sábado, 2 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9985: Cartas do meu avô (7): Quarta carta: regresso à metrópole, 4 dias depois da inauguração da Ponte Salazar (J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)





Lisboa > 29 de maio de 2012 > Ponte sobre o Rio Tejo >  Iniciada a sua construção em 5 de novembro de 1962, foi inaugurada em 6 de agosto de 1966... 

Foto: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados.


A. Continuação da publicação da série Cartas do meu avô, da autoria do nosso camarigo Joaquim Luís Mendes Gomes, membro do nosso blogue, jurista, reformado da Caixa Geral de Depósitos, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins de Catió, que esteve na região de Tombali (Cachil e Catió) e em Bissau, nos anos de 1964/66.

As cartas, num total de 13, foram escritas em Berlim, entre 5 de março e 5 de abril de 2012. (*)


B. QUARTA CARTA > REGRESSO AO CONTINENTE


 I – A Ponte de Salazar

Quando partimos para a Guiné, em Agosto de 1963, do Niassa que nos levava, viam-se as obras de construção da ponte.

Não havia ainda tabuleiros. Só os pilares estavam cravados ao chão.

Vimos que, como num tear, uma aranha gigante passava o santo dia, feita maluca, dum lado para o outro do rio, lá nas alturas dos pilares, a desfiar uma linha de aço que ia tecendo e engrossando um dos cabos, suportes da ponte.


Quando estávamos para embarcar, em Bissau, corria a notícia de que a ponte estava pronta e iria proceder-se à sua inauguração.

Nada melhor que um batalhão a desfilar para assinalar esse feito. Dizia o boato. E dizia mais: Que seria aproveitada a nossa participação. A chegada do nosso paquete, - o Uíge – a Lisboa, estava prevista para o dia seis de Agosto.

Seriam dois quilómetros ou mais para palmilhar, um sacrifício nada de menosprezar… mas a vontade de regressar era tão forte que tudo se suportaria.Não sei porque razão. Só chegámos ao Tejo a dez de Agosto e aí soubemos que a inauguração já se tinha realizado. (**)

Por isso, apenas haveria o desembarque no mesmo Cais da Rocha. Seguir-se-ia a marcha do batalhão frente à tribuna dos Chefes Militares, ali mesmo, frente à gare marítima e depois, era o regressar a quartéis.
________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 29 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9959: Cartas do meu avô (6): Terceira Carta - Em Bissau (J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)


(**) Ponte sobre o Tejo (designação oficial), também conhecida anteriormente por Ponte Salazar, e  hoje, Ponte  25 de Abril > Dados recolhidos na Wikipédia:

Via >  A2 / IP7 e Linha do Sul
Cruza >  Rio Tejo
Localização  > Lisboa, Portugal
Design  > Ponte suspensa
Maior vão livre >  1 012,88 m
Comprimento total  > 2 277,64 m
Altura máxima  > 70 m (vão)
Início da construção >  5 de Novembro de 1962
Término da construção >  1966
Data de abertura >  6 de Agosto de 1966

2 comentários:

Hélder Valério disse...

E dessa maneira, "por um bocadinho assim", perderam a oportunidade de terem feito parte da história da inauguração da ponte...
Paciência, ficou a recordação grata do regresso!
Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Meu caro Joaquim: Não tiveste o privilégio, a honra de Estado (!), de marchar na ponte, a 6 de agosto de 1966... Pois eu já lá andei a pé uma meia dúzia de vezes, por ocasião das minimaratonas que todos os anos se fazem em Lisboa... Tinha a ideia a que era mais comprimida... Continua a ser um dos "ícones" de Lisboa... E está mais linda, agora, que regressaram os "golfinhos"... LG

PS - Também a vi crescer e vi os barcos que partiam para África...