sexta-feira, 1 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9978: (De)caras (11): Agradecimento ao capelão Baptista, hoje Ten Cor reformado, e pároco de Perosinho, V.N. Gaia, um camarada muito porreiro (Armando Pires)

Convívio da CCS do BCAÇ 2861, realizado na Nazaré, em 12 de Maio de 2012, no 42.º Aniversário do seu regresso da Guiné. O Alferes Capelão Baptista, hoje Tenente-Coronel reformado, está assinalado pela seta.


1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires, ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70, com data de 28 de Maio de 2012:



Agradecimento ao Baptista, o nosso Capelão

Camaradas.
Por razões que não vêm ao caso, tenho andado por estes dias tão ocupado que só me tem restado tempo para vos ler.
Anda, assim, adiada a publicação da fotografia do último convívio do pessoal da minha Companhia, a CCS do BCAÇ 2861.

Foi na Nazaré, no passado dia 12. Obriguei-me a fazê-lo hoje. Coloco aqui, neste mural, esta fotografia, porque quero, queremos, todos os da Companhia, prestar um público agradecimento àquele rapaz que está ali na primeira fila, de calças de ganga e uma pasta preta na mão esquerda, assinalado com uma seta.
Ele é o Baptista. O alferes capelão Baptista. Augusto Pereira Baptista, hoje reformado das Forças Armadas com a patente de Tenente-Coronel.

Já aqui publiquei uma fotografia sua, ao lado do então comandante do Batalhão, Ten-Cor João Polidoro Monteiro. (vide P9034)
O Baptista está sempre presente nos nossos convívios. Sempre, não, que ele falhou três presenças seguidas e foi uma gritaria de todo o tamanho. Já vão perceber porquê.

O Baptista vem propositadamente ao nosso encontro para celebrar a "nossa" Missa. Tão "nossa" que rejeitámos que ela fosse celebrada por outro pároco qualquer. A nossa indignação foi tanta que o Baptista compreendeu e nunca mais nos faltou.
Porque ninguém, como ele, é capaz de dizer aquelas palavras que são a razão da grande vontade de estarmos juntos, todos os anos e sempre.
Porque ninguém, na hora de chamar pelos nossos mortos, diz os seus nomes como ele. Nesse momento, ninguém como ele é capaz de encher a igreja daquela emoção que de todos toma conta, com os olhos vidrados de lágrimas.

Quero, queremos, agradecer ao Baptista por isso. Ele chega, abraça-nos, celebra a Missa, torna a abraçar-nos e despede-se, com um pedido de desculpas por não ficar para o almoço mas tem obrigações a cumprir na paróquia dele.

Camaradas.
Quero dizer-lhes que esta é a única Missa que me consinto. Sou o que sempre fui. Agnóstico. E quero pedir-lhes que se algum dia encontrarem o Baptista ali no Perosinho, freguesia do concelho de Vila Nova de Gaia onde ele é pároco, falem-lhe, dêem-lhe um abraço, digam-lhe quem são, ele vai gostar e vocês também.

Porque o Baptista é um camarada muito porreiro.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9863: (De)caras (10): Relembrando o Fur Mil Joaquim de Araújo Cunha, natural de Barcelos, que pertencia à CART 2715 (Xime, 1970/72), e que foi morto de morte matada em 26/11/1970 (José Nascimento, CART 2520, Xime, 1969/70)


2 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro camarigo Armando Pires

Já temos assistido aqui a homenagens várias que se vão prestando a outros camaradas. Sejam os que faleceram ao lado dos que saudosamente os recordam, dos feridos, dos que por qualquer motivo se acha justo recordar e dar disso público conhecimento.

No entanto, esta tua homenagem ao 'bem disposto' do capelão da Unidade é uma das mais sentidas, até porque se trata de alguém que ainda é vivo (felizmente) e muito bem conseguida.

Pelo teu texto, acho que todos ficámos a gostar do capelão Baptista.

Abraço
Hélder S.

Manuel Joaquim disse...

Olá, ribatejano de sete costados!

"Porreiro, pa"... dre! Gostei, do teu texto e da figura do homenageado.

Um abração, amigão (meu e dos "cãos")!





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