terça-feira, 12 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10026: Efemérides (70): Leça da Palmeira homenageou os seus ex-combatentes no passado dia 10 de Junho (Carlos Vinhal)

Leça da Palmeira lembrou mais uma vez no dia 10 de Junho os seus ex-combatentes. 
Este ano com uma sessão solene no Salão Nobre da Junta de Freguesia onde, com a imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas e Comissões das Forças Armadas Portuguesas a dois ex-combatentes, simbolicamente se homenageou todos os leceiros que deixaram um pouco da sua juventude na Guerra do Ultramar.

A cerimónia mais tocante foi, como é já habitual neste dia, a homenagem aos nossos camaradas conterrâneos caídos em combate, no Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira.

Estiveram presente ao acto, além de alguns ex-combatentes e suas famílias, o Vice-Presidente da Junta de Freguesia, senhor Djalma Rodrigues que se fez acompanhar da senhora Dra. Ana Isabel Faria também pertencente ao executivo da edilidade, um representante da PSP de Matosinhos e o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça que disponibilizou dois elementos da Fanfarra desta Corporação para proceder aos toques regulamentares.

Início da cerimónia com o hastear da Bandeira Nacional em frente ao edifício da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, a cargo do ex-Soldado Sapador Eng.ª José Oliveira (de costas) e do ex-Alf Mil Eng.ª Rocha dos Santos (de frente).

Foto de família, destacando-se em primeiro plano, à esquerda; Ten-Cor Armando Costa da Liga dos Combatentes; Ribeiro Agostinho, ex-combatente; senhor Djalma Rodrigues e Dra. Ana Isabel em representação da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira. Em cima à esquerda, o representante da Polícia Segurança Pública de Matosinhos.

Aspecto da assistência na Sessão Solene que teve lugar no Salão Nobre da Junta de Freguesia

A primeira intervenção esteve a cargo do nosso camarada Ribeiro Agostinho (ex-Soldado que prestou serviço na CCS/QG/Bissau/CTIGuiné), que falou em nome dos ex-combatentes da Guerra do Ultramar, mas que não esqueceu os nossos antepassados que perderam a vida na I Grande Guerra (1914-1918).

No uso da palavra o Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, senhor Ten-Cor Armando Costa que se disponibilizou para ajudar os ex-combatentes nas dificuldades sentidas no campo da saúde e burocráticas, obtenção da Medalha a que têm direito, por exemplo.

O último dos oradores, o senhor Djalma Rodrigues, Vice-Presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos que, num improviso, salientou o significado desta homenagem, por parte de Leça da Palmeira aos seus filhos ex-combatentes da Guerra do Ultramar, acontecida anualmente neste dia desde há já alguns anos.

Procedeu-se seguidamente à imposição das Medalhas Comemorativas das Campanhas e Comissões Especiais das Forças Armadas Portuguesas, pelos senhores Ten-Cor Armando Costa e Vice-Presidente da Junta de Freguesia Djalma Rodrigues, respectivamente, aos ex-combatentes ex-Fur Mil Art.ª Carlos Vinhal (Guiné, 1970/72) e ex-1.º Cabo Sapador Eng.ª José Oliveira (Guiné, 1967/68)

O reconhecimento oficial volvidos mais de 40 anos

Depois foi a romagem ao Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira onde foi depositada uma coroa de flores no Memorial da Liga dos Combatentes

Início da cerimónia com a declamação de um poema pelo seu autor, o nosso camarada Daniel Folha

Momento da deposição de uma coroa de flores no Memorial aos Combatentes pelos senhores Ten-Cor Armando Costa da Liga dos Combatentes e Djalma Rodrigues, Vice-Presidente da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira

Nesta foto, da esquerda para a direita: Carlos Vinhal, Sargento-Chefe Neto, Sargento-Mor Naldinho, Sargento-Ajudante Oliveira e Ten-Cor Armando Costa. Em primeiro plano: José Oliveira e Ribeiro Agostinho. Lamento não saber o nome do nosso camarada porta-bandeira

Momento da Missa dominical, neste dia também celebrada por intenção dos nossos camaradas leceiros caídos em combate, presidida pelo Pe. João, natural desta freguesia.

Fotos de: Sargento-Ajudante Oliveira (Liga dos Combatentes), Dina Vinhal e Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10024: Efemérides (69): XIX Encontro Nacional de Combatentes: 10 de junho de 2012, Homenagem do Prof Doutor Manuel Antunes aos antigos combatentes da guerra do ultramar (Virgínio Briote)

Guiné 63/74 - P10025: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (18): A ponte Alferes Nunes, a CCAÇ 16, o Bachile, a 38ª CCmds, o Canchungo, o cor pára Rafael Durão, o futebol, a violência, a morte...


Guiné > Região do Cacheu > Bachile > CCAÇ 16 (1972/74) > Uma equipa de futebol de sete... O António Branco é o primeiro da direita, da 2ª fila (de pé)...







Guiné > Região do Cacheu > Bachile > CCAÇ 16 (1972/74) > Jogando matraquilhos... o António Branco, ex-1º Cabo Reab Mat CCAÇ 16, 1972/74, é o militar da esquerda.

Fotos: ©   António Branco (2010). Todos os direitos reservados. 



1. No Diário da Guiné, do António Graça de Abreu (AGA), há uma única referência à Ponte Alferes Nunes, que ficava na na estrada Canchungo - Bachile... No entanto, essa referência está associada a uma tragédia que devia (e podia) ter sido prevenida e evitada... Tudo começou com uma  partida de futebol entre os de Bachilé (CCAÇ 16) e os de Teixeira Pinto (CAOP1)... Aqui se reproduz essa parte do Diário do AGA, com a devida vénia... (LG):


(...) Canchungo, 1 de Fevereiro de 1973

É uma hora da manhã, escrevo sereno, lúcido, sem paixão, tudo de enfiada.

Ver viver, ver morrer, três homens mortos, sete feridos graves, quatro ligeiros. A causa próxima foi um desafio de futebol, a causa remota foi o destino e o facto de estarmos numa guerra.

Esta tarde houve um jogo de futebol entre o pessoal branco do Batalhão 3863 e a tropa branca e negra do aquartelamento do Bachile [, CCAÇ 16, constituida sobretudo por militares manjacos, do recrutamento local9. Não sei se por culpa dos brancos ou dos negros, decerto por culpa de ambos, o jogo descambou em grossa pancadaria o que levou o coronel [, pára, Rafael Durão, comandante do CAOP1,] a intervir, a assestar uns tantos socos em não sei quem e a dar voz de prisão a dois negros.

Cerca das oito da noite, foi recebida aqui uma comunicação rádio do capitão branco do Bachile, a braços com uma insubordinação dos militares negros. Quarenta africanos armados haviam saído do aquartelamento e marchavam a pé para Canchungo, a fim de tirarem da prisão os seus dois camaradas detidos. Aprontaram-se imediatamente cerca de cinquenta comandos da 38ª. Companhia e o coronel seguiu com eles. 

Na ponte Alferes Nunes, já próximo do Bachile, os Comandos ficaram e o coronel avançou sozinho, no jipe, ao encontro dos soldados africanos. Graças à sua coragem, ao respeito que impõe a toda a gente - é o “homem grande” branco -,  à promessa de libertar os presos, os soldados negros regressaram pacatamente ao Bachile.

Aqui em Teixeira Pinto estávamos na expectativa, não sabíamos o que ia acontecer. Em frente do edifício do CAOP, eu conversava com o major Malaquias, com um alferes da 38ª [CCmds] e outro do Batalhão quando ouvimos um grande rebentamento muito próximo. Que será? Um minuto depois chegou a informação, via rádio. Era preciso preparar imediatamente o hospital, havia mortos e feridos. 

No regresso dos comandos, à entrada da vila, rebentara uma caixa cheia de dilagramas – granadas disparadas pelas G 3 com um dispositivo especial – em cima de um Unimog onde vinham catorze homens. Dois mortos de imediato, os restantes feridos vinham a caminho. Corremos para o hospital. Os comandos chegaram. 

Como vinham, meu Deus! Um furriel morria na sala de operações. As suas últimas palavras para o Pio [de Abreu], o médico, foram: “Doutor, cuide dos outros, eu estou bem.” 

Nas macas, no chão de pedra do hospital jaziam feridos graves, corpos semi-desfeitos, barrigas, intestinos de fora e quatro rapazes só com alguns estilhaços. Não ouvi um queixume, mas havia muitos homens a chorar.

Era preciso evacuar os feridos para o hospital de Bissau. Onze horas da noite, iluminámos a pista com os faróis das viaturas e com as mechas acesas em muitas garrafas de cerveja cheias com petróleo, distribuídas aí de dez em dez metros ao longo do campo de aviação. Aterraram quatro DO. Ajudei a transportar feridos entre o hospital e as avionetas, num dos nossos Unimog. Dois deles iam muito mal, cravados de estilhaços, em estado de choque ou coma, não sei se escaparão.

O condutor do Unimog em cima do qual as granadas rebentaram é um dos meus soldados, do CAOP 1, Loureiro de seu nome,  com apenas oito dias de Guiné. Ia a conduzir, não sofreu uma beliscadura. Trouxeram-no cambaleando, o espanto, incapaz de falar. Evacuados os feridos, fui buscá-lo, abracei-o, sentei-o na minha cadeira na secretaria, animei-o, bebemos quatro águas Castelo.

Foi um acidente de guerra. Corpos ensanguentados, dilacerados, muitos homens destruídos, não apenas os mortos e os feridos. 

Reacções de alguns dos nossos soldados. “Tudo por culpa dos cabrões dos negros, filhos da puta, só fuzilados!”...

Quem resiste aos corpos esventrados dos companheiros de armas?!...As razões sem razão porque se avivam ódios, porque se morre! 

Não sei que horas são, deve ser tarde, não tenho ponta de sono. Já ouço os galos cantar. Um novo dia nasce.


Guiné > Teixeira Pinto (ou Canchungo) > CAOP 1 > Uma das raras fotos (e de fraca resolução) que temos, no nosso blogue, do Cor Pára Rafael Ferreira Durão, comandante do CAOP1, ao tempo do António Graça de Abreu. "A caminho do almoço de Natal de 1971. Da esquerda para a direita respectivamente, Cmdt do BCaç 3863 (?), Cmdt do CAOP  Cor Pára Rafael Durão e Ten Pára da CCP 122". 

Foto e legenda: © Jorge Picado (2008). Todos os direitos reservados


2. Comentário, posterior,  do nosso camarada Bernardino Parreira [, foto atual, à direita]:

Caros camaradas e amigos, tendo acabado de ler, pela primeira vez, este excerto do livro do nosso camarada Graça Abreu não posso deixar de referir que fui um dos jogadores da CCaç 16, do Bachile, nesse jogo de futebol, e que os incidentes desencadeados pelos camaradas africanos tiveram origem na anulação de um golo nosso... 

Daquilo que tenho conhecimento, corroboro o testemunho do nosso camarada Graça Abreu. Informo ainda que um dos militares detidos, da CCaç 16, foi o meu companheiro africano Policarpo Gomes, que ainda fui visitar à prisão. 

Gostaria de saber como posso adquirir o livro do nosso camarada Graça Abreu.
Um abraço a todos. Bernardino Parreira .

3. Comentário do editor:

O Bernardinmo Parreira foi Fur Mil da CCAV 3365/BCAV 3846 (Dão Domingos, 1971/72) e CCAÇ 16 (Bachile, 1972/73). Foi destacado para a CCAÇ 16 no "primeiro trimestre de 1972". Acabou em Bachile a sua comissão, tendo regressado à metrópole em 17 de março de 1973. 

É algarvio de Portimão, a residir em Faro. Tal como ele nos contou na sua apresentação à Tabanca Grande,  em 20 de agosto de 2010, a sua integração na CCAÇ 16 "foi fácil, ao fim de pouco tempo conhecia todos os camaradas africanos e metropolitanos, e parecia ter sido adoptado por uma nova família. O ambiente entre os militares era bom, tal como o que havia deixado em S. Domingos. Nos tempos livres, o que eu mais gostava de fazer era jogar à bola e depressa me integrei numa equipa de futebol, de maioria africana. Disputámos o torneio de futebol entre companhias militares pertencentes ao CAOP 1, entre 1972/1973". 

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9943: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (17): Guidage (com g) foi há 39 anos...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10024: Efemérides (103): XIX Encontro Nacional de Combatentes: 10 de junho de 2012, Homenagem do Prof Doutor Manuel Antunes aos antigos combatentes da guerra do ultramar (Virgínio Briote)

PALAVRAS DO PROFESSOR DOUTOR MANUEL ANTUNES  DURANTE O XIX ENCONTRO NACIONAL DE HOMENAGEM AOS COMBATENTES

O discurso proferido, no passado 10 de junho,  pelo conhecido cardiologista Manuel Antunes, diretor do prestigiado Centro de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimra [, foto à esquerda, cortesia da página Ciência Hoje, poste de 26 de agosto de 2009], chegou-nos hoje ao nosso conhecimento através do correio do nosso co-editor Virgínio Briote:



Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
……
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;




Estimados Combatentes,

Quero agradecer-vos a suprema honra de poder estar, aqui e hoje, convosco. Não me reconheço os dotes que presumivelmente estiveram na origem do convite que me foi feito pela Comissão Executiva deste Encontro e que outros, em anos anteriores, evidenciaram. No entanto, as palavras deste ilustre desconhecido que está perante vós, que não serão um modelo de retórica, são certamente sentidas. Como escreveu o poeta,

Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo,
De vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
Que o louvor sai às vezes acabado.


No 10 de Junho, celebramos o Dia de Portugal, Dia de Camões, o poeta da nossa epopeia ultramarina. Estamos todos aqui, neste local histórico, à sombra da Torre de Belém, que simboliza os descobrimentos portugueses, para celebrar Portugal e honrar os seus combatentes, os seus heróis.

Homenageamos os que combateram na guerra do Ultramar, a mais recente e que ainda está bem viva na memória de muitos, e em que pereceram quase nove mil portugueses europeus e africanos, cujos nomes estão para sempre gravados neste monumento. Tal como os navegadores de antanho, muitos destes deixaram as suas terras para defender a Pátria em terras longínquas, que a maior parte até desconhecia.

Homenageamos todos os outros que deram a vida pela Pátria ao longo da sua história, neste rol incluindo aqueles que, mais recentemente, o fizeram em missões de paz em que, como cidadãos do mundo, estivemos e continuamos a estar envolvidos em várias partes do planeta.

Todos merecem o nosso mais profundo reconhecimento. “Ditosa Pátria que tais filhos tem”. Não tenhamos medo desta frase, como não devemos ter medo de afirmar, como Vasco da Gama, “Ditosa Pátria minha amada”. Porque estes Homens só morrem quando a Pátria se esquece deles. E porque não nos esquecemos deles, aqui viemos hoje.

Mas não recordamos apenas os que perderam a sua vida na guerra, homenageamos também um enorme número de combatentes ainda vivos, a merecer reconhecimento, e de que há muitos, ainda, a sofrer as consequências de uma guerra por Portugal, com referência especial para os mais de 15.000 deficientes do ultramar. Os Portugueses homenageiam-vos a todos vós que aqui estais e os vossos camaradas que aqui não puderam vir.

É claro que há por aí quem não goste do que aqui estamos a fazer. Mas como disse, há pouco mais de um ano, o Senhor Presidente da República, por ocasião do 50º Aniversário do início da guerra em África, “…hoje aqui não homenageamos uma época, um regime ou uma guerra. Trata-se, simplesmente, de uma homenagem da Pátria àqueles que se encontram entre os seus melhores servidores”.

Ainda que algo se tenha progredido nos últimos anos, lamento a forma como os Antigos Combatentes da Guerra de Ultramar foram, e continuam a ser desconsiderados, mesmo maltratados, o que evidencia um triste retrato de Portugal.

Um retrato que se começa a fazer na escola. Escola de onde entretanto desapareceu o culto da Pátria, da bandeira, do hino. Escola onde, quase 4 décadas depois, ainda se escamoteia e até se deturpa uma parte importante da nossa história, mas a que a história um dia fará justiça.

Como também disse o nosso Presidente, “é importante transmitir às gerações mais novas, o testemunho de quem enfrentou a adversidade ombro a ombro com aqueles a quem confiava a vida e por quem a daria também; o testemunho de quem conhece a relevância de valores como a solidariedade, o profissionalismo, o mérito e a honra, a família e o País”.

De um Antigo Combatente li que, “só assim se pode incutir nos mais novos o sentimento de que pertencem a uma nação, com as suas vitórias e as suas derrotas, os seus momentos de glória e os seus períodos de desânimo. Não se pode compreender um país se não se conhecer o seu passado, com tudo o que teve de bom e de menos bom”.

Homenageamos hoje, pois, a entrega e o espírito de missão dos nossos combatentes, com o coração e a alma cheios de orgulho no que fizeram. Em combate e fora dele. Na integração com as populações locais, sem precedentes noutras guerras e entre outros povos, e que é amplamente reconhecida pelos próprios cidadãos desses hoje países independentes.

Estamos, nestes tempos, a virar a página. As nossas ligações com África são hoje mais fortes que nunca. A promoção da lusofonia africana, que nos pode ajudar a libertarmo-nos de alguns dos nossos problemas, é agora um dos nossos desígnios. A vossa luta também ajudou a criar um ambiente propício para este diálogo. Afinal, a história está, uma vez mais, a reescrever-se e a reencontrar-se consigo própria.

Nestes dias, o País atravessa, novamente, uma situação difícil. Todos nós sofremos as suas consequências. Contudo, comparados com as vicissitudes desse tempo, os problemas que o País enfrenta hoje até parecerão menores. Se os conseguimos resolver então, certamente os resolveremos hoje.

Caros combatentes,

Permitam-me, finalmente, que aproveite a minha presença aqui para destacar o pessoal da saúde das nossas Forças Armadas, médicos, enfermeiros, técnicos e outros que deram apoio médico-sanitário nos teatros de operações ultramarinos. Como médico, não podia deixar de aqui prestar homenagem a todos aqueles que, na frente de combate ou na retaguarda, resgataram da morte as vossas vidas. Alguns pagaram também com a própria vida essa sua dedicação à causa.

Mas não foi apenas na guerra que se destacaram. Eles ajudaram a estabelecer uma rede de centros de saúde de que resultou uma cobertura médico-sanitária efectiva onde antes não existia nada. As populações desses territórios foram os beneficiários directos dessa actuação e ainda hoje o recordam. Sou testemunha disso, como sou testemunha dessa actividade, porque por lá vivia então. Convivi com alguns, aprendi com alguns. É necessário não esquecer que 40% do orçamento das Forças Armadas no ultramar era dedicado à acção social. Também desta forma se contribuiu para a construção do futuro.

Queridos combatentes,

Termino, como comecei, citando Camões:

Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade.


Os Portugueses não vos esquecem. Os Portugueses não esquecem o que vos devem.

Viva Portugal!

10 de Junho 2012

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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9975: Efemérides (67): Ataque ao navio Patrulha Hidra, dia 20 de Maio de 1973 (António Dâmaso)

Guiné 63/74 - P10023: Convívios (451): Encontro Anual do pessoal da CART 6250 a realizar no dia 30 de Junho de 2012 em Perafita/Matosinhos (José Eduardo Alves)

1. O nosso camarada José Eduardo Alves, fez chegar ao nosso Blogue a convocatória para o Encontro Anual do Pessoal da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) que ele vai realizar na Rua do Padrão, 210, freguesia de Perafita, Concelho de Matosinhos, local que vai estar referenciado como MAMPATÁ a partir do Nó 9 da A28 (Porto-Viana do Castelo) .

O Convívio terá lugar no dia 30 de Junho de 2012 e, como habitualmente, cada camarada e respectivos acompanhantes terão de se munir da respectiva ração de combate.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10016: Convívios (450): Encontro do pessoal das CCAÇs 3326; 3327 e 3328, dia 21 de Julho de 2012 na Batalha (José da Câmara)

Guiné 63/74 - P10022: Memória dos lugares (186): Ainda sobre a "célebre ponte, em betão, inacabada", na estrada Cachungo-Cacheu, ao km 6 (Jorge Picado)



Guiné> Fortim e Ponte Alferes Nunes entre Teixeira Pinto e Bachile, sobre o Rio Costa (Pelundo). c. 1968/69.  Era uma ponte em madeira. Foto do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro, CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, Jolmete, Olossato, Bissorã,1968/70). (*)

Foto: © Albino Silva (2007). Todos os direitos reservados.



 Guiné-Bissau > Região do Cacheu > 2012 > A controversa ponte (inacabada, em betão) no lado direito da estrada Canchungo - Bachilé- Cacheu, ao km 6. Foto do eng agr Carlos Schwarz, Pepito.


Guiné-Bissau > Região do Cacheu > 2012 > A 600 metros, ao lado da antiga  ponte (inacabada, em betão), na estrada Canchungo - Bachilé - Cacheu, ao km 6, há uma nova ponte em ferro, construída pelos portugueses.  Foto do eng agr Carlos Schwarz, Pepito. (**)


Fotos: © Carlos Schwarz (Pepito) (2012). Todos os direitos reservados.



A. Mensagem de 21 de março último, enviado pelo Jorge Picado:

Caro Luís

Não ficaria de bem com a minha consciência se não esclarecesse alguns pontos acerca da "célebre Ponte Alferes Nunes em Betão", já que julgo ter sido eu o "pai da criança".

Assim, procurei o mais sinteticamente que me foi possível escrever o que se segue, que confrontarás com aquilo que o Carlos Silva j escreveu.

Abraços
Jorge Picado


1 – Ora bem, ao fim de tantos anos passado, sobre aqueles idos de 1971, sem qualquer apontamento escrito ou foto desses dias que possa precisar os fragmentos que se pescam dessas lembranças, acabamos por andar "às voltas" a tentar concretizar algo, se é que lá chegaremos, em que fui um dos "culpados", ao escrever num comentário ao poste P4350, sobre uma interrogação que o "Chefe da Tabanca" Luís Graça tinha feito sobre a Ponte Alferes Nunes.

Escrevi então em 16 de maio de 2009:


 "Muito sinceramente, eu que lá passei algumas vezes, que andei apeado pelo 'areal' até à célebre e verdadeira Ponte Alferes Nunes, em cimento e de um só arco, 'plantada'  em seco, por baixo da qual não corria uma gota de água…"

2 – O problema reside nas afirmações "verdadeira Ponte Alferes Nunes" e "um só arco".

3 – É pena que não possamos ter testemunhos de ex-camaradas que por lá andaram antes e mesmo no meu tempo ou posteriormente, como por exemplo o soldado (?) condutor do jeep que me transportava nesse dia e foi o responsável por me mostrar o dito cujo "exemplar da ponte" e fornecedor da informação que pelos vistos circularia no meio,  ou seja: "que aquilo tinha sido construído por um tal Alferes Nunes, daí o nome dado aquela passagem do rio, onde depois tinham construído aquela em madeira que se usava. Por a de cimento não servir, os naturais 'gozavam'  com a esperteza dos tugas" (...)

4 – Neste momento há as seguintes referências:

a) a minha, que me deixou espantado, não esqueci e tentei muitos anos depois tirar conclusões;

b) a do meu conterrâneo e condiscípulo, ex-alf eng do BENG de 1967/68 (***), que quando lá foi preparar a montagem de uma ponte metálica, por secções, feita nesse mesmo BENG para substituir a de madeira que tinha sido destruída pelo PAIGC, correria talvez o 2.º semestre de 1967 e viu da estrada aquela a que me referi e que ele também atribuía ao tal Alferes Nunes, por ouvir dizer;

c) um depoimento, que colhi acidentalmente, de um familiar do falecido oficial do Exército, cor Alcides José Sacramento Marques, oriundo de família de Ílhavo, que foi Cmdt da CCaç 74 (desembarque em Bissau em  18 de março de 1961) e também um dos Cmdt da 4.ª CCaç (Africana), que tinha referido … ter sido construída na Guiné uma Ponte, num rio que tinham aterrado e, no final, não terem desaterrado o rio… Claro que refutei a parte relativa ao "aterramento do rio", uma vez que admiti tratar-se da ponte que tinha visto;

d) a indicação do José Câmara, partindo do Fortim da Ponte: "de facto, para quem estava na ponte virado para o Bachile, e a uns metros acrescentados para a direita havia uma ruína daquilo que parecia ter sido uma ponte. Aí o rio era pouco largo e pouco profundo";

e) o testemunho do Paulo Basto, que disse ter visto ainda "essa ponte" em 1993, mas não a ter fotografado. Coloquei agora as aspas, uma vez que não sabemos se o camarada se refere a esta que o Pepito enviou.

5 - Transcrevo algo que escrevi quando ainda não tinha qualquer contacto com antigos camaradas, em fins de 2004 ou princípios de 2005 e apenas possuía como meios auxiliares, fotocópias das folhas da Carta (idênticas às do Blogue) de TEIXEIRA PINTO e PELUNDO e as reminiscências daquele episódio, um dos tais que não esqueci, talvez pela "irrealidade daquele cenário".

 "Antes de mais quero aqui dar conhecimento da 'célebre' Ponte de Alferes Nunes… Saindo de T. Pinto pela estrada para o Cacheu, meia dúzia de km à frente, se tanto, cruzava-se o Rio Costa (Pelundo),  numa ansa deste rio que quase formava um círculo completamente fechado, tal a proximidade das margens. Zona de bolanha, naturalmente, e formando o rio vários meandros, o terreno do lado S – lado de T. Pinto – tinha no entanto aí uma grande mancha de areias, até muito claras, o que não era muito normal por aquelas paragens. Assim, o tal Alf Nunes, já que não dmito ser este nome o de algum oficial da Arma de Engenharia que mandou ou executou os estudos para a construção de tal ponte, deve ter entendido que ficava mais económico e mais fácil construí-la em seco, isto é, no areal entre as tais duas pontas da ansa, em lugar de o fazer em pleno leito do rio. Depois era só unir essas pontas com um novo canal, ao mesmo tempo que se tapava o leito 'velho', eliminando-se a ansa. 


Este meu pensamento é lógico, uma vez que isto foi feito antes de se iniciar a revolta que deu origem à guerra de libertação e, nessa época, o trabalho nativo praticamente não representava quase qualquer custo. Era por assim dizer trabalho "escravo". Os nativos seriam "recrutados" pelo Administrador – de acordo com as regras da época – e
como pagamento receberiam umas malgas de arroz… só que veio a guerra e não pode concluir-se tal tarefa.


Resultado: Deixou-se como herança um "monumento" de cimento na forma duma ponte com um arco, no meio da areia e a poucos metros dum rio e, uma mão cheia de razões que foram logo exploradas pelo PAIGC, para mostrar aos indígenas a falta de inteligência dos "tugas" colonizadores, o que creio ser uma grande injustiça. 

Na época em que isto aconteceu, talvez ainda não fosse usual o procedimento de construção deste tipo de obras como descrevi, e que admito ter sido esse o entendimento do responsável por tal obra. Mas passados poucos anos começou-se a ver no nosso País – possivelmente por já ser muito antigo nos países mais evoluídos – esta maneira de construir pontes. Aterrar zonas do rio para aí trabalhar mais comodamente na construção dessas obras.

Logo nos primeiros dias depois de "aterrar" no CAOP, foi-me mostrado este "monumento".
Fui lá de jeep, andei por aquele areal a pé. Passei por debaixo da ponte, não o fazendo por cima por faltarem uns degraus para se poder subir. Deambulei pelas margens do rio e, quando prossegui para fazer a travessia, recusei-me a fazê-lo em cima do jeep, perante a
estupefacção do respectivo soldado condutor. 
Atravessei o rio, sim, mas percorrendo a ponte existente a pé, desculpando-me que queria admirar o percurso e observar o próprio rio.

6 – Foi portanto partindo daqueles pressupostos que marquei na Carta Militar e, já muito posteriormente em imagem Google, a possível localização dessa ponte.

7 – Fiz deduções e tirei conclusões partindo de premissas, em parte, não correctas, já que agora se sabe quem foi o Alferes Nunes – militar morto naquela zona nas Campanhas de Pacificação de Teixeira Pinto – portanto não tendo nada a ver com a construção da dita ponte em betão e a "obra", que estamos procurando identificar, foi construída antes
(quantos anos?) do início da Guerra e muito provavelmente pelos respectivos Serviços Provinciais de então. (****)

Abraços

Jorge Picado 


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6029: Memória dos lugares (76): Prestei o meu serviço na Guiné (Albino Silva)

(...) Prestei meu Serviço na Guiné, desde Maio de 1968 a Abril de 1970, e pertenci ao BCaç 2845, sediado em Teixeira Pinto. Pertenci à CCS, Armados para a Paz. (...). Considero bastante positivo o meu desempenho como Soldado Maqueiro (...). Passados treze meses de Guiné comecei a alinhar com os Sapadores da Companhia, na guarda à Ponte Alferes Nunes,  entre Teixeira Pinto e o Bachile, sobre o Rio Costa. Havia no lado esquerdo da Ponte um Fortim com 6 metros de altura, com cobertura com chapas zincadas onduladas, como se aquilo protegesse alguma coisa em caso de ataque.
A Ponte, de madeira, tinha sido reconstruída porque a primeira, também em madeira, tinha sido destruída. Nesse serviço nunca tive qualquer receio porque também estávamos bem armados e nunca tinha havido nada de anormal. Sei que após o Batalhão deixar a Guiné, algum tempo depois, a Ponte foi reconstruída novamente, desta feita em ferro, como aliás já a vi em fotos de outros camaradas. Entre a Ponte Alferes Nunes e o Bachile participei em picagens de estrada com um Pelotão da CCaç 2313, quando se faziam escoltas de reabastecimento ao Bachile, onde estava um Pelotão da Companhia 2368 do meu Batalhão. (...)


(**) Vd. poste e comentários diversos (António J. P. Costa, Carlos Silva, José Câmara, Jorge Picado, Salvador Nogueira) 
> 19 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9625: Memória dos lugares (178): Sobre a ponte da estrada Canchungo - Cacheu, ao Km 6 (Carlos Schwarz/Pepito)

(...) Em mail de 21 de março de 2012, que nos enviou, o Carlos Silva escreve o seguinte:

Amigos: Reitero o que disse na minha análise que vos enviei. A ponte "exótica", cognominada pelo Luís, para mim não tem nada a ver com a designada Pte Alf Nunes. A razão da sua construção, não sei. Só investigando os arquivos da mesma, que não sei onde param. O José Câmara, que já me respondeu à minha análise, também concorda com a mesma, face aos argumentos deduzidos e que são fáceis de compreender. Vd. resposta em baixo a azul. Com um abraço amigo. Carlos Silva (...).


(...) Mail de 20 de março de 2012, enviado pelo José Câmara:

Caro amigo Luís Graça,

Segundo a Carta Cartográfica de Teixeira Pinto (nosso tempo na Guiné) o rio era conhecido por Costa (Pelundo). Seria bom manter essa distinção para não confundir com a zona do Pelundo, sede de um Batalhão.

A ideia de desviar o curso do rio nem era assim tão disparatada. [como já referi, em minha opinião não exitiu qualquer ideia de desciar o rio] Vejamos no mesmo Mapa.

O rio naquela área tem a configuração de um polvo estrangulado. A ponte fantasma está localizada precisamente no estrangulamento [não está, como refere o Pepito e como resulta do recorte enviado pelo SNogueira e como já evidenciei o erro do Jorge Picado ao assinalar a posição da Pte no estrangulamento] e a Ponte Alferes Nunes no alto da cabeça. Tudo isso é bem visível nas fotos e no Mapa que estamos a seguir. [não é - ou melhor é em relação à análise que faço, no dito post que enviei... publiquem para todos verem e terem a possibilidade de chegarem à mesma conclusão]

No estrangulamento o rio era visível dos dois lados da estrada. Por isso mesmo não é de admirar que algum engenheiro tenha antecipado a possibilidade de um rompimento natural das margens e tenha tentado antecipar o evento desviando artificialmente o leito do rio. [ pois, mas a ponte não está situada no estranguamento, mas mto longe, portanto essa tese não passa de meras especulações].

Como sabemos, qualquer que tenha sido a ideia, o projecto foi posto de parte e a estrada nova aproveitou na íntegra o traçado da antiga picada (estrada) entre Teixeira Pinto e o Bachile. Só a partir daí foi alterado o traçado, na tal zona da Mata dos Madeiros.

O Carlos Silva certamente que irá clarificar tudo isso. [Como já referi ao Zé, o trabalho não vai clarificar nada. Pois apenas vai versar sobre a evolução história da Pte Alf Nunes, no entando poderemos fazer uma alusão a esta ponte exótica]

Um abraço amigo, José Câmara (...)

Outros mails que são contributos importantes para este dossiê:

(...) Salvador Nogueira, 19 de março de 2012:

Luis, se o P9625 trata da ponte de que te falei 'há anos' e que seria uma raridade
porque nem passava o rio por baixo, nem passava a estrada por cima,
então existe - vi-a do ar, claramente off side e com esta configuração aproximada
mas nunca consegui saber onde foi.

Quando se diz 'afamada ponte' é por essa inusitada razão, por não passar o rio por baixo nem a estrada por cima?

Se puderes confirmar, agradeço.Salvador


(...) Salvador Nogueira, 19 de março de 2012: 

Luís, aqui tens a localização da ponte sobre o Rio Pelundo, referida no P9625 e que, agora visto melhor e na carta, não sei se é a de que te falei. Julgo que a que vi era mais a sul e com menos pilares... já não sei mas seria curioso que na Guiné houvesse mais que uma ponte sem rio por baixo e estrada por cima! Naquela terra valia tudo...



Foto aérea do Google Earth. Infografia de SNogueira




Guiné > Região do Cacheu > Carta de Teixeira Pinto (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor: troço da estrada Teixeira Pinto/Bachilé... A meio, atravessando o Rio Costa (Pelundo),  há uma ponte (que devia ser a original ponte Alferes Nunes).



(...) Pepito, 20 de março de 2012:


Luis: Ouvi ao meu pai contar que esta ponte (que nunca chegou a ser usada) seria para substituir a outra de que te enviei foto e que na altura da independência era de madeira e muito rudimentar. Sucede que só depois de estar construída é que os engenheiros descobriram que a mesma ficava a uma cota mais elevada, quando tentaram desviar o rio para passar debaixo dela... e a água se recusou a subir...enfim, perversões da natureza.
abraços
pepito

(...) José Câmara, 20 de março de 2012:

Caro amigo Luís Graça,

Segundo a Carta Cartográfica de Teixeira Pinto (nosso tempo na Guiné) o rio era conhecido por Costa (Pelundo). Seria bom manter essa distinção para não confundir com a zona do Pelundo, sede de um Batalhão.

A ideia de desviar o curso do rio nem era assim tão disparatada. Vejamos no mesmo Mapa.

O rio naquela área tem a configuração de um polvo estrangulado. A ponte fantasma está localizada precisamente no estrangulamento e a Ponte Alferes Nunes no alto da cabeça. Tudo isso é bem visível nas fotos e no Mapa que estamos a seguir.

No estrangulamento o rio era visível dos dois lados da estrada. Por isso mesmo não é de admirar que algum engenheiro tenha antecipado a possibilidade de um rompimento natural das margens e tenha tentado antecipar o evento desviando artificialmente o leito do rio.

Como sabemos, qualquer que tenha sido a ideia, o projecto foi posto de parte e a estrada nova aproveitou na íntegra o traçado da antiga picada (estrada) entre Teixeira Pinto e o Bachile. Só a partir daí foi alterado o traçado, na tal zona da Mata dos Madeiros.

O Carlos Silva certamente que irá clarificar tudo isso.

Um abraço amigo, José Câmara (...)



Guiné 63/74 - P10021: Notas de leitura (368): Revista "Ultramar" e "Abrindo Trilhos Tecendo Redes" (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 24 de Abril de 2012:

Queridos amigos,
Estou em crer que este Luís Fernandes sabia da poda como poucos, há aqui informações sobre a história do PAIGC que não podiam estar no domínio público, era domínio de eleitos.
O curioso é que se lê este artigo publicado em 1968 e a generalidade do seu conteúdo é inquestionável, só aqui e acolá é que o conhecedor profundo que o escreveu cede à linguagem panfletária. E faz-se também uma menção a uma associação de tecelões, Artissal, foi o que encontrei numa coletânea de experiências de desenvolvimento local em espaço lusófono.

Um abraço do
Mário


Aspetos da subversão na Guiné, em 1968

Beja Santos

A revista Ultramar (propriedade do Comissariado Nacional da Mocidade Portuguesa) dedicou inteiramente o número do segundo trimestre de 1968 à Guiné. Banha de Andrade publicou uma história breve da Guiné portuguesa, Teixeira da Mota publicou um artigo sobre a visita do governador das ilhas de Cabo Verde António Velho Tinoco à Guiné em 1575, António Carreira teceu aqui considerações sobre unidade histórica e populacional entre a Guiné e Cabo Verde, Rogado Quintino abordou um tema religioso “Entre gente temente ao Deus-Irã” e Luís Fernandes Dias Correia da Cruz dissertou sobre a subversão na Guiné.

Pelo que adiante se dirá, este Luís Fernandes era um pseudónimo, há que uma vastidão de conhecimentos no patamar do sigiloso, há aqui uma exposição tão bem organizada que por detrás do autor devia estar um estudioso que entendeu ficar a recato. Porque o conteúdo é escorreito, na sua generalidade batia certo e o autor até terminava com a mensagem que toda esta vasta matéria devia chegar ao conhecimento de um público mais amplo. Começa o autor por nos referir o que mudou em África com a II Guerra Mundial: o continente adquiriu uma invejável posição estratégica, do Mediterrâneo ao Canal de Suez, pela valorização da rota do Cabo e pelo controlo das vias marítimas do atlântico sul. Deu-se uma ampla participação das populações africanas de um conflito, incluindo na constituição de exércitos. África passou a constituir o complemento económico da Europa, os dois grandes blocos dominados pelos EUA e URSS encontraram neste continente uma nova área de conflito e de persuasão ideológica. Emergiu o conceito de independência e de libertação da metrópole. No caso particular da Guiné, deu-se à sua volta a decomposição da África Ocidental Francesa e a Guiné Francesa recusou ficar ligada à França, tornou-se Estado soberano em 2 de Outubro de 1958 e logo muito requestada pela URSS, China e os novos Estados socialistas. O Senegal transformou-se numa república autónoma mas com francas ligações à França.

Passando para a descrição dos movimentos emancipalistas da província da Guiné, o autor descreve conscienciosamente aquilo que hoje é ponto assente da historiografia: Movimento para a Independência da Guiné, PAIGC, Movimento de Libertação da Guiné e Cabo Verde, União das Populações da Guiné, Reunião Democrática Africana da Guiné, União dos Naturais da Guiné Portuguesa, União Popular para a Libertação da Guiné. Recorde-se que só o Movimento de Libertação da Guiné e Cabo Verde e o PAIGC é que convergiam para a independência conjunta da Guiné e Cabo Verde, todos os outros defendiam o princípio da “Guiné para os guineenses”. Refere-se a ação do Movimento de Libertação para a Guiné sobretudo o desencadeamento de ataques, sem ter estrutura militar para o fazer e muito menos implantação junto das populações. Depois surge a FLING que recebeu as simpatias do Senegal e cujo dirigente Benjamim Pinto Bull chegou a ter uma conversa com Salazar. Todas as tentativas de unificar estes movimentos falharam por razões várias, não sendo alheio o motivo dos ressentimentos entre cabo-verdianos e guineenses. O que interessa é que a partir de Maio de 1965 a Organização da Unidade Africana passou a reconhecer somente o PAIGC como um movimento melhor estruturado e mais apetrechado para a luta.

Entrando na descrição do meio humano e na análise das etapas da subversão, o que faltou ao autor do texto foi o acesso ao pensamento de Cabral, avaliando a luta como um conceito maoista em que o PAIGC preteria a subversão urbana para as regiões rurais, criando uma comunicação em que os ideais da libertação se baseavam no nacionalismo sobrepondo-se às divisões tribais. Vê-se que o autor sabe do que fala quando descreve quem e como apoia os portugueses e as forças da subversão. A par disso, o autor dá-nos um quadro da política externa do PAIGC associada ao movimento anticolonialista e tudo quanto escreve também bate certo, estava altamente informado e conhecia com pormenor as próprias dificuldades de recrutamento do PAIGC no interior da província, junto de certas etnias. Ao finalizar, o autor considera ainda prematuro fazer uma apreciação correta do processo subversivo na Guiné e apela que todo este fenómeno da subversão devia constituir causa do seu esclarecimento e que se devia dar um mais amplo conhecimento público do adversário.

Como todos nós sabemos, ninguém lhe prestou atenção, não consta que as tropas na Guiné tivessem passado a dispor desta vasta informação apresentada neste artigo da revista Ultramar. Parece que o secretismo era usado para que os combatentes, totalmente ignorantes do pano de fundo, soubessem só que havia um inimigo temível e brutal que atacava quartéis e aldeamentos e que depois fugia para o mato ermo, funcionava só pela lógica do terror e nada mais.

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O caso Artissal – Associação de Tecelagem Tradicional

O livro chama-se “Abrindo trilhos tecendo redes – Reflexões e experiências de desenvolvimento local em contexto lusófono”, com coordenação de Brígida Rocha Brito (Gerpress, 2010).

A generalidade das experiências nele contadas tem a ver com São Tomé e Príncipe, mas Mariana Tandler Ferreira apresentou uma comunicação sobre o caso Artissal, a propósito do comércio justo e o desenvolvimento local na Guiné-Bissau. Artissal reúne mais de 28 produtores de tecelagem tradicional das regiões de Biombo e de Cacheu. Desde Março de 2006, a Artissal desenvolve ações de formação e capacitação dos seus produtores em torno das questões ligadas ao comércio justo, a saber: níveis de qualidade dos seus produtos; participação das mulheres na comunidade; melhorias na organização de um corpo de produtores. Os jovens tecelões e as suas mulheres têm sido inseridas em diferentes iniciativas de capacitação entre as quais a alfabetização e formações específicas de economia solidária e de comércio ético. Passados estes anos de vida, Artissal está assim organizada: corpo de produtores que realiza trabalho no contexto de uma ocupação; e o pessoal de apoio com papel pluridisciplinar.

Fazendo a avaliação da Artissal, a autora considera que ganhou autonomia, tem bom desempenho enquanto ator de desenvolvimento e está mais apta para responder às solicitações do mercado: “O funcionamento horizontal da organização e a igualdade no processo de remuneração, bem como na tomada de decisões destaca a prática de igualdade de género. No conjunto, traduz-se em competências acrescidas e na melhor adaptação à especificidade das atividades da Artissal”.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10013: Notas de leitura (367): "Portugal´s Guerrilla War - The Campaign For Africa" por Al J. Venter (2) (Mário Beja Santos)

domingo, 10 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10020: Memória dos lugares (185): Gadamael: Ainda sobre a sigla ASCO (Cherno Baldé)



 O nosso leitor e camarada pára, Salvador Nogueira, que passou pelo BCP 12, em 1969, no poste P7179 apontou-nos para a seguinte curiosidade ("curiosidade mais que uma achega para desvendar a inscrição"): (...) "Elisée Turpin [ um dos fundadores do PAIGC,] terá sido antes empregado na Sociedade Comercial Oeste Africana -Société Commerciale de l'Ouest Africain- cujo acrónimo SCOA é um curioso anagrama de ASCO!"...


1. Mensagem do Cherno Baldé, com data de 4 do corrente;

Assunto: Ainda sobre a sigla ASCO

 

Caro Luís e Carlos Vinhal:

Num recente poste sobre Gadamael,  do Carlos Vinhal e Manuel Vaz, este último perguntava-me sobre a sigla "ASCO", presente numa das antigas casas/casernas da localidade. É claro que não sei. [Em rigor, a sigla é A.S.C.O., e não  ASCO].



Acontece que nos dias que seguiram, encontrei, casualmente, no mercado de Bandim em Bissau, a marca "ASCO" numa pequena caixa contendo um filtro de gasóleo, "made in Thailand" com a referência "ASCO-Genuine parts".

Depois, procurando na Net, através do Google, encontrei o nome de "ASCO Industries SA", uma companhia privada belga, fundada em 1954, pelos irmãos Émile e Roger Boas e actualmente com sede em Weiveldlaan, Zaventem, Bélgica e com ramificações no Canada e outros países.


Selo de 1,20 francos, da Costa do Marfim, um das oito colónias que integrava a AOF - África Ocidental Francesa. Cortesia do sítio Education à l'Environnement


A confirmar-se a minha hipótese de base, esta empresa familiar poderia, no início, estar ligada à comercialização e/ou exploração de produtos agrícolas nas colónias francesas da região da AOF [, Afrique Occidentale Française / África Ocidental Francesa], incluindo o território da actual Guiné-Bissau. Todavia, não consegui chegar a verificação e a prova dos factos enunciados. Pode ser mais uma pista para a pesquisa.

Um grande abraço,

Cherno Baldé

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Guiné 63/74 - P10019: Lições de artilharia para os infantes (6): O obus 14 de Bedanda em tiro direto... (C. Martins / Rui Santos)






Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Agosto de 1972 > Espetacular foto noturna do obus 14 em ação... Segundo o nosso camarada Nuno Rubim, e um dos maiores especialistas portugueses de história da artilharia portuguesa, "de acordo com um relatório oficial português que encontrei no AHM [Arquivo Histórico Militar],
no dia 16 de Maio [de 1973], isto é, dois dias antes do ataque, as três peças de 11, 4cm foram substituídas por 2 obuses de 14 cm (3). Agora se compreende a polémica sobre o assunto. Um deles veio sem aparelho de pontaria e não foi recebida nenhuma tábua de tiro ! Sem comentários... Esses 2 obuses foram pois abandonados, mas sem possibilidades de entrarem em acção e capturados pelo PAIGCTenho uma fotografia desse facto." (Vd. poste P1672).
Foto: © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados.

1. Resposta, com data de 28 de maio último, de C. Martins,  a um comentário do Rui Santos (*):


(i) Comentário do Rui Santos:

João Martins:


Quem conhece Bedanda, aliás Amedalai, pois Bedanda é lá em baixo a 700 metros do Ungauriol, fica de facto num pequena colina (23 metros de cota de nível) e se o inimigo atacasse vinha de baixo...Assim,  como é possivel um aparelho que faz tiro tenso (suponho) dispare por cima das moranças e vá cair a cerca de 1.000 metros à cota de 2/3 metros ???  (...)

Rui Santos
Ex-alferes miliciano
Bedanda 1963/1964

(ii) Resposta de C. Martins:

Caro camarada Rui Santos

Não conheço Bedanda nem Amedelai.

O obus 14 tinha uma elevação de - 5º a + 45º, por isso podia fazer tiro de uma cota superior para uma inferior e tiro directo.


Tinha um grande inconveniente, que era se se fizessem muitos tiros com graduação negativa ou tiro directo,  normalmente rebentava com os hidráulicos e ainda para armar a espoleta esta necessitava de percorrer cerca de 500 m. 

Esta armava pela força centrífuga devido ao seu movimento de rotação. A granada saía sempre a uma velocidade superior à do som. A maior ou menor velocidade dependia da carga. Com carga 4 e a + 45º saía a 640 m/s.

Mesmo que não rebentasse, convenhamos que uma "ameixa" com 14 cm de diâmetro e com 45 cm de comprimento e ainda com 45 kg,fazia "ronco" de certeza.

Fiz uma vez uma experiência em Gadamael com tiro a -2º para o outro lado do rio a uma distância de 600m, onde nos dias da "brasa"estava um posto avançado de observação do IN. A granada explodiu só que alguns estilhaços caíram no perímetro do quartel. Não voltei a fazer a experiência, e felizmente nunca foi necessário fazê-lo em nenhuma flagelação.

A artilharia é a arma dos fogos largos e profundos e de tiro tenso, mas como a necessidade aguça o engenho, também em circunstâncias especiais podia ser de fogos curtos e pequenos,  só que podíamos levar com estilhaços na "mona" ou em outro sítio, fica à vontade do freguês.

Ah, o raio de acção da explosão da granada podia atingir os 400m, tudo dependia da dureza do terreno no impacto.

Julgo que esclareci os infantes (**) e o camarada Rui Santos.
Um alfa bravo

C.Martins

(iii) Comentário de Rui Santos, com data de 29 de maio último:

Amigo C. Martins>


Obrigado pelos esclarecimentos, mas quem conheceu Bedanda/Amedalai, sabe que a cota de Amedalai onde estavam estacciondos os obuses é de cerca de 22, e que as bolanhas circundantes estão a uma cota 4, bem como se houver um ataque jamais será executado a menos de 200 metros do aquartelamento, pois lá de baixo para cima só com morteiro, e não estou a ver o IN a atravessar qualquer linha de água com o morteiro ás costas. 

Diga-me então como é possivel fazer fogo 3/4 metros acima das moranças e as granadas cairem a 200 metros??? quase no topo da colina?? 

Nunca fomos flagelados em Amedalai como o fui em Bedanda, pois a aproximação do IN mais segura seria directamente pela mata do Cantanhez que ficaria a cerca de 100 metros da sebe de arame farpado.

Falarei com este amigo João Martins pessoalmente no dia 9 (***), se Deus quiser  (...)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9947: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VI: Bedanda, com o obus 14: um dos locais que me deixou mais saudades...

(**) Último poste da série > 17 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9915: Lições de artilharia para os infantes (5): Quando o oficial de dia fez um levantamento de rancho... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)


(***) Data do 2º encontro, na Mealhada,  dos bedandenses, organizado pelo António (Tony) Teixeira e que, segundo conversa telefónica que tive ontem com o Pinto de Carvalho, reuniu umas boas dezenas de camaradas (Tenho ideia de ele me ter falado em 50)...

Guiné 63/74 - P10018: (Ex)citações (186): Éramos alferes, furrieis e... prontos! (Manuel Maia)

1. Comentário de Manuel Maia [, foto à esquerda, em Cadique, 1973,], com data de 11 de maio último, ao poste P9889:

Caro Lázaro Ferreira,

Antes de mais, sê bem-vindo a este espaço que em boa hora o Luís criou, e onde os mais de quinhentos e tal que por aqui andamos, vão debitando prosa e poesia, recordando aquela terra que nos deixou profundas marcas...

Pude aperceber-me de que mau grado teres conhecido o Cantanhez apenas em 74, andaste relativamente perto dos paradisíacos locais que foram meus locais de férias no ano anterior quando os senhores da guerra decidiram implantar uns resorts em Cafal/Balanta e em Cafine,por forma a podermos desfrutar da zona, com muita música de arraial,de foguetório constante...

Como facilmente podes depreender,o caso recentemente veiculado pelo JN a propósito de um valoroso "grupo de assalto" composto por mais de três dezenas de militares da marinha (fuzileiros, presumo) instalados num resort de Cabo-Verde, na ilha do Sal ( segundo o CEMGFA,por estar mais perto da água...),não foi virgem... 


Já em 73, os militares de então conheceram instalações fabulosas que, num gesto digno de encómios, os senhores com muitos galões e estrelas nos ombros,reservaram exclusivamente para nós,milicianos, de quem sempre gostaram muito,ao ponto dessa ligação ser conhecida por "amor à moda de Ponte de Lima", de quem, nós também, sempre dedicadamente retribuímos...

Nesse tempo,necessariamente anterior ao teu, nós não tínhamos esse hábito,ao que parece,democrático,de recusar o que nos ofereciam com "tanto amor"... Éramos alferes ou furrieis e "prontos", como diz o outro.

Cá ficaremos pois à espera dos teus escritos,estruturados sob uma realidade diferente da nossa mas realidade comezinha...
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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10005: (Ex)citações (185): Respostas a interrogações de Luís Graça, ainda sobre o tema Guidaje (2) (José Manuel Pechorro)


Guiné 63/74 - P10017: Parabéns a você (434): Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador da CCS/BART 1913 (Guiné, 1967/69)

Para aceder aos postes do nosso camarada Alcides Silva, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10014: Parabéns a você (430): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421 / BCAÇ 1857 (Guiné, 1965/67)

sábado, 9 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10016: Convívios (450): Encontro do pessoal das CCAÇs 3326; 3327 e 3328, dia 21 de Julho de 2012 na Batalha (José da Câmara)

 


 1. Em mensagem do dia 8 de Junho de 2012, o nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), pediu-nos para publicitar o Encontro de saudade do pessoal das CCAÇs 3326; 3327 e 3328, a realizar no dia 21 de Julho de 2012, a partir das 10h30 da manhã Reguengo do Fetal, Batalha.





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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10010: Convívios (267): IV Encontro dos “Ilustres TSF” (Hélder Sousa)