sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5803: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (2): Os guias e picadores, mandingas, do Xime, Malan e Mancaman: duas maneiras diferentes de ser e de estar na guerra...


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Legenda do fotógrafo: "O milícia e guia das NT, Seco Camará: 56 minas detectadas e muitas guerras" (TM)... O Seco Camará, natural do Xime, esteve ao serviço das NT até ao dia em que foi morto à roquetada, a 26 de Novembro de 1970 (Op Abencerragem Candente)... De etnia mandinga, era provavelmente o melhor guia e picador, ao serviço do sector L1, na zona leste...

Como já aqui escrevi, "o Seco Camará morreu ingloriamente em 26 de Novembro de 1970, nesta operação que eu aqui evoco e em que participei. Recordo-o, ainda hoje, com o seu inseparável cachimbo e o seu ar de cão rafeiro... Nunca saberei se alguma vez se sentiu (ou poderia sentir) português. Sei apenas que foi um bravo soldado - ou melhor, auxiliar dos militares portugueses - e eu não posso julgá-lo, sumariamente, com base nos meus valores ou princípios éticos. É claro que também não vou absolvê-lo com base no relativismo cultural: o facto de ser mandinga, descendente de um povo de guerreiros e conquistadores, não lhe davam quaisquer direitos, e muito menos o direito de vida ou de morte"... (LG)

Foto: © Torcato Mendonça (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem de 7 do corrente, do António José Pereira da Costa  (Cor Art na reserva, na efectividade de serviço; comandou a CART 3494, Xime, 1972/1973):


Assunto - A Minha Guerra a Petróleo


Camaradas: Satisfazendo vosso pedido aqui vai um artigo para o blog, Sendo assim ficam a faltar 4.  A série deverá ter o título supra. Este poderá chamar-se "Malan e Mancaman: duas maneiras de olhar a Guerra".


Um Ab.


2. A Minha Guerra a Petróleo (*) > O Malan e o Mancaman: duas maneiras de olhar a Guerra".

por Pereira da Costa


Antes do mais uma justificação para este título. Conheci, na Escola Prática de Artilharia [, EPA], um soldado cujo nome nunca soube, mas cuja alcunha ainda recordo, relacionada com a marca dos automóveis e não com o animal selvagem. Era o Jaguar. Tinha a especialidade Campanha 10,5  e, embora muito conhecido, não era nem bom nem mau soldado. Talvez se distinguisse pelo seu aspecto físico, magricela, meio escangalhado e com uma cara que dava ares do Groucho Marx. Creio que talvez soubesse ler pouco. Era hábito, nessa altura, que as pessoas não soubessem ler muito bem. Havia coisas mais importantes a fazer, como, por exemplo, trabalhar, na altura da vida em que se devia aprender essa minudência.

Nesse tempo, usava-se, ainda, na maior parte das cozinhas, o fogareiro a petróleo [, foto acima, à esquerda, **] que, na sua versão mais sofisticada, tinha uma cabeça silenciosa. Porém, este upgrade custava mais e, por isso, em muitas casas optava-se pela cabeça barulhenta, que até havia quem dissesse que era mais barata e aquecia melhor.

O processo de acendimento do fogareiro era complicado e exigia um certo treino. Tudo começava com o aquecimento da cabeça, feito com álcool metílico ou de queimar (colorido a azul, por ser tóxico). Depois, era necessário dar à bomba, ou seja, agitar o petróleo dentro do depósito, pulverizando-o de modo a estivesse apto a ser queimado. A máquina podia entupir-se a qualquer momento ou ir-se a baixo e, se se apagasse, o processo teria de ser reiniciado, com a soltura dos consequentes impropérios por parte do utente. Se o fogareiro se avariava a oficina chamava-se funileiro ou picheleiro, consoante fôssemos mouros [, no sul,] ou morcões [, no norte]. Enfim, um processo laborioso que o fogão a gás veio terminar e que deixou na nossa memória o sinónimo de um certo anacronismo.

O Jaguar era esperto e, da sua análise à vida militar, deverá ter concluído que faltava algo – muito significativo – em termos de organização para que as coisas funcionassem bem. Daí que, ainda na EPA, utilizasse a expressão: "Isto é uma Guerra a Petróleo!" para resumir uma conversa sobre os defeitos (e virtudes) da vida militar que tanto contrastava com a sua alegre e desejada vida civil.

Encontrei-o na Guiné, em 1968, integrado num pelotão de artilharia da então BAC 1, a bordo de um batelão (daqueles sem motor que andavam de braço dado com um que tinha motor) que passou por Cacine, com destino a Gadamael, creio.

Fixei a expressão e, desde então, acho-a muito rica, traduzindo em poucas palavras, uma realidade incontornável, sobre muitos aspectos, da Guerra. Aqui fica a justificação para o título destas crónicas.

O Xime, o Xime ainda, o Xime sempre. (***)

Passei ali aqueles que, ainda hoje, considero os cinco piores meses da minha vida. Por razões que não descortinei, nessa altura, a CArt 3494 utilizava dois guias-picadores para as suas operações e que eram pagos como tal: o Malan Djai Quité e o Mancaman (**). Teoricamente guiariam alternadamente as forças que saíssem, procurando também detectar minas, o que lhes asseguraria um pequeno pecúlio, creio que de cerca de mil escudos, por cada mina anti-pessoal e dois contos, por cada mina anti-carro.

Estas, porém, o inimigo não tinha muito motivo para utilizar, uma vez que a tropa saía sempre em direcção ao Sul e apeada, considerando que nessa direcção não tínhamos qualquer aquartelamento até à curva do Corubal. Nunca entendi bem como é que numa área onde andávamos a corta-mato ou por trilhos pouco batidos, se poderiam colocar minas com boa possibilidade de serem accionadas. O inimigo poderia colocá-las, mas nada lhe garantia que iríamos passar naquele trilho e não a todo-o-terreno ou não abriríamos outro, alguns metros mais ao lado, que a Natureza pressurosamente iria fechar nos dias seguintes.

Detectar minas parecia-me uma coisa problemática, a menos que se soubesse onde íamos passar e, forçosamente com pouca antecedência, ali as colocassem. Efectivamente, da antiga estrada para a Ponta Varela e Ponta do Inglês restava pouco mais de um kilómetro. Depois, o terreno era "todo ou quase todo igual" e a progressão era feita a todo-o-terreno, com uma ou outra referência. Claro que poderíamos descer pela margem do rio, tendo-o sempre à vista e ao nosso lado direito, o que facilitava o movimento e dava a possibilidade de nos opormos às travessias, que, às vezes o inimigo tentava mesmo à luz do dia. De qualquer modo, uma coisa era certa: o caminho que seguiríamos entrava no âmbito do cálculo das probabilidades, um a dois kilómetros depois de sairmos do arame farpado.

Eram bem diferentes os dois guias, embora fossem ambos mandingas.

O Malan, mais velho, rondaria o cinquenta e cinco anos. Era, portanto velho, no contexto da população, mas exibia os restos de uma constituição física notável que lhe permitia realizar sozinho trabalhos agrícolas, recorrendo a alfaias tradicionais. Usava uma espécie de remo, com cerca de dois metros de comprido e, espetando a pá no solo com uma inclinação inferior a 45º, ia removendo pasadas de terra que punha para o lado, abrindo uma leira onde plantava arroz.

Outras vezes, pescava com uma espécie de rede (uma ridia, como ele dizia) e apanhava uma espécie de lagostins cuja cabeça tinha o comprimento quase igual ao do corpo. Eram saborosos e, infelizmente, poucas vezes apanhava mais de dez. Estou em crer que seria uma espécie de lagostins adaptados à água salobra, muito semelhantes aos que, por cá se desenvolvem nos arrozais.

O Malan fumava um daqueles cachimbos de madeira que enchia com toda a calma, dobrando cientificamente a folha do tabaco. Era um trabalhador infatigável e um guia de confiança. Era casado com uma mulher, mas vivia sozinho num abrigo minúsculo, construído por ele. Aproveitava o reabastecimento às auto-desfesas para visitar a mulher, em Demba-Taco. Levava-lhe dinheiro e alguns produtos da terra e eu nunca entendi de que é que uma mulher bastante mais nova que ele, vivia numa tabanca tão pequena e com tão poucos recursos.

Ao que me foi dito, durante os ataques com armas pesadas, sentava-se tranquilamente em cima do abrigo a fumar o cachimbo e explicava que "O homem "mure", quando "mure"!" e, por isso, não tinha grande necessidade de se abrigar. Ao que parece teria problemas sexuais de impotência, mas também de desejo.

O alferes Pinho da Artilharia contou-me que um dia, durante uma operação, resolveu pôr-se a gritar no meio da bolanha de Lântar: "A tabanca matou o meu caralho!", enquanto mostrava a "prova do crime". Durante o meu tempo, só recebi queixa da Maria, viúva de um furriel dos comandos, e que vivia com um filho de quatro ou cinco anos.

Uma noite, o Malan resolveu visitá-la. Creio que não terá sido bem recebido ou nem sequer tolerado nas proximidades. Depois... uma intervenção da vizinhança em apoio da Maria resolveu o problema. No dia seguinte, ela veio apresentar queixa e eu lá tive que "lavar o cérebro" ao Malan.

O filho da Maria era o meu adversário de óri. De vez em quando aparecia, para me ensinar a jogar. Trazia a caixa com os 12 buracos e as 48 sementes e depois sentávamo-nos frente e frente, ele no chão, com ar grave de quem sabe, e eu num banco baixo, a ver se desta vez é que ganhava um joguito. O "Balantazinho", embora não o fosse, mexia as sementes de palmeira com grande rapidez ao longo dos buracos e eu, por mais que me esforçasse, ficava sempre em segundo lugar. No Porto, este é primeiro dos últimos, o que não é nada mau. No final do derby bebia a taça – um Sumol de laranja – e ia-se embora abraçado à caixa do jogo, talvez a pensar que o capitão nunca mais aprendia a jogar uma coisa tão simples como aquele jogo tão antigo.

Um dia recebemos informações de que Tóda Nafemba e o Biota Tanhala andavam pelas redondezas e preparado-se para fazer das suas. A notícia (A-1, como é de calcular) dizia que um deles era natural do Xime. Convoquei o Malan e perguntei-lhe se sabia quem era. Respondeu-me que sim e acrescentou:
- Esse gajo cá presta e tem cu pequenino de Malan.

Intrigado quis saber porquê. Fiquei então a saber que o Malan tinha sido campeão de uma espécie de sumo, mas pratica do com algo parecido com umas cuecas-fio-dental, em cabedal grosso. Ambos os contendores se agarravam pela cintura e procuravam, aplicando rasteiras, derrubar o adversário. Nos bons velhos tempos do Malan tinham competido e o agora guerrilheiro sempre fora levado de vencida. Mesmo sem o equipamento adequado, o impedido da messe, o atirador Costa, desafiou-o para um combate ali e naquele momento. O Costa, empregado de mesa do Solmar, em Lisboa, era um malandreco da cidade e julgou que podia "dar baile" ao velhote, mas como "quem sabe não esquece" desistiu à segunda queda.

Nas conversas que tive com ele, o Malan pareceu-me verdadeiramente infantil. Não estava sequer capaz de entender o mundo para além do que via e sentia. Para ele a vida não ia além da sua tabanca e da natureza que a rodeava, do trabalho na terra ou no rio e, agora, porque era preciso, nem ele sabia bem porquê, fazia a guerra. Não creio que odiasse O Inimigo ou que tivesse qualquer assomo de patriotismo, na sua acepção mais corrente, naquele tempo. Julgo que lhe tinham dito que os Turras eram maus e que ele tinha que guiar a tropa contra eles. Além disso, sempre ganhava dinheiro o que terá sido uma promoção social a que se foi habituando. A sua vida repartia-se quase exclusivamente pela sua actividade como guia-picador e os trabalhos que lhe asseguravam a subsistência.

"Este gajo é puro!", dizia o alferes Gomes depois de mais uma conversa metafísica entre ambos. Falavam de Deus (ou dos Irãs), da Natureza e dos hábitos dos Mandingas. A argumentação do Malan era pobre, mas não havia quem o demovesse das suas convicções acerca da sua fé ou da estrutura social e valores éticos dos Mandingas, que ele aceitava, sem hesitar. Enfim, seria aquilo a que poderíamos chamar a encarnação do "Bom Selvagem". Já perguntei por ele à malta que lá foi matar saudades. Ninguém sabe qual foi o seu destino, após a independência, o que não é nada bom sinal... Velho, renitente e tendo colaborado muito com os colonialistas, não lhe auguro um bom destino...

O outro guia era o Mancaman. Claramente mais novo que o Malan, era alto, bastante magro e vestia sempre à moda muçulmana tradicional. Falava baixo, parecia medir as palavras ou digerir as perguntas que lhe fizessem ou as deixas do interlocutor. Só depois de ter estudado bem o que lhe fora dito, respondia. Dir-se-ia que não queria ser apanhado em falso ou em contradições. Esfingicamente fechado era-me difícil saber o que pensava.

Pouco depois de eu ter chegado, começou a pretextar motivos para não guiar a companhia. Nunca entendi aquele volte face que coincidiu com a minha chegada. Presumo que terá pensado que eu imprimiria outra orientação à actividade operacional. Parecia estar farto de guerra e, por isso, procurava sair dela ou, no mínimo, reduzir a sua participação, a pouco e pouco. Creio que descria já de uma "esmagadora vitória das NT" e, sentenciado a viver naquela terra, não vislumbrava uma saída para o impasse em que se encontrava. Claro que o dinheiro que ganhava era-lhe fundamental para a sua sobrevivência, mas comprometia-o com algo de que queria afastar-se. Qualquer que fosse a sua opção teria custos. Posto perante a evidência de que tinha de continuar a participar nas acções da companhia, cedeu, com relutância e reatou a sua colaboração.

Confesso que desconfiei dele.

Todavia, pensando melhor, comecei a compreender a sua indecisão e até angústia. Ele deveria estar a ver para o futuro. É que, depois de Junho de 1972, as populações e os militares do recrutamento local, ou mesmo simples apoiantes da acção do Exército viviam, diariamente e há vários anos, o desgaste da guerra e, numa observação simples, podiam aperceber-se de que os campos estavam cada vez mais extremados e que a guerrilha, se não estava a ganhar a guerra, também não dava sinais de regredir, havendo até sítios onde já há alguns anos não era possível ir sem que isso implicasse uma operação militar de custos mais ou menos elevados e mais-valias duvidosas. É que, ir a um dado local só por ir não faria sentido. Permancer lá, teria custos consideráveis. Restava a última hipótese que era normalmente a mais corrente: ir, destruir o que houvesse e matar quem se revelasse, uma vez que a "população sob duplo controlo" era cada vez mais um mito.

Que é que um cidadão Guineense poderia fazer, nesta situação? Não tenho dúvidas de que os mais atentos começavam a interrogar-se acerca do modo como tudo aquilo iria terminar. Creio que alguns começavam a prever que o fim seria certamente dramático. É dificílimo ter de optar em tempo de guerra ou grave convulsão. Porém, a vida real obriga a que essa opção seja uma escolha imediata e com reflexo na acção diária. A História cobra sempre dividendos aos vencidos de um fenómeno social e o cansaço da guerra, aliado à falta de êxitos claros da parte que apoiavam, dava-lhes a indicação de que maus tempos aí vinham. Só não sabiam quando.

A tabanca do Xime estava situada numa posição excêntrica que permitia que fosse abordada sem que o pessoal vigilante da companhia fosse alertado. Em noites de Lua-nova era mesmo difícil detectar movimentos para além do arame farpado. Daí até ao Poindom não havia ninguém. Depois, não sei. Estimo que as populações sob controlo do inimigo se dispersariam até à curva do Corubal. Não tenho elementos para dizer se e onde o inimigo residia naquela área.

Parecia que ali havia uma Terra de Ninguém. O PAIGC controlava as populações e o terreno para Sul do Poindom. Para Norte e até à linha definida pelas três tabancas (Amedalai, Taibatá e Demba-Taco), o domínio parecia ser nosso. Quase de certeza que o Mancaman não trabalhava para o PAIGC, mas tudo indica que sentiria uma certa pressão para reduzir a sua colaboração connosco e, se bem observado por alguém infiltrado na tabanca, poderia dar indícios utilíssimos, mesmo involuntariamente.

É o retrato que tenho esboçado destes dois homens que, em última análise, reagiam como podiam a uma situação social e política que martirizava a sua terra. Um nem sequer questionava a escolha que tinha feito e, como é habitual, terá sido trucidado pelos acontecimentos. O outro via-se entre dois fogos, sem possibilidade de optar, mas imaginando que se aproximavam tempos aos quais, no mínimo, teremos de chamar difíceis. Hoje podemos culpá-los de terem feito escolhas más. Será a opinião dos teóricos detentores da solução depois da poeira do cataclismo ter assentado. Hoje explicam como se deveria ter feito, mas é como se resolvessem um problema cuja solução lhes foi fornecida pelo desenrolar da História.

[ Revisão / Fixação de texto / bold / título: L.G.]
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Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 13 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5456: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (1): Esta noite fomos ao Fiofioli

(**) Com a devida vénia... Fonte: Poste de 7 de Abril de 2009 > Casa Hipólito, em Torres Vedras, do blogue Batalhão de Artilharia 1914, Tite, Guiné-Bissau

(***) Vd. tambem 2 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3263: Álbum fotográfico do Renato Monteiro (3): Xime, o sítio do meu degredo

2 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5578: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/Mai 71) (7): Mancaman, mandinga, filho do chefe da tabanca do Xime, um homem de paz

 (...) Nunca galgou a graduado de 2.ª linha; negou-se, certa vez, a ir numa operação para além de Ponta Varela; odeia os militares portugueses que maltrataram prisioneiros «turras» para obter declarações; condena com grande revolta as chacinas praticadas pelas tropas prtuguesas nos primeiros anos da guerra; e sempre que os oficiais de artilharia fazem fogo para o acampamento do Poidon (****), que ele deu a entender estar muito fraco e já não ser o que foi em tempos atrás, ele olha-os com uns olhos de fúria, o que poderia sugerir a presença de membros da tabanca ou mesmo de pessoas de família naquela área.


(...) Para mim, Mancaman é, acima de tudo, um homem que, como confessou, «não gosta da guerra» e «a sua lei (muçulmana) não quer guerra»; um homem que viveu, pessoalmente, o drama da guerra entre Portugal e Guiné; um homem que sentiu na alma o sofrimento, a morte e a destruição de que foram alvo os seus irmãos guineenses por quererem a independência; um homem marcado por uma tristeza impressionante quando fala destes assuntos.(...)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5802: Álbum fotográfico do Júlio Tavares, Sold Cond Auto, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Parte II) (Marisa Tavares / Victor Condeço)

1. Continuação da publicação da mensagem do Victor Condeço, ex-Fur Mil Mec Armamento,  CCS/BART 1913 (Catió, 1967/69), membro da nossa Tabanca Grande, residente em Entroncamento [ foto à esquerda]:

E agora os comentários às fotos que seleccionei  [do álbum fotográfico da Marisa Tavares, filha do nosso camarada Júlio Tavares, 1945-1986, mais conhecido como o Madragoa: era Sold Cond Auto Rodas, estando-lhe distribuída uma GMC, que ia habitualmente à frente, nas colunas logísticas; foi para o Canadá, em 1975, como emigrante, lá nasceu a sua filha Marisa, em 1978; faleceu em 1986, devido a doença prolongada]: 

- A foto do grupo com o estandarte [, à direita,], era o estandarte particular (ronco) do pessoal da secção de transportes Os Desastrados e que tinham por divisa "SOB O PERIGO RODANDO". 

- As fotos (8 ao todo,  já minhas conhecidas), dos prisioneiros do PAIGC, das armas, do helicóptero, do C47 Dakota e dos T6, foram tiradas em Catió, em 25 de Fevereiro de 1968,  por ocasião da Operação Ciclone II que o BCP12/CCP121 e CCP122 realizaram a Cafal/Cafine, tendo por base de operação a pista de Catió e terrenos adjacentes a sul da mesma pista.

Nota, esta operação é profusamente descrita e documentada no livro da colecção Batalhas de Portugal, Guiné 1968 e 1973 Soldados uma vez soldados sempre!, da autoria  do Coronel Pára  Ref Nuno Mira Vaz. 


  
  

  


- Nas fotos da GMC que já foram publicadas , considerando o à-vontade do pessoal, serão com certeza numa qualquer estrada próximo de Catió, Areia, Sua, Quintáfine, Ganjola, Priame, Quibil, Ilhéu de Infanda, o Mário Fitas que me perdoe, mas não me inclino para a estrada de Cufar, a não ser numa zona muito próximo de Priame, que o pessoal não era louco para se aventurar a maior distância.

 








- A GMC carregada de lenha [ acima, à esquerda] está  a fazer descarga na zona da cozinha, nas traseiras do refeitório geral. A viatura Matador [, foto acima, à direita, ] pertencia à companhia de Cufar, mas foi fotografada em Catió onde terá vindo inserida numa coluna.  

- A LDG 101 pode muito bem ter sido (e com toda a certeza foi) fotografada junto do cais de madeira do Porto Exterior de Catió, no rio Cagopere, único sítio onde era costume a abicagem destas lanchas quando se deslocavam a Catió. 

 (Continua)

Fotos: © Marisa Tavares (2010). Direitos reservados

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Nota de L.G.: (*) Vd. postes anteriores:



1 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5742: Em busca de ... (115): Camaradas de meu pai, Júlio Marques Tavares, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Marisa Tavares)

Guiné 63/74 - P5801: Memória dos lugares (69): O isolamento de Bedanda (Mário Silva Bravo, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 6, Bedanda, 1971/72)



1. O nosso camarada Mário Silva Bravo (ex-Alf Mil Médico na CCAÇ 6, Bedanda, 1971/72) enviou-nos a seguinte mensagem, em 7 de Fevereiro de 2010:


Camaradas,

Mais uma mensagem com o propósito de descobrir gente (foto 1), que há tantos anos conheci e que gostaria de saber onde estão.

Envio outra foto (2), de Bedanda, com o objectivo de recordar a todos os que vivemos estes momentos, que a vida tem fases de tudo e até de carências e limitações ultrapassáveis.

É claro que com a idade que nós tínhamos, tudo era mais fácil e não provocava grandes males.

Foto 1: GUINÉ > 1971/72 > GRUPO NORTENHO: Da Esquerda para a direita - Lopes (Cozinheiro, de Torre de D.Chama;), Dias (Enfermeiro, de Viana do Castelo); Cripto (Não me lembro do seu nome, nem naturalidade), Nelinho (Atirador, do Porto) e Eu (Médico, do Porto).

O isolamento de Bedanda

Foto 2: GUINÉ > BEDANDA > 1971/72: Abastecimento aéreo.


Por vezes e por dificuldades de circulação via fluvial, era necessário abastecer a CCaç 6, por via aérea, através do lançamento de alimentos (e também correio), usando um avião North Atlas. Na foto, podemos ver dois pára-quedas a atingirem o solo e também um militar a deslocar-se para o ponto de aterrragem dos ditos.

Este modo de abastecimento, tinha como consequência inevitável, uma refeição muito original, frango de estilhaços, que queria dizer só isto:  o frango era lançado sob a forma de congelado e,  ao atingir o solo, partia-se em múltiplos bocados. Não havia outra solução – cozinhá-lo mesmo assim e daí o seu nome, tão elucidativo.

É claro que com alimentos, o pessoal da Força Aérea trazia também o tão esperado correio, que diminuía um pouco a saudade da Metrópole.


Um abraço,
Mário Bravo
Alf Mil Médico da CCAÇ 6

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
Fotos e legendas: © Mário Bravo (2009). Direitos reservados.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5800: Convívios (186): IV Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 6 de Março de 2010 (Carlos Vinhal)

Aproxima-se o dia 6 de Março de 2010, data do IV Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas até 27 de Fevereiro para:

- António Maria, telem 938 492 478
- Carlos Vinhal, telem 916 032 220
- José Oliveira, telem 917 898 944
e
- Ribeiro Agostinho, telem 969 023 731

Informa-se que este ano nos podemos fazer acompanhar das nossas queridas companheiras, só delas por favor, por questão de logística.

Embora o Encontro seja destinado aos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, temos muito prazer em receber qualquer camarada ex-combatente da Guiné, venha ele de onde vier e que connosco queira confraternizar.

Deixamos um convite especial à Tabanca de Matosinhos, um bom exemplo a seguir, porque congrega camaradas dos mais diversos pontos do país.

Estendemos também o nosso convite às novas Tabancas existentes pelo Grande Porto, à Tabanca do Centro e por que não à Tabanca da Lapónia.

É de toda a conveniência que se inscrevam com a maior brevidade possível para se procurar restaurante apropriado ao número de participantes.

Oportunamente será indicado o local de concentração, restaurante escolhido para o almoço e respectivo preço.


Monumental escultura existente nos limites de Matosinhos, fronteira com a cidade do Porto

Em 2009 foi assim. Este ano seremos mais.
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(*) Vd. poste de 14 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4030: Convívios (100): III Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 7 de Março de 2008 (Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 – P5799: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (30): Força Carlos



1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66) e enviou-nos uma mensagem (a 30ª), com data de 7 de Fevereiro de 2010:


Camaradas,

Tenho andado numa trabalheira do caraças por cauda do meu blogue. Já ultrapassou as 6.000 páginas visitadas.

Em que sarilho o Magalhães Ribeiro me meteu, ao ensinar-me os primeiros “passos bloguísticos”!

Estou agarrado até aos cabelos. Mas confesso que é um "vício bestial”. Já não passo sem isto.

Vejo com frequência o blogue dele e o nosso. O meu é generalista e está andar...

Quem quiser visitá-lo basta clicar duas vezes no seguinte endereço: http://jeroalcoa.blogspot.com

Posto isto segue mais uma "estória" cá do Jero...


FORÇA CARLOS!


Como é normal na vida militar procurei nos primeiros tempos da Guiné, depois da “poeira” assentar, “filhos da terra”…

De Alcobaça não havia ninguém mas havia um “vizinho”.O Carlos Agostinho Vieira, da Batalha, que era o Cabo quarteleiro.

As suas funções tinham a ver o stock de munições, com o bom funcionamento das armas (conservadas com “massa consistente) e, eventualmente, com mais algumas coisas de que já não me lembro.

O Carlos Vieira era um indivíduo muito alto, pouco falador, que caminhava um tanto curvado e com quem não era fácil manter uma relação cordial. Era “fechado” e vivia fechado no “buraco” onde se guardavam armas e munições.

Cada qual é como cada um e o Carlos desempenhava as suas funções a contento. Era um bom Cabo Quarteleiro, que só dava nas vistas por ser um grande calmeirão. E caminhar curvado. E ser calado “comó caraças”…

Até que um dia, melhor dizendo numa noite, deu nas vistas. E não foi pela melhor das razões…

Numa operação que envolvia dois pelotões que saíam do quartel por volta da meia-noite, no máximo silêncio e com ocultação de luzes, apareceu na altura da saída para o mato com um “petromax” aceso para perguntar ao Capitão Tomé Pinto se era preciso mais alguma coisa.

Foi de imediato repreendido e mandado desaparecer, e quando começou a responder que …tinha pensado …o comandante de Companhia disse-lhe logo que ele não estava ali para pensar mas… para cumprir ordens.


A malta da tropa é cruel e a partir daquela madrugada passou a ser conhecido como o “Massa Bruta”. Está-se mesmo a ver porquê…

Também é verdade que, à distância no tempo, me parece que o Carlos Vieira não se importava por aí além com a alcunha “sacana” que lhe calhou…

Regressámos da Guiné em Maio de 1966 e estive alguns anos sem o ver.


Melhor dizendo em vinte e muitos anos encontrei-o 3 ou 4 vezes nas reuniões anuais da malta da Companhia, que fazíamos todos os anos no primeiro domingo de Maio em Lisboa, com concentração frente à Estátua dos Restauradores.


Fixei-me na zona de Alcobaça onde exerci a minha actividade profissional na SPAL durante trinta e muitos anos.

Depois de casar não houve mais tempo para corridas e o trabalho, a vida sedentária e os dotes da minha mulher para a cozinha levaram-me num curto espaço de tempo a um peso que esteve a 3 quilos dos 3 dígitos.

Com pequenas oscilações mantive-me com 97 kgs, por alguns anos, mas por volta dos 35 anos voltei ao desporto por duas razões: - para emagrecer e… para não passar o resto da vida a comer cozidos e grelhados.

Aliás há muita gente do meu tempo que continua a fazer desporto e sacrifícios nas corridas para poder “dar ao dente”. Enfim … espero não ser considerado traidor por estar a revelar este segredo de grande parte dos veteranos das corridas (e caminheiros).

Dos 35 até cerca dos 50 anos fui praticante diário de “jogging”, também conhecido entre os “malucos das corridas” como alta manutenção.

Foram os tempos das meias maratonas da Nazaré. Corri umas dez -nunca desisti - e fiquei sempre entre os primeiros 3 mil concorrentes.

Fazia os 21 quilómetros do percurso entre 1H45 e 2H00, obviamente com muito sacrifício pois correr durante 21.097 metros “não é pêra doce”…

A última meia-maratona que corri foi tão comprida que, depois dos 17 kms, não me lembrava de nada. Corri essa parte final do percurso em “autêntico transe”. Falei nisso ao meu médico que me disse para ter juízo. «Faça caminhadas e deixe-se de corridas». Foi o veredicto que terminou com a minha carreira de meio-maratonista.

Chegou a altura de passar a espectador e há uns dez anos atrás fui (involuntário) protagonista de um facto invulgar que resolvi partilhar agora.

No entanto há ainda que esclarecer os que nunca andaram por este mundo das meias-maratonas que há corredores e… “corredores”. Os que lutam para os primeiros lugares correm cada Km. em cerca de 3 minutos e os outros – os corredores do pelotão – percorrem cada km. em 5 ou 6 minutos.

Quer isto dizer que com meia hora de corrida há corredores que vão nos 10 kms de percurso e outros – como era o meu caso – que apenas tinham percorrido cerca de 5 kms.

Está claro que, à medida que aumentam os kms, aumentam as distâncias entre os mais rápidos e os outros – os lentos ou, também conhecidos na gíria, como “os coxos”-.

A certa altura da Meia-Maratona da Nazaré – que foi a corrida onde se registou o tal “facto invulgar”- era normal os atletas da frente cruzarem-se com os mais atrasados, dado que o percurso da prova era de ida e volta.

Explicando melhor a partida fazia-se da Nazaré (então com uma volta dentro da vila de cerca de 5 kms) ia-se até Famalicão (onde estava um bidão que assinalava o “retorno”) e voltava-se em direcção à Nazaré, onde estava instalada a meta.

Um dos melhores lugares para apreciar a corrida e o esforço dos corredores era (e é) na Quinta Nova. Nesse local os da frente passavam(passam) com cerca de 16,5 kms percorridos e cruzavam(cruzam) com a rapaziada da cauda do pelotão que levava(leva) então cerca de 9,5 kms de prova ainda a caminho do bidão (de Famalicão).

Nesse ano de 1994 ou 1995 “plantei-me” no cruzamento da Quinta Nova para ver a corrida e para incitar especialmente o Carlos Pereira (que trabalhava comigo na SPAL).

É que nesse ano o Carlos Pereira corria para ficar entre os 10 primeiros, pois “valia” então uma hora e sete minutos na distância.

Avistei o grupo de frente – que englobava uns 10 ou 12 corredores - e… lá vinha ele.

Tentei ganhar maior visibilidade no local onde me encontrava, levantei os braços e gritei: - Força Carlos. Força Carlos!

Julgo que nem me viu nem me ouviu.

O esforço é grande e a concentração de quem corre àquele ritmo é enorme.

Mas na altura dos meus gritos de incitamento ouvi uma voz do outro lado da estrada a gritar para mim: - Eh Oliveira!

Olhei de imediato e reconheci a voz e a pessoa.

Era o Carlos Vieira, da Guiné. Era o “Massa Bruta”.





O meu de grito de “Força Carlos”, tinha encontrado eco (n’outro Carlos), que corria no outro lado da estrada, no pelotão dos “coxos” ainda a caminho do bidão de Famalicão.

Fiquei de boca aberta e tão surpreendido como ele. Ou ainda mais.


Vim depois a caminho da meta. Para cumprimentar o Carlos Pereira (o colega da SPAL), que já tinha chegado e obtido a sua melhor classificação de sempre: - o 3º lugar da classificação geral(com 1h06m59s).

Esperei mais um bom bocado mas não consegui localizar o Carlos Vieira, da Batalha e meu camarada dos tempos da Guiné.

São 3.000 atletas na zona de chegada e muita confusão à mistura...

Não podia deixar de pensar naquela coincidência levada da breca.

Três mil indivíduos a correr, sei lá com quantos “Carlos” lá pelo meio e tinha acontecido aquele coincidência extraordinária numa fracção de segundo.

Gritar por um “Carlos”, que via todos os dias e que nem para mim olhou, e responder-me outro “Carlos”, que já não via há uma série de anos.

Qual o cálculo de probabilidades de isto acontecer!?

Não faço a mínima ideia.

Continuo a pensar que este incitamento para “forças” desencontradas acontecerá uma vez na vida.

Mas que aconteceu… aconteceu!

E a fotografia não é montagem. Foi tirada por mim umas fracções de segundo depois do meu grito de incitamento.

E o Carlos da SPAL que me desculpe mas desta vez o “Força Carlos” é mesmo para o meu ex-camarada da Guiné.

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P5798: Agenda cultural (57): Apresentação da História de Portugal Em Sextilhas, dia 26 de Fevereiro em Moreira da Maia (Manuel Maia)

CONVITE




O nosso camarada Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), Convida todos os camaradas e amigos a assistirem ao lançamento oficial da sua "História de Portugal Em Sextilhas".

A cerimónia terá lugar nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Moreira da Maia no próximo dia 26 de Fevereiro (Sexta-feira) pelas 21,30 horas.

Não houve convites formais pelo que toda a gente está convidada a assistir ao evento.

Para quem não conheça o local, o Quartel dos Bombeiros Voluntários de Moreira da Maia fica situado junto à paragem do Metro de Pedras Rubras, linha B (Encarnada) Estádio do Dragão/Póvoa de Varzim.

Escusado será dizer que o nosso poeta Manuel Maia se sentirá honrado com a presença dos seus camaradas e amigos, tal como aconteceu no dia 9 de Dezembro de 2009, aquando do lançamento da primeira edição destinada à tertúlia do nosso Blogue.

Nunca é demais lembrar que o chamado grupo do Cadaval, chefiado pelo camarada Vasco da Gama, no que concerne ao lançamento desta primeira edição, e a Tabanca de Matosinhos no apoio logístico, foram responsáveis por esta obra ter visto a luz do dia*
.

Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 9 de Dezembro de 2009 > Apresentação da "História de Portugal Em Sextilhas" à tertúlia > Manuel Maia no uso da palavra.

(Fixação e texto de CV)
__________

(*) Vd. poste de 10 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5441: Agenda cultural (50): Apresentação do livro História de Portugal em Sextilhas, de Manuel Maia, na Tabanca de Matosinhos

Vd. último poste da série de 19 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5676: Agenda cultural (56): Beja Santos e Luís Graça, hoje, às 15h, em Oeiras, em colóquio-debate sobre Fim do Império - Olhares Civis

Guiné 63/74 - P5797: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (11): A recolha de fundos vai continuar... Saldo: 430 € (Manuel Reis / Luís Graça)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > A Capela,  da CART 1613 (1967/68), renasceu das cinzas, graças ao empenho da população local, da AD do Pepito e do Domingos Fonseca, e da boa vontade de alguns velhos tugas. Data da sua inauguração oficial: 20 de Janeiro de 2010. Guileje volta a ser um local de paz, de fé, de solidariedade, de (re)encontro, de ecumenismo, de esperança... E espero que possamos lá voltar a rezar um dia... Talvez no próximo ano, por que não ?!

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Direitos reservados.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > 2 de Março de 2008 > Três homens com um ar de felicidade... Ei-los aqui fotografados com um tesouro, a estatueta, em metal, da santa protectora dos Gringos de Guileje, encontrada nas escavações arqueológicas do antigo aquartelamento de Guileje...

Da esquerda para a direita os valorosos representantes da penúltima unidade de quadrícula de Guileje, a CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972): José Carioca, Abílio Delgado e Sérgio Sousa... Entraram para a nossa Tabanca Grande em Maio de 2008 (*)... O Zé Carioca é actor de teatro (amador) e  vive em Cascais, tendo mostrado interesse em projectos de cooperação com a Guiné-Bissau. O Abílio Delgado era, na altura, o mais jovem capitão miliciano no TO da Guiné. Vive na Ericeira. De nenhum deles (e muito menos ainda do Sérgio Sousa) tenho tido notícias... Outro Gringo de Guileje que me vem à cabeça é o Amaro Samúdio,  que conheci em Matosinhos: foi o primeiro Gringo a chegar até nós. Também não tenho sabido dele nos últimos tempos. Foi graças ao Samúdio que os Gringos se Guileje se reuniram pela primeira vez (em 2008). A maior parte do pessoal da companhia era de origem açoriana.

 Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3477 (1971/77) > Oráculo, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima e do Santo Cristo dos Milagres... Na imagem, o Amaro Munhoz Samúdio, ex-1º cabo enfermeiro, está a pegar ao colo um bébé chimpazé que ele comprou a um caçador local por 500 pesos...Na foto pode ler-se ainda a oração em verso: "Santo Cristo dos Milagres / Nesta capelinha oramos / Para sempre sorte dares / Aos Gringos Açorianos".

Esta lápide assim como a estatueta e diversos outros objectos de uso corrente, foram encontrados por ocasião das escavações arqueológicas... Associado aos trabalhos de  capela e ao núcleo museológico de Guileje, fica também doravante o nome do Domingos Fonseca, engenheiro técnico agrícola, quadro da AD, e o grande arqueólogo de Guileje. Peças como esta estatueta da Nossa Senhora  forem encontradas por ele.

Segundo amável informação do Samúdio, o monumento foi contruido pelos Gringos e inaugurado pelo então Ministro da Defesa Nacional, general Sá Rebelo e também pelo então governador, general Spínola, em 12 de Junho de 1972.

Foto: © Amaro Samúdio (2006). Direitos reservados.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Março de 2006 >  Um elemento da equipa de detecção e  levantamento de minas e outros engenhos explosivos


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Novembro de 2004 > Aspecto da antiga porta de armas do quartel...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Dezembro de 2005 > Foto de elementos da população local  envolvida na desmatação do antigo aquartelamento e suas imediações


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Novembro de 2005  > Sinalética  usada para identificar as diferentes instalações do antigo aquartelamento




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Janeiro de 2006  > Restos da capela, incluindo a lápide original, mandada fazer pelo Zé Neto...

 Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Direitos reservados.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Restos do oráculo ao Santo Cristo dos Milagres

 Foto: © Xico Allen (2005). Direitos reservados.


1. O Manuel Reis, nosso prezado camarada, professor do ensino secundário, reformado, ex-Alf Mil da CCAV 8350, a última unidade de quadrícula de Guileje  (1972/73), enviou-nos a lista  dos donativos recolhidos até agora, no âmbito da campanha do nosso blogue a favor da reconstrução e manutenção da capela de Guileje. O dinheiro, que tem sido depositado numa conta da Caixa Geral de Depósitos, Agência de Ílhavo, em nome do Manuel Reis, será oportunamente transferido para a AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, a ONG que liderou este projecto.


O dinheiro até recolhido foi de € 430 (quatrocentos e trinta euros), o equivalente a pouco mais do que um euro por cada membro da nossa Tabanca Grande (4 centenas). Mas até aqui as estatísticas (neste caso a média aritmética) são enganadores: esssas contribuições são apenas de 7 camaradas nossos, que passam a figurar na lista do Grupo dos Amigos da Capela de Guileje... São eles o Amílcar Ventura, o António Graça de Abreu , o Coutinho e Lima, o Hélder de Sousa, o João Seabra e o Luís Graça, que se vêm juntar aos os primeiros registados, Patrício Ribeiro, António Cunha, Manuel Reis e António Camilo (**)

A estes dez temos que juntar, por um questão de elementar justiça,  os dois elementos da AD que de alma e coração levaram este projecto até ao fim, o Pepito e o Domingos Fonseca, também eles membros da nossa Tabanca Grande.  E, naturalmente a Júlia Neto, viúva do Zé Neto, o pai espiritual e material da capela, contruída no tempo da CART 1613 (1967/68) e depois completamente destruída, com a retirada de Guileje em 22 de Maio de 1973... Há sempre o risco de, involuntariamente, esquecer alguém... Fazemos questão de mencionar aqui o nome do Paulo Santiago por intermédio de quem se conseguiu arranjar o crucifixo, em madeira... Também ele pode e deve ostentar o título de Amigo da Capela de Guileje...



Guiné-Bissau > Região de Tombali  > Guileje > 1 de Março de 2008 > Visita ao sul, no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de Março ded 2008) > Restos de granadas de obus 14, recuperadas durante as escavações do antigo aquartelamento. Hoje Guileje é um local de paz e de (re)encontro.

 Foto: ©  Luís Graça (2008). Direitos reservados.


A campanha de angariação de fundos vai-se manter, apesar da capela já ter sido recentemente inaugurada (***), de modo a permitir ainda,  a eventuais retardatários,  dar a sua (e aumentar a nossa) contribuição (material e simbólica) para esta causa.

Guileje é hoje um ponto de paz e de (re)encontro de homens que no passado se bateram, de armas na mão, sob bandeiras diferentes. A própria ideia da constituição de um  Grupo de Amigos da Capela de Guileje tem, por certo,  um certo simbolismo.

Pagamento por multibanco: NIB: 003503720000835570006

Pagamento por transferência Bancária: Conta nº: 0372008355700 da Caixa Geral de Depósitos de Ílhavo, em nome de Manuel Augusto Ferreira Reis.

A todos os nossos camaradas, contribuintes (em géneros e/ou em espécie), independentemente da sua ligação efectiva (e afectiva) a  Guileje, o nosso muito obrigado. Manuel Reis & Luís Graça.

_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2815: Tabanca Grande (67): Os Gringos de Guileje: Abílio Delgado, Zé Carioca e Sérgio Sousa (CCAÇ 3477, Nov 1971/ Dez 1972)


(**) Vd. postes de:

7 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5603: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (10): Recolha de fundos para ajudar a reconstrução (Manuel Reis / Luís Graça)

30 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5567: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (9): Reconstrução, quase pronta, da capelinha de Guileje, terra de fé e de coragem, nas palavras do saudoso Zé Neto (CART 1613, 1967/68)

16 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4534: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (2): António Camilo oferece 300 sacos de cimento e 150 litros de tinta

6 de Junho de 2009 > Guiné 64/74 - P4469: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (1): Já temos três: Patrício Ribeiro, António Cunha e Manuel Reis

(***) Vd. poste de 29 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5726: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (10): A inauguração da capela, em 20 de Janeiro, na presença do embaixador de Portugal (Pepito)