República Popular da China > Agosto de 2009 > O António Graça de Abreu com a esposa, Hai Yan (aqui ao seu lado direito) e com uns primos da província de Huan... Na segunda fila, de pé, à esquerda, um jovem casal com um filho pequeno, que são seus cunhados; à direita, os dois filhos do nosso camarigo António e da Hai Yan, Pedro e João. Sei que um deles também é fã da música, como meu João... Para esta bela família luso-portuguesa que o 2011 seja um bom Ano do Coelho (LG).
Foto: © António Graça de Abreu (2010). Direitos reservados
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O António Graça de Abreu teve o gesto, de grande camarigagem (e de cumplicidade, própria de dois homens que, além de camarigos, são de letras...) de mandar, pelo correio, o seu último livro de poesia, com uma bela dedicatória e uma chamada de atenção para a página 15... Título: "A cor das cerejeiras"; ano 2010; editora: Vega, Lisboa; 142 pp.
É o seu sexto livro de poesia depois de China de Jade (1997); China de Seda (2001); Terra de Musgo e Alegria (2005); China de Lótus (2006); e Cálice de Neblinas e Silêncios (2008)... Sem, contar quatro ensaios de história, e cinco traduções de poetas clássicos chineses, o último dos quais os Poemas de Han Shan (Macau, 2009).
É um homem do mundo mas que vive hoje no triângulo, física, linguística, simbólica, cultural e espiritualmente falando, Portugal- Macau - China. Este último livro é um verdadeiro roteiro de viagens, escritos com pequenas notas poéticas, segundo o mundo japonês do haiku (versos curtos em geral de três linhas, e 17 sílabas)... É uma viagem pelos mais diversos mundos exteriores e interiores: Japónica, Sínica, Tibetana, Lusitana, Ch'an, zen, Femina, Mozartiana, Ronda Toscana, Turcomanos, Transjordânia, In Vino, Naturaleza, etc. Tem um prefácio, mais erudito, sobre o haiku (pp. 7-22). Cita dois provérbios que eu tenho recolhido em textos meus que andam por aí na minha página pessoal, Saúde e Trabalho...
Independentemente de uma leitura mais atenta e crítica, que a minha ciática (e o solstício do inverno...) não me não aconselham de momento, devo dizer, desde já, que gosto de muitos dos haikus que ele dedicou à nossa Lusitânia, e onde referenciei alguns dos meus lugares preferidos como a praia do Paimogo, na Lourinhã,... Mas antes de repoduzir aqui algumas páginas, digitalizadas à pressa, em Lisboa, já meio adoentado, deixam-me transcrever um dos momentos sublimes do livro que é quando o poeta, depois de atravessar meio mundo, vai conhecer a bisavó dos seus filhos, já cega, e já quase centenária:
(...)
Após o cintilar das montanhas,
do amarelo dos rios,
do branco-azul do céu,
do ondular das searas em Anhui,
venho encontrar a velha senhora Dong,
bisavó dos meus filhos,
na grande cidade,
no simples lar da família, em Hefei,
Cega, ouve atentamente o meu entaramelado falar.
Depois, com as mãos nodosas,
gastas por quase nove décadas de labor e luta,
rodeia a minha cabeça,
os dedos percorrem o meu estranho rosto,
palpam-me a testa, os olhos,
nariz, as maçãs do rosto,
os lábios, o queixo.
Uma pausa para meditar,
um levíssimo sorriso
e por fim diz,
para tranquilidade de todos
"hao ren", boa pessoa (...)(p.43)
Da Lusitana (sic) (pp. 55-62), temos mesmo que reproduzir aqui, com a dupla vénia ao autor e ao editor, as páginas inteirinhas (pp. 55-629...
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Nota de L.G.:
Primeiro poste desta série >21 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7483: Portugalidade(s) (1): A recepção dos goeses ao Navio Escola Sagres
22 comentários:
Olá!
Ele, afinal, tem geito para a poesia. Já sabíamos. Talvez não se expresse tão bem em prosa, mas faz-se compreender, mesmo quando se mostra surpreso e indignado sobre a coerência e a incoerência, ainda que a musicalidade se perca, pois há por aí escreventes de outra verve, com outras sensibilidades e capacidades narrativas, de cheiros, de cores, de sentimentos e géneros humanos, aos quais, o poeta traquinas, vai manifestando alguma indulgência, como que se juntando a eles por não os poder combater. Mas... há sempre um mas, em relação ao Tangomau perde as estribeiras, acusa-o de produzir textos em série pelo único gosto de se tornar protagonista, como se desajustado fosse o Tangomau, que relata sobre a Guiné, a antiga, como a actual, e sobre os livros que referem esses períodos, as várias vivências, os projectos, a inspiração das lutas, ensaios e romances, tudo o que no geral é abarcado na temática que nos reúne em torno do luigraçaecamaradasdaguiné, de tal forma, que o Tangomau deve andar preocupadíssimo e mudou de azimute para os trópicos, de onde, para fastio do poeta, acrescenta retratos às crónicas da viagem, lidas e apreciadas pela maioria, enquanto o sínico nos envia poemas sentimentais, qual poeta a pedir uma moedinha. Passado tanto tempo, já nada me irrita, nem a verdade histórica, nem a colagem à trigésima sétima companhia de comandos, nem a questiúncula sobre a vitória, mas tenho o direito de não achar qualquer ligação destas líricas com o objectivo de congregar camaradas de armas, incluindo os do serviço auxiliar.
Amigos como dantes, claro!
JD
António: a páginas 32, perguntas Como é a China ? E dás a resposta... "Não acreditar, antes de ver, / depois de ver, não acreditar"...
Ofereci este teu "haiku", a uma amiga que, tendo perdido um grande amor, anda agora à procura de outro....
A China, e tu que és sínico (mas não cínico), sabe-lo bem: é como um grande amor... A China, Portugal, a Guiné, Angola, etc.
Ainda na véspera de Natal, ouvi coisas "horríveis" de "nova escravatura chinesa" (levas e levas de prisioneiros de "delito comum" que chegariam de barco ou de avião a Angola, e viveriam em autênticos campos de concentração que são os estaleiros de construção civil em Luanda & arredores)...
O meu interlocutor não era uma pessoa qualquer: era um gestor de uma empresa fabril que acabava de chegar de Angola, meu amigo, bom contador de histórias, verbo fácil, sentido de humor, bvom vendedor, mas com tendência para a hipérbole e o uso do megafone quando tem audiência ...
Não acredito, por sistema e formação crítica, nessas "bocas descomunais", nestes títulos de caixa alta nos murais da caserna... Esse é um dos nossos lados "lusitanos", que eu deveras não aprecio... (O "emprenhar pelos ouvidos"...)
Mas também sei que não há fumo sem fogo... Infelizmente, é assim que anda a roda do mundo.. No Norte, há quase 35 anos que passo o Natal e outras festas, sempre numa boa, mas três tabus: na família (extensa), à mesa, não falamos de Religião, de Política e de Futebol... Nada de melhor para a nossa coesão social e saúde mental...
Curiosamente, nunca fui (na devida altura: leia-se, aos 18/20 anos) nem sinófilo nem sinófobo...Muiyo menos maoísta (ou outro "ista" qualquer). Hoje, graças também aos teus livros e escritos, vou ganhando uma sensibibilidade estética e sócio-cultural em relação a esse grande povo e país, sobretudo à sua história e à sua cultura...
Os regimes políticos passam, fica o melhor dos povos, o génio da arte, da poesia, da literatura, da língua... Claro, as pessoas de carne por que quem nos apaixonamos, de que nos tornamos amigos, de quem enxugamos as lágrimas, a quem matamos a sede, ou com que mos emocionamos a ouvir a sua música,. as suas histórias de vida, a sua coragem, o seu sofrimento... Aqui, na China, na Guiné, em Angola...
No nosso caso, fica(m) a(s)portugalidade(s)... Parabéns pelo teu labor intelectual. Trata sempre bem desse triângulo amoroso Portugal- Macau - China, mesmo correndo o risco, aqui e ali, de ser maltratado. Não entres no jogo fácil da polémica pela polémica. Os duelos de morte acabaram e Portugal, em 1910, com a República... Voltaram à Net o sangue e a honra, para desgosto meu e de muitos de nós...
(Continua)
(Continuação)
António:
Se alguém perguntar o que é todo este paleio tem a ver com o "core business" (que palavrão!) do nosso blogue, espero que, tu, António, me ajudes a alinhavar, no melhor português do nosso coro polilusofónico, a resposta que for devida, porque, não sendo EU sínico como tu, estou por estes tempos mais próximos com a musa de sabática... por causa da maldita ciática que não me deixa ter ou produzir pensamentos fundos e profundos (isto é, para lá da pobre canela da perna esquerda)...
Depois do ano chinês do Tigre, quente, apaixonado, fogoso e truculento, em 2010, espero que o de 2011, o do Coelho, seja mais calmo e pacífico, mas propício à leitura e à reflexão à beira dos campos verdes e bucólicos, às libações, às emoções profundas, menos à for da pele... Deixemos. pois, crescer as cerejeiras (cerdeiras, cá no Norte) para daqui a uns meses, em Abril (as "abrileiras", que não são tão boas... porque de são ejaculação precoce...) e sobretudo em Maio e Junho (maduras, sábias, maturadas...), as podermos colher, esssas belas, carnudas, vermelhas, sensuais cerejas que nasceram da branca flor da cerejeira... (As da Gardunha / Fundão são as melhoras do mundo, diz o Torcato que não gosta de cerejas; e que eu corroboro, que que. sim, sehor, são as melhores que já alguma vez comi na vida...; mas também há as de Resende, cá ao pé de mim, e por aí fora, que este país continua a ser um continente por descobrir, uma flor por desabrochar)...
A caminho da guerra dos 7 anos (ou dos 7 anos de guerra), os tabanqueiros desta Tabanca Grande precisam pelo menos algum tempo para descanso, para tratar das feridas e dos calos, para remendar as solas das botas e os fundos dos camuflados... E, claro, retemperar as forças, escrever os aerogramas, actualizar os diários, (a)limpar as armas, brincar as com as bajudas, coisar, mudar o óleo... e por aí fora.
Teu leitor, ternurento, mas sempre crítico, como deve ser o bom leitor...Os outros são os lacaios...Luís
PS - Ah!, adorei também as tuas citações do vinho (p.113.
"A penicilina cura os homens, mas é o vinho que os torna felizes" (Fleming, o gajo que inventou a penicilina e a quem, a ele e o nosso Enfeirmeiro Martins, deveríamos ter erigido uma estátua na Guiné...)
"Boa é a vida, mas melhor é o vinho " (Fernando Pessoa, o mais genial dos poetas alcóolicos anónimos)...
Mas esqueceste-te, meu caro António (ou simplesmente não precisas, com a tua bela chinesa de seda, lótus e jade, mãe dos teus filhos, e paixão da tua vida) deste "haiku" desse poeta maldito que foi o Luís Pacheco:
"Mas ainda melhor que as mulheres,
é o vinho,
porque FAZ esquecer as mulheres"...
... Para a próxima edição acrescenta esta! Aconselha com o teu amigo Li Bai.
Por aquilo que percebi, António Graça de Abreu não enviou "poemas sentimentais" ao blogue. Ofereceu um livro de poesia, de sua autoria, ao seu amigo Luís Graça, como prenda de Natal.
O "editor-em-chefe" do blogue considerou que o devia referenciar em poste, como o faz relativamente a outras questões e situações directamente ligadas com os membros do blogue.
Saudações,
Carlos Cordeiro
Complicado.Muito complicado.E,sem saber bem porquê,algo me faz pensar em Pessoa quando escreve:"Excusez un peu...Que grande constipacäo física!Preciso de verdade e de aspirina". Mas,como também escreve:"Deve haver melhor em mim do que eu", envio aquele sempre quente abraco.
Caro Luís,
Sobre duelos e só para desentorpecer as pernas (coisa, certamente, pouco "católica" para a tua ciática) nota esta prosa do jornal "A Tarde" de 28 de Dezembro de 1925 (ou seja, precisamente há 85 anos - que coincidência dos diabos). Trata-se de uma notícia sobre o resultado funesto de um duelo entre António Centeno e o vereador da Câmara de Lisboa, Beja da Silva, que, durante o duelo, morreu de síncope:
"[Hoje] quando um dos duelistas morre, todos ficam surpreendidos... Um duelo hoje não é um caso de vida ou de morte - é um protesto elegante de um homem ofendido se desafrontar sem graves consequências... Vai-se para um duelo para se evitar esse GESTO INESTÉTICO que é a troca de alguns murros"!!!
(cit. em Mário Matos e Lemos, "O Duelo em Portugal depois da implantação da República", in REVISTA DE HISTÓRIA DAS IDEIAS, 15 (1993), p. 570).
Um abraço e melhoras,
Carlos Cordeiro
Camaradas, sem qualquer falsa modéstia, faltam-me conhecimentos para apreciar jeitos e para analisar profundamente prosas e poesias, venham elas de onde vierem.
Sobra-me no entanto a satisfação e o aprazimento de ver um camarada do Luis Graça e Camaradas da Guiné,hoje no concreto o António Graça de Abreu,fugir à vulgaridade e ver mais uma obra sua nas montras da livraria e eu poder dizer com orgulho a quem comigo estiver: conheço este autor, andou comigo na Guiné e pertence ao meu Blog.
Esta alegria, este prazer, estende-se a tantos outros que já "pariram" obras de igual importância que em muito ultrapassam a nossa Tabanca, constituindo todos eles mais valias que devem ser relevadas,sem qualquer preconceito.
Repito, sobra-me em alegria o que me falta em análise, pelo que recorro ao grande Eugénio de Andrade que cito de cor:
"É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade
alguns lamentos
muitas espadas"
Venham mais obras, cá estarei para as aplaudir.
Um abraço para todos,
Vasco A. R. da Gama
Camarigo António Graça de Abreu
Um grande abraço, porque não tenho arte para te comentar.
Camarigo Luís
Obrigado por nos dares a conhecer esta faceta do António.
Um abraço camarigo para todos
Um Abraço "sínico" Amigo e, quando o Ano Chinês começar tudo de bom para ti e Família.
Mas como 2011, o nosso, é já a 1 de Janeiro UM BOM ANO NOVO,FELIZ e pleno de PAZ.
##Sínico nada tem a ver com cínico.Nada de confusões. Até porque nós, a maioria claro, não entende a cultura Oriental.
AB T
António:
É uma vergonha a transcrição do belíssimo excerto do poema onde se fala da visita à bisavó dos teus filhos... O texto, por culpa minha (não tua) estava todo "gralhado" de alto abaixo. Era uma vergonha: a única desculpa que posso encontrar era o meu estado de saúde e as pressas natalícias... Julgo que editei o poste deitado na cama, como muitos outros nestes dias, em que estive a "curtir" a minha ciátia...
Juro que tinha feito emendas, mas não gosto de jurar... Se foram feitas, perderam-se... Aqui vai então o texto como deve ser (mesmo não tendo o teu livro aqui à mão):
Após o cintilar das montanhas,
do amarelo dos rios,
do branco-azul do céu,
do ondular das searas em Anhui,
venho encontrar a velha senhora Dong,
bisavó dos meus filhos,
na grande cidade,
no simples lar da família, em Hefei,
Cega, ouve atentamenbte o meu entaramelado falar.
Depois, com as mãos nodosas,
gastas por quase nove décadas de labor e luta,
rodeia a minha cabeça,
os dedos percorrem o meu estranho rosto,
palpam-me a testa, os olhos,
nariz, as maçãs do rosto,
os lábios, o queijo.
Uma pausa para meditar,
um levíssimo sorriso
e por fim diz,
para tranquilidade de todos
"hao ren", boa pessoa (...) (p.43)
Achei (e acho) este excerto uma maravilha!... Já o li em voz para a minha filha e para algumas amigas... do Porto (Estranho, não te conhecem na tua terra, António, gente do meio universitário... Nunca ninguém é profeta na sua terra...)
Palavras breves.
Enviei o meu novo livro ao Luís Graça, tal como a mais uma dúzia de amigos.
Não estava à espera desta publicação no blogue, pelo que te agradeço muito, Luís, o texto, a fraternidade, os comentários,o teu interesse inteligente pelo meu trabalho. Somos todos um bocadinho vaidosos e gostamos de nos olhar. Está no tutano do ser humano. Obrigado pela tua amizade e enorme coração.
Os mini-poemas não têm a ver com a Guiné,é verdade, mas têm a ver com
Portugal, a terra de todos nós.
Não levem tudo isto muito a sério.
O último poema deste meu livro, A Cor das Cerejeiras, diz:
Deixo estas pinceladas de mim.
Tudo sem importância.
Esqueçam-me.
Quanto ao Zé Dinis, já lhe desejei uma Páscoa Feliz.
No comentário que me dedicou, duas ressalvas. Cuidado com os erros de português, escreve "geito" em vez de "jeito", etc. E fala na minha "colagem à trigésima sétima companhia de comandos." Ora a 37ª. de Comandos fez a guerra, 72/72, em Angola. Eu nunca estive em Angola. Não vou pedir ao Zé Dinis seriedade e rigor. Cada um dá aquilo que tem.
E nada de duelos. Há mais vida, enriquecedora, fascinante, para além deste fogachal com pólvora seca.
Forte abraço,
António Graça de Abreu
António Graça de Abreu
Depois de teres passado pelo Mundo.
Depois de teres estado no Oriente tantos anos,
Depois de estares por dentro da Cultura Oriental,
Depois...
Respondes assim porquê? Porquê num impulso jogas fora parte de ti?
Cerejeiras só no papel?...árvore que se dobra ao vento forte e acompanha-o...voltando a ser cerejeira...não é António...porque tenho ali o emblema com a flor de cerejeira???
Depois de escreveres o que, aqui acabas de escrever...de tudo o que escreveste?Não António Graça de Abreu é momento que escuso de dizer algo mais......................
Um abraço do Torcato
António;
E já que citaste, e bem, o tão injustamente esquecido Sebastião da Gama (1924-1952), um poeta política e literariamente desalinhado que foi morrendo, aos poucos de tuberculose, frente ao "seu" Portinho da Arrábida, aqui fica o seu poema "Meu desgraçado país", que, confesso, não sei exactamente de que data é, mas é seguramente da fase terminal (*)...
Passei férias no Portinho, nos idos anos de 1962, e o "fantasma" do poeta, que era um homem de fé, vagueava pela serra... Aprendi a lê-lo (e a amá-lo) nessa época... em textos dactilografados que passavam de mão em mão nos acampamentos de verão...
Camarigos: não é preciso ter nenhum "doutoramento" para compreender e a amar a poesia, ou os poetas, ou alguns dos seus poemas... Leiam-na, à poesia, em voz alta, entre quatro paredes, no mar ou na montanha, no metro ou no autocarro, sozinhos ou numa roda de amigos...
PS - Vasco: gostaria de te ouvir declamar este poema, noutra encarnação, entre o Cumbijã e Buarcos... Ou ainda nesta encarnação, em Buarcos...Eu sei, capitão, que nos punhas a chorar mas logo a seguir, enxugada a lágrima, o moral do pessoal, arribavae bebia... um tinto à tua saúde!...(e à nossas mulherees).
Acho que tens jeito (com jota...) para declamar poesia! Nunca experimentaste ?
Curioso: imagino o Sebastião da Gama em Buarcos a inspirar-se nas histórias trágico-marítimas da tua terra e a homenagear as duplamente bravas mulheres de Buarcos!
Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há céu mais alegre do que o nosso,
Nem pássaros, nem águas…
Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?
Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
- busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.
E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.
Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!
Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem forças, sem haveres!
- olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
(*) Transcrito com a devida vénia do sítio
http://www.astormentas.com/din/poema.asp?key=6145&titulo=Meu+Pa%EDs+Desgra%E7ado
Vasco, salut le copain!
Já que és, na nossa Tabanca Grande, uns dos nossos peritos em matéria de línguas românicas (e já gramaste trabalhos bem duros como a tradução do "PAIGC Actualités"...), vais-nos fazer um grande favor, que é o de traduzir a bela citação do Henri Cordier (1920), que consta neste poste...
Nem todos os tabanqueiros sabem francês... Aliás, já ninguém sabe, a actual geração... Estive para traduzi-la mas tu sabes francês tão bem ou melhor do que eu... Merci.
Amigos como dantes, Zé Dinis, mesmo que o quartel não seja... em Abrantes.
Por que eu quero ir, um dia destes, almoçar à Tabanca da Linha (ainda não consegui lá ir, e eu ali tão perto!)... E quero nesse dia encontrar e abraçar "a quatro" três camarigos que mjuito estimo: tu, Zé Dinis, o nosso sínico Antóno Graça de Abreu e o meu herói António Fernando Marques, além dos camaradões Rosales & Companhia Ilimitada...
Meu caro Torcato
Compreendo a tua decepção comigo. Tanta sabedoria oriental não me deu a passividade de não responder, quando alguém como o Zé Dinis, que mal me conhece (aí posso desculpar!...) diz de mim coisas deste teor:
"Ele, afinal, tem geito para a poesia. Já sabíamos. Talvez não se expresse tão bem em prosa, mas faz-se compreender, mesmo quando se mostra surpreso e indignado sobre a coerência e a incoerência, ainda que a musicalidade se perca, pois há por aí escreventes de outra verve, com outras sensibilidades e capacidades narrativas, de cheiros, de cores, de sentimentos e géneros humanos, aos quais, o poeta traquinas, vai manifestando alguma indulgência, como que se juntando a eles por não os poder combater."
E
"O sínico nos envia poemas sentimentais, qual poeta a pedir uma moedinha."
Ainda não entendeste, meu caro Torcato?
Quem é que anda a disparar G 3s avariadas?
Eu, por muita China cá dentro e à minha volta, oscilo como o bambu, não quebro, mas também sou português, um homem do meu querido Porto.
Prometo que não volto a falar no Zé
Dinis.
Abraço,
António Graça de Abreu
António Graça de Abreu
Só duas palavras.
Não estou ,de modo algum, decepcionado. Não.
Li, por alto, ou nem li, a maioria dos comentários anteriores. Não vou ler tudo.Impensável e porque o faria?
Dou para os peditórios que quero.
Fiquei um pouco perplexo. Referi a cerejeira, sei ser da Cultura Nipónica,das ditas artes marciais, sei que não consegui entrar no pensamento Oriental, no Budismo Zen. Foi há tantos anos, tantos. Ficou certa admiração.Somente e algo mais. Ficou algo que não digo agora neste espaço aberto...falas no bambu e eu sorri em tanta recordação passada.
Tu estás partido em duas Culturas. Pois é Caro Amigo a filosofia Oriental é dificil,para nós ocidentais. A reacção é normal?Pois que o seja. Reacção portuense.Tudo bem.
Mas deixa a poesia, por favor, entrar neste espaço. Até o pensamento Oriental e talvez sirva,porque não , para melhor se entender a guerra e a Guiné...Why not dear friend...why not...
Já tenho dito:nunca mais comento. Mas!
Parto e abraço-te e a todos T
Correio da Manhã, suplemento Domingo, semana 30.05 até 05.06.10, edição nº.11 317 do Correio da Manhã, na página 36 cita:
Força - 35ª. Companhia de Comandos.
Fica desfeito o erro.
Traição da memória de que peço desculpa.
JD
"...fui colocado no CAOP 1 (Comando de Agrupamento Operacional nº 1), em Teixeira Pinto, na zona de acção norte, entre os rios Mansoa e Cacheu. Eu era um alferes miliciano num Comando de Operações que tinha consigo a 35ª Companhia de Comandos (depois a 38ª), mais as três companhias (que rodavam) 121, 122 e 123 do Batalhão da Caçadores Pára-quedistas 12, e ainda o Destacamento de Fuzileiros, no Cacheu.
Não sendo propriamente um operacional, cabiam-me as funções de alferes dos papéis e da pequena logística do CAOP 1".
(António Graça de Abreu, in "Correio da Manhã", 30/10/2010).
Carlos Cordeiro
Caros Camaradas. Tudo comecou em poesia e,acaba em quê? Monótono...Muito monótono. Valerá a pena( mais uma vez) citar Fernando Pessoa quando escreve:"Deve haver melhor em mim do que eu"...? Aquele abraco lapäo.
E,já que estamos numa de "pessoalizar",gostaria de esclarecer os que me possam julgar täo "beatificado" como isso,que as ideias políticas de Graca de Abreu nada me dizem.Que as explosöes temperamentais (täo fáceis em Graca de Abreu)säo as...dele.Que as verdades absolutas que por vezes julga possuir seräo...discutíveis.Que as suas perspectivas sobre a guerra da Guiné vistas desde as alturas do CAOP-1 em Teixeira Pinto,me säo täo relevantes,como certamente para ele...as minhas. Acho interessante,e admiro, a trajectória da sua vida pessoal;gosto da sua poesia,e do que tenho tido oportunidade de ler em alguns dos seus "escritos". O resto? E,mais um abraco.
"E acabou em quê?"
Acabará em bem, caro José Belo. Como não podia deixar de ser.
A chuva, o frio, o vento e, para quem tem este "prazer", a neve, tudo isto acrescido de algumas maleitas do corpo não são bons conselheiros. Há muito céu cinzento aqui pelo meio do Atlântico. Tudo passará com o Novo Ano, pois outras preocupações estarão na ordem do dia.
Que venha a poesia (mesmo para os que a ela não são atreitos).
Bons anos (como por cá se dizia).
Um abraço,
Carlos Cordeiro
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