Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca( > Mansambo > CART 2339 > Março / Maio de 1969 > Op Cabeça Rapada > Concentração de pessoal e viaturas no quartel de Mansambo. Não sabemos que são os tipos de chapéu colonial, assinalados com um círculo a vermelho: os da direita, junto a militar de Mansambo em tronco nu, podem ser ser cipaios, da polícia administrativa ou até adjuntos do régulo de Badora... Junto à viatura, de calção, pode ser o condutor... Foto do álbum de Torcato Mendonça (ex-alf mil, CART 2339, Mansambo, 1968/69)
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca( > Mansambo > CART 2339 > Março / Maio de 1969 > Op Cabeça Rapada > Tropas, a montar segurança, e civis, capinadores, na estrada Mansambo - Bambadinc. À esquerda, um homem, ocm cabeça colonal, que pode estar a enquadrar os civis e que poderia ser um "cipaio" (polícia administrativa).
Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá Sector L1 (Bmabadinca) > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento, que foi construído de raíz pela CART 2339 (Mansambo, 1968/69). À volta foi tudo desmatado. Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
"Quanto à foto de Mansambo, a vista aérea – que é espectacular e que pessoalmente agradeço - gostava de saber de que ano é, se o Humberto tiver esses dados. A zona está totalmente nua, só com uma grande árvore ao fundo que se encontra à entrada do aquartelamento, pois vê-se a bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole (esquerda-direita. Falta ali uma árvore, a tal de referência para o IN, e que os nossos soldados chamavam a árvore dos 17 passarinhos, tal era a quantidade deles, que se situava na parte mais afastada da entrada. A mancha branca de maior dimensão seria o heliporto.
Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá Sector L1 (Bmabadinca) > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento, que foi construído de raíz pela CART 2339 (Mansambo, 1968/69). À volta foi tudo desmatado. Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
"Quanto à foto de Mansambo, a vista aérea – que é espectacular e que pessoalmente agradeço - gostava de saber de que ano é, se o Humberto tiver esses dados. A zona está totalmente nua, só com uma grande árvore ao fundo que se encontra à entrada do aquartelamento, pois vê-se a bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole (esquerda-direita. Falta ali uma árvore, a tal de referência para o IN, e que os nossos soldados chamavam a árvore dos 17 passarinhos, tal era a quantidade deles, que se situava na parte mais afastada da entrada. A mancha branca de maior dimensão seria o heliporto.
"Faltam os obuses, um de cada lado à esquerda e à direita. Ao lado dessa árvore ficava o depósito, que era uma palhota, de géneros e munições, que ardeu a 20 de Janeiro de 1969 (nesse dia chegaram os 2 Obuses 105 mm). Era véspera do aniversário da CART 2339. Ao fundo vê-se uma mancha à esquerda do trilho de entrada que era a tabanca dos picadores. À direita no triângulo de trilhos, ficava a nossa horta. A fonte ficava à direita da foto onde se vêem 3 trilhos, na mancha mais negra em baixo. Se confrontares com um mapa da zona vê-se aí uma linha de água" ( Carlos Marques dos Santos, 1943-2019)
Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]©
Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]©
Não é de assuntos de barbearia que venho falar. Não. Vou tentar contar-vos, sem grandes pormenores, a maior operação de Acção Psico Social – chamemos-lhe assim – a que assisti. Bem planeada e meticulosamente preparada por quem sabia.
Tudo com o aval do Comandante-chefe e teve o nome de “Operação Cabeça Rapada”. Desenrolou-se de finais de Março a meados de Maio de 69, talvez por seis fases ou seis operações [, na realidade, quatro.]
O objectivo era capinar – cortar e desmatar – toda a vegetação numa faixa de trinta ou quarenta metros, talvez mais, para lá do arame que delimitava o perímetro de Mansambo e igualmente, em largura, uma faixa similar para lá das bermas das estradas (picadas) de Mansambo a Bambadinca e daqui até ao Xime. Só nas zonas mais propícias a emboscadas.
Outras desmatações menores, à volta de algumas Tabancas, por exemplo Amedalai e outros locais, sofreram igual corte.
Estas Operações queriam vincar três pontos:
(i) dizer que o IN tinha sido derrotado na Operação Lança Afiada [, 8.19 de março de 1969];
(ii) mostrar que as populações estavam com as NT;
(iii) fortalecer o slogan “Por uma Guiné Melhor”.
Análise despretensiosa e sem petulância minha. É uma não análise… talvez.
As populações envolveram-se fortemente depois do excelente planeamento. Muitas centenas, talvez um ou dois milhares de civis, muitos militares [na realidade, 7 mil, na Op Cabeça Rapada I], e uma logística enorme: viaturas civis e militares, alimentação e uma bem montada segurança, próxima e afastada, para dissuadir ou minimizar o efeito de qualquer ataque e, também, colaborar activamente com apoio rápido à resolução de algum acidente e incidente.
Análise despretensiosa e sem petulância minha. É uma não análise… talvez.
As populações envolveram-se fortemente depois do excelente planeamento. Muitas centenas, talvez um ou dois milhares de civis, muitos militares [na realidade, 7 mil, na Op Cabeça Rapada I], e uma logística enorme: viaturas civis e militares, alimentação e uma bem montada segurança, próxima e afastada, para dissuadir ou minimizar o efeito de qualquer ataque e, também, colaborar activamente com apoio rápido à resolução de algum acidente e incidente.
Não seria difícil ao IN disparar umas morteiradas e provocar o pânico. Uma ou duas granadas eram suficientes. Não o fez e nós não sabíamos, quantos daqueles homens eram simpatizantes deles e trabalhavam naquela desmatação para obterem informações. Havia certamente.
Lembro-me da enorme confusão da manhã do primeiro dia. Eram muitas centenas e centenas de homens e suas catanas a chegarem a Mansambo. Organizar tudo seria tarefa difícil mas foi conseguido.
A nossa missão, a do meu Grupo, era outra e rapidamente saímos do aquartelamento para a segurança. No fim de toda esta Operação, faseada e por tanto tempo, quando acabou uma dúvida, em mim, se levantou:
- Aquela desmatação não iria abrir o campo de tiro ao IN?
Caí, em meados de Maio, numa forte emboscada no Pontão do Almami e, em inicio de Abril, já tinha havido outra no mesmo local. Felizmente as árvores que ladeavam a estrada foram poupadas.
No dia 28 de Maio de 1969 a sede do Batalhão, em Bambadinca, foi atacada pela primeira vez. As tabancas de Taibatá, Moricanhe e Amedalai, sofreram igualmente ataques.
Era a represália do IN. Teve auxílio vindo do Sul e do Norte? Certamente. Mas provava que estava vivo e não fora aniquilado na Lança Afiada e esta não respeitara certas regras básicas de contra guerrilha. O IN não foi aniquilado. Tanto assim que começou a bater forte, a tentar infiltrar-se e a exigir um esforço maior de contenção das NT.
Caí, em meados de Maio, numa forte emboscada no Pontão do Almami e, em inicio de Abril, já tinha havido outra no mesmo local. Felizmente as árvores que ladeavam a estrada foram poupadas.
No dia 28 de Maio de 1969 a sede do Batalhão, em Bambadinca, foi atacada pela primeira vez. As tabancas de Taibatá, Moricanhe e Amedalai, sofreram igualmente ataques.
Era a represália do IN. Teve auxílio vindo do Sul e do Norte? Certamente. Mas provava que estava vivo e não fora aniquilado na Lança Afiada e esta não respeitara certas regras básicas de contra guerrilha. O IN não foi aniquilado. Tanto assim que começou a bater forte, a tentar infiltrar-se e a exigir um esforço maior de contenção das NT.
Só em meados de Agosto. o IN veio a sofrer um forte revés e ficou decapitado - como sinónimo de sem comando [, o comandante Mamadu Indjai, gravememte ferido em emboscada montada por forças da CART 2339].
Nada de relevante ou muito grave aconteceu até ao fim da nossa Comissão, em finais de Novembro de 1969. Emboscadas, ataques a tabancas e aquartelamento, umas baixas sempre lastimáveis e uma ou outra operação igual a tantas outras. A rotina habitual com ou sem desmatações.
Embarcamos em 4 de Dezembro de 1969 [, de regresso a casa].
Camarada Torcato:
A simplicidade do tema é na realidade um grande aglutinador das nossas lembranças.
Tambem participei em proteções a grandes grupos de capinadores na região de Bissorã. E apareciam civis aos magotes, pois pudera, o dia era pago pelo Estado Português.embora que em géneros (arroz).
Na realidade a capinagem dava segurança quando estavámos no quartel e quando regressavamos. Mas, quando tínhamos que sair em patrulhamentos, que era quase sempre ao caír da noite, eu só me achava seguro depois de nos embrenharmos no mato.
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 27 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9541: Nós da memória (Torcato Mendonça) (12): Cabeça Rapada - Fotos falantes IV
(**) Último poste da série > 12 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20551: Questões politicamente (in)corretas (49): no 1º ano do consulado de Spínola, ainda havia ou não indícios da prática de trabalho forçado (, extinto por decreto, em 1961), por parte da administração e até do exército ?
8 comentários:
Infelizmente, quem nos podia dar informações adicionais sobre estas duas grandes operações que mobilizaram muitos civis, já não está cá (Carlos Marques Santos, 1943-2019) ou já não está nas melhores condições de saúde para o poder fazer(Torcato Mendonça, que vive no Fundão). LG
O Carlos Vinhal acabou de falar com o Torcato, que está agora a passar mais tempo no "seu" Algarve (, sei que ele tem costela algarvia e alentejana)... O que me dá força para hoje ou amanhã dar-lhe um "toque"... Obrigado, Carlos.
Nas centenas de aquartelamentos, destacamentos e tabancas em autodefesa espalhadas pelo território da Guiné, durante a guerra colonial (1961/74), é impossível saber quantos civis participaram, ao lado dos nossos militares, em desmatações e capinagens...Bem como em centenas de estradas e picadas... Seguramente muitos e muitos mulhares de braços e de catanas...
SAim, porque era tudo à força de braço, pá, pica, catana... poucas máquinas da Engenharia Militar havia (, se é que havia,) no interior do território...
A "epopeia" da construção de aquartelamentos como o de Mansambo ou de Gandembel está documentada no nosso blogue... Mas faltam muitos outros... LG
Olá Camaradas
Se o problema é identificar os homens com "chapéu colonial" direi que, em Cacine, vi os sipaios a usá-lo e também alguns civis. Tenho ideia de que estava forrado de vermelho.
Havia mesmo um civil que foi interrogado pelo inspector da PIDE que lá foi, que o usava juntamente com uma jilaba branca.
Em Mansabá só me lembro do chefe de posto a usá-lo, com uma impecável farda branca.
Creio que foi um chapéu "de polícia" qua caiu no "domínio público". Era de cortiça, muito leve e destinava-se a isolar efectivamente a cabeça do calor. Tenho ideia de que tinha dois furos de de cada lado da copa, para renovação e circulação do ar.
Um Ab.
António J. P. Costa
É óbvio que o trabalho forçado,teoricamente abolido, por Adriano Moreira em 1961, a existir ou persisair na Guiné sob algumas das suas formas subtis, era também incompativer com as directivas do Com-Chefe, emanadas por Spin Olá logo quando chega em 1968.
Mas o braço de Spinola
não era assim tão longo e célere para poder reprimir todos os abusos, da tropa, da administração e da PIDE...Ele era um populista, avant lá lettre. MAs os fulas adoravam-no.
Temido pelos oficiais superiores, burocra tas,carreristas, não foi levado a sério pela malta do reviralho que se opunha a guerra. Afinal sera ele a partir a loiça do Marcelo Caetano...u
Ora viva Alice Carneiro !
Gostei do teu comentário cheio de lucidez. Claro e lógico que, em tão pouco tempo, o estado das coisas não podia mudar assim de repente, e os trabalhos forçados, mesmo que escamoteados, continuaram, dava jeito e faziam falta porque o dinheiro era sempre escasso para tanta necessidade.
Os nossos pais adoravam o Gen. Spinola é verdade, porque estavam habituados e apreciavam a mão forte das autoridades e sobretudo o cumprimento da palavra dada que o Spinola fazia questão de cumprir a rigor. Em consequência, ficaria mto triste quando a ala do MFA na Guiné, com o Brig. Fabião na manobra, o impediu de realizar o seu Referendo que ele teria, antecipadamente, prometido as populações da Guiné.
Caro Luis, os chapéus coloniais eram sinal exterior de autoridade e de ligação a administração colonial utilizado por Chefes de Posto, depois Régulos e Cipaios, antes de se banalizarem para simples ronco colonial.
Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
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