Guiné > Bissau > s/d > Sem legenda > Baixa de Bissau à noite. Bilhete Postal. Edição Comer. Trav Alecrim, Lisboa. [Que saudades, dirão alguns dos mais antigos habitantes da cidade de Bissau, ao rever esta imagem do tempo em que a capital tinha iluminação pública...]
[Não sei de quem é o autor deste monumento nem o ano exacto da sua concepção e construção. A estética é claramente estado-novista típica dos anos 40/princípios de 50... Fazia parte dos projetos de "monumentalização" da cidade, anunciados em 1945 pelo governador Sarmento Rodrigues...
O monumento, parcialmente destruído (ou vandalizado) depois da independência (ao que me disseram), tem várias leituras: para uns pode ser uma obra-prima, para outros um mamarracho... Eu, que sou contra o camartelo dos iconoclastas (de todos os iconoclastas, a começar pelo camartelo camarário), tenho pena que o monumento não tenha sido poupado, como de resto parte da estatuária do 'colonialismo'...
Para os camaradas que fizeram a guerra colonial, como eu, e que conheceram este monumento, devo dizer o seguinte: toda a arte (e é difícil fazer a distinção entre arte e propaganda...) traz a marca do seu tempo e fala do seu tempo... Seria fácil, há trinta e cinco atrás, do alto da nossa arrogância juvenil, apodar o monumento de 'colonial-fascista'... Mas já nos tempos que por lá passei, em Bissau, em 1969/71, o termo raça me fazia urticária... Qualquer que fosse a raça em causa...
Para os camaradas que fizeram a guerra colonial, como eu, e que conheceram este monumento, devo dizer o seguinte: toda a arte (e é difícil fazer a distinção entre arte e propaganda...) traz a marca do seu tempo e fala do seu tempo... Seria fácil, há trinta e cinco atrás, do alto da nossa arrogância juvenil, apodar o monumento de 'colonial-fascista'... Mas já nos tempos que por lá passei, em Bissau, em 1969/71, o termo raça me fazia urticária... Qualquer que fosse a raça em causa...
Hoje é sabido, de resto, que não existem raças humanas... Pertencemos todos à mesma espécie, Homo sapiens sapiens... É uma constatação científica, não é uma asserção do politicamente correcto... Dito isto, tenha pena que os guineenses tenham destruído (?) o 'Monumento ao Esforço da Raça' [, Portuguesa, claro]... fazia parte do seu património histórico, da mesma maneira que os marcos milíários que pontuavam as vias romanas ligando a Lusitânia ao resto do Império Romano, fazem parte do nosso património histórico, ou os moinhos de vento que herdámos da permanência de muitos séculos da civilização árabe]... (LG)
Guiné > Bissau > s/d > "Fulas batendo pano (Bissau)". Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 114". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).
Colecção de postais ilustrados: Agostinho Gaspar (a quem devolvi, ontem, emMonte Real, no decurso no nosso V Encontro Nacional, o precioso álbum fotográfico que ele confiu há três meses... Selecção dos postais, digitalização, edição de imagem, legendas, texto de ligação, título do poste e links: L.G.
1. Continuação da publicação de uma selecção de postais ilustrados da Guiné (*), da colecção do nosso camarada Agostinho Gaspar (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria.
Já pedi ao António Estácio (que nasceu em Bissau, de pais transmontanos) e a outros amigos e camaradas nossos que conheceram bem a Bissau do nosso tempo (como o Mário Dias) para completarem, reverem ou melhorarem as legendas, identificando monumentos, ruas, lugares ou contando pequenas histórias associadas a Bissau...
Voltamos, por outro lado, a repetir o pedido: alguém tem um mapa da cidade de Bissau anterior à Independência ? Se sim, agradecíamos que nos mandasse uma cópia digitalizada... Começo a ter dúvidas sobre a existência de mapas da cidade colonial, capital desde 1943 da antiga província portuguesa da Guiné... Até à data, o meu apelo não obteve qualquer resposta...
A pensar sobretudo na geração guineense pós-independência mas também nos nossos camaradas que querem voltar a Bissau, em "turismo de saudade", seria interessante fazer a equivalência das toponímicas, a de Bissau colonial de ontem, e da capital da Guiné-Bissau de hoje.
Volto a repetir o pedido: haverá alguém, de entre os nossos leitores, que queira e possa abalançar-se a esse tarefa (em princípio fácil, desde que se tenha conhecido a cidade, antes e depois da independência) ? Se sim, será bem vindo... Contacte-me, por favor. (LG)
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Notas de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores da série:
4 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5928: Memória dos lugares (73): Bissau, cidadezinha colonial (Parte I) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
11 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6369: Memória dos lugares (74): Bissau, cidadezinha colonial (Parte II) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
22 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6625: Memória dos lugares (78): Bissau, cidadezinha colonial (Parte III) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
23 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6632: Memória dos lugares (79): Bissau, cidadezinha colonial (Parte IV) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
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Notas de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores da série:
4 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5928: Memória dos lugares (73): Bissau, cidadezinha colonial (Parte I) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
11 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6369: Memória dos lugares (74): Bissau, cidadezinha colonial (Parte II) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
22 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6625: Memória dos lugares (78): Bissau, cidadezinha colonial (Parte III) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
23 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6632: Memória dos lugares (79): Bissau, cidadezinha colonial (Parte IV) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
2 comentários:
O monumento ao esforço da raça não foi destruído. Ou, se foi, terá sido posteriormente reconstruído, pois encontra-se actualmente em Bissau, exactamente no mesmo sítio (antiga praça do Império, actual praça dos Heróis Nacionais). Apresenta apenas algumas diferenças, esteticamente pouco relevantes, politicamente bastante importantes: foi acrescentada uma estrela no topo e a inscrição na base retirada.
Convenhamos que o significado inicial da estátua e o próprio termo "raça", como aliás, foi referido no post, seria deveras incómodo para uma nação em construção, caso de Bissau pós 74. Parece-me que a dignidade de um povo se deve sobrepor à preservação de algum património histórico (e friso bem o "algum"). Passe a comparação, não cabia na cabeça de ninguém manter a estatuária nazi na Alemanha do pós-guerra.
Aqui, uma vista parcial do actual monumento: http://farm5.static.flickr.com/4065/4209062466_99b659c7db.jpg
Prezado, obrigado pela breve descrição do monumento. Escrevo de além-mar, na cidade de Pelotas, Sul do Brasil. A estátua chamou-me a atenção pelo desenho: em um primeiro momento, lembrando o art-déco, mas ao observá-la pelo lado oposto, aparenta uma arte bem eclética.
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