segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Guiné 63/74 - P177: Bambadinca e o Geba Estreito: fotos do Luís Moreira

© Luís Moreira (2005).

O Geba Estreito, junto a Bambadinca.

Foto de 1970, gentilmente cedida pelo Luís Moreira, ex-Alf. Mil. Sapador da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Há dias o Luís Moreira mandou-nos "um album digital com algumas fotos que consegui recuperar do meu baú".
E acrescentava:

"Sei que são de 1970 e de Bambadinca ou arredores mas, tirando a minha pessoa, não consigo identificar os outros fotografados. Fraca memória (...). A maioria das outras que tenho estão em slide. Pode ser que algum fotógrafo as possa imprimir em papel".

Noutra mensagem posterior disse-me:

"Luís, podes fazer o que entenderes com as fotos. Quanto às notas também pensei nisso, mas nem dos nomes do pessoal me lembrava e quanto aos locais também não me lembro dos nomes.

© Luís Moreira (2005).

Arredores de Bamdabinca, tabanca do lado sul, na estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole.

Era aqui que se situava a famosa "missão do sono" (um antigo serviço de saúde, na área do combate e prevenção do doença do sono) (1) e onde todos os os grupos de combate da CCAÇ 12 montavam segurança próxima, de noite, para que os senhores de Bambadinca pudessem dormir descansados... (L.G.)

"Penso que numa das fotos está a tabanca que ficava à saída de Bambadinca quando se ia para o Xitole; noutra penso que é um braço do Geba um pouco acima do cais (onde estão as canoas); e a junto à GMC devem estar as pessoas que referes [pessoal militar da CCS do BART 2917 afecto ao reordenamento de Nhabijões, bem como da CCAÇ 12], mas já não referencio nenhum deles.

"Noutra [foto] estou eu a subir ao depósito de água e ainda aparecem as do cais com o processo muito próprio de carregamento do gado. A que está a cores deve referir-se a algum acontecimento local de que não me recordo. Naquela em que estou ao pilão, reconheço o alferes de transmissões do meu batalhão, mas por mais voltas que dê à cabeça não me lembro do nome dele. Como vês a minha memória está péssima".

© Luís Moreira (2005). População local à frente ao posto administrativo de Bambadinca, que ficava dentro do perímetro do aquartelamento, sede do BART 2917 (1970/72).

Presumo que esta foto seja de finais de 1970 e que a população aqui representada, com ar festivo, seja do reordenamento de Nhabijões e, portanto, balanta. Pelo traje, não era população islamizada (mandinga ou fula). Repare-se que não há homens : o único que se vê deveria ser algum funcionário do posto. O chefe de posto de Bambadinca era cabo-verdiano. Nunca o vi (L.G.).

Quanto à história da mina (de que o Luís Moreira foi vítima, no dia 13 de Janeiro de 1970, à saída do reordenamento de Nhabijões), "depois conto um episódio que se passou na messe de oficiais de Bissau já depois de eu ter passado aos serviços auxiliares, cujo interveniente principal foi o major Barros e Bastos e que se refere exactamente ao rebentamento da tua mina" (outra mina a/c que rebentou duas horas depois, no mesmo local, e em que a vítima, desta vez, fui e o meu grupo de combate)...
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Nota de L.G.

(1) Em 1932, foi enviada à Guiné uma Missão para o estudo e combate à doença do sono, conforme se pode ler na resenha histórica da Escola de Medicina Tropical (criada em 1902), hoje Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa. Não sei se a antiga "missão do sono" em Bambadinca estava relacionada com este projecto de 1932 ou com as estruturas que as autoridades sanitárias coloniais criaram posteriormente no âmbito da luta contra a doença do sono. Possivelmente era um simples posto médico desactivado, ligado a este programa de saúde. O edifício estava completamente vazio e degradado, agora transformado em caserna. A saúde pública colonial deve ter entrado em colapso com o início da guerra, em 1963. O único pessoal de saúde que dava (algum) apoio ás populações locais eram os nossos enfermeiros e médicos militares. E a propósito, o que será feito do nosso muito querido amigo e camarada, o ex-furriel Mil. Enf. João Carreiro Martins, mais conhecido, a nível de caserna, como o "bolha de água" ? Vimn a encontrá-lo na década de 1990: era enfermeiro-chefe no Hospital Curry Cabral, chegou a ser meu aluno (num curso de pós-graduação em administração de serviços de enfermagem) e há tempos disseram-me que já estava reformado.

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