamos o ultimo transporte.
Posso mesmo dizer, quase com a certeza, que durante a minha comissão só duas vezes de chatearam.
A primeira foi aquela a que faço referencia no P3615, a segunda no dia 31 de Dezembro de 1969, que pouco me chateou, pois não era eu que ia a conduzir, era o Whisky, era fim de ano, mas quem levou com 10 dias de detenção fui eu.
Mas vamos ao que me leva a esta história:
Como devem saber, dentro do Hospital, a boina não fazia parte do nosso complemento militar, a qual não devia mesmo ser usada no seu interior e mais, sem que fosse uma postura de desmazelo, podíamos andar de chinelos e camisa fora dos calções, consoante as circunstâncias, para melhor liberdade de movimentos, o nosso serviço era assim, não tínhamos tendência para aprumos militaristas.
O 2.º Comandante ainda tentou que no Hospital, os militares andassem devidamente fardados, talvez para lhe baterem a pala quando lá entrava, mas não conseguiu.
O General Spínola, sempre aceitou a forma como estávamos e como éramos.
Dou esta pequena explicação, pelo seguinte:
Certo dia, com sinais emergência, chega ao Hospital um jeep da PM, não era para menos, no banco do pendura vinha um Senhor Oficial devidamente fardado e de boina bem posta, fazendo honras à sua farda e à Unidade que representava, mesmo que o sangue lhe escorresse pela face.
Saiu do jeep e entrou pelo Hospital adentro sem tirar a boina. Logo à entrada do corredor foi chamado à atenção, por um médico, que naquela Unidade não se entrava com boina na cabeça.
Resposta pronta, mais ou menos nestes termos:
- Sou militar, sou oficial (Alferes) e estou devidamente fardado.
No corredor se ouve uma voz, vinda da boca do Alf Mil Med Diamantino Lopes:
- Eu trato dele.
Podem crer que o tratou bem, não descompondo o rigor militar de S. Exª.
Nem entrou no Posto Socorros, foi directo para Pequena Cirurgia.
O Alferes, depois de sentado, ia para tirar a boina, o que foi impedido pelo médico.
- Deixe-a estar, aqui quem manda sou eu.
Recurso necessário:
Uma tesoura, para cortar a boina e pôr metade para cada lado.
Depois do espaço aberto, foi executado na perfeição o tratamento adequado.
Só não sei se foi a quente ou a frio, se levou agrafes ou ponto cruz, a verdade é que saiu de lá tratado e a boina unida com fita adesiva.
Já me esquecia, O Sr. Alferes tinha partido a cabeça ao bater com ela na porta de um armário que se encontrava aberta.
Um abraço
António Paiva
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Notas de CV:
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6075: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (11): Quando a missão não deixa ver
Histórias de um Condutor do HM 241 - 12
Um PM devidamente fardado apesar das circunstâncias
Como todos sabem, a PM (Polícia Militar), primava pela sua apresentação e pelo rigor, no cumprimento do seu dever.
Verdade seja dita, pelo que me tocou, nunca me fizeram qualquer mal, correu sempre tudo às mil maravilhas, na Guiné, talvez por se tratar da Unidade que era, Hospital, do qual poderiam necessitar durante o tempo que lá estavam, tinham-nos sempre em atenção.
Alguns camaradas da PM quando ia haver uma operação de controle de excesso de velocidade, de uma forma ou de outra, nos informavam do dia, local e hora, chegavam mesmo a avisar-nos de que o Oficial que estava na operação não era “gajo” para perdoar. Por vezes até boleia nos davam quando, à noite, perdíamos o ultimo transporte.
Posso mesmo dizer, quase com a certeza, que durante a minha comissão só duas vezes de chatearam.
A primeira foi aquela a que faço referencia no P3615, a segunda no dia 31 de Dezembro de 1969, que pouco me chateou, pois não era eu que ia a conduzir, era o Whisky, era fim de ano, mas quem levou com 10 dias de detenção fui eu.
Mas vamos ao que me leva a esta história:
Como devem saber, dentro do Hospital, a boina não fazia parte do nosso complemento militar, a qual não devia mesmo ser usada no seu interior e mais, sem que fosse uma postura de desmazelo, podíamos andar de chinelos e camisa fora dos calções, consoante as circunstâncias, para melhor liberdade de movimentos, o nosso serviço era assim, não tínhamos tendência para aprumos militaristas.
O 2.º Comandante ainda tentou que no Hospital, os militares andassem devidamente fardados, talvez para lhe baterem a pala quando lá entrava, mas não conseguiu.
O General Spínola, sempre aceitou a forma como estávamos e como éramos.
Dou esta pequena explicação, pelo seguinte:
Certo dia, com sinais emergência, chega ao Hospital um jeep da PM, não era para menos, no banco do pendura vinha um Senhor Oficial devidamente fardado e de boina bem posta, fazendo honras à sua farda e à Unidade que representava, mesmo que o sangue lhe escorresse pela face.
Saiu do jeep e entrou pelo Hospital adentro sem tirar a boina. Logo à entrada do corredor foi chamado à atenção, por um médico, que naquela Unidade não se entrava com boina na cabeça.
Resposta pronta, mais ou menos nestes termos:
- Sou militar, sou oficial (Alferes) e estou devidamente fardado.
No corredor se ouve uma voz, vinda da boca do Alf Mil Med Diamantino Lopes:
- Eu trato dele.
Podem crer que o tratou bem, não descompondo o rigor militar de S. Exª.
Nem entrou no Posto Socorros, foi directo para Pequena Cirurgia.
O Alferes, depois de sentado, ia para tirar a boina, o que foi impedido pelo médico.
- Deixe-a estar, aqui quem manda sou eu.
Recurso necessário:
Uma tesoura, para cortar a boina e pôr metade para cada lado.
Depois do espaço aberto, foi executado na perfeição o tratamento adequado.
Só não sei se foi a quente ou a frio, se levou agrafes ou ponto cruz, a verdade é que saiu de lá tratado e a boina unida com fita adesiva.
Já me esquecia, O Sr. Alferes tinha partido a cabeça ao bater com ela na porta de um armário que se encontrava aberta.
Um abraço
António Paiva
__________
Notas de CV:
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6075: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (11): Quando a missão não deixa ver
Guiné 63/74 - P6444: Notas de leitura (110): A Guerra Colonial e o Romance Português, de Rui de Azevedo Teixeira (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Maio de 2010:
Queridos amigos,
O trabalho do Rui de Azevedo Teixeira é incontornável para qualquer estudo que se venha a fazer alusivo à literatura colonial da guerra da Guiné.
Apelo a quem tem em seu poder os “Contos de Guerra” de Alpoim Calvão (Intertermal, 1994) e “Memórias das Guerras Coloniais” de João Paulo Guerra (Edições Afrontamento, 1994) tenha a bondade de mos emprestar.
Um abraço do
Mário
A guerra colonial e o romance português
por Beja Santos
“A Guerra Colonial e o Romance Português”, de Rui de Azevedo Teixeira (Editorial Notícias, 1998) é uma adaptação de uma tese de doutoramento arguida na Alemanha na Universidade Técnica da Renânia Vestefália, apresentada na Universidade Aachen. É portanto um documento científico sobre a literatura de guerra colonial, obedece a uma selecção de um conjunto de obras reputadas como muito importantes pelo autor: A Costa dos Murmúrios, de Lídia Jorge; O Capitão Nemo e Eu, de Álvaro Guerra; Lugar de Massacre, de José Martins Garcia; Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes; Jornada de África, de Manuel Alegre; Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz; Percursos, de Wanda Ramos e Os Navios Negreiros Não Sobem O Cuando, de Domingos Lobo. Antes de ir ao cerne destes romances, Rui de Azevedo Teixeira procede a uma contextualização histórica do Império Colonial Português, enquadra as Forças Armadas na guerra de África, apresenta as três frentes de guerra, procedendo a um rescaldo que talvez seja útil aqui sintetizar:
“Para a maioria dos combatentes a experiência africana significou, basicamente, o seguinte: a primeira viagem de avião ou de barco; o primeiro contacto com compatriotas de outras regiões – o minhoto com o açoriano, o alentejano com o transmontano, etc; o primeiro espaço exterior a Portugal a ser conhecido; a concretização do espírito aventureiro dos vinte anos, a realização de sonhos adolescentes como conhecer África ou entrar numa floresta, ter arma de guerra ou assaltar um acampamento, seguir pistas ou preparar uma emboscada ou uma contra-emboscada; o despertar para o amor pátrio na instituição patriótica por excelência – as Forças Armadas, o gosto ou a repulsa pela sociedade armada; o primeiro, e quase sempre único, contacto com a morte violenta; o hábito do duche; a certeza das três refeições diárias; o forte sentido de pertença a um grupo – o grupo de combate; o conhecimento e a aceitação do negro; a avassaladora experiência da imensidão do espaço e da imobilidade do tempo; a inolvidável posse do poder último, do poder de matar ou poupar vidas (nomeadamente nas tropas especiais); o primeiro acto sexual completo”. Este rescaldo deverá incluir os traumas físicos e psíquicos, o autor não deixa de chamar a atenção para o que ficaram psicologicamente afectados e cita os estudos dos psiquiatras Afonso de Albuquerque e Fani Lopes, que têm vindo a ser bastante contestados nos últimos anos.
Segue-se a apresentação da estetização verbal da guerra, e aqui Rui Azevedo Teixeira anda bastante próximo das considerações expendidas por João de Melo em “Os Anos da Guerra”. Primeiro, distinguindo o fio condutor da literatura centrada sobre o conflito armado nas ex-colónias daquela que a precedeu em termos de temática puramente colonial. Segundo, recordando-nos que existiram escritores que defenderam a ideologia colonial. Terceiro, pondo igualmente em cima da mesa a contestação (mais ou menos velada) da literatura portuguesa contemporânea à própria guerra, como é o caso de Álvaro Guerra, Assis Pacheco e João Bação Leal. Quarto, a escrita em democracia, onde as vozes preponderantes tematizam a guerra com valores anti-colonialistas mas onde há também uma correntes ultra minoritária daqueles que mantiveram um sonho nostálgico do império. Ainda tendo em conta a argumentação de Rui de Azevedo Teixeira, é fundamentalmente uma literatura de alferes milicianos, das suas mulheres, de alguns oficiais do quadro, que se estriaram literariamente. Não esquecendo que a tese de doutoramento do autor foi apresentada no final dos anos 90, todo o seu vasto repertório sobre a literatura da guerra colonial refere as marcas essenciais da culpa e da geração, nos seus mais diversos matizes, o que é aliás o campo central da análise do doutorando.
Estamos perante um movimento literário que, como todos nós sabemos, permanece activo, os escritores do século XXI, com excepções honrosas (caso de Armor Pires Mota ou Cristóvão de Aguiar) aproveitaram a distanciação, disponibilidade ou a carga nostálgica para uma retoma da escrita já a caminho da idade sénior, pegando na literatura memorialista e até mesmo na pura ficção. Aliás, nas conclusões da sua tese, o autor lembra-nos que estudou um conjunto de romances canónicos em que os movimentos de fundo tinham exactamente a ver com a geração combatente ainda carregada de emoções e pronta a vazá-las na escrita (caso do Lobo Antunes ou Álvaro Guerra) seguiu-se uma corrente já com a catarse mais domada, um regresso a África com alguma patine (caso de Wanda Ramos e Lídia Jorge), culminando num conjunto de obras de grande pendor nostálgico (caso de Domingos Lobo e Manuel Alegre). Importa insistir que as obras analisadas se referiam ao universo literário que teve o seu termo no século XX, isto para sublinhar que o caudal de obras entretanto surgidas necessita de um outro tipo de ponderação. Ou seja, temos mais teses de doutoramento sobre a temática em perspectiva...
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6434: Notas de leitura (109): Carlota Lima Leite Pires, 'Nha Carlota' (1889-1970), de António Estácio (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O trabalho do Rui de Azevedo Teixeira é incontornável para qualquer estudo que se venha a fazer alusivo à literatura colonial da guerra da Guiné.
Apelo a quem tem em seu poder os “Contos de Guerra” de Alpoim Calvão (Intertermal, 1994) e “Memórias das Guerras Coloniais” de João Paulo Guerra (Edições Afrontamento, 1994) tenha a bondade de mos emprestar.
Um abraço do
Mário
A guerra colonial e o romance português
por Beja Santos
“A Guerra Colonial e o Romance Português”, de Rui de Azevedo Teixeira (Editorial Notícias, 1998) é uma adaptação de uma tese de doutoramento arguida na Alemanha na Universidade Técnica da Renânia Vestefália, apresentada na Universidade Aachen. É portanto um documento científico sobre a literatura de guerra colonial, obedece a uma selecção de um conjunto de obras reputadas como muito importantes pelo autor: A Costa dos Murmúrios, de Lídia Jorge; O Capitão Nemo e Eu, de Álvaro Guerra; Lugar de Massacre, de José Martins Garcia; Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes; Jornada de África, de Manuel Alegre; Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz; Percursos, de Wanda Ramos e Os Navios Negreiros Não Sobem O Cuando, de Domingos Lobo. Antes de ir ao cerne destes romances, Rui de Azevedo Teixeira procede a uma contextualização histórica do Império Colonial Português, enquadra as Forças Armadas na guerra de África, apresenta as três frentes de guerra, procedendo a um rescaldo que talvez seja útil aqui sintetizar:
“Para a maioria dos combatentes a experiência africana significou, basicamente, o seguinte: a primeira viagem de avião ou de barco; o primeiro contacto com compatriotas de outras regiões – o minhoto com o açoriano, o alentejano com o transmontano, etc; o primeiro espaço exterior a Portugal a ser conhecido; a concretização do espírito aventureiro dos vinte anos, a realização de sonhos adolescentes como conhecer África ou entrar numa floresta, ter arma de guerra ou assaltar um acampamento, seguir pistas ou preparar uma emboscada ou uma contra-emboscada; o despertar para o amor pátrio na instituição patriótica por excelência – as Forças Armadas, o gosto ou a repulsa pela sociedade armada; o primeiro, e quase sempre único, contacto com a morte violenta; o hábito do duche; a certeza das três refeições diárias; o forte sentido de pertença a um grupo – o grupo de combate; o conhecimento e a aceitação do negro; a avassaladora experiência da imensidão do espaço e da imobilidade do tempo; a inolvidável posse do poder último, do poder de matar ou poupar vidas (nomeadamente nas tropas especiais); o primeiro acto sexual completo”. Este rescaldo deverá incluir os traumas físicos e psíquicos, o autor não deixa de chamar a atenção para o que ficaram psicologicamente afectados e cita os estudos dos psiquiatras Afonso de Albuquerque e Fani Lopes, que têm vindo a ser bastante contestados nos últimos anos.
Segue-se a apresentação da estetização verbal da guerra, e aqui Rui Azevedo Teixeira anda bastante próximo das considerações expendidas por João de Melo em “Os Anos da Guerra”. Primeiro, distinguindo o fio condutor da literatura centrada sobre o conflito armado nas ex-colónias daquela que a precedeu em termos de temática puramente colonial. Segundo, recordando-nos que existiram escritores que defenderam a ideologia colonial. Terceiro, pondo igualmente em cima da mesa a contestação (mais ou menos velada) da literatura portuguesa contemporânea à própria guerra, como é o caso de Álvaro Guerra, Assis Pacheco e João Bação Leal. Quarto, a escrita em democracia, onde as vozes preponderantes tematizam a guerra com valores anti-colonialistas mas onde há também uma correntes ultra minoritária daqueles que mantiveram um sonho nostálgico do império. Ainda tendo em conta a argumentação de Rui de Azevedo Teixeira, é fundamentalmente uma literatura de alferes milicianos, das suas mulheres, de alguns oficiais do quadro, que se estriaram literariamente. Não esquecendo que a tese de doutoramento do autor foi apresentada no final dos anos 90, todo o seu vasto repertório sobre a literatura da guerra colonial refere as marcas essenciais da culpa e da geração, nos seus mais diversos matizes, o que é aliás o campo central da análise do doutorando.
Estamos perante um movimento literário que, como todos nós sabemos, permanece activo, os escritores do século XXI, com excepções honrosas (caso de Armor Pires Mota ou Cristóvão de Aguiar) aproveitaram a distanciação, disponibilidade ou a carga nostálgica para uma retoma da escrita já a caminho da idade sénior, pegando na literatura memorialista e até mesmo na pura ficção. Aliás, nas conclusões da sua tese, o autor lembra-nos que estudou um conjunto de romances canónicos em que os movimentos de fundo tinham exactamente a ver com a geração combatente ainda carregada de emoções e pronta a vazá-las na escrita (caso do Lobo Antunes ou Álvaro Guerra) seguiu-se uma corrente já com a catarse mais domada, um regresso a África com alguma patine (caso de Wanda Ramos e Lídia Jorge), culminando num conjunto de obras de grande pendor nostálgico (caso de Domingos Lobo e Manuel Alegre). Importa insistir que as obras analisadas se referiam ao universo literário que teve o seu termo no século XX, isto para sublinhar que o caudal de obras entretanto surgidas necessita de um outro tipo de ponderação. Ou seja, temos mais teses de doutoramento sobre a temática em perspectiva...
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6434: Notas de leitura (109): Carlota Lima Leite Pires, 'Nha Carlota' (1889-1970), de António Estácio (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P6443: A Guiné aos olhos das actuais gerações (4): Primeiras impressões de Catió e viagem até Bubaque (Hélder Sousa / Marta Ceitil)
1. Mensagem de Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 29 de Março de 2010:
Caros camaradas Editor e Co-Editores
Em anexo vos envio o 4.º relato das experiências de 'formação' de Marta Ceitil, para integrarem, caso entendam, na série respectiva.
Este IV documento relata a ida para Catió, depois das aventuras em Mansoa.
Há um fim-de-semana com viagem até Bubaque, descoberta dos encantos das ilhas e depois a chegada a Catió, com o alojamento na Missão Católica.
Estas são as primeiras impressões... depois virá o trabalho... e as dificuldades e as perplexidades, com as consequentes interrogações e o abalar de 'certezas' adquiridas... mas isso fica para o próximo relato!
Um abraço
Hélder Sousa
A GUINÉ AOS OLHOS DAS ACTUAIS GERAÇÕES (IV)
Primeiras impressões de Catió e viagem até Bubaque
por Hélder Sousa / Marta Ceitil
No seu anterior mail, do final de Agosto, a Marta tinha-nos dado conta como correu a sua experiência em Mansoa. Os avanços sua aprendizagem, os preconceitos quanto à questão de trabalho com jovens ‘militares’, a comovente e inesquecível festa de aniversário que os formandos e amigos lhe proporcionaram. Tudo isto, tendo sempre como base uma atitude que só pode ser classificada como correcta e a única que verdadeiramente funciona: está lá para ensinar mas também muito para aprender.
É essa a chave do sucesso. E é curioso como se pode perceber, pela leitura do “Relatório de Actividades da AD”, na pág. 30, a propósito das actividades das “ong”, como os guineenses entendem certo tipo de ‘colaborações’ e a sua esterilidade, exactamente no sentido do que atrás se disse. Reparem:
“Outro dos aspectos notáveis destes tempos modernos, é o da tentativa de descredibilização da competência dos quadros nacionais, como forma de justificar o envio de rapaziada nova, recém-cursada, sem experiência alguma de terreno, sem dominarem minimamente os conceitos teóricos e práticos do desenvolvimento e que apenas são ouvidos porque ao chegarem ao país, metem a mão no bolso, puxam pela carteira, metem-na em cima da mesa e, do alto da sua sobranceria e deslumbramento, clamam: chegou o Pai Natal!
Vamos distribuir fundos!
É uma rapaziada do tipo “inter-rail”, passeiam pelo mundo inteiro sob o chapéu do subdesenvolvimento, estão sempre de passagem, não chegam a conhecer nada e nada aprendem, convencem-se que o mundo começou com eles, que eles são o big-bang e permitem-se dar aulas técnicas a quem passou a vida a queimar pestanas e que têm a modéstia de reconhecer que o muito que ainda têm de aprender será…com aqueles que sabem.
Afinal, cada tempo tem o seu colonialismo… e o seu combate.”
Não acham que está bem caracterizado? Pessoalmente gostei bastante da classificação da “rapaziada tipo ‘inter-rail’…. que passeia pelo mundo sob o chapéu do subdesenvolvimento, sempre de passagem …. não chegam a conhecer nada e nada aprendem …. e convencidos que o mundo começou com eles”. Um mimo!
Agora, depois da experiência de Mansoa, a Marta vai para Catió. Iremos tomar conhecimento de como o trabalho, a formação, irá decorrer, com as suas vicissitudes e a superação expedita das dificuldades, dos seus ganhos emocionais, mas entretanto ficamos por uma visita a Bubaque e a viagem e chagada a Catió, com as primeiras impressões.
Espero que os camaradas que andaram por Catió possam reconhecer e corroborar as impressões que a Marta nos vai trazer.
Esse mail, datado de 3 de Setembro, foi o que se segue:
Subject: Catio: novas aventuras do sul da Guiné
Date: Thu, 3 Sep 2009 11:45:54 +0000
Olá :)
Kuma di kurpo? Kuma di Galinha? Kuma di trabajo?
Já estamos em Catió e aqui a saudação é ligeiramente diferente. Mais uma vez peço desculpa pelos erros ortográficos, mas estes computadores continuam a ser um mistério para mim, este é italiano, ainda é pior.
No fim-de-semana fomos para as Ilhas, Bubaque. A viagem de 4 horas foi no mínimo surreal: uma “tempestade gigante com ondas do tamanho do mundo”, passei quase todo o tempo enjoada, não sei se pelas ondas, se pelo o cheiro da aguardente de cana que todos os que iam no barco estavam a beber. Tirando esta viagem tudo o resto em Bubaque foi brutal. Comemos muito bem, fizemos praia, fomos sair à noite onde tivemos oportunidade de assistir a um concerto de um músico famoso (não me lembro do nome) mas quem em vez de cantar, faz playback e dança muito…
Já estamos a ficar especialistas na Batida (Kizomba) no Decalé, Gumbé e no Kuduro :)
Segunda-feira viemos para Catió. A viagem foi tranquila, tinham-nos dito que ia ser horrível que as estradas estavam más... nada disso foi mesmo “Shanti Shanti”. Catió fica no Sul da Guiné e é lindo, lindo. Aqui sim, sinto e vejo a Guiné que idealizei: paisagem verde, que contraste com o castanho das tabankas. Aqui as pessoas são bem mais calmas, parecem alentejanos.
Estamos muito bem instaladas, na Missão Católica. O Padre Maurício (italiano) é uma personagem, muito bem disposto, tem 60 anos, e tirando o meu pai, é dos homens mais charmosos que alguma vez vi na vida :) Para além do seu aspecto físico faz umas massas óptimas. Está na Guine desde 1973 e é um espectáculo ouvir as suas histórias. A missa também é qualquer coisa…, primeiro é dada em crioulo e depois a música é tocada com djambés. Segunda-feira começamos a dar a formação aos professores. Este vai ser o nosso maior desafio, mas acredito que vamos dar conta do recado.
Connosco na Missão Católica está um rapaz italiano o Giovanni que é a maior personagem que alguma vez conheci. Tem 26 anos, e está na Guiné há 3 anos. Ficou por Catió e agora ajuda o Padre Maurício na horta. O Giovanni é baixinho, gordinho e parece o Pai Natal. No outro dia fomos com ele de carro ver a Horta, e no rádio começou a dar Madona - Material Girl, o que é que foi aquilo? Parecia louco, a cantar e a dançar como se não houvesse amanhã. Surreal, nem consigo descrever. Na Horta, quisemos ajudar, pegámos nas enxadas e começámos a cavar, não sei bem para quê. Esta minha experiência durou 15 minutos, além de ter ficado exausta tive o meu primeiro encontro imediato com uma cobra. Desta vez não fiquei calma, desatei aos berros e fugi para o carro e só saí lá de dentro quando chegámos a casa.
Enfim... tenho tantas histórias ainda para contar, mas fica para depois. Continuo encantada, e cada vez a gostar mais disto. Sinto-me mais tranquila e de bem comigo própria. Nunca tinha estado assim...em paz. Também estou a gostar de sentir que estou a aproveitar cada momento desta experiência e a tirar o máximo partido dela.
Bem, por agora é tudo, na próxima semana envio mais notícias.
Beijinhos grandes com muitas saudades :)
Marta Ceitil
Que se pode dizer quanto a isto?
Podemos perceber como a Marta emprega sempre um entusiasmo, uma alegria, uma atitude de “gostar do que faz”, em tudo quanto observa e relata. E a franqueza e aparente ingenuidade dos relatos de algumas passagens só dão mais autenticidade às mesmas.
Apenas para que possam compreender como toda esta experiência ‘de Verão’ foi importante, revelo que a Marta depois de ter regressado a Portugal no início de Outubro passado, já se encontra de novo na Guiné, agora desenvolvendo trabalho no âmbito dos “Médicos del Mundo” que não deixaram de aproveitar todo o seu entusiasmo e gosto por aquela terra e aquelas gentes.
Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa
Fur Mil TRMS TSF
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6260: A Guiné aos olhos das actuais gerações (3): Estou feliz e estou grata por esta oportunidade (Hélder Sousa / Marta Ceitil)
Caros camaradas Editor e Co-Editores
Em anexo vos envio o 4.º relato das experiências de 'formação' de Marta Ceitil, para integrarem, caso entendam, na série respectiva.
Este IV documento relata a ida para Catió, depois das aventuras em Mansoa.
Há um fim-de-semana com viagem até Bubaque, descoberta dos encantos das ilhas e depois a chegada a Catió, com o alojamento na Missão Católica.
Estas são as primeiras impressões... depois virá o trabalho... e as dificuldades e as perplexidades, com as consequentes interrogações e o abalar de 'certezas' adquiridas... mas isso fica para o próximo relato!
Um abraço
Hélder Sousa
A GUINÉ AOS OLHOS DAS ACTUAIS GERAÇÕES (IV)
Primeiras impressões de Catió e viagem até Bubaque
por Hélder Sousa / Marta Ceitil
No seu anterior mail, do final de Agosto, a Marta tinha-nos dado conta como correu a sua experiência em Mansoa. Os avanços sua aprendizagem, os preconceitos quanto à questão de trabalho com jovens ‘militares’, a comovente e inesquecível festa de aniversário que os formandos e amigos lhe proporcionaram. Tudo isto, tendo sempre como base uma atitude que só pode ser classificada como correcta e a única que verdadeiramente funciona: está lá para ensinar mas também muito para aprender.
É essa a chave do sucesso. E é curioso como se pode perceber, pela leitura do “Relatório de Actividades da AD”, na pág. 30, a propósito das actividades das “ong”, como os guineenses entendem certo tipo de ‘colaborações’ e a sua esterilidade, exactamente no sentido do que atrás se disse. Reparem:
“Outro dos aspectos notáveis destes tempos modernos, é o da tentativa de descredibilização da competência dos quadros nacionais, como forma de justificar o envio de rapaziada nova, recém-cursada, sem experiência alguma de terreno, sem dominarem minimamente os conceitos teóricos e práticos do desenvolvimento e que apenas são ouvidos porque ao chegarem ao país, metem a mão no bolso, puxam pela carteira, metem-na em cima da mesa e, do alto da sua sobranceria e deslumbramento, clamam: chegou o Pai Natal!
Vamos distribuir fundos!
É uma rapaziada do tipo “inter-rail”, passeiam pelo mundo inteiro sob o chapéu do subdesenvolvimento, estão sempre de passagem, não chegam a conhecer nada e nada aprendem, convencem-se que o mundo começou com eles, que eles são o big-bang e permitem-se dar aulas técnicas a quem passou a vida a queimar pestanas e que têm a modéstia de reconhecer que o muito que ainda têm de aprender será…com aqueles que sabem.
Afinal, cada tempo tem o seu colonialismo… e o seu combate.”
Não acham que está bem caracterizado? Pessoalmente gostei bastante da classificação da “rapaziada tipo ‘inter-rail’…. que passeia pelo mundo sob o chapéu do subdesenvolvimento, sempre de passagem …. não chegam a conhecer nada e nada aprendem …. e convencidos que o mundo começou com eles”. Um mimo!
Agora, depois da experiência de Mansoa, a Marta vai para Catió. Iremos tomar conhecimento de como o trabalho, a formação, irá decorrer, com as suas vicissitudes e a superação expedita das dificuldades, dos seus ganhos emocionais, mas entretanto ficamos por uma visita a Bubaque e a viagem e chagada a Catió, com as primeiras impressões.
Espero que os camaradas que andaram por Catió possam reconhecer e corroborar as impressões que a Marta nos vai trazer.
Esse mail, datado de 3 de Setembro, foi o que se segue:
Subject: Catio: novas aventuras do sul da Guiné
Date: Thu, 3 Sep 2009 11:45:54 +0000
Olá :)
Kuma di kurpo? Kuma di Galinha? Kuma di trabajo?
Já estamos em Catió e aqui a saudação é ligeiramente diferente. Mais uma vez peço desculpa pelos erros ortográficos, mas estes computadores continuam a ser um mistério para mim, este é italiano, ainda é pior.
No fim-de-semana fomos para as Ilhas, Bubaque. A viagem de 4 horas foi no mínimo surreal: uma “tempestade gigante com ondas do tamanho do mundo”, passei quase todo o tempo enjoada, não sei se pelas ondas, se pelo o cheiro da aguardente de cana que todos os que iam no barco estavam a beber. Tirando esta viagem tudo o resto em Bubaque foi brutal. Comemos muito bem, fizemos praia, fomos sair à noite onde tivemos oportunidade de assistir a um concerto de um músico famoso (não me lembro do nome) mas quem em vez de cantar, faz playback e dança muito…
Já estamos a ficar especialistas na Batida (Kizomba) no Decalé, Gumbé e no Kuduro :)
Segunda-feira viemos para Catió. A viagem foi tranquila, tinham-nos dito que ia ser horrível que as estradas estavam más... nada disso foi mesmo “Shanti Shanti”. Catió fica no Sul da Guiné e é lindo, lindo. Aqui sim, sinto e vejo a Guiné que idealizei: paisagem verde, que contraste com o castanho das tabankas. Aqui as pessoas são bem mais calmas, parecem alentejanos.
Estamos muito bem instaladas, na Missão Católica. O Padre Maurício (italiano) é uma personagem, muito bem disposto, tem 60 anos, e tirando o meu pai, é dos homens mais charmosos que alguma vez vi na vida :) Para além do seu aspecto físico faz umas massas óptimas. Está na Guine desde 1973 e é um espectáculo ouvir as suas histórias. A missa também é qualquer coisa…, primeiro é dada em crioulo e depois a música é tocada com djambés. Segunda-feira começamos a dar a formação aos professores. Este vai ser o nosso maior desafio, mas acredito que vamos dar conta do recado.
Connosco na Missão Católica está um rapaz italiano o Giovanni que é a maior personagem que alguma vez conheci. Tem 26 anos, e está na Guiné há 3 anos. Ficou por Catió e agora ajuda o Padre Maurício na horta. O Giovanni é baixinho, gordinho e parece o Pai Natal. No outro dia fomos com ele de carro ver a Horta, e no rádio começou a dar Madona - Material Girl, o que é que foi aquilo? Parecia louco, a cantar e a dançar como se não houvesse amanhã. Surreal, nem consigo descrever. Na Horta, quisemos ajudar, pegámos nas enxadas e começámos a cavar, não sei bem para quê. Esta minha experiência durou 15 minutos, além de ter ficado exausta tive o meu primeiro encontro imediato com uma cobra. Desta vez não fiquei calma, desatei aos berros e fugi para o carro e só saí lá de dentro quando chegámos a casa.
Enfim... tenho tantas histórias ainda para contar, mas fica para depois. Continuo encantada, e cada vez a gostar mais disto. Sinto-me mais tranquila e de bem comigo própria. Nunca tinha estado assim...em paz. Também estou a gostar de sentir que estou a aproveitar cada momento desta experiência e a tirar o máximo partido dela.
Bem, por agora é tudo, na próxima semana envio mais notícias.
Beijinhos grandes com muitas saudades :)
Marta Ceitil
Que se pode dizer quanto a isto?
Podemos perceber como a Marta emprega sempre um entusiasmo, uma alegria, uma atitude de “gostar do que faz”, em tudo quanto observa e relata. E a franqueza e aparente ingenuidade dos relatos de algumas passagens só dão mais autenticidade às mesmas.
Apenas para que possam compreender como toda esta experiência ‘de Verão’ foi importante, revelo que a Marta depois de ter regressado a Portugal no início de Outubro passado, já se encontra de novo na Guiné, agora desenvolvendo trabalho no âmbito dos “Médicos del Mundo” que não deixaram de aproveitar todo o seu entusiasmo e gosto por aquela terra e aquelas gentes.
Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa
Fur Mil TRMS TSF
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6260: A Guiné aos olhos das actuais gerações (3): Estou feliz e estou grata por esta oportunidade (Hélder Sousa / Marta Ceitil)
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Guiné 63/74 - P6442: História da CCAÇ 2679 (36): O jogo do gato e do rato (José Manuel M. Dinis)
1. Em mensagem de José Manuel Matos Dinis* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 17 de Maio de 2010 recebemos mais este pedaço da História da sua Companhia:
HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (36)
O jogo do gato e do rato
Com um pedaço de pão limpei o óleo, quase côr de sangue, que cobria o fundo da lata de chouriço. O petisco salgado soubera-me muito bem, e esta gordura prolongava o prazer do paladar. O local era fresco, se assim se pode dizer de uma temperatura ambiente idêntica às dos meses de Verão em Portugal, mas a sombra proporcionada pelas muitas árvores, conferia uma frescura que nós valorizávamos.
Um ou outro chamamento das aves que esvoaçavam entre as copas, contribuía para o ambiente bucólico da savana algo densa nesta região fronteiriça com o Senegal.
Apeteceu-me saborear o sol. Assim, a modos que um qualquer turista em região de excursões, deixei escorregar o corpo num local onde incidiam os raios do astro, apoiei a cabeça sobre as cartucheiras, abri a camisa e senti o efeito da luz rarefeita pela folhagem, mas que me aquecia o peito como se estivesse em estância balnear.
Em redor, o pessoal também adoptava atitudes pachorrentas.
Era muito improvável que, àquela hora e naquele lugar (fora de trilhos e linhas de passagem na fronteira), tivéssemos um inesperado encontro com o IN, por isso dava oportunidade à descontração.
Passaram-se alguns momentos naquele estado de ausência, em que a mente voava para outras paragens familiares e saudosas.
Até que do ar, lá longe, da direcção de Pirada, chegou o ruído grave e mecânico de um helicóptero. Abri os olhos, apurei os sentidos, e parecia que o aparelho pairava suspenso no ar, como quem me procurava. Mau, pensei para comigo. De facto, o Foxtrot estava muito longe do percurso desenhado para uma daquelas patrulhas de combate, pomposa designação que nos dá a ideia de termos saído à caça do IN, como os caçadores saem de casa, caçadeira ao ombro, e embrenham-se no campo, de onde regressam com meia-dúzia de rolas, enquanto os canitos alegres fazem correrias espevitados por cheiros de animais que passaram pelos caminhos. Pois era destas sugestões que viviam os nossos gestores de Operações, que faziam traços coloridos sobre as cartas, para a tropa devassar numa lógica de que se ali passassemos, a guerra estava controlada.
Entretanto, aquelas ondas sonoras provenientes do movimento das pás e dos motores, pareciam garantir-me que, lá do alto, alguém queria observar os nossos movimentos em terra. Talvez por isso, ou porque eu sabia perfeitamente que me estava a baldar para o percurso, que devia estender-se precisamente naquela direcção, dei um salto e dirigi-me para o Transmissões:
- Nuno, dá cá a pilha do rádio!
O Nuno quase não reagiu, com um olhar surpreso, calado, sem esboçar qualquer movimento, como se lhe tirassem a vida, tirando-lhe a pilha do rádio.
- Dá cá a pilha, não ouves? insisti.
Ouviu, e incrédulo retirou a pilha do rádio para ma entregar. Guardei-a, e perante os olhares atónitos justifiquei-me:
- Malta, nós devíamos estar naquela área que o héli sobrevoa, mas decidi ficarmos por aqui a descansar. Esta minha decisão pode custar uma porrada para mim, por isso não quero qualquer comunicação. Se vocês se dispuserem a fazer uma corrida de quatro ou cinco quilómetros, pode ser que a coisa passe, sobretudo se o héli voltar àquele lugar.
O Pelotão, estimulado por dois ou três, decidiu imediatamente, que sim, que num instante nos poríamos lá.
Começámos a correria, toc-toc, com as mochilas a bater nas nádegas e nos cantis, tropeçando em raízes e lianas, em gincana por entre os obstáculos da vegetação.
Até que chegámos ao rio Mael Jaubé.
O rio apresentava-se quase seco, limitado a três ou quatro drenos onde a água, praticamente estagnada, esperava os efeitos da vaporização até à seca derradeira. Não era um obstáculo, mas as botas submergiram à sua passagem, encharcando os pés e dificultando a marcha. Não desistimos, que o Foxtrot era um grupo determinado e teimoso. Prolongámos a corrida por mais um pouco. Do héli já não havia sinal, ainda progredimos um bocado, até que a pedido de alguns fizémos uma paragem. Houve quem tirasse as botas e meias húmidas. Deixámo-nos estar ao sol, como bacalhaus a secar.
Quando decidi regressar ao aquartelamento, havia pessoal que não conseguia calçar as botas por terem os pés inchados. Surpresa ingrata aquela, que não permitia o regresso normal da patrulha. No entanto, aqueles poucos reagiram que andariam descalços, não haveria problema.
Do héli não tivemos mais notícias, nem sei se alguém tentou contactar-nos durante o percurso. A chegada verificou-se com os pés descalços fazendo chalaças sobre a situação.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 4 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6309: Controvérsias (72): Uma Página Negra (José Manuel Matos Dinis)
Vd. último poste da série24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6236: História da CCAÇ 2679 (35): De estórias se faz a história de uma Companhia (José Manuel M. Dinis)
HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (36)
O jogo do gato e do rato
Com um pedaço de pão limpei o óleo, quase côr de sangue, que cobria o fundo da lata de chouriço. O petisco salgado soubera-me muito bem, e esta gordura prolongava o prazer do paladar. O local era fresco, se assim se pode dizer de uma temperatura ambiente idêntica às dos meses de Verão em Portugal, mas a sombra proporcionada pelas muitas árvores, conferia uma frescura que nós valorizávamos.
Um ou outro chamamento das aves que esvoaçavam entre as copas, contribuía para o ambiente bucólico da savana algo densa nesta região fronteiriça com o Senegal.
Apeteceu-me saborear o sol. Assim, a modos que um qualquer turista em região de excursões, deixei escorregar o corpo num local onde incidiam os raios do astro, apoiei a cabeça sobre as cartucheiras, abri a camisa e senti o efeito da luz rarefeita pela folhagem, mas que me aquecia o peito como se estivesse em estância balnear.
Em redor, o pessoal também adoptava atitudes pachorrentas.
Era muito improvável que, àquela hora e naquele lugar (fora de trilhos e linhas de passagem na fronteira), tivéssemos um inesperado encontro com o IN, por isso dava oportunidade à descontração.
Passaram-se alguns momentos naquele estado de ausência, em que a mente voava para outras paragens familiares e saudosas.
Até que do ar, lá longe, da direcção de Pirada, chegou o ruído grave e mecânico de um helicóptero. Abri os olhos, apurei os sentidos, e parecia que o aparelho pairava suspenso no ar, como quem me procurava. Mau, pensei para comigo. De facto, o Foxtrot estava muito longe do percurso desenhado para uma daquelas patrulhas de combate, pomposa designação que nos dá a ideia de termos saído à caça do IN, como os caçadores saem de casa, caçadeira ao ombro, e embrenham-se no campo, de onde regressam com meia-dúzia de rolas, enquanto os canitos alegres fazem correrias espevitados por cheiros de animais que passaram pelos caminhos. Pois era destas sugestões que viviam os nossos gestores de Operações, que faziam traços coloridos sobre as cartas, para a tropa devassar numa lógica de que se ali passassemos, a guerra estava controlada.
Entretanto, aquelas ondas sonoras provenientes do movimento das pás e dos motores, pareciam garantir-me que, lá do alto, alguém queria observar os nossos movimentos em terra. Talvez por isso, ou porque eu sabia perfeitamente que me estava a baldar para o percurso, que devia estender-se precisamente naquela direcção, dei um salto e dirigi-me para o Transmissões:
- Nuno, dá cá a pilha do rádio!
O Nuno quase não reagiu, com um olhar surpreso, calado, sem esboçar qualquer movimento, como se lhe tirassem a vida, tirando-lhe a pilha do rádio.
- Dá cá a pilha, não ouves? insisti.
Ouviu, e incrédulo retirou a pilha do rádio para ma entregar. Guardei-a, e perante os olhares atónitos justifiquei-me:
- Malta, nós devíamos estar naquela área que o héli sobrevoa, mas decidi ficarmos por aqui a descansar. Esta minha decisão pode custar uma porrada para mim, por isso não quero qualquer comunicação. Se vocês se dispuserem a fazer uma corrida de quatro ou cinco quilómetros, pode ser que a coisa passe, sobretudo se o héli voltar àquele lugar.
O Pelotão, estimulado por dois ou três, decidiu imediatamente, que sim, que num instante nos poríamos lá.
Começámos a correria, toc-toc, com as mochilas a bater nas nádegas e nos cantis, tropeçando em raízes e lianas, em gincana por entre os obstáculos da vegetação.
Até que chegámos ao rio Mael Jaubé.
O rio apresentava-se quase seco, limitado a três ou quatro drenos onde a água, praticamente estagnada, esperava os efeitos da vaporização até à seca derradeira. Não era um obstáculo, mas as botas submergiram à sua passagem, encharcando os pés e dificultando a marcha. Não desistimos, que o Foxtrot era um grupo determinado e teimoso. Prolongámos a corrida por mais um pouco. Do héli já não havia sinal, ainda progredimos um bocado, até que a pedido de alguns fizémos uma paragem. Houve quem tirasse as botas e meias húmidas. Deixámo-nos estar ao sol, como bacalhaus a secar.
Quando decidi regressar ao aquartelamento, havia pessoal que não conseguia calçar as botas por terem os pés inchados. Surpresa ingrata aquela, que não permitia o regresso normal da patrulha. No entanto, aqueles poucos reagiram que andariam descalços, não haveria problema.
Do héli não tivemos mais notícias, nem sei se alguém tentou contactar-nos durante o percurso. A chegada verificou-se com os pés descalços fazendo chalaças sobre a situação.
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 4 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6309: Controvérsias (72): Uma Página Negra (José Manuel Matos Dinis)
Vd. último poste da série24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6236: História da CCAÇ 2679 (35): De estórias se faz a história de uma Companhia (José Manuel M. Dinis)
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