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terça-feira, 14 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27316: Viagens à Guiné-Bissau: Amizade e Solidariedade (Armando Oliveira e Ricardo Abreu) (3): Vila de Fulacunda (Aníbal Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

1. Em mensagem de 13 de Outubro de 2025, Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), enviou-nos a terceira reportagem das "Viagens à Guiné-Bissau: Amizade e Solidariedade", levadas a efeito pelos nossos camaradas Armando Oliveira e Ricardo Abreu.


VIAGENS À GUINÉ BISSAU: AMIZADE E SOLIDARIEADE

Na viagem à Guiné Bissau de 2017, depois da visita à Missão Católica de Tite, os camaradas Armando Oliveira e Ricardo Abreu rumaram a Fulacunda, onde entregaram medicamentos no Centro de Saúde Victoriano Costa e outras dádivas à população, com quem confraternizaram longamente.


III - VILA DE FULACUNDA

Fulacunda é um sector da região administrativa do Quinara, na área sul da Guiné-Bissau, com 917,3 Km2 e uma população aproximada de 1300 habitantes.
A área circundante de Fulacunda abriga o Parque Natural das Lagoas de Cufada, constituído pelas lagoas de Biorna, Bedasse e a própria Cufada, sendo um importante santuário da vida selvagem da Guiné-Bissau.

Situa-se entre os dois grandes rios da região, o Rio Grande de Buba e o Rio Corubal e representa a maior reserva de água doce da Guiné-Bissau. Na zona do Parque existem 36 tabancas onde vivem cerca de 3500 pessoas, pertencentes a diversas etnias, designadamente Beafadas, Balantas, Fulas e Mandingas.

Lagoa de Cufada

RUMO A FULACUNDA
Partida de Tite em veículo da Missão conduzido por uma freira e com o Armando pronto a fazer a reportagem
Entrada em Fulacunda
Centro de Saúde Victoriano Costa
Freira da Missão de Tite em visita à enfermaria
Ricardo e Armando na entrega de medicamentos, conteúdo de duas malas
Outras dádivas para além dos medicamentos
O Ricardo cumprimenta o Malan, ex-militar e deficiente das Forças Armadas
Com o ex-guia de Fulacunda (62 a 74) Francisco Mamadu Mané
Juventude Fulacundense

EDIFICADO MILITAR AO ABANDONO
Secretaria
Messe de Oficiais
Cantina e refeitório
Messe de Sargentos
Sala de: convívio, aulas e ténis de mesa

EDIFICADO DA POPULAÇÃO
Fontanário
Edifício onde o administrador (civil) recebia os Fulacundenses que lhe iam apresentar problemas e o pedido de resolução dos mesmos.
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Nota do editor

Último post da série de 7 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27292: Viagens à Guiné-Bissau: Amizade e Solidariedade (Armando Oliveira e Ricardo Abreu) (2): As hortas do Ricardo Abreu (Aníbal Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

Guiné 61/74 - P27315: P27259: Notas de leitura (1851): "Os Có Boys (Nos Trilhos da Memória)", de Luís da Cruz Ferreira, ex-1º cabo aux enf, 2ª C/BART 6521/72 (Có,1972/74) - Parte III: de Leiria a Coimbra, e da Carregueira a Penafiel, a caminho do CTIG (Luís Graça)



Crachá da 2ª C/BART 6521/72 (Có, 1972/74)


Luís da Cruz Ferreira (n. 1950, Benedita, Alcobaça)


1. Continuando a leitura do livro do Luís da Cruz Ferreira, "Os Có Boys" (edição de autor, 2025, il., 184 pp,) 
(ISBN 978-989 -33.7982-0) (*).

Oriundo co contingente geral, vamos encontrá-lo na recruta, no RI 7, Leiria, 4º turno de 1971 (out/dez 1971).

Fará depois a especialidade de auxilitar de enfermeiro, em Coimbra, no RSS (Regimento de Serviços de Saúde) (jan/mai 1972)

Irá de seguida  formar batalhão, o BART 6521/72, no RAL 5,  Penafiel (jun / set 1972). 

Daí partirá, de autocarro, em 22 de setembro de 1972, de noite, para o aeroporto militar de Figo Maduro,em Lisboa.  Embarcará num Boeing 707 para Bissau, onde chega no dia 26/9/1972 (uma pequena divergència quanto à data de chegada ao CTIG).

O exército levava quase um ano a formar um militar que depois seguia para o ultramar (Angola, Guiné ou Moçambique), em rendição individual, ou integrado num contingente. 

As suas observações críticas  (mesmo que "anedóticas"...) sobre o quotidiano da tropa naquela época merecem, só por si, uma nota de leitura à parte. O livro foi destinado, antes de mais, aos camaradas da sua subunidade,  tendo sido publicado (a 1ª edição) para comemorar, em 2/8/2024,  os 50 anos do regresso da 2ª C/BART 6521/72 (Có, 1972/74).

Com 11 anos de guerra, em Angola e 9 na Guiné e em Moçambique, o serviço militar obrigatório era vista, pelos jovens portugueses de então, como um tempo completamente perdido das suas vidas, que se podia prolongar por 3 ou mais anos. Muitos desses jovens já tinham saído das suas famílias, trabalhando ou continuando a estudar fora das suas terras.

A qualidade da instrução militar (recruta e especialidade) ressentia-se da necessidade, sobretudo do Exército, em mobilizar e preparar rapidamente dezenas de milhares de jovens para um conflito de longa duração, a milhares de quilómetros de casa e  de baixa popularidade. Técnica, tática, física e culturalmente, os militares portugueses iam mal preparados para  uma guerra dita de contra-guerrilha (ou "contra-subversão"), num terreno difícil, de clima tropical.



Capa do livro 


2.  Luís da Cruz Ferreira é natural da Benedita, Alcobaça. Nasceu em 2 de março de 1950, mas só  foi registado  seis meses depois, em 4 de outubro. 

De alcunha o "Beatle", quando jovem, profissionalmente já estava ligado à restauração, tendo trabalhado em diversos estabelecimentos conhecidos da Linha, e nomeadamente em Cascais, a começar pelo famoso  Muchaxo (Guincho).

Na tropa e na guerra, foi 1º cabo aux enf, tendo sido mobilizado para o CTIG, integrado na 2ª C /BART 6521/72 (Có 1972/74). O batalhão estava sediado no Pelundo. Também foram dos últimos soldados do Império, tendo regressado a casa já em finais de  agosto de 1974. 

Antes da suas relativamente tranquilas  "peripécias" da Guiné (onde acabará pro ser sobretudo professor do Posto Escolar Militar nº 20, em Có), vamo ver o que ele nos conta sobre o seu tempo de recruta e instrução de especialidade, bem como de formação de batalhão. (Em Bolama, o batalhão haveria ainda de fazer, durante mais de um mês, a sua IAO -  Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, antes de ser colocado na zona oeste,  Sector 07, com sede em Pelundo e abrangendo os subsectores de Có, Jolmete e Pelundo.)

Comecemos pela distribuição do fardamento no RI 7, em Leiria;
 

Fonte: Luís da Cruz Ferreira, "Os Có Boys" (edição de autor, 2025), pág. 9.


Num quartel gigantesco (que albergaria, segundo autor,  c. 1500 homens, um regimento), ficou aboletado  numa caserna para 30 recrutas, com camas duplas, em beliche. Tocou-lhe o 1º andar. Tinha direito a um cacifo com o respetivo cadeado. 

Em Leiria, um quarto dos recrutas do contingente geral eram cooptados para o CSM (Curso de Sargentos Milicianos). Com três disciplinas que lhe faltavam para acabar o 5º ano do liceu,  o jovem recruta, com 21 anos e 6 meses de idade (ou só 21 anos, segundo o registo civil), tinha algumas esperanças de ser um dos "eleitos"... Não o foi, alegadamente por não ter nenhuma "cunha",  revoltou-se mas depressa se resignou, a viver naquele espaço "onde tudo quanto mexia, (...) era de cor verde" (pág. 11).

Visto por um "extraterrestre", aquele era um espaço de segregação, destinado apenas a homens,  "onde não havia mulheres" (pág. 11), e onde esses homens,  com postos hierárquicos bem diferenciados, tinham de se saudar uns aos outros, quando se cruzavam:



Fonte: Luís da Cruz Ferreira, "Os Có Boys" (edição de autor, 2025), pág. 11


Lembra os instrutores (cabos milicianos, furriéis, aspirantes...) que o tratavam com uma inesperada e desnecessária "rudeza". A instrução era dada "em passo de corrida". E havia a ideia de que um homem só era homem depois de ter ido à tropa, e de ter suportado, ci,m sucesso,  muitas privações, contrariedades, humilhações, afinal "demonstrações de coragem, destemor e capacidade  de sofrimento, além de muitas outras coisas inúteis" (pág. 11).



Fonte: Luís da Cruz Ferreira, "Os Có Boys" (ediçáo de autor, 2025), pág. 12


Havia "palestras" ou aulas ao ar livre. Mas o mais importante era o "exercício prático", com a omnipresente companhia da inseparável G3. Recorda a "ida à carreiro de tiro de Marrazes", onde cada recruta fez tiro a 100 metros, em várias posições, gastando cada um carregador de 20 balas... 

Equipara o RI 7 a uma "prisão", onde escasseavam os apoios sociais..Com tanta gente, beber um café na cantina, foi coisa que nunca conseguiu, e que muita falta lhe fazia. Estava habituado, na vida civil, a tomar, depois do almoço e do jantar, o seu "Tofa 404 e, mais tarde, o 505 embalado em vácuo" (pág, 13). Tal como era difícil comprar cigarros. Ir à cidade eram 2 km.  Com o tempo ameno, nesse outono de 1971,  ainda chegou a lá ir e ver nas esplanadas algumas meninas da sua terra, Benedita, Alcobaça, que estavam a tirar o curso do magistério primário. Capital de distrito, Leiria também tinha liceu.

Relembra ainda a semana de campo nas "matas de São Pedro de Moel" e "a tenda de quatro panos" que  ele e mais 3 recrutas montaram.  Passou o tempo doente, de amigdalite, na tenda, e de tal maneira que passou a odiar o campismo para o resto da vida.

Depois do juramento de bandeira, na parada do quartel, ficou a saber que lhe tinha calhado em sorte ir para Coimbra "tirar a especialidade de enfermeiro" (pág, 17).

De Coimbra, onde o colchão já era de espuma (em Leiria era de palha...), não guarda boas recordações da tropa, e muito menos do "rancho": tratavam os futuros enfermeiros "como presidiários com algumas precárias pelo meio para lavarmos a roupa que tínhamos bem suja à custa de nos fazerem ajoelhar, chafurdando nas terras enlameadas" (pág. 21).

Os transportes na época eram um pesadelo. Eram escassos, morosos e caros. Pouca gente ainda tinha carro. Aprendeu a andar à boleia, na estrada nacional nº 1. O célebre restaurante "O Bigodes", aberto 24 horas por dia, era paragem obrigatória, quer de camionistas quer dos militares que andavam à boleia. (Ainda hoje existe, IC2 / N 1 Km 81, 2475-034 Benedita),.

Um dia apanhou boleia até à Figueira da Foz, onde chegou às cinco da manhã. O comboio para Coimbra era só às sete. Com medo de chegar tarde à formatura, teve de ir de táxi, viagem que lhe custou uma pequena fortuna, 150 $00, o equivalente a 10 jantares (ou a 42 euros, a preços de hoje).

Comia-se tão mal no quartel, que era um antigo convento (e depois instalaçpes do RI 12 e, a oartir de 1965, do Regtimento do), que o Luís e um colega decidiram fazer, mesmo sem estarem desarranchados, as suas refeições por conta própria.

Quanto ao que aprendeu em Coimbra, 
entre janeiro e maio de 1972, foi muito pouco. E também ali não se falava do "conflito do ultramar"...



Fonte: Luís da Cruz Ferreira, "Os Có Boys" (edição de autor, 2025), pág. 25


Passou ainda pelo Hospital Militar Principal (HMP) na Estrela, em Lisboa, e pelo quartel da Carregueira. Ainda conseguiu fazer mais um disciplina do 5º ano, o inglês, faltando-lhe agora duas: fisico-químicas e matemática.

É pena que, passado mais de meio século, sobre o seu tempo de instrução de especialidade, em Coimbre e depois no HMP, à Estrela, haja poucas referências ao que ali aprendeu. Diz-nos apenas que foi pura perda de tempo. Mesmo assim, da sua passagem pelo "serviço de cirurgia plástica" do HMP, diz-nos que "através de observação, aprendi alguma coisa, não muito" (pag. 27).

Sabemos que o curso de especialidade para 1º cabo auxiliar de enfermeiro,   ministrado apenas em Coimbra, no Regimento do Serviço de Saúde (criado em 1965, poara responder às necessidades de pessoal sanitário nos 3 teatros de operaçóes. Os futuros furriéis enfermeiros, esses, tiravam a especialidade em Lisboa, no antigo quartel de Campo de Ourique,  onde  funciona a Escola do Serviço de Saúde Militar, a ESSM). 

O conteúdo era sobretudo prático,  devendo compreer matérias como: (i) noções básicas de anatomia e fisiologia; (ii) higiene e profilaxia de doenças tropicais (paludismo, disenterias, infecções cutâneas); (iiii) técnicas de enfermagem geral (curativos, injeções, soros, etc.); (iv) socorrismo em combate (estancar hemorragias, imobilizações, transporte de feridos, reanimação); (v) administração de medicamentos de rotina (quinino, cloroquina, antibióticos comuns); (vi) evacuação sanitária e triagem.

Portanto, o Luís deve ter recebido uma formação intermédia entre o socorrista civil e o enfermeiro profissional, com forte ênfase na autonomia e na  improvisação em condições adversas (recorde-se  que, na Guiné, tanto o furriel enfermeiro como o alferes médico, ambos milicianos, raramente saíam para o mato, sendo cada vez afetos, no tempo do gen António Spínola, aos serviços de saúde da província, prestando cuidados primários (e secundários) não só aos militares como à população civil.) (Os casos mais graves careciam de evacuação para o HM 241, em Bissau.)




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu >  Nova Lamego > 1973 > CCS/ BART 6523 (Nova Lamego, 1973/1974)  > O 1.º cabo aux enf Alfredo Dinis, a "tratar de graves queimaduras do Filipe, resultantes da explosão de um gerador de energia, no quartel".

Foto do álbum de Alfredo Dinis (já falecido) – P6060, com a devida vénia. Ver, também, "Memórias de Gabú (José Saúde): Recordando o saudoso enfermeiro Dinis" – P14106.


E entramos na reta final, que foi o RAL 5, em Penafiel, distrito do Porto, onde se foi juntar ao BART 6521/72, que estava em formação. De Penafiel até tem boas recordações, mas não dos transportes para lá se chegar na época. Eram 3 enfermeiros que sairam da Carregueira com destino  a Penafiel:

(i) "por  volta das 11 horas meteram-nos numa camioneta de carga que era utilizada para fazer a ligação  entre o quartel e a estação do Cacém e lá nos largaram" (pág. 34);

(ii) em Braço de Prata, informaram-nos que tinham um comboio-correio para o Porto às 15h00, mas parava em todas as estações e apeadeiros;

(iii) chegaram ao Porto, Campanhã, seis horas e meia depois, às 21h3o;
 
(iv) foram dar um giro pelos arredores e "comer um bom bife com batas fritas a um preço acessível", mas acabando por perder o comboio da meia-noite;

(v) apanharam o das 2h00, chegaram a Penafiel às 3h00;

(vi) extremamente cansados, pousaram os sacos no chão, a servir de almofada,  e assim se ajeitaram para retemperar as forças, só despertando ao toque do corneteiro a anunciar a alvorada.

A manhã começaria com a azáfama própria de um quartel de mobilização de tropas para o ultramar. Nesse mesmo dia conheceu o seu futuro comandante, um jovem capitão miliciano, bem como o alferes, também miliciano, do seu pelotão.  Ficou então a saber que "pertencia ao 2º pelotão da 2ª companhia do Batalhão de Artilharia nº 6521" (pág. 38) (**).

(Continua)

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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27314: Notas de leitura (1850): "Um Império de Papel", por Leonor Pires Martins; posfácio de Manuela Ribeiro Sanches; Edições 70, 2.ª edição, 2014 (1) (Mário Beja Santos)


>1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Dezembro de 2024:

Queridos amigos,
Vamos agora discorrer sobre o Terceiro Império ilustrado em jornais e revistas, desde a fundação da Sociedade de Geografia de Lisboa até à Exposição do Mundo Português, houvera invasões francesas, a independência do Brasil, guerra civil, e depois da Regeneração, inicia-se um processo de atração africana, a Sociedade de Geografia de Lisboa e a sua atividade desempenharão um papel primordial. Há relatos de explorações e de viagens, surgem livros da mais diversa índole colonial, mas são os jornais e revistas que darão a conhecer ao grande público essa África misteriosa, mostrando os heróis de ocupação, as fazendas, os caminhos de ferro, Serpa Pinto, Capelo e Ivens, virão a ser recebidos na metrópole em delírio, a mesma imprensa que desancará nas ambições britânicas, terá mesmo um papel de mostrar os britânicos como gente brutal, impiedosa que nos sujeitou a um ultraje e que nós ressarcimos com heróis como Mouzinho Albuquerque. A autora, Leonor Pires Martins, revelou-se esmerada no inventário e no tratamento desta iconografia sobre o Império. Aspeto curioso, até à chegada da televisão, nem o cinema, nem a literatura conseguiram ir mais longe que a imprensa periódica, que a autora aqui mostra com imagens que, para além de serem históricas, possuem uma indiscutível qualidade artística. É uma obra digna de constar nas nossas estantes.

Um abraço do
Mário



Um Império ficcionado em jornais e revistas, livros e álbuns, um Império de e em papel (1)

Mário Beja Santos

Trata-se de uma obra esmerada pelo conteúdo e apresentação, "Um Império de Papel", por Leonor Pires Martins, posfácio de Manuela Ribeiro Sanches, Edições 70, 2ª edição em 2014. A autora visionou e analisou publicações entre 1875 e 1940 e diz que vem ao mesmo tempo propor uma revisitação crítica da iconografia. “Com esse objetivo, procurei fazer um enquadramento histórico de imagens aqui reproduzidas, assinalando as circunstâncias políticas, culturais, mas também da ordem tecnológica, que marcaram – e possibilitaram – a sua produção e circulação. Considerei os temas mais recorrentes e as motivações dos diversos artistas e fotógrafos. O papel diligente e ideologicamente empenhado da generalidade da imprensa periódica ilustrada na disseminação de ideias e conhecimentos.“

Porquê 1875 e até 1940? Em 1875 é criada a Sociedade de Geografia de Lisboa, a quem caberá o papel catalisador para a construção do Terceiro Império, funcionará como o lobby junto do poder soberano, contribuirá para expedições, congregará intelectuais, diplomatas, agentes dos negócios e da finança, escritores, tem no seu comando uma figura excecional, Luciano Cordeiro - 1940 é a data da maior obra ideológica da construção e mentalização de que o Mundo Português ia do Minho a Timor, o regime de Salazar não poupou esforços para o grandioso espetáculo que ofereceu na Praça do império.

A autora cita a propósito a definição proposta por Thomas Richards, um Império é uma nação em excesso, uma nação que foi demasiado longe, que se apossou de demasiados territórios, demasiado longínquos, para os controlar com eficácia. Daí as dificuldades em exercer o domínio à distância. Foi preciso esperar pelo último quartel do século XIX, também no caso português, e por grande pressão internacional, para haver a ocupação formal de territórios remotos, por via da presença militar, religiosa, administrativa e civil. Mas havia que divulgar junto da opinião pública não só o que se fazia como o que passava a existir, apareceram relatórios, estudos, mapas, desenhos, fotografias, apareciam em jornais e revistas, era preciso gerar familiaridade na metrópole, fazer chamariz para imigrantes e negócios, atrair investigações, abriam-se as portas ao exotismo, havia geografia, botânica, zoologia, climatologia e etnografia à espera dos interessados. O que a autora visa neste seu livro é apontar para a natureza impressa e documental, mostrar como estas regiões africanas foram tomando forma na cabeça de muitos portugueses.

O leitor perguntará, então, qual o papel da imprensa periódica. Ao germinar a ideia do Terceiro Império, registou-se em todo o país um crescimento de publicações, a generalidade da vida efémera, mas desse surto resultou, como observa a autora, não só um fluxo de notícias mais abundante e variado, como também um mercado editorial mais dinâmico e mais competitivo. A revista "O Ocidente" foi um veículo da maior importância, mostrando o nascimento e desenvolvimento de povoações, as pontes, as expedições. Era o tempo da corrida a África, notabilizaram-se Serpa Pinto, Capelo e Ivens.

Em 1881, surgiram relatos das expedições: "Como Eu Atravessei Áfric", por Serpa Pinto e "De Benguela às Terras de Iaca", por Capelo e Ivens, relato da primeira expedição, segue-se a segunda de que resultou "De Angola à Contracosta", 1886, entre estas expedições realizaram-se outras, por exemplo Henrique Dias de Carvalho chega ao império Lunda. Importa não esquecer que Luciano Cordeiro era um dos colaboradores da revista "O Ocidente", daí as facilidades que a revista teve em acompanhar a expedição de Capelo, Ivens e Serpa Pinto, chegando a revelar algumas imagens inéditas dos exploradores em África e de alguns pontos do trajeto da viagem, quando esta ainda decorria.

Vamos ter a iconografia das exposições, tanto Serpa Pinto como Capelo e Ivens serão incensados em conferências e sessões de homenagem, aplaudidos nas ruas, os seus documentos, desenhos e estratos de diário mostrados com enorme devoção e admiração. A autora destaca todas essas imagens, irão mostrar elementos da população, cenas do quotidiano, caminhadas pela floresta, as equipas dos exploradores, os jornais e revistas destacarão com manchetes as ameaças que impendem sobre os nossos interesses em África, é o caso do Tratado de Lourenço Marques (1879), o Tratado do Congo (1884), a Conferência de Berlim (1884-85) ou ainda o Ultimato Britânico (1890).

Mostrar-se-ão imagens de gente famélica ou brutalizada pelos britânicos, não havia ilusões que a Grã-Bretanha, que já havia consolidado a sua posição colonial na Ásia, e que permanecia indiferente ao que restava do nosso império português no Oriente, lançava um olhar cobiçoso na África austral, havia colónias inglesas no Cabo e em Natal, foram-nos afastando do Transval, e quiseram ocupar Lourenço Marques. O ultimato provocou furor, os partidos do rotativismo sofriam com os desenhos cáusticos de Rafael Bordalo Pinheiro, e como uma forma para superar esta tremenda humilhação procurou-se um novo folgo imperialista, será Mouzinho de Albuquerque o grande protagonista da operação militar em Moçambique prendendo Gungunhana que virá a ser exibido em Lisboa e levado para os Açores, os Vátuas tinham sido subjugados. Como observa a autora, a imprensa, com destaque para O Ocidente, publicava imagens alusivas à guerra na África Oriental, falavam das operações militares, eram mostrados os retratos dos vencedores e do vencido e depois o cortejo dos deportados.

E a autora fala-nos igualmente da ocupação imagética: “No último quartel do século XIX, as viagens de exploração portuguesas ao interior do continente africano foram o motor de arranque para uma produção e disseminação mais profusa e regular de imagens alusivas aos territórios onde Portugal exercia, ou pretendia exercer, direitos de influência e de soberania.” Chegam a Portugal, nomeadamente às redações dos periódicos ilustrados, desenhos e clichés fotográficos de África, enviados por artistas e fotógrafos profissionais, mas também por particulares. Há acontecimentos políticos que merecerão imenso relevo, será o caso de visita do príncipe Luís Filipe, então com vinte anos, na visita que fez a São Tomé, Luanda, Lourenço Marques, passou pela Beira, ilha de Moçambique, regressou à Angola, parando em Moçâmedes e Benguela, e depois São Vicente, tudo documentado, os desembarques, as decorações, as receções, o património edificado.

Outra vertente desta atração por África era mostrar-se o chamado pitoresco e o exotismo, como diz a autora: “É a ideia de uma África romântica e aprazível, de um território repleto de potencialidades económicas ainda pouco exploradas, enfim, de uma paisagem virginal, que se mostra disponível à intervenção alheia, que surge transmitida através destas várias imagens (fauna, palmares, rios, culturas)”, vamos ver as grandes fazendas agrícolas humanas, o projeto de construção da linha ferroviária de Benguela, fortalezas.

Importa relevar que a invenção da fotografia vai assumir em todos este processo a construção de uma visualidade ligada ao Império uma importância decisiva. Até então, a generalidade dos periódicos ilustrados socorria-se da técnica da gravura para produzir as imagens fotográficas que chegavam às redações, com a fotografia esta substitui a gravura na imprensa escrita, a técnica da gravura em madeira bem como o desenho livre vão sendo substituídos, sem nunca serem eliminados por completo. Vale a pena continuar a falar desta ocupação imagética em jornais e revistas no nosso império de papel.

Exposição do Mundo Português, indígena Bijagó
Plano geral da Exposição do Mundo Português, 1940
Exposição do Mundo Português, outra vista panorâmica
(continua)
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Nota do editor

Último post da série de10 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27304: Notas de leitura (1849): "Ecos Coloniais", coordenação de Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo e Paulo Peixoto; edição Tinta-da-China 2022 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P27313: Diálogos com a IA (inteligência Artificial) (6): O que se sabe sobre o ataque do PAIGC a Contabane, na noite de 22 de junho de 1968 ? É o que vem no blogue, já que no livro da CECA (6.º Volume: Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II, Guiné, Livro II, 1º ed., Lisboa, 2015, 607 pp.) não há uma linha sequer.



Guião da CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70), "Por picadas nunca estradas, por estradas nunca picadas".

Foto (e legenda): © Manuel Traquina (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Bafatá > Carta de Contabane  (1959) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Contabane, Saltinho, Rio Corubal e Quirafo. (Nesta altura não havia Sinchã Sambel, a um escasso quilómetro do Saltinho, na margem direita do rio Corubal). A tabanca e o destacamento de Contabande ficava a seis quilómetros, em linha reta, do Saltinho.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


1. Contabane  tem cerca de 40 referências no nosso blogue. 

Para os fulas do Forreá foi um duro golpe o ataque e a destruição da tabanca na noite de 22 de junho de 1968 (*).  Apesar da lealdade a Portugal do régulo de Contabane, Sambel Baldé, o ataque deve ter minado a confiança da população da zona. Um regulado que, de  resto, já era um deserto, com as tabancas abandonadas.

A tropa (CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72) ) e os antigos habitantes irão construir mais tarde uma nova tabanca, Sinchã Sambel, mesmo junto ao quartel do Saltinho.  Já sob o "consulado" do novo governador e comandante-chefe, brigadeiro António Spínola (que tinha acabado de chegar à Guiné um mês antes do ataque ), o "destacamento de Contabane" será abandonado, tal como outras posições a sul, e nomeadamente a sul do rio Corubal e junto à fronteira com a Guiné-Conacri. Cite-se:

  • Beli, 
  • Madina do Boé,
  • Ché Che,
  • Contabane,
  • Colibuia,
  • Cumbijã,
  • Ponte Baiana,
  • Gandembel,
  • Mejo, 
  • Sangonhá,
  • Cacoca, 
  • Cachil,
  • Ganjola

2. Perguntámos, por mera curiosidade, à assistente de IA / ChatGPT, o que aconteceu a Contabane. Sem surpresas, a resposta baseia-se na única fonte que ela encontra acessível,  na Net, o nosso blogue (a que ela chama Blogue Fora Nada E Vaotres):

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

Sem falsa modéstia, o nosso blogue tem dado visibilidade a "acontecimentos de guerra" que no livros da CECA, por uma razão ou outra (a começar por lacunas de informação), passaram despercebidos, para não dizer ignorados, incluindo alguns reveses das NT (**)... 

A Grande História também se faz com pequenas histórias, como são as nossas. De qualquer modo, é de destacar a grande coragem com que Contabane foi defendida pelas NT (CCAÇ 2382, comandada pelo cap mil inf Carlos Nery, felizmente ainda vivo e membro da nossa Tabanca Grande) e a população local em autodefesa. O que não impediu que Contabane fosse riscada do mapa.

Três camaradas nossos da CCAÇ 2382 (um furriel miliciano, um 1º cabo e um soldado) foram posteriormente condecorados com a  Cruz de Guerra de 4ª Classe, por feitos em grande parte relacionados com a defesa de Contabane na noite de 22 de junho de 1968. Iremos transcrevê-los em próximo poste.

P - O que aconteceu em Contabane, entre o Saltinho e Quebo (Aldeia Formosa, na antiga Guiné Portuguesa), na noite de 22 de junho de 1968, no âmbito da Guerra Colonial?
 
R-  "Aqui está o que se sabe sobre o ataque a Contabane na noite de 22 de junho de 1968, no contexto da Guerra Colonial na Guiné Portuguesa, entre Saltinho e Quebo (Aldeia Formosa). Há algumas versões e relatos de ex-combatentes, e como sempre, nas guerras, há discrepâncias, mas vou compilar os elementos mais credíveis.

(i) Contexto

Localização: Contabane era uma tabanca (aldeia rural/pequena povoação) situada entre Saltinho e Quebo, no sul da Guiné Portuguesa, no Sector de Tombali / Quebo (antiga Aldeia Formosa). Blogue Fora Nada E Vaotres

As forças portuguesas mantinham ali um destacamento da CCAÇ 2382 ( Companhia de Caçadores nº 2382) com pelotões espalhados, bem como instalações menores, abrigos, valas de proteção e arame farpado à volta da tabanca. Blogue Fora Nada E Vaotres

Do lado do PAIGC, a guerrilha já atuava naquela região, interferindo com rotas de infiltração e de apoio, sobretudo junto à fronteira com a Guiné-Conakry. Contabane funcionava como “tampão” ou ponto de presença militar português, relativamente vulnerável. Blogue Fora Nada E Vaotres

(2) O que aconteceu na noite de 22 de junho de 1968

Segundo relatos de antigos militares portugueses, em particular da CCAÇ 2382, de ex-milícias/indivíduos da tabanca, e de blogs/documentos coletados posteriormente:

Ataque do PAIGC:

O PAIGC organizou um ataque contra as posições em Contabane. O ataque durou cerca de três horas. Blogue Fora Nada E Vaotres

Foi uma operação relativamente bem preparada. Blogue Fora Nada E Vaotres

Destruição da tabanca e retirada das tropas portuguesas:

As forças portuguesas presentes: pelotões da CCAÇ 2382, aquartelados em moradas da tabanca cedidas pelo régulo local, além de algumas valas e abrigos defensivos e arame farpado para proteção. Blogue Fora Nada E Vaotres


Durante o ataque, a tabanca foi incendiada e destruída. Blogue Fora Nada E Vaotres

O destacamento português foi obrigado a retirar, levando apenas a roupa que tinha no corpo. Tudo o resto foi perdido ou destruído. Blogue Fora Nada E Vaotres


A população local também abandonou a tabanca, refugiando-se em Quebo. Blogue Fora Nada E Vaotres

(iii) Consequências imediatas:

Contabane foi por algum tempo abandonada tanto pelas tropas portuguesas como pelos civis. Blogue Fora Nada E Vaotres

A destruição foi tão grande que se conta que o pelotão lá estacionado regressou a Aldeia Formosa (Quebo) com apenas a roupa do corpo. Blogue Fora Nada E Vaotres

A partir desse momento, foi feito um “reordenamento” da presença portuguesa naquela zona. A antiga tabanca de Contabane passaria a designar-se Sinchã Sambel (ou Sintcha/Sinchã Sambel) posteriormente. Blogue Fora Nada E Vaotres

(iv) Significado / Interpretação

O ataque mostra a capacidade do PAIGC de realizar operações coordenadas contra posições portuguesas relativamente bem defendidas (valas, abrigos, arame farpado) mesmo em zonas rurais pouco acessíveis.

Também reflete a vulnerabilidade de pequenas guarnições isoladas, especialmente quando a população local não está ou não pode ser mobilizada de forma defensiva.

Para Portugal, foi um golpe simbólico: a perda material, mas também o impacto psicológico,  a sensação de insegurança e de fraqueza no controlo da região.

Para as populações civis, foi desastroso: destruição de casas, deslocações forçadas, perda de bens, insegurança.

(...) Não encontrei até agora fontes primárias oficiais portuguesas ou do PAIGC que descrevam em detalhe com documentos militares (relatórios operacionais, atas oficiais, etc.) o ataque a Contabane em 22 de junho de 1968,  pelo menos nos arquivos acessíveis publicamente. O que existe são principalmente relatos de veteranos, depoimentos pessoais, e registos em publicações de memória/recensão da Guerra Colonial, que ajudam bastante a reconstruir o que aconteceu. Aqui vai um resumo do que achei, com grau de credibilidade estimado, seguidos de lacunas que persistem.

O que as fontes primárias / de testemunhas dizem:

Estas são as principais fontes disponíveis que contêm descrição do ataque:

“História da Unidade — CCAÇ 2382 (1968-70)”:  trata-se de documento interno da própria companhia portuguesa, referenciado em narrativas do blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”.Blogue Fora Nada E Vaotres

O documento fornece dados como a localização dos pelotões (alguns em Mampatá, outros em Contabane), as defesas existentes (valas, abrigos, arame farpado), o comando local (o régulo Sambel) e a mulher grande do régulo. Blogue Fora Nada E Vaotres

Depoimentos de ex-militares portugueses: Manuel Traquina, Carlos Nery, Hermínio Marques

Manuel Traquina, que esteve na CCAÇ 2382, escreveu no seu livro "Os Tempos de Guerra: de Abrantes à Guiné" sobre este ataque, afirmando que Contabane foi “reduzida a cinzas”. Blogue Fora Nada E Vaotres

Carlos Nery também narra “Noite longa em Contabane”, relatando o ataque prolongado, o impacto sobre os militares, abandono da tabanca, perda de bens.Blogue Fora Nada  E Vaotres

Blogues / memórias locais

O blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné” reúne vários relatos, sobretudo os acima referidos, com descrições bastante coerentes entre si.Blogue Fora Nada E Vaotres

Também há relatos orais de moradores ou milícias locais, que mencionam que “aceitar armas aos portugueses” por parte de alguns fulas contribuiu para que fossem identificados como aliados (ou pelo menos simpatizantes) do lado português, o que levou o PAIGC a atacar. .Blogue Fora Nada E Vaotres

O que se consegue verificar com razoável confiança

Com base nesses relatos, estes são os pontos que têm suporte razoável:

  • Contabane tinha guarnições portuguesas (CCAÇ 2382) que tinham sido espalhadas entre Contabane e Mampatá. O comando da companhia instalou-se em Contabane pouco antes do ataque.Blogue Fora Nada E Vaotres
  • Havia defesas improvisadas: valas, abrigos, arame farpado, etc., e uso de moradias civis cedidas pelo régulo local para alojamento.Blogue Fora Nada E Vaotres
  • O ataque resultou em grande destruição: habitações incendiadas, instalações destruídas, abandono pela tropa portuguesa e pelos habitantes civis. A guarnição portuguesa teve de retirar praticamente sem bens, levando apenas roupas que traziam.Blogue Fora Nada E Vaotres
  • A tabanca foi abandonada, e posteriormente houve reordenamento/população concentrada em outro local (Sinchã Sambel, junto ao Saltinho) para alojar as famílias da antiga Contabane.Blogue Fora Nada E Vaotres

Lacunas / o que não se encontrou

Aqui as partes menos claras, que as fontes de memória não confirmam:

  • Não se encontrou (ainda) transcrição de relatório operacional oficial português ou correspondência militar setorial com carimbo de guerra (por ex., documentos do Estado-Maior, Arquivo Militar) que possa confirmar quantitativamente os danos, número de mortos ou feridos, munições utilizadas, ou perdas do lado do PAIGC.
  • Também não há confirmação formal de quais foram exatamente as motivações estratégicas apontadas em documentos oficiais portugueses (por exemplo, se a guarnição de Contabane estava isolada ou se houve falha de reforço, etc.).
  • Algumas datas ou detalhes variam nos relatos de depoentes (por ex., localização precisa dos pelotões, quantos homens, se houve civis mortos, quantos, etc.).
  • Versões do lado do PAIGC não foram encontradas até agora em arquivo acessível, pelo menos nada que contradiga fortemente os relatos portugueses, mas também que poderia oferecer outro ponto de vista (por ex., relatos de propaganda, radio-instruções, etc.)." (***)

(Pesquisa, revisão / fixação de texto, itálicos, negritos, título: LG)
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Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 9 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27300: Casos: a verdade sobre... (58): O inferno de Contabane, na noite de 22 de junho de 1968... Não consta do livro da CECA sobre a actividade operacional no ano de 1968... Felizmente temos a versão do Manuel Traquina e Carlos Nery, da CCAÇ 2382

(**) Vd. por exemplo: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro II; 1.ª Edição; Lisboa (2015), 607 pp.

(***) Último poste da série > 2 de setembro de 2025> Guiné 61/74 - P27176: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (5): Onde ficava Ganguirô ?... O delírio da IA que, quando não sabe, inventa...

Guiné 61/74 - P27312: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXIX: Mansoa

 


Foto nº 1 > Edifício dos CTT




Foto nº 2, 2A e 2B > "Cemitério das Daimlers"


Foto njº 3 > Chegada do mato (1()


Foto nº 4  > Chegada do mato (2) (Presume-se que sejam militares  da CCAÇ 15, constituída em 29/1/1970, e no essencial por soldados balantas do recrutamento local)



Foto nº 5 e 5 > A  carpintaria


Foto nº 6 > A capelania


Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) 

Fotos do álbum do Padre José Torres Neves, antigo capelão militar.

Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Alf capelão graduad
o José Torres Neves,
BCAÇ 2885 (Mansoa, 
1969/71), 
natural de Penamacor;
missionário da 
Consolata, reformado



1. Mais um conjunto de fotos do padre Zé Neves sobre Mansoa,  enviadas  no passado dia 2 de agosto pelo nosso camarada e amigo Ernestino Caniço;

(i) ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, fev 1970/fev 1971, hoje médico, a residir em Tomar; o Ernestino Caniço fez amizade com o Zé Neves, e este confiou-lhe o seu álbum fotográfico da Guiné, que temos vindo a publicar desde março de 2022; são cerca de duas centenas de imagens, provenientes dos seus diapositivos, digitalizados; uma coleção única, preciosa;

(ii) o Ernestino Caniço tem sido o zeloso e diligente guardião do álbum fotográfico da Guiné, deste padre missionário da Consolata, José Torres Neves, natural de Meimoa, Penamacor, merecendo os dois os nossos melhores elogios e saudações.

(iii) o Padre Neves, nosso grão-tabanqueiro, reformou-se recentemente de uma vida inteira, generosa,  abnegada, dedicada às missões católicas, nomeadamente em África; tem já cerca de 4 dezenas de referências no nosso blogue.

As fotos trazem legendas muito sucintas, sem data.
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Nota do editor LG: