Tenho pela 38ª Companhia de Comandos o maior respeito e admiração.
Estive com eles em Teixeira Pinto e Mansoa e são objecto de textos fraternos no meu Diário da Guiné.
A 9 de Maio de 1973 fui com eles, quatro Unimog do CAOP 1 e mais 40 homens da 38ª CCmds., e muito mais tropa e algumas viaturas civis, até Cutia. A grande coluna seguiu depois para Farim.
Tenho fotografia na pág. 82 do meu Diário da Guiné, à frente num Unimog com os homens da 38ª. em Cutia.
O destino destes homens não era Guidage que só começara a embrulhar a sério há dois dias, o destino era Farim, e a história das vacas que associei à ida da coluna para Farim é verdadeira, escrevi na altura,está no poste 9943 e eu não ia inventar. Só que chegados a Farim, ninguém pensou mais em vacas,
Guidage começava a ser impiedosamente flagelada e os homens da 38ª, mais os Unimog e condutores do
CAOP 1 seguiram noutra coluna para Guidage, uma viagem de morte, também para o meu condutor do CAOP 1, David Viegas.
É possível que alguns dos comandos da 38º. nem sequer tenham ouvido falar em vacas, de início pensou-se
que iam apenas até Farim fazendo a escolta e reforçando a coluna. A ideia de no regresso trazer vacas de Farim para Mansoa deve te partido dos majores do CAOP 1.
Mas o meu relato bate certo com o do Amilcar Mendes.
A 25 de Maio, quase toda a 38ª, seguiu novamente para Guidage. Tenho comigo fotografias deles formados na parada de Mansoa, antes de partirem, e faço referência a tudo isto na página 105 do meu Diário da Guiné.
O Amílcar Mendes foi para Guidage na primeira leva, a da morte e da loucura. Na segunda, os homens que já lá haviam estado, creio que permaneceram em Mansoa, ou em Brá, Bissau.
Pode existir sempre um qualquer erro no que escrevi, mas o essencial corresponde às realidades que todos vivemos. Tenho muita confiança nos dados do meu Diário da Guiné.
O impressionante relato do Amilcar Mendes é a nossa História, com todos os H grandes. Foi mesmo guerra e estes são os factos da guerra. É com eles, e não com opiniões de letrados que ignoram a verdade e a realidade que se faz a nossa História.
Dá o meu contacto ao Amilcar Mendes, tenho todo o gosto em oferecer-lhe o meu Diário da Guiné. Ele que me mande a morada dele e o livro segue pelo correio.
Abraço aos dois,
António Graça de Abreu
38ª CCmds (1972/74): História da Unidade: atividade operacional entre 3 e 10 de maio de 1973 (Elementos disponibilizados pelo Amílcar Mendes)
2. Esclarecimento, no mesmo dia, do Amílcar Mendes:
Amigo Luis Graça, caros bloguistas e caro Antonio Graça Abreu: não vou entrar aqui num bate papo sobre quem mija mais longe ou perto. Agradeço a consideração que o António G Abreu tem pela 38ª CCmds e respeito o que terá escrito no seu Diário da Guiné, mas sempre lhe vou dizendo que não o li...
Contudo, se lá escreveu que a 38ª CCmds, quando foi para Farim foi às vacas, amigo, deve emendar essa versão pois corre o risco de estar a enganar os seus leitores!
Os grupos da 38* CCmds a que se refere estavam em operação na mata do Oio e fora
mandados regressar de propósito para escultar uma coluna de abastecimento a Farim! Ficaram la dois dias e só depois foi decidido utilizar os efectivos para continuar com a coluna para GUIDAJE!
mandados regressar de propósito para escultar uma coluna de abastecimento a Farim! Ficaram la dois dias e só depois foi decidido utilizar os efectivos para continuar com a coluna para GUIDAJE!
TENHO EM MEU PODER OS DOCUMENTOS, cópias, claro, das ordens de operação do
comandante do CAOP1. E a ordem era para escolta de reabastecimento de munições, víveres etc., a coluna vinda de Bissau e em primeira mão com destino a Farim!
comandante do CAOP1. E a ordem era para escolta de reabastecimento de munições, víveres etc., a coluna vinda de Bissau e em primeira mão com destino a Farim!
Pois, amigo Graça Abreu, nunca ouvi falar nessa estória de vacas! Eu estava no 2º Grupo de Combate e na altura ero o 1º cabo da 1ª equipa desse Gr Comb. Segui diretamente da mata do Oio, Mansoa, Farim, Binta e Guidaje e não foi a 25 de Maio mas sim em 10 de MAIO DE 1973 QUE ESTA COLUNA SEGUIU!
Os acontecimentos de 25 de Maio é outra história !
Sabes, amigo Luis, ultimamente no Blog sucedem-se comentários sobre Guidaje que até fico atordoado e a pensar em que datas cabem todos os acontecimentos referidos! (...)
Graça Abreu, com todo o gosto me encontro contigo e te faço chegar às mãos todos os documentos sobre a 38ª CCmds em Guidaje.
Graça Abreu, com todo o gosto me encontro contigo e te faço chegar às mãos todos os documentos sobre a 38ª CCmds em Guidaje.
Abraços do Amílcar Mendes
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Nota do editor:
Último poste da série > 1 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9973: (Ex)citações (181): Revisitando as cartas do alf mil Carlos Geraldes (José Freitas, ex-fur mil minas e armadilhas, CART 676, Pirada, 1964/66)
3 comentários:
Meu caro Amílcar Mendes
Obrigado pelo teu esclarecimento.
1- Como digo e está no meu Diário da Guiné, vocês partiram duas vezes para Guidage, desde Mansoa, A 9 ou 10 de Maio de 1973 e depois, quase toda a companhia, a 25 de Maio.
2- Na ida a 9 ou 10 de Maio, o destino era Farim, e só dois dias depois, com o agravar da situação em Guidage, vocês avançaram para lá.
3-Como reconheces, a coluna a Farim
levou, munições, viveres, etc. No regresso, estava previsto transportarem mais víveres de Farim para Mansoa, neste caso, algumas vacas, fáceis de comprar em Farim, difíceis de obter em Mansoa. Claro que vocês não foram ao talho, tinham e tiveram muito mais que fazer. Infelizmente. E como digo, depois ninguém se lembrou mais de vacas. Provalvelmente vocês nem sabiam da ordem de trazer vacas
no regresso previsto de Farim para Mansoa.
Isto tem pouco importãncia, são "pintelhos", como dizia o Catroga.
Importante é a dignidade e bravura com que a vossa 38ª. de Comandos, se bateu na Guiné.
Espero encontrar-me contigo no 10 de Junho em Belém (e mais camaradas do blogue) e oferecer-te. com todo o gosto, o meu Diário da Guiné.
Até lá, um abraço forte.
António Graça de Abreu
Caros amigos
Parece-me que estamos perante mais uma daquelas situações em que, conhecendo-se uma parte da 'coisa' se toma isso como a 'verdade toda'.
E não deixa de ser curioso saber que 'alguém', em 'algum lugar', respaldado na importância da função, considerou 'conveniente' 'utilizar os serviços' de 'tropa especial', ainda que sem o seu conhecimento...
Mas, também como dizem, 'acertando' as datas e as informações, fica tudo mais esclarecido.
Abraços
Hélder S.
Camaradas,
Todos sabem que não é como o azeite: a verdade histórica, em qualquer latitude, raramente vem ao de cima.
Brindemos, portanto, à verdade que nos trazem.
JD
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