1. Comentário do Manuel Resende, ao poste P10495:
Olá, Augusto,
O Dandi, no meu tempo 69 a 71 (*), tinha sete mulheres e a mais velha é que fazia a escala de serviço...
Quando fizemos as casas que mostras nas fotos, as primeiras, junto à escola, foram para ele.
Quando íamos para o mato, além dos roncos que todos desejávamos, ele tinha um "feeling", como se diz agora, para apanhar mulheres. Para ele, quantas mais tivesse maior era a importância.
Conto rapidamente um caso, em Fevereiro de 1970, em que ele foi caçar num domingo à tarde. Levou com ele dois milícias e um camarada de transmissões com um rádio. O destino era junto ao rio Cacheu. Nesta altura estávamos em tréguas com os turras, pois havia as conversações para o desfecho cruel do 20 de Abril, com o assassinato dos 4 oficiais do CAOP1. Pois o nosso amigo Dandi deu de caras com uma coluna de turras, e a reacção foi correr atrás de uma bajuda que, segundo ele, vinha agarrada ao turra que vinha à frente.
Claro que não houve tiroteio, porque por sorte eles pensavam que havia mais pessoal do nosso lado.
Claro que isto dava para um poste, mas ficará para outra altura. (**)
Uu abraço
Manuel Resende
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Manuel Resende:
Claro que isto dava para um poste, mas ficará para outra altura. (**)
Uu abraço
Manuel Resende
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 21 de outubro de 201o > Guiné 63/74 - P7152: Os nossos camaradas guineenses (27): Dandi, natural de Jol, no chão manjaco, capitão da companhia de milícias do Pelundo, agraciado com Cruz de Guerra pelo Gen Spínola em 1972, fuzilado pelo PAIGC em 1975 (Manuel Resende / Augusto Silva Santos)
(...) Neste apontamento quero e tenho o dever de salientar o contributo altamente positivo dos soldados africanos do Pelotão de Caçadores Nativos nº 59, comandado inicialmente pelo colega Alferes Mosca, e pela secção de milícias, comandada pelo chefe da milícia, o célebre Dandi, mais tarde promovido a Capitão de Milícia pelo Sr. General Spínola, e que já vinha com boas referências da companhia anterior [, CCAÇ 2366].
Sempre que saíamos para o mato estes homens iam sempre à frente, pois como conhecedores do terreno, sabiam como chegar ao objectivo. O Dandi, natural do Jol, conhecia como ninguém todos os recantos da mata.
Sempre que saíamos para o mato estes homens iam sempre à frente, pois como conhecedores do terreno, sabiam como chegar ao objectivo. O Dandi, natural do Jol, conhecia como ninguém todos os recantos da mata.
Bom guerrilheiro, bom caçador, muito nos ajudou a evitar cair em emboscadas, abrindo trilhos novos na mata. Quando saíamos para o mato com ele, ninguém tinha medo, por mais difícil que fosse a missão. Mais tarde fez parte do rol dos fuzilados [, a seguir à independência]. Sinceramente não sei se a Cruz de Guerra prometida pelo Sr. General Spínola lhe foi entregue antes de 1975. Que será feito dos outros? (...)
Augusto Silva Santos
(...) Sobre o célebre Dandi... No meu tempo ele já era o Comandante da Companhia de Milícias do Pelundo, embora estivesse sempre no Jol, e já tinha sido agraciado com a cruz de guerra pelo General Spínola. Numa das operações (a mais difícil que me lembro), ele chegou a ser ferido com um tiro numa perna.
Era de facto um excelente guerrilheiro. Numa ocasião, para escaparmos a uma emboscada do IN, lembro-me que ele nos levou por um trilho de caça muito antigo que, segundo o próprio Dandi, já não passavam por lá pessoas há alguns anos. (...)
(...) Sobre o célebre Dandi... No meu tempo ele já era o Comandante da Companhia de Milícias do Pelundo, embora estivesse sempre no Jol, e já tinha sido agraciado com a cruz de guerra pelo General Spínola. Numa das operações (a mais difícil que me lembro), ele chegou a ser ferido com um tiro numa perna.
Era de facto um excelente guerrilheiro. Numa ocasião, para escaparmos a uma emboscada do IN, lembro-me que ele nos levou por um trilho de caça muito antigo que, segundo o próprio Dandi, já não passavam por lá pessoas há alguns anos. (...)
9 comentários:
Caro Luís,
obrigado por fazeres este poste com estes comentários. Devo dizer que quando fiz as perguntas sobre o Dandi, foi no início do meu relacionamento com este maravilhoso Blog. Não sabia nada do que já tinha sido escrito antes, só com o tempo consegui ir lendo ...
Tive um relacionamento muito intenso com o Dandi, pois as operações eram sempre combinadas com os Alf. e o Capitão.
Vou arranjar coragem e vou escrever algo com este título "ALFERES TEMOS DE TRAMAR (F...) O CAPITÃO".
O Augusto, de certo, vai adorar esta estória.
Um abraço
Manuel Resende
De: Augusto Silva Santos
Para. Manuel Resende
Camarada e Amigo, venha de lá essa estória...
Já sabes que tudo o que se relacione com o Jol e o Dandy, são coisas que mexem muito connosco e merecem toda a nossa atenção.
Fico a aguarda expectante...
Um grande e forte abraço.
Caros amigos M. Resende e A.S.Santos,
O Dandi era Manjaco?
Na ultima historia dos Fidalgos de Jol (P10501), o Augusto S. Santos diz-nos que a primeira mulher do Dandi chamava-se Nhimba (Nhima?) Djassi e que a sua aldeia natal situar-se-ia perto da fronteira com o Senegal, isto é, fora do chao Manjaco. Este facto, em principio, leva a pensar em outras etnias que nao a Manjaca. Sao elementos que nos interpelam para uma averifguacao mais cuidada.
Entre os Banhuns e Cassangas (etnias antigas e minoritarias que habitam junto a fronteira norte) usam o apelido Djandi/Djandim.
Sobre as mulheres, nao vou comentar porque nao é um caso exclusivo dos africanos nem do Cap. Dandi, era uma pratica muito vulgar e tolerada ou apadrinhada pelo poder colonial da época, entre os seus auxiliares e agentes, homens do poder, nomeadamente Régulos. O Abdul Indjai possuia mais de 200 quando caiu em desgraca em Mansaba, no seu regulado de Oio (1919).
Um grande abraco
Cherno Baldé
De: Augusto Silva Santos
Para: Cherno Baldé
Caro Amigo "Chico de Fajonquito"
Tanto quanto possível vou tentar responder às tuas interrogações.
No que respeita ao nome da mulher do Dandi, é muito provável que seja aquele que referes (Nhima) e não Nhimba. Já lá vão 40 anos e por vezes a memória atraiçoa-nos.
Quanto à sua aldeia natal, sinceramente não sei qual era, tão pouco me lembra se ela era ou não de origem Manjaca. O que eu efectivamente referi no meu relato, foi que ela primeiro fugiu para o Pelundo, e dali conseguiu chegar ao Cacheu. Desta cidade passou para uma aldeia na fronteira do Senegal, onde provavelmente teria familiares. Seria essa a sua aldeia natal?
Tão pouco também tenho a certeza se o Dandi (cujo o seu verdadeiro nome em princípio seria Dassin Djassi) era ou não Manjaco. Tudo indica que sim, pois na altura o que nos era dado saber, é que Jolmete seria a sua aldeia natal.
Talvez algum outro camarada que tenha passado por Jolmete, possa esclarecer melhor algum destes pormenores.
Muito obrigado pelo teu contacto e, caso possas acrescentar algo mais sobre o malogrado Dandi, será bem-vindo.
Já agora aproveito para te dizer que o ex-Fur. Mec. Auto Sérgio Neves da CCaç.674, que passou por Fajonquito entre 64/66 (terias 4 ou 5 anos) era meu vizinho. Morávamos na mesma rua. Se fôsse vivo era mais velho do que eu, mas passamos parte da nossa juventude juntos. Ainda hoje tenho contactos com o irmão dele, o Constantino Neves, que também esteve na Guiné (Nova Lamego), que publicou algumas fotos neste blogue.
O mundo é pequeno e a nossa Tabanca é Grande…
Recebe um grande e forte abraço do tamanho da Guiné-Bissau.
Caro amigo Augusto S. Santos,
Eu sou Guineense e Fula (de Fajonquito), mas apesar da grande diversidade etnica, o pais é muito pequeno e assim, por forca do movimento das populacoes e da convivencia, acabamos por saber algumas coisas dos outros, sobretudo a partir da indepedencia em 1974 e a evolucao socio-demografica que dai resultou com o crescimento dos centros urbanos, com especial destaque para Bissau.
Com estas ultimas informacoes, agora sim, concordo que o Dandi (que seria, provavelmente, um nome de guerra) podia ser mesmo Manjaco e neste caso, também, muculmano pois a area de Pelundo que incluia Jolmete é, em grande parte, desta confissao religiosa tendo adotado nomes e apelidos (Indjai, Djassi, etc.) Mandingas.
Continua com as tuas historias dos Fidalgos de Jol porque sao muito interessantes. Procurarei saber mais sobre Jolmete e o Dandi.
Um grande abraco para si e aos teus camaradas, em especial ao amigo Tino Neves.
Com muito respeito,
Cherno Baldé
De: Augusto Silva Santos
Para: Cherno Baldé
Caro Amigo e Tabanqueiro
Muito obrigado por este teu novo contacto. Concordo contigo quando dizes que Dandi devia ser o seu nome de guerra. Era assim que todos o tratávamos.
Há uma pessoa em Jolmete que talvez possa dar informações importantes e até esclarecer alguns melhor alguns pormenores que até agora não conseguimos clarificar. Trata-se do actual régulo da tabanca, de seu nome Cajan, que na altura da minha passagem pelo Jol, era como o 2º elemento mais importante da Milícia. Não sei se isto poderá ajudar nas tuas eventuais pesquisas.
Ficamos a aguardar com expectativa e ansiedade possíveis novidades.
Mais uma vez, muito obrigado.
Um Grande e Forte Abraço.
Oi Augusto
Começo por te agradecer o facto de comentares sobre o meu saudoso irmão e que o conhecias deste pequeno, pois eramos vizinhos de porta com porta assim se possa dizer.
As imagens de Fajonquito publicadas por mim foram em resposta ao nosso amigo comum Cherno Baldé, sobre os burros (jumentos) de Fajonquito.
Um abraço para ti,para o Cherno Baldé e restantes camarigos tabanqueiros.
Tino Neves
Olá Augusto Santos Silva espero que minha mensagem chegue em ótimas condições da saúde... só quero pedir ao senhor que me contactar em meu email bambacote@gmail.com .
Sou familiar de Dandi Djassi e estou procurando a anos informações sobre ele (avô) a falta de informação e documentação dele nos causa muitos problemas em termo de obter documentos aqui e pedimos a colaboração de todos que faziam parte da companhia dele e além estamos cansados e contamos com vosso apoio
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