Estando eu a fazer uma necessidade fisiológica (que ninguém fazia por mim) em frente ao espaldão do canhão s/r, [, em Gadamael,] ouvi uma voz de "gago":
- Ooooo meeee, alll nãnnn saaabbe leeer.
Respondi-lhe com maus modos porque estava com cólicas devido à diarreia, e ao olhar de soslaio vi um cartaz de papelão que dizia:
- É PROIBIDO CAGAR EM FRENTE AO CANHÃO.
Para que conste não fui multado, mas não repeti a cena porque aqueles desgraçados não tinham a obrigação de cheirar os odores das minhas tripas durante dias inteiros.
O gadamaelista
C. Martins (**)
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Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 19 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7306: Estórias avulsas (101): O dia em que o canhão sem recuo me mandou para o hospital militar de Bissau (José Gonçalves)
3 comentários:
Caro Luis Graça
Não pretendo fazer parte da tabanca por motivos pessoais e profissionais, mas posso enviar-te a descrição de algumas peripécias nomeadamente para a secção de "humor de caserna" e publicá-las se quiseres.
Aqui vai mais uma.
Um dia à noite chega à "pseudo-messe" um sentinela muito transtornado a dizer que estavam a roubar os "sintexes" no cais.Espanto geral.Eu pensei "este já está completamente apanhado".Mas pelo sim pelo não resolveu-se ir indagar.Pessoalmente fiquei indignado pela desfaçatez do in e também ficava sem transporte par ir comer cocos a Cacine.Expectativa geral, tomam-se todas as medidas de segurança para a grande operação e perante o espanto geral ofereci-me(moi-même)para ir ver o que se passava.Aí vou eu em direcção ao cais ao estilo "rambo" progressão em "zig-zag" deita rebola levanta etc e tal.Quando cheguei começei a tentar visualizar com "olhar de lince" o que me rodeava.Não vi nada de anormal, e quando já tinha quase os neurónios queimados de tanto pensar,"eureka" estava luar e a água ligeiramente agitada o que levava os sintexes a subir e a descer.ERA APENAS O REFLEXO DA LUA NOS CROMADOS DOS MOTORES DOS SINTEXES.O único louvor que recebi foi a "gozação geral". Uma injustiça
o "gadamaelista"
c. martins
Uma pequena correcção à intervençaõ do José Gonçalves (Gadamael Porto 1974). O alferes que ficou ferido nos olhos não foi o Lobo. Foi o Milheirão. Quanto ao disparo do tal canhão sem recuo, é tal e qual como ele conta. Só falta o pormenor da conversa que antecedeu o disparo e que foi mais ou menos assim: "isto (janela de ejecção?) abre-se assim (e abriu), a granada mete-se aqui (e meteu), e para disparar carrega-se aqui (e carregou). De lembrar que esta arma era manuseada por diversos soldados, sendo que o que deu ao gatilho não sabia que a arma estava efectivamente carregada.
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