1. Mensagem de José Belo [,ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70; cap inf ref, é jurista, vive Suécia há quase 4 décadas, e onde formou família: e, ultimamente, reparte o seu tempo com os EUA, em Kew West, Florida, aonde família tem negócios; autor do blogue Lapland Near Key West]:
Data: 20 de janeiro de 2015 às 16:18
Data: 20 de janeiro de 2015 às 16:18
Assunto: Prisioneiros de guerra.
Caro Luís Graça.
A nossa deontologia a este respeito näo seria diferente.
Os números de tais "desaparecimentos" não são dispiciendos, pois as histórias contadas á volta deles säo inúmeras.
Um grande abraco do
José Belo.
(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14160: Casos: a verdade sobre... (4): Jaime Mota (1940-1974), combatente do PAIGC, natural da ilha de Santo Antão, Cabo Verde, morto em 7 de janeiro de 1974, em Canquelifá por forças da CCAÇ 21 - Parte IV: "Guerra é guerra, meu irmão", dizia-me em 2008 o antigo guerrilheiro Braima Cassamá que reencontrei em Guileje (José Teixeira)
Caro Luís Graça.
Tenho verificado que, nos inúmeros postes publicados no blogue (*), näo existem referências a sevícias exercidas pelos guerrilheiros do PAIGC sobre militares metropolitanos (e chamo a atenção para o adjetivo "metropolitanos"), aquando de capturas efectuadas em combate, ou sobre elementos que desertaram, entregando-se ao inimigo.
Näo terão sido muitos os casos, mas suficientes para a existência de um grupo de prisioneiros em Conacri.
Näo se poderá esquecer que, em todas as guerras, no calor e ressaca imediatas do combate, dão-se explosões, difíceis de controlar, de ódio, vingança, raiva e frustração perante os corpos de amigos e camaradas mortos ou estropiados.
Mas sevícias "a frio" depois de os prisioneiros terem sido retirados das zonas dos combates,. pouco ou nada à referido quanto ao PAIGC.
As normas e directivas estabelecidas pelo programa do PAIGC estavam bem explícitas nos detalhes quanto ao uso dos prisioneiros em acções de propaganda a nível internacional.
A nossa deontologia a este respeito näo seria diferente.
Muitos dos que estiveram colocados em zonas de contacto frequente com os guerrilheiros poderão referenciar casos de elementos inimigos "apanhados à mäo" que, depois de entregues à polícia política local [PIDE]... desapareciam.
Os números de tais "desaparecimentos" não são dispiciendos, pois as histórias contadas á volta deles säo inúmeras.
Nas situações extremas em que nos encontrávamos, pouco tempo, vontade ou paciência haveria para aprofundar tais conjecturas. Obviamente as nossas preocupações eram dominadas por tantos outros acontecimentos envolventes e,não seria então (também!) muito "saudável" questionar a polícia política local.
Meio século passou e... muitas destas perguntas não têm respostas documentais. Não somos de modo algum únicos nestes silêncios."Desaparecimentos" têm sido uma constante necessária (?) em todas as guerras do tipo da travada na Guiné.
Mas a pergunta aqui levantada não se situa à volta de ontologias bélicas universais mas simplesmente sobre o número de soldados metropolitanos "desaparecidos" ou torturados, depois da sua captura pelo inimigo.
Como foi referido em comentário ao poste P14160 (*) : "Excluindo a situação aparentemente (!) atípica que levou ao bárbaro e desnecessário assassinato dos [3] Majores e [1] Alferes (no chão Manjaco), aquando do encontro onde se iria discutir a PAZ, em aparente represália-exemplo espelhando as profundas divergências político-militares internas então existentes no PAIGC".
Todos sabemos o que se passava em relação a muitos elementos das milícias, ou soldados africanos, aquando da sua captura pelo inimigo durante todo o período da guerra. Estão também bem documentados os fuzilamentos e sevícias que foram exercidas nos anos posteriores à independência sobre ex-militares que tinham servido no Exército colonial.
Mas, quanto aos soldados metropolitanos capturados... algo falta.
Um grande abraco do
José Belo.
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Nota do editor:
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14160: Casos: a verdade sobre... (4): Jaime Mota (1940-1974), combatente do PAIGC, natural da ilha de Santo Antão, Cabo Verde, morto em 7 de janeiro de 1974, em Canquelifá por forças da CCAÇ 21 - Parte IV: "Guerra é guerra, meu irmão", dizia-me em 2008 o antigo guerrilheiro Braima Cassamá que reencontrei em Guileje (José Teixeira)