terça-feira, 21 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10286: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (10): O Tarzan do Jol

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), com data de 14 de Agosto de 2012:

Olá Camarada e Amigo Carlos Vinhal!
Afinal isto das estórias são como as cerejas. Começa-se a puxar por uma e lá vem mais outra atrás...
Foi precisamente o que me aconteceu com mais esta que agora te envio, e que me veio à memória ao passar ontem pelo Rossio em Lisboa, onde habitualmente se encontra muito pessoal das ex-colónias, nomeadamente da Guiné-Bissau, e à venda alguns produtos oriundos daquela terra vermelha e verde, como costuma dizer o Luís Graça.
Desta forma, não foi difícil passar para o papel mais este relato que agora te envio juntamente com algumas fotos, para possível publicação, se assim o entenderes.

Com votos de muita saúde, recebe um grande e forte abraço.
Augusto Silva Santos


ESTÓRIAS DOS FIDALGOS DE JOL (10)

O Tarzan do Jol

Foi já no final do ano de 1971 que cheguei a Bissau. Quase por milagre (como se costuma dizer) ainda consegui passar o Natal em Lisboa, pois nessa altura deixaram de haver voos, mas eis-me a embarcar a 28 de Dezembro no Aeroporto de Figo Maduro em rendição individual para a então província da Guiné, se não me falha a memória num velhinho quadrimotor DC-6. Não foi uma viagem fácil, pois demorou muitas horas, com uma inevitável escala na Ilha do Sal em Cabo Verde, dado que a determinada altura (sensivelmente a meio da viagem), um dos motores começou a falhar (víamos da janela o hélice parado), mas muito provavelmente também por uma questão de reabastecimento de combustível.

Tive a sorte de ter amigos à minha espera em Bissau, que logo me encaminharam para ficar alojado em Brá, mais propriamente no Combis, onde fiquei a aguardar transporte para Piche, visto ter guia de marcha com destino à CCav 2749, para render o infeliz Furriel Mil. Armindo André, cuja morte trágica já foi motivo de relato neste blogue por outros camaradas. Tal não viria no entanto a acontecer, pois por influência do meu irmão que se encontrava no Pelundo na CCaç 3307, junto do Comandante do BCaç 3833, acabei por ser “desviado” para a CCaç 3306 sita em Jolmete. Recordo que os meus primeiros dias de Guiné como militar (já havia estado várias vezes em Bissau como civil), foram demasiado horríveis para mim, mesmo considerando a óptima recepção por parte dos outros camaradas, pois apesar da medicação que nos era ministrada para evitar o paludismo, apanhei uma “carga” tal que, passados todos estes anos, ainda sinto arrepios só de me lembrar o que então passei. Quase não me aguentava de pé e, o na altura que me “safou”, obviamente para além da medicação anti-palúdica que me foi ministrada, foi a muita água gaseificada Perrier e água tónica Shweppes que, além do gás, também tinha hidrocloreto de quinino.

Toda esta introdução para explicar que, infelizmente, esta situação relacionada com a malária foi algo que me atormentou ainda durante alguns anos, com maior incidência durante o período em que permaneci na Guiné, nomeadamente no mato. Aqui em Portugal foram muitas as injecções de Ricolon + Conmel que levei, para minimizar os chamados acessos palustres que me assaltavam aquando duma gripe mais forte.

Foi o que me aconteceu algumas vezes enquanto estive na CCaç 3306, embora sempre controlado e sem grandes problemas, mas lembro-me que numa ocasião, já algo debilitado, mas com esperança de melhorar e para não sobrecarregar nenhum colega, resolvi mesmo assim alinhar em mais uma das habituais operações, mas em má hora o fiz, pois dessa feita as coisas não correram da melhor forma e, apesar dos cuidados do enfermeiro que nos acompanhava, estive prestes a ter de ser evacuado em pleno mato. A febre alta, o frio, e as dores musculares já eram tantas, que estava quase a entrar num estado de prostração.

Foi então que algo de inesperado se passou, ou seja, um dos Soldados do Pelotão de Caçadores Nativos chegou-se junto a mim e, quase em sussurro disse-me qualquer coisa mais ou menos nestes termos:
- O Furriel quer ser mesmo evacuado, ou quer ter forças para chegar ao quartel?

Por já não estarmos muito longe, obviamente respondi que preferia ir para o quartel. Deu-me então algo para mascar, garantindo ele que iria resultar.

Que “coisa” era não sei e também não me quis posteriormente dizer, mas o certo é que passado algum tempo, muito provavelmente associada também às injecções que entretanto me foram ministradas, me deu uma tal “pica” que cheguei ao quartel numa situação fora do normal. De repente quase me senti o Tarzan do Jol (na altura ainda não havia o Rambo).

Não sei ao certo que “produto” foi aquele que me foi arranjar forças onde parecia já não as ter. Conseguir, consegui, só que depois fiquei quase uma semana de cama para conseguir recuperar. “Aquilo” deu-me realmente forças, mas rebentou comigo. Só mais tarde me foi explicado que o mais certo foi esse Soldado Nativo me ter dado noz de cola com algo mais misturado. Agora percebo por que é que quase todo o pessoal nativo andava sempre a mascar aquela semente, e porque é que nos dias de hoje ainda se encontra a vender em Lisboa, em pleno Rossio e Martim Moniz.

Curiosidade:
A noz de cola é um forte estimulante. Como o café, a noz de cola estimula e mantém-te acordado. O efeito psicoactivo é no entanto diferente. Aumenta o poder de resistência e diminui o apetite. Melhora a concentração, aclara o cérebro, tem um efeito ligeiramente afrodisíaco e pode dar "pedra". Impulsiona as tuas capacidades normais como por exemplo o trabalho, desporto, dança e sexo. Devido à descarga de energia que provoca no corpo de várias maneiras, também é usada como elemento dietético.
A Cola tem um efeito marcadamente estimulante na consciência humana. A curto prazo, pode ser usada na debilidade nervosa e nos estados de fraqueza. Para além disso, pode actuar especificamente na diarreia nervosa. Também ajuda em estados de depressão e pode, em algumas pessoas, causar estados eufóricos. Devido ao seu conteúdo de cafeína, a noz de cola pode aliviar algumas enxaquecas. Os compostos fenólicos e as antocianinas podem ter uma actividade antioxidante. Os usos históricos da noz de cola incluem o aumento da capacidade de esforço físico e a resistência à fadiga sem comer; o estímulo do coração fraco; e o tratamento de debilidade nervosa, fraqueza, apatia, diarreia nervosa, depressão, desânimo, ressentimento, ansiedade, e enjoos marítimos.
Nome científico: Cola nitida;
Família: Sterculiaceae
(Enciclopédia – Azarius).

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Bissau, Dezembro de 1971 > Com o meu irmão e dois amigos

Brá, Janeiro de 1972 > Ostras para o petisco

Jolmete, Maio de 1972 > Junto ao Posto de Rádio

Jolmete, Maio de 1972 > Vista parcial do quartel e da tabanca

Jolmete, Junho de 1972 > Entrada do quartel

Jolmete, Junho de 1972 > Junto à viatura da água

Jolmete, Outubro de 1972 > Últimos tempos no Jol

Jolmete, Outubro de 1972 > Vista parcial da nova tabanca
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10254: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (9): Operação Tábuas

Guiné 63/74 - P10285: Do Ninho D'Águia até África (6): Apanhado pelo clima (Tony Borié)

1. Sexta estória de "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agrup 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177.


Do Ninho D'Águia até África (6)

Apanhado pelo clima!

O Guedes vivia numa aldeia do interior, próximo da raia com a Espanha. Era irmão gémeo. Ambos os irmãos, serviam o exército. O outro irmão, já tinha sido mobilizado para o ultramar, noutra província que não era em África. Creio que nessa altura havia uma lei em que não podiam ser mobilizados, os dois, ao mesmo tempo, para o ultramar.

Pelas notícias que o irmão mandava nos aerogramas, naquela província era um paraíso. Era só paz, boa comida, paisagens de sonho, as pessoas amáveis, e dizia que tinha duas namoradas.

Estava a pensar em ficar por lá de vez, quando acabasse o serviço militar, pois em Portugal, a vida na aldeia, na lavoura, era rude, as raparigas, algumas tinham bigode e eram feias. Ali, onde o irmão se encontrava, eram todas exóticas e lindas.

Tanto bem lhe disse que o Guedes mete requerimento, em meia folha de papel selado, para ir também para o ultramar, para essa província.

Entretanto a guerra de libertação desenvolve-se, cada vez com mais força.

Havia mais conflitos, mais emboscadas, os guerrilheiros estavam em quase todo o terreno, já havia sinais de rebeldia também no sul, eram necessários mais reforços, urgentes, na província onde o Cifra se encontrava.

Todos os meses chegam novas tropas. Bem ou mal preparadas, chegavam.

Quis o destino que o Guedes, e muitos mais, viesse parar ao aquartelamento onde o Cifra se encontra.

Deu logo nas vistas, pois andava contrariado, e dizia:
- Não era para aqui que queria vir, qualquer dia mato alguém.

Além de andar contrariado, não acatava ordens, andava sempre sujo e com a mesma roupa, só comia quando queria, e muito pouco. Na maneira de proceder era parecido com o Curvas, alto e refilão, só que não comia, andava sujo e não mostrava ser violento.

Um dia, o Cifra cruzando-se com ele tentou falar-lhe.

O Guedes, olha o Cifra. A sua cara fica em frente do Cifra, mas os olhos olham em diferente direcção, para baixo e para o lado, repete duas ou três vezes, diferentes frases, sem senso, como por exemplo:
- Quero uma namorada bonita. Eu não sou daqui. Quem és tu, filho da puta!.

Dos lábios, ao pronunciar estas palavras, saía uma saliva, como se fosse baba. Não era normal. Alguns que sabiam a sua história chamavam-lhe, “Meia folha de papel selado”.

Ao sábado, quando algumas raparigas naturais, que lavavam a roupa para alguns militares, vinham trazer essa mesma roupa, faziam uma fila à entrada do aquartelamento. O Guedes, dirige-se a uma dessas raparigas, das mais vistosas, e com atitude agressiva, agarrando-a pelos braços, diz-lhe:
- Tu és a minha namorada, e vou ter sexo contigo.

A rapariga, começa a gritar, desesperada, tentando livrar-se dele. Nesse momento, o Guedes puxa de uma pistola, que trazia consigo, e dispara dois tiros. Uma dessas balas, atinge uma perna da rapariga.

Como se nada tivesse acontecido, o Guedes afasta-se e murmura:
- Esta já morreu, era feia, agora vou arranjar outra.

Foi preso e desarmado imediatamente, pelos colegas, e não ofereceu resistência.

O helicóptero veio evacuar a rapariga para o hospital da capital da província. O Guedes ficou preso nessa noite no aquartelamento, de onde se ouviam risos e gargalhadas, parecendo vir do local onde estava. No dia seguinte, uma secção de combate, veio trazê-lo à capital para ser evacuado para Portugal, para ser tratado e julgado pelo crime que cometeu, pelo menos foi essa a informação que correu em todo o aquartelamento.

Alguns, no aquartelamento, diziam:
- É muito pouco tempo para o “Meia folha de papel selado” já “estar apanhado pelo clima.

A partir desse momento, ao sábado, as raparigas lavadeiras eram protegidas à entrada do aquartelamento por uma secção de combate.

No início deste conflito de guerrilha, imprevista e traiçoeira, na província onde o Cifra se encontrava, a falta de treino e preparação dos militares, tanto psicológica como no terreno de acção, era constante. Havia alguns militares que se excediam, depois de terem direito a ter uma arma sob o seu controle, e havia alguns oficiais que abusavam do seu poder, como era o caso do capitão, que batia nos seus militares de inferior posto.

Havia muitas deficiências no sistema militar em campanha, onde quase tudo se estava a improvisar, como por exemplo, na arrecadação de material de guerra, onde não havia arrecadação nenhuma, pois era uma espécie de quarto, no novo aquartelamento, ainda em construção, onde estavam depositadas algumas armas, que sendo usadas, causariam uma catástrofe.

Tudo isto acontecia, num local de conflito, onde alguns militares, mal treinados, foram colocados numa frente de combate, onde alguns estavam sobre forte pressão nervosa, mal alimentados, sem assistência médica no local, pois as consultas médicas eram por apontamento, e no hospital da capital da província, com falta de alguns medicamentos de primeira necessidade, às vezes angustiados, e alguns mostravam que não seriam responsáveis pelos seus actos.

Isto era uma verdade que trazia o Cifra, também angustiado, e pensava muitas vezes, falando alto:
- Tantos jovens em idade de poderem usufruir dos melhores anos das suas vidas, na companhia dos seus familiares, nas suas aldeias, beijar as suas namoradas, alguns já com esposa e filhos, e em lugar de todas essas coisas boas, que a vida proporciona nesta idade, estão a milhares de quilómetros de distância dos seus, aqui enterrados, num conflito que a alguns nada lhes diz, como era o caso do Cifra, dentro de um aquartelamento de chão vermelho, circundado de arame farpado e sempre em sobressalto, pois não vão os guerrilheiros atacar daqui a um segundo e os abrigos, alguns, ainda estão cheios de água, pois estamos na época das chuvas.

Juventude amargurada!
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10260: Do Ninho d'Águia até África (5): Em cenário de guerra deixas de ser tu (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P10284: Meu pai, meu velho, meu camarada (31): Expedicionários em Cabo Verde, mortos entre 1903 e 1946 e inumados nas ilhas de São Vicente e Sal (Lia Medina / José Martins)





Mapa do arquipélago de Cabo Verde, s/d. Reproduzido, com a devida vénia, do sítio Momentos de História > Cabo Verde 1914-1918, da autoria de Carlos Lopes Alves, que cita João de Almeida ("O Porto grande de S. Vicente de Cabo Verde", 2ª ed., Lisboa, Editorial Império Lda, 1938, pp. 7-8:

(...) Na época a maior parte dos navios utilizavam carvão como combustível, o Porto de São Vicente tornou-se num dos principais depósitos de hulha negra do Atlântico Sul. Um outro factor que colocava Cabo Verde como um ponto estratégico do Atlântico Sul era o "cabo submarino", na realidade nove cabos, que se encontrava amarrado à Ilha de São Vicente, junto à localidade Mindelo, que era a base das comunicações intercontinentais do Hemisfério Sul. Tanto o depósito de carvão como o cabo submarino eram pertença de firmas inglesas que aí se tinham estabelecido.

"Portugal tinha como triângulo estratégico das bases militares navais Lisboa-Açores-Cabo Verde, que dominavam as comunicações de todo o Atlântico. Em 1911 foram efectuados estudos para a defesa militar de Cabo Verde e em particular para a criação de uma base militar e naval na Ilha de São Vicente, sobre o Porto Grande" (...).





Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério de Mindelo > 1943 > Foto do álbum de Lu+is Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5. Esteve em Cabo Verde, no Lazareto, na Ilha de São Vicente, entre 1941/43.

Legenda no verso da foto: "Justa homenagem àqueles que dormem o sono eterno na terra fria. Companheiros de expedição os quais Deus chamou ao Juízo Final. Pessoal da A[nti] Aérea depois das cerimónias desfila fazendo continência às sepulturas dos companheiros. Oferecido pelo meu amigo Boaventura no dia 17-8-1943, dia em que fiquei livre da junta (hospitalar). Luís Henriques".


Foto: © Luís Graça (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



1. Lista de militares falecidos durante o serviço prestado em Cabo Verde, desde 1903. Pesquisa no Arquivo do Registo Civil de S. Vicente pela Drª Lia Cordeiro Lima Medina, nossa grã-tabanqueira, professora universitária, filha de mãe portuguesa e de pai caboverdiano. Listagem cedida pela Liga dos Combatentes, no âmbito da Conservação das Memórias. Elementos recolhidos pelo nosso infatigável e dedicado colaborador permanente José Martins.



1.1. INÍCIO DO SÉCULO ATÉ AO FINAL DA I GRANDE GUERRA, ENTRE 1903 E 1918  (n=25)

1903-1909 (n=6)


JOSÉ PEREIRA - Soldado nº 56 da Companhia de Infantaria da Guiné Portuguesa, idade, naturalidade e filiação não referidas, faleceu de morte natural em 8 de Janeiro de 1903. 

ANTÓNIO MARIA - Soldado nº 67 da Guarnição da Guiné, de 18 anos, solteiro, natural de Lisboa, filho de José Henriques, faleceu de morte natural, no hospital, em 2 de Março de 1903. 

ANTÓNIO MANUEL DO AMARAL - 2º Sargento da Guarnição da Guiné, de 40 anos, solteiro, filho de Francisco António, faleceu de morte natural, no hospital, em 18 de Abril de 1907. 

JOAQUIM DO ROSÁRIO CARDOSO - Soldado do Depósito de Praças Adidas da Guiné Portuguesa, de 20 anos, solteiro, natural da Metrópole, filho de João Francisco Cardoso, faleceu de morte natural em 14 de Outubro de 1908. 

JOSÉ DA CRUZ - Soldado do Depósito de Praças da Guiné, de 24 anos, casado, natural da freguesia de São Sebastião, Lisboa, filho de António da Cruz, faleceu de morte natural em 18 de Outubro de 1908. 

MANUEL DE JESUS PEREIRA - Soldado do Depósito de Praças Adidas da Guiné, de 20 anos, solteiro, natural de Trás–os-Montes, filho de Francisco Augusto Pereira, faleceu de morte natural em 25 de Julho de 1909. 

1917-1918 (n=19)

ANASTÁCIO - Soldado nº 93 da 9ª Companhia de Infantaria [do Regimento de Infantaria nº 24,  Aveiro ?], de 22 anos, natural de Pondilho [, possivelmente Pardilhó, Estarreja], filho de Joaquim Rachado e Maria Luiza, faleceu de causa não referida em 17 de Janeiro de 1917.

ANTÓNIO RODRIGUES SACRAMENTO - Soldado nº 317 da 11ª Companhia de Infantaria  [do Regimento de Infantaria nº 23,  Coimbra ?], de 24 anos, natural de Coimbra, filho da Leonor Roza, morreu de causa não referida em 24 de Novembro de 1917. Registo nº 448 do Livro 8. 

ANTÓNIO JOSÉ ALVES - Soldado nº 631 da 10ª Companhia de Infantaria  [do Regimento de Infantaria nº 29,  Braga ?], filho de Manuel João Alves e Rosa de Araújo, natural de Valdevez, não refere a causa e data de falecimento. Registo nº 289, do Livro 9 página 138. 

JOSÉ DE JESUS COELHO - Marinheiro da Armada, tripulante da Canhoneira Beira, idade não referida, casado, natural de Tavira, filho de Francisco José Coelho e Maria da Conceição, faleceu de causa não referida em 7 de Outubro de 1918. Registo nº 416, Livro 10 página 22. 

JOSÉ JOAQUIM GRAÇA - Marinheiro da Armada, tripulante da Canhoneira Beira, de 20 anos, natural da freguesia de Santa Maria, Lagos, filho de Joaquim da Costa Graça, faleceu em 10 de Outubro de 1918. Registo nº 443, Livro 10. 

ALBERTO AUGUSTO MELO - 2º Artilheiro nº 5271 da Canhoneira Beira, de 25 anos, natural da freguesia de Santa Catarina, Lisboa, filho de Samuel Gomes de Melo e Carolina Augusta da Silva, faleceu a 11 de Outubro de 1918. 

CÂNDIDO ANTÓNIO RAMOS - 2º Artilheiro da Canhoneira Beira, de 21 anos, natural da freguesia de São Sebastião, Setubal, filho de António Ramos e Maria José, faleceu em 12 de Outubro de 1918. Registo nº 506 do Livro 10. 

ANTÓNIO FORTES - 1º Grumete nº 5487 da Canhoneira Beira, de 20 anos, filho de José António Fortes, faleceu em 13 de Outubro de 1918. Registo nº 514 do Livro 10. 

JOÃO MARIA FRANCO - Posto e unidade não referenciados, de 20 anos, natural da freguesia de Santa Eulália, Elvas, filho de Manuel Maria Franco, faleceu em 15 de Outubro de 1918. 

MARCELO INÁCIO BRANCO - Soldado nº 17 da Companhia de Infantaria [ do Regimento de Infantaria nº 22,  Portalegre ?], nº 22, de 25 anos, natural de Santa Eulália, Elvas, filho de João Santos Baptista Branco e Maria Joana Paulares. Faleceu em 18 de Outubro de 1918. 

ANTÓNIO VENTURA CARDOZO - Soldado nº 6 da 10º Companhia de Infantaria [do RI nº ?], de 27 anos, natural de Elvas, filho de Ventura Manuel Cardozo, não refere a data de falecimento. Registo nº 634 do Livro 10. 

MANUEL DOS REIS CORREIA MODESTO - Tenente, de 58 anos, natural de Albufeira, filho de Francisco Correia Modesto, faleceu em 19 de Outubro de 1918. 

MANUEL JOAQUIM MOREIRA DOS SANTOS - 2º Marinheiro da Armada nº 4371, de 24 anos, natural de Paredes, [distrito do] Porto, filho de Manuel Moreira dos Santos e Ana Brito Ferreira dos Santos, faleceu em 20 de Outubro de 1918. 

GUILHERME PEREIRA ORGANISTA - 1º Grumete da Armada nº 5063, de 23 anos, natural de Vila Nova de Gaia, filho de José Pereira Organista e Maria Rodrigues da Costa, faleceu em 20 de Outubro de 1918.  

JOÃO ALVES - 2º Marinheiro da Armada nº 3655, de 24 anos, natural de Coimbra, filho de António Rodrigues Filipe Alves e Margarida de Jesus Alves, faleceu em 23 de Outubro de 1918. Registo nº 696 do Livro 10, página 162. 

JOSÉ FRANCISCO FARIA - Soldado, sem referencia à unidade, de 25 anos, casado, natural da Metrópole, filho de José Inácio Faria e Catarina da Conceição, faleceu em 24 de Outubro de 1918. Registo nº 696 do Livro 10, página 162. 

LOURENÇO BEIJAME - Artilheiro nº 5704 da Canhoneira Bengo, de 22 anos, natural da freguesia de São Lourenço de Maiorca, Alcobaça, filho de António Beijame e Francisca Maria, não consta a data do falecimento. 

JOÃO BATISTA - Cabo Artilheiro nº 2968 da Canhoneira Beira, de 39 anos, natural de Cortes, concelho de Marcos (?) [ou Macedo ?] de Cavaleiros [ou Marco de Canaveses ?], filho de Manuel António e Libânia dos Santos, faleceu em 30 de Outubro de 1918. Registo nº 733, Livro 10. 

JERÓNIMO BEMVINDO - Alferes de Infantaria, unidade não referida, de 38 anos, casado, natural do Porto, filho de Joaquina Maria Pinto Barroso, faleceu em data não indicada. Registo nº 747 do Livro 10. 




Cemitério do Mindelo, Mindelo, Ilha de São Vicente, Arquipélago de Cabo Verde > Sepulturas de soldados portugueses, expedicionários na ilha entre 1941-1946

Foto da revista 'O Combatente', nº  334 – Dezembro de 2005, reproduzida com a devida vénia. (Editada por L.G.)




1.2 DURANTE O PERIODO DA II GUERRA MUNDIAL, ENTRE 1941 E 1946 (n=40)

1941 (n=9)

JOAQUIM FRANCISCO MARGARIDA - Soldado nº 186-42 da 3ª Companhia do 1º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 5 [, Calda da Raínha],  de 21 anos, natural de Caldas da Rainha, filho de José Francisco Margarida e Adelina Maria de Jesus, faleceu de gripe em 13 de Outubro de 1941. 

FRANCISCO CIPRIANO SOUSA JÚNIOR - Soldado, não refere a unidade, de 20 anos, solteiro, natural de Ílhavo, filho de António Cipriano Júnior e Joaquina Martins, faleceu de broncopneumonia em 5 de Dezembro de 1941. Inumado na 4ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

JOSÉ H. FELICIANO - 1º Cabo de Engenharia, falecido em 20 de Outubro de 1941. Nada mais consta do levantamento feito no Registo Civil, Livro 50. Inumado na 1ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

SIDÓNIO PEDRO - Soldado, unidade não referenciada, de 22 anos, natural da freguesia de Vermilhão, filho de Ernesto Pedro e Manuela J. de Carvalho, faleceu de colapso cardíaco em 5 de Dezembro de 1941. Registo consta no Livro 50. Inumado na 3ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

SILVESTRE F. MOTA - Soldado nº 54, unidade, idade, filiação e naturalidade não referidas, faleceu em 6 de Dezembro de 1941. Registo consta no Livro 50. Inumado na 2ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

JANUÁRIO BATATA - Soldado, unidade não referida, de 21 anos, solteiro, natural de Almeirim, filho de Joaquim Batata e Angelina Calado, faleceu de infecção intestinal em 8 de Dezembro de 1941. Registo consta no Livro 50. Inumado na 5ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente. 

HIPÓLITO F. VEIGA - Soldado 23-38, unidade, idade, filiação e naturalidade não referidas, faleceu em 10 de Dezembro de 1941. Registo consta no Livro 50. Inumado na 6ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

JÚLIO GOMES DE CARVALHO - 1º Cabo do Exército, de 21 anos, solteiro, natural de Carvalhal, filho de Júlio Ferreira de Carvalho e Maria da Conceição Dias Torres, faleceu de infecção intestinal em 11 de Dezembro de 1941. Registo consta no Livro 50. Inumado na 7ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.  

VICENTE DE SOUSA JÚNIOR - Posto desconhecido, de 21 anos, natural de Santo Estevão, filho de Vicente de Sousa e Maria José, faleceu de infecção intestinal em 21 de Dezembro de 1941. Registo consta no Livro 50. Inumado na 8ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

1942 (n=14)

DOMINGOS MARQUES COSTA - Posto desconhecido, de 21 anos, natural da freguesia do Lumiar, Lisboa, filho deAntónio da Costa e Maria José, faleceu de infecção intestinal em 19 de Janeiro de 1942. Registo consta no Livro 50. Inumado na 12ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

JOAQUIM FREDERICO FERREIRA - Soldado 408-41 da 2ª Companhia do Regimento de Engenharia, de 21 anos, solteiro, natural da freguesia de Socorro, Lisboa, filho de Joaquim Frederico e Maria Vieira Frederico, faleceu de febre tifoide em 25 de Fevereiro de 1942. O registo consta no Livro 51. 

ANTÓNIO DA SILVA AZEVEDO - 1º Cabo nº 674-40 da 1ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário da Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], de 23 anos, solteiro, natural de Vila do Conde, filho de Emília Rosa de Azevedo, faleceu de trombose da sub-clávia esquerda-toxémia em 6 de Março de 1946. O registo consta no Livro 51. 

JOSÉ RIBEIRO MATEUS - Soldado, unidade não indicada, de 21 anos, solteiro, natural da freguesia de Santa Catarina, Caldas da Raínha, filho de Joaquim Mateus e Teresa Ribeiro, faleceu de compressão do mediastino em 25 de Fevereiro de 1942. O registo consta no Livro 51. 

MANUEL LUCAS - Soldado, unidade não referida, de 21 anos, solteiro, natural da freguesia de Soure [, concelho de Soure], filho de Francisco Ferreira Lucas e Maria de Jesus, faleceu de septicémia em 19 de Fevereiro de 1942. O registo consta no Livro 51. 

JOAQUIM MIGUEL - Soldado, unidade não referida, de 21 anos, natural da freguesia do Carvalhal [, Grãndola ?, Bombarral ?, Sertã ?, Barcelos?...], filho de José Miguel e Maria Rosa, faleceu de ferida perfurante por bala na cabeça em 21 de Fevereiro de 1942 [Possivelmente, suicído]. O registo consta no Livro 51. 

NICOLAU DE LUIZI - Major de infantaria e comandante do BI 15, de 53 anos, casado com D. Amélia da Silva Cyrylio de Luizi, natural de Vila Nova de Portimão, faleceu de septicémia-bronco-pneumonia em 9 de Março de 1942. O registo consta no Livro  51.

RAFAEL DA SILVA - Soldado nº 378-39 da Companhia de Atiradores do 1º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 7 [, Leiria], de 24 anos, solteiro, natural de Pombal, filho de João da Silva Júnior e Maria Ferreira, faleceu de febre tifoide e perotonite difusa em 9 de Março de 1942. O registo consta no Livro 51. 

MANUEL CARDOSO - Tenente do Exército, unidade não referida, de 58 anos, viúvo de D. Maria Luisa Esteves Cardoso, natural de Rouças [, Arcos de Valdevez ?], faleceu de cardiorrenal em 30 de Julho de 1942. O registo consta no Livro 52. 

LUIZ VIEIRA JUSTO - 1º Cabo nº 589-40 do 2º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 23 [, Coimbra], de 24 anos, natural de Mira de Aire [, concelho de Porto de Mós], filho de Manuel Francisco Justo e Maria dos Anjos Vieira Justo, faleceu de anemia generalizada em data não referida do ano de 1942. O registo consta no Livro 52. 

JOSÉ AUGUSTO PINTO - Soldado nº 71-39 da 6ª Bateria de Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 1, de 25 anos, solteiro, natural da freguesia de Valença, filho de Vitor Maria Pinto e Ercelinda Teixeira, faleceu de paludismo em 11 de Agosto de 1942 (data sem confirmação). O registo consta no Livro 52. Inumado na 16ª campa de Rua 56, do Cemitério do Mindelo,  Ilha de São Vicente.  

CASIMIRO DE SOUSA TAVARES - Soldado nº 370-41 da 2ª Companhia Expedicionária do Regimento de Engenharia nº 2, de 22 anos, solteiro, natural da freguesia de Pego, concelho de Abrantes, distrito de Santarém, filho de Manuel de Sousa Tavares e Maria da Assunção Correia, faleceu de perfuração do ileo [a terceira e última parte do intestino delgado] por febre tifoide em 22 de Setembrode 1942. O registo consta no Livro 52. 

MÁRIO TAVARES - Soldado nº 94-41 do Batalhão de Telegrafistas adido à 2ª Companhia Expedicionária do Regimento de Engenharia nº 2, de 23 anos, solteiro, filho de Joaquim António Tavares e Delmira da Luz Tavares, faleceu de fractura da base do crâneo e ruptura do baço em 12 de Outubro de 1942. O registo consta no Livro 52. Inumado na 8ª campa de Rua 56, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

JOSÉ JOAQUIM - Soldado nº 135-41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [,Caldas da Rainha], de 22 anos, solteiro, natural de Caldas da Raínha, filho de Joaquim Fructuoso e Cecília Agostinho, faleceu de febre tifoide em 18 de Novembro de 1942. O registo consta no Livro 52. 

1943 (n=12)

ADELINO GOMES PRUDÊNCIO - Soldado nº 897-41 da 6ª Bataeria Expedicionária do Grupo de Artilharia Contra Aeronaves, de 23 solteiro, natural de Sena do Douro, Caldas da Raínha, filho de José Prudência Júnior e Delfina Maria, faleceu de febre tifoide em 13 de Janeiro de 1943. Inumado na 11ª campa de Rua 56, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.  

ANTÓNIO SIMÕES MARTINS - 1º Cabo Miliciano nº 83-41 da 6ª Bateria Expedicionária do Grupo de Artilharia Contra Aeronaves, de 22 anos, solteiro, natural da freguesia de Santa Isabel, Lisboa, faleceu de paludismo em 21 de Janeiro de 1943. Inumado na 12ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

JOAQUIM NUNES - Soldado nº 220-41 da Companhia de Trem do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], de 22 anos, solteiro, natural da freguesia de S. Tiago, Torres Novas, filho de António Nunes e Maria Lucena, faleceu de paludismo em 8 de Fevereiro de 1943.

OVÍDIO DE DEUS DA SILVA BUÍÇA - 2º Sargento nº 51-42 da Companhia de Comando do 1º Batalhão Expedicionário da Regimento de Infantaria nº 5
 [, Caldas da Rainha], idade não referida, natural de Portalegre, faleceu de ferida perfurante do crâneo, por arma de fogo, em 3 de Abril de 1943 [Possivelmente, suicídio]. Inumado na 14ª campa de Rua 56, do Cemitério do Mindelo, Ilha de São Vicente.

MANUEL FIDALGO RODRIGUES - Soldado nº 126-40 da 1ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], de 23 anos, natural de Almeirim, faleceu em data não referida, no ano de 1943. 

JÚLIO ANTÓNIO XAVIER - Soldado nº 746-42 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 11, de 22 anos, solteiro, natural da Trafaria, Almada, filho de Manuel Francisco Xavier e Ermínia dos Anjos, faleceu de febre tifoide em 30 de Outubro de 1943. 

JOÃO ANTÓNIO - 1º Cabo nº 351-42 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 11 [, Setúbal], de 22 anos, solteiro, natural de Alenquer, filho de João António B… (?) e Glória da Conceição, faleceu de insuficiência por miocardite tífica em 6 de Novembro de 1943. 

ALBINO DE SOUSA - Soldado nº 180-41 da Companhia de Acompanhamento Regimental do Regimento de Infantaria nº 23 [, Coimbra], de 23 anos, solteiro, natural do concelho de Paredes, filho de António de Souza e Sofia da Rocha Barbosa, faleceu de febre tifoide em 30 de Novembro de 1943.

ANTÓNIO FRANCISCO - Soldado nº 378-40 do Comando e Trem do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 15, de 24 anos, solteiro, natural do concelho de Oleiros, filho de Manuel Francisco e Joaquina Maris, faleceu de síndrome infeccioso agudo em 30 de Novembro de 1943.

ANTÓNIO NOGUEIRA ROCHA - Furriel Miliciano nº 627-39 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 7 [, Leiria] , de 25 anos, solteiro, natural da freguesia de Boavista, concelho de Paredes, filho de David Ferreira Rocha e Maria Nogueira Freitas, faleceu de colite terminal em 16 de Dezembro de 1943. 


JOSÉ SALDANHA SANTOS COSTA - Aspirante do Serviço de Administração Militar, de 23 anos, casado, natural da freguesia de Monte Pedral, Lisboa, filho de Octávio Ribeiro da Costa e Albertina dos Santos Costa, faleceu de febre tifoide em 22 de Dezembro de 1943.

MIGUEL ANDRADE DE OLIVEIRA - Soldado nº 920-43 do Regimento de Infantaria nº 23 [, Copimbra], idade não referida, solteiro, natural de Montijo, filho de Carlos de Oliveira e Maria Andrade, faleceu de congestão dentro de água em 19 de Agosto de 1943. 


1944-1946 (n=5)

LIBERATO SILVA SOUSA - Soldado nº 256-44 do Regimento de Infantaria nº 23 [, Coimbra]
, de idade ignorada, solteiro, natural de Penacova, faleceu de febre tifoide em 18 de Setembro de 1944. 

ANTÓNIO DOMINGUES - Soldado nº 264-44 do Regimento de Infantaria nº 23 
[, Coimbra], de 20 anos, natural da freguesia de Monteiro, concelho de Oleiros, filho de António Domingos e Luisa de Jesus, faleceu de febre tifoide e bronco-pneumonia em 26 de Outubro de 1944. 

ARTUR B. PINHO DA S. OLIVEIRA - Soldado nº 276-44 do Batalhão Misto de Infantaria, de 22 anos, solteiro, natural da Mealhada, filho de Artur Pinho de Oliveira e Joana da Silva Elias de Oliveira, faleceu de febre tifoide-miocardite em 13 de Janeiro de 1945.

JOAQUIM PEREIRA LOURENÇO - Soldado nº 198-44 do Pelotão de Subsistência, de 21 anos, natural de Cadaval, filho de José Bernardino Lourenço e Felicidade do Rosário Pereira, faleceu de colapso cardiovascular em 25 de Janeiro de 1945.

ALBERTO SERETE MANITO - 1º Cabo nº 103-44, unidade, idade e naturalidade não referida, faleceu em 5 de Janeiro de 1946. Inumado na 13ª campa de Rua 55, do Cemitério do Mindelo, 
 Ilha de São Vicente. 





 Monumento aos soldados portugueses inumados no cemitério da Ilha do Sal. Foto da revista O Combatente, nº 345 – Setembro de 2008 (Reproduzida om a devida vénia; editada por L.G.)




1.3. Militares inumados no Cemitério de Santa Catarina, Ilha do Sal,   durante a II Guerra Mundial

1941/1944 (n=28)

ALBINO FERREIRA - soldado, falecido em 8 de Agosto de 1941

ABILIO A. DA FONSECA - 1º cabo, falecido em 22 de Agosto de 1941

JOSÉ SIMÕES VAZ - Soldado, falecido em 12 de Outubro de 1941

ÁLVARO P. BASTOS - Soldado, falecido em 19 de Outubro de 1941

BERNARDINO DA S. COVADO - Soldado, falecido em 6 de Novembro de 1941

MANUEL COSTA - 1º cabo, falecido em 12 de Novembro de 1941

CUSTÓDIO DE O. CAXO - Soldado, falecido em 17 de Novembro de 1941

JACINTO P. TEIXEIRA - Soldado, falecido em 22 de Novembro de 1941

FLORINDO NOGUEIRA - Soldado, falecido em 28 de Novembro de 1941

CARLOS MARIA DA SILVA - 1º cabo, falecido em 24 de Dezembro de 1941

ANTÓNIO DA P. GOMES - Soldado, falecido em 15 de Fevereiro de 1942

JOÃO J. DE OLIVEIRA - Soldado, falecido em 3 de Março de 1942

ADELINO DE A. MARTINS - Soldado, falecido em 22 de Abril de 1942

ÁLVARO GUERRA - 1º cabo, falecido em 9 de Maio de 1942

ABÍLIO A. R. COUTINHO - 2º Sargento, falecido em 13 de Maio de 1942

ANTÓNIO G. RATO - 1º cabo, falecido em 29 de Junho de 1942

JOSÉ M. T. MOUTINHO - Furriel, falecido em 14 de Dezembro de 1942

ARMANDO A. DOS SANTOS - Soldado, falecido em 16 de Janeiro de 1943

JOSÉ DA S. OLIVEIRA - Soldado, falecido em 2 de Abril de 1943

JOÃO DUARTE - 1º cabo, falecido em 5 de Maio de 1943

JOAQUIM ALVES FERREIRA - Soldado, falecido em 7 de Agosto de 1943

ANTÓNIO FERREIRA BARRALÉ - Soldado, falecido em 7 de Setembro de 1943

ANSELMO BAPTISTA - Soldado, falecido em 13 de Setembro de 1943

EMÍDIO DA CONCEIÇÃO FREITAS - Soldado, falecido em 11 de Março de 1944

ANDRÉ GONÇALVES - 1º cabo, falecido em 11 de Maio de 1944

JOSÉ DINIZ DE CARVALHO – Tenente, falecido em 19 deAgosto de 1944

JOSÉ TIMAS - Soldado, falecido em 23 de Novembro de 1944

AUGUSTO TERMOCEIRO - Soldado, falecido em 11 de Maio de 1944

a) José  Marcelino Martins, Maio 2012

Guiné 63/74 - P10283: Parabéns a você (461): Vasco Santos, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CCAÇ 6 (Guiné, 1970/72)

Para aceder aos postes do nosso camarada Vasco Santos, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10280: Parabéns a você (457): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 2615/BCAÇ 2895 (Guiné, 1969/71)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10282: Meu pai, meu velho, meu camarada (30): Dispositivo militar metropolitano em Cabo Verde (Ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal) durante a II Grande Guerra (José Martins)

1. O nosso camarada, amigo e colaborador permanente José Martins mandou-nos, em 27 de julho passado, os seguintes quadros com a seguinte nota
 

Boa tarde: Aqui vai quadro da distribuição, pelos locais de destino, das forças enviadas para Cabo Verde [durante a II Guerra Mundial].


Ab. José Martins













a) Joé Martins, maio de 2012


2. Comentário de L.G.:  

Zé, sei que estás a passar por um momento difícil, tu e a tua família (a tua ainda recente passagem à reforma, o desemprego, inesperado e litigioso,  da tua esposa, a nossa querida amiga Manuela...), mas mesmo assim ainda consegues pensar no nosso blogue e arranjar tempo e pachorra para procurares,  no silêncio dos arquivos,  preciosos dados relativos ao nosso dispositivo militar em Cabo Verde, durante a II Grande Guerra.

Sabes do carinho que eu tenho por aquela terra, onde o meu pai (e os pais de outros amigos e camaradas nossos, como o Nelson Herbert, o Hélder Sousa, o Augusto S. Santos...) estiveram como expedicionários, integrando o RI 23...Lembremos aqui os seus nomes:  Luís Henriques, Ângelo Ferreira Sousa, Porfírio Dias e Armando Lopes... 

Ainda há dias descobri mais outro, o António Caxaria, de 94 anos, ex-furriel miliciano, muito amigo do meu pai, natural de (e residente em) o concelho da Lourinhã... Irei um dia destes visitá-lo na sua quinta, em São Bartolomeu dos Galegos, e relembrar histórias do seu tempo em Cabo Verde (1º Batalhão de Infantaria do RI 5, integrado no RI 23, Mindelo, Ilha de São Vicente, 1941/43). Está com uma ótima cabeça e tem algumas fotos desse tempo. 

Em face dos teus números, pode-se concluir que cerca de 52,9% dos nossos expedicionários (de um total superior a 6300) estavam concentrados numa só ilha, a Ilha de São Vicente, dado o seu interesse estratégico (porto atlântico ligando a Europa com a América Latina, a par dos cabos submarinos). O resto distribuía-se pela Ilha do Sal (35,3%) e pela Ilha de Santo Antão (11,8%).  Menos de 1% estava afeto ao serviço de transmissões.

O meu velhote, Luis Henriques (1920-2012), se fosse vivo, teria feito ontem 92 anos... Dedico-lhe, à sua memória e à memória do Ângelo e do Porfírio (que também já nos deixaram), e em homenagem ao Armando (felizmente ainda vivo,  vai completar 92 anos em 23 deste mês), este poste que tu preparaste com a competência e o carinho que pões em tudo o que se refere aos nossos antigos combatentes, alguns dos quais foram nossos pais... Um alfa bravo para ti, um xicoração para a Manela. LG



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 2006 > Ponta João Ribeiro > Restos da baterias de artilharia de costa, do tem,po da II Guerra Mundial...  Estas posições de bateria de artilharia de costa protegiam a baía do Mindelo. A Ponta João Ribeiro fica hoje a 3 km da cidade do Mindelo. Em frente, a uns escassos 600/800 metros, situa-se o ilhéu dos Pássaros.

Foto: © Lia Medina (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
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Nota do editor

Último poste da série > 8 de maio de 2012 >Guiné 63/74 - P9870: Meu pai, meu velho, meu camarada (29): Luís Henriques (1920-2012): Você deixou o nosso ranchinho abandonado... (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P10281: Notas de leitura (394): Colectânea "Toda a Memória do Mundo", iniciativa da Câmara Municipal de Cascais, 2006 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 25 de Junho de 2012:

Queridos amigos,
Compra-se na Feira da Ladra e lê-se num só fôlego um livro que fala da memória, estudada por diversas ciências. E dá para discorrer sobre a reconstituição do puzzle das nossas memórias através do que publicamos, memórias individuais que convergem, por estranhíssimos trilhos, para aquilo que se convenciona chamar a memória coletiva em que assenta a coesão de qualquer povo.
Isto para dizer que sigo feliz na minha vida procurando ser útil com o registo e a interpretação de muitas memórias que vou conhecendo sob a forma de livros.

Um abraço do
Mário


Toda a memória das nossas guerras na Guiné

Beja Santos

Li com imensa satisfação e talvez com algum proveito a coletânea de intervenções do curso sobre a Memória que teve lugar no verão de 2006, iniciativa da Câmara Municipal de Cascais. Os intervenientes foram personalidades bem conhecidas, como é caso de Maria Filomena Mónica, João Lobo Antunes, Carlos Fabião e António Damásio. O organizador do curso foi José Manuel Tengarrinha, professor universitário jubilado. A estrutura do curso contemplou a experiência pessoal, autobiográfica (Maria Filomena Mónica e João Lobo Antunes), a memória no registo arqueológico (Carlos Fabião) a perda de memória e os mais modernos estudos para conhecer o funcionamento da memória e finalmente a conferência “Toda a Memória do Mundo”, com que António Damásio fechou o curso (“Toda a Memória do Mundo”, Esfera do Caos Editores, 2007).

Maria Filomena Mónica discorreu sobre as razões porque se lançara na autobiografia e explicou: “Escrever memórias não é uma decisão simples. Não apenas por causa das reações dos contemporâneos, mas por aquilo que, ao longo da redação, vamos descobrindo. Uma das relações mais dolorosas foi a de que o livre arbítrio é menor do que eu imaginara (…) Outro aspeto que me espantou, ao olhar o passado, foi a continuidade do ser humano. Antes do exercício, imaginava que a minha vida havia sido dominada por ruturas tão profundas que não podiam ter deixado de alterar a minha personalidade. Logo nas primeiras impressões, como o gosto de ser punida, era visível a minha impressão digital. Fui forçada a admitir que a vida é feita de escolhas, de acasos e de momentos únicos. Não sei, ninguém sabe, qual a ordem das prioridades” e termina assim: “O meu relato é verdadeiro apenas no sentido em que representa a minha verdade”.

João Lobo Antunes começa por nos advertir: “De todas as funções cognitivas, de todas as armas do intelecto, aquela cuja perda ou simples declínio mais assusta a vítima é, sem dúvida, a memória”. E descreve o ponto de situação da investigação sobre a memória onde se impõe a distinção da “memória automática”, que permite a prática automática de tarefas complexas, da “memória semântica”, uma espécie de arquivo de conhecimentos factuais e conceitos de uma “memória episódica” que é um sistema que permite guardar e evocar experiências prévias. Falou das suas memórias de pessoas e lugares onde se formou como médico, procura explicar alguns episódios marcantes da sua existência e concluiu, com uma pitada de humor sobre o que há de esquivo na memória, aquela porção de intangível que o continua a obrigar a procurar como de facto a medicina dele fizera um médico: “Se algum dia o descobrir, talvez volte para contar”.

O arqueólogo Carlos Fabião espraiou-se sobre os processos de construção das memórias coletivas, as grandes classes de fontes fundamentais para o historiador (as fontes voluntárias, constituídas por testemunhos destinados a servir de prova, e as fontes involuntárias que são aquelas que foram deixadas sem uma intenção específica de demonstrar fosse o que fosse.

Saltando agora as dissertações dos cientistas que estudam a biologia da memória num tecido vivo e as que se referem aos estudos sobre a doença de Alzheimer, chegamos a Damásio que começa por nos alertar que a memória é um tema central da neurociência cognitiva e da neurologia clínica, dizendo a seguir: “O recordar consiste no despertar do sono e no retorno mais ou menos fiel àquilo que foi a perceção original. Recordar não é a mesma coisa que abrir um livro numa certa página e encontrar precisamente, na mesma impressão e nas mesmas linhas, as mesmas palavras com a mesma pontuação. Recordar é reconstruir pouco mais ou menos”. E depois lança-se no empolgante das suas investigações, como o cérebro arquiva, como se sequenciam as imagens graças a movimentos musculares ou movimentos do interior visceral, a memória não é uma enciclopédia, são espécies de arquivo onde se podem ir buscar pessoas, lugares, objetos, palavras e símbolos, é uma espécie que se centra em sequências e que procede a encadeamentos, referindo pois as diferenças entre aquilo que se aprende facilmente e aquilo que requer esforço, e qual a intervenção das neurociências.

O nosso blogue tem, entre outros, o prepósito de reconstituir puzzles da memória: de comissões militares que ocorreram num período preciso, em locais determinados, em confronto com um inimigo que dispunha de meios, apoios, influências e determinada motivação; nessas comissões a memória individual pode apoiar-se em escritos, fotografias, documentação de uma unidade militar; a memória que se rebusca é também de alguém que se integrou ou, pelo contrário, veio a amaldiçoar experiências, factos da guerra, o próprio relacionamento humano; acresce que a pessoa que evoca agora tem um quadro ideológico que entra em conflito com essa experiência, e então tal memória é sufocada ou dá-se um novo entendimento a uma ocorrência, que poderá ser contestada por outros que a viveram naquele local, naquele dia e àquela hora. O espaço de memória que é o nosso blogue é um pouco como o cérebro é visto por Damásio: dispõe de toda a memória possível, da memória de tudo o que o cérebro já conhece e tudo o que pode vir a conhecer – as coisas em si mesmas e as coisas no tempo; os elementos com que se podem construir as coisas; e as fórmulas com as quais se podem construir sequências de coisas, ideias, movimentos, no tempo e no espaço. Por isso é que organizam os depoimentos, se fazem fichas, dossiês temáticos, tudo à procura de uma ordem que ultrapasse a verdade de cada um. Ao que parece, a nossa memória depende do funcionamento do hipocampo, a região do lobo temporal que também agrega o hipocampo propriamente dito. Isto quanto à memória de identidades e símbolos. A memória das sequências depende dos córtices sensoriais e motores.

É assim que se constroem livros, e voltando a Damásio a memória cerebral de cada um de nós tudo pode adquirir e tudo pode recordar, é um arquivo pessoal, filtrado pela consciência e a personalidade de cada um. Uma outra coisa é a memória coletiva que esbarra com preconceitos de diferente ordem e até a manipulação dos dados históricos e precisa de os superar, porque a História não é um modo de uso para contentamento de uma dada porção da sociedade. Aquela nossa comissão, naquele preciso lugar, naquele tempo, com os dados que se juntaram e sobre os quais a memória se consola ou revolta, é um dado fulcral para a organização da memória coletiva. As ciências sociais não assentam em memórias dos indivíduos mas têm que as conhecer, estão nelas a imagem que o combatente teceu sobre a sua experiência de guerra, as populações com que coabitou, nessa imagem até pode constar o que então se pensava sobre a utilidade em ali combater e fazer confronto, à luz de memórias individuais sequenciadas ao longo da guerra, dos porquês da independência do então inimigo. Acresce este dado que todos nós podemos verificar: cada ano que passa, há mais memórias individuais disponíveis a trabalhar para a memória coletiva, ao envelhecer o combatente reconhece que pode ser muito mais sincero e, recorrendo a uma observação de Maria Filomena Mónica, esse relato é verdadeiro apenas no sentido em que representa a verdade de cada um ilumina a investigação histórica, a memória fulcral dos povos, porque a história é o que não ficou esquecido, é constituída por todos estes registos do homem no tempo. E nesse sentido o nosso blogue é um volumoso documentário e um precioso alfobre de memórias individuais ao alcance dos investigadores.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10276: Notas de leitura (393): Sobre a Guiné e Outras Ideias, Revista Vida Mundial de 16 de Julho de 1971 (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P10280: Parabéns a você (460): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 2615/BCAÇ 2895 (Guiné, 1969/71)

Para aceder aos postes do nosso camarada Manuel Amaro, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10277: Parabéns a você (456): Mário Fitas, ex-Fur Mil da CCAÇ 763 (Guiné, 1963/65)

domingo, 19 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10279: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XV): Que a ânsia de números e o bater de recordes não maltrate as pessoas

1. Mensagem do nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74, dirigida ao nosso Blogue:


BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO - XV

QUE A ÂNSIA DE NÚMEROS E O BATER DE “RECORDS” NÃO MALTRATE AS PESSOAS!

Havia prometido a mim mesmo nunca mais intervir neste Blogue, não por motivos de doença, que é desculpa que facilmente se invoca para o afastamento e no meu caso até é verdade, mas pelo desagrado de algumas intervenções e comentários que fogem dos parâmetros da sã convivência e da camaradagem que devem reinar nestes espaços. Depois, porque é minha norma de conduta não ofender ninguém, o que não me impede de expressar com inteira liberdade, que bebi do meu pai muito antes do 25 de Abril, a minha modesta opinião! Até o expressar de opinião sincera me causou dissabor pessoal ao ver que a máxima “se não és por mim és contra mim” também é propriedade de camaradas de alto gabarito intelectual que cortam da lista dos que se diziam muito amigos, os que não querem ser “meninos do coro“!

Mas por vezes o silêncio, que é o mais alto de todos os gritos, não é suficiente!

Tenho o maior respeito pela obra que o nosso Camarada Luís Graça foi capaz de saber fazer, pelo bem que o Blogue me fez, pelo que nele aprendi, pelos amigos que aqui conheci, pelo manancial de riqueza de informação que o Blogue proporciona, onde mestrandos e doutorandos vêm beber mas, e perdoa-me a franqueza, Luís Graça, sinto de há algum tempo a esta parte, que a quantidade passou a ser “demasiado” importante e então, quando os assuntos sobre a Guiné escasseiam, fotocopiem-se livros e revistas e publiquem-se…

A chama do Blogue está a apagar-se (?) então respigue-se o caso do Guileje, copie-se na íntegra para a Tabanca Grande um outro blogue nem que o mesmo tenha apenas e só um poste escrito há quase três anos, e vá de publicar isto por capítulos!

Não vou perder muito tempo com a análise do conteúdo de O Blogue Guileje 3325 - Vamos Falar verdade!!, pois nunca estive no aquartelamento do Guileje e, embora ignorante, não sou atrevido apesar de, e porque fui quase vizinho, ouvir no meu Cumbijã os embrulhanços a que os meus camaradas estavam a ser sujeitos! Para quem como eu pertenceu a uma Companhia que embrulhou tantas vezes, sofreu dois ataques ao arame, ainda vivíamos em barracas de lona, sofreu uma série de emboscadas, teve de assaltar Nhacobá, participou na construção da estrada até Nhacobá, prestou segurança na nova estrada de Buba, teve de levantar um aquartelamento de um deserto minado, tinha de fazer uma coluna diária a Aldeia Formosa para abastecimento, tem três mortos em combate bem como mais de duas dezenas de feridos, possuo, tal como a minha companhia, curriculum para emitir uma opinião vivida e verdadeira!

Não gostei por isso de ler o referido Blogue!

Apenas alguns exemplos:

1 - …tenho obrigatoriamente que corrigir os factos, e as afirmações de pessoas que, no desempenho das suas funções, e tendo abandonado (fugido) o nosso Aquartelamento, vieram mais tarde afirmar que tinham sido obrigados a fazê-lo por estarem a ser atacados por todos os lados. NÃO É VERDADE!

2 - A verdade é que os combatentes do PAIGC, como não vissem qualquer reacção às suas flagelações ao quartel começaram a aproximar-se lentamente.

3 - O aproveitamento pessoal de situações que o povo desconhece e a deturpação dos factos por vergonha da verdade. 

Etc, etc, etc,

Para quem já se encontrava na metrópole quando tudo isto aconteceu, é obra! Como é possível fazer estas e outras afirmações que mancham o bom nome de todos os meus Camaradas de Guileje?

Criticar-se o responsável pelo abandono? Porque não? Tomaria eu a mesma decisão no seu lugar? Porventura não! Tivesse existido outro apoio e seria a solução diferente? Porventura sim!

Serei, eventualmente de todos os camaradas que fazem parte deste Blogue, o que mais tempo lidou com a CCav 8350, já que a preparação da minha CCav 8351 aconteceu em Estremoz no mesmo horizonte temporal dos “Piratas de Guilege” e quis o destino que os meus Camaradas de Guileje se juntassem a nós no Cumbijã a 29 de Novembro de 1973.

Tendo a minha Companhia saído do aquartelamento em 25 e 26 de Junho com destino a Bissau, via Buba, os nossos camaradas da CCav 8350 lá se mantiveram, tendo pois convivido connosco durante cerca de sete meses!

Nestes sete meses nem foram melhores nem piores do que os meus soldados, foram apenas, e só, iguais! Todos eles, desde o Comandante ao básico!

Quarenta anos após estes acontecimentos, enquanto os Combatentes lá vão sobrevivendo com os seus achaques, maltratados pelos governos, esquecidos pela população, alguns expulsos do seio da sua própria família, muitos deles doentes e abandonados, pergunto para quê, neste espaço que eu cria e queria de são convívio, vir dar realce a um assunto tão estafado, que tantas mossas já provocou nesta Tabanca, ainda por cima com assinatura de um elemento não pertencente à Tabanca Grande!

Só se for para cumprir números!

Ao meu querido Amigo e Camarada da Guiné, Manuel Augusto Reis, homem bom, tolerante e solidário, que na sua honestidade intelectual dá sempre, ainda que sozinho, o peito às balas, dizer-lhe que é por ti que aqui estou a quebrar o meu silêncio, pese embora a nossa diferença de opinião sobre tão diversos assuntos! Vasco Augusto Rodrigues da Gama
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8068: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIV): Nunca fui ao 10 de Junho, mas se um dia for, será no 10 de Junho de todos os combatentes

Guiné 63/74 - P10278: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte III: Atividade operacional, de 31 de janeiro a 29 de abril de 1971 (Orlando Silva)


 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Foto nº 12 > O nosso guia Abdulai Jaló, o Alferes Escalera Rodrigues /4º Gr Comb) e o Capitão Jorge Parracho.



 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Foto nºs. 15 > Porta de Armas e caminho de acesso para a pista.



 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Foto nº 16  >  Visita a Guileje... Da direita para a esquerda, o Alf Rodrigues, Alf. Tavares (CPC/BCP 12), o Cap Parracho no meio, o Alf Cristina (do 5º Pel Art) e eu à esquerda, com o pessoal da DO 27 (piloto e mecânico)





 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Fotos nºs 9 e 10 - Vista da nova rede de arame com postes novos e pintados, e da aeronave que ali se encontrava caída, e que reconstruímos com rolos de palmeira e lona.



 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Foto nº 11 > Eu, e ao fundo a porta de armas com o abrigo e os bidões e barris pintados, vendo-se o caminho das garrafas.





 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Fotos nºs. 13 e 14 > O monumento aos mortos e feridos, que construímos junto à Pista. Ao fundo vemos a parede de barris e bidões pintados.  [Em primeiro plano o alf mil Orlando Silva, aveirense. O lema da CCAÇ 3325 era um provérbio popular português, "vencer sem perigo é triunfar sem glória". Na base do monumento pode ainda ler-se: "Homenagem da CCAÇ 3325 aos seus mortos e feridos e aos portugueses de todas as cores, raças e credos que tombaram em defesa da Pátria". A CCAÇ 3325 , depois de Guileje, foi para Nhacra. L.G.]

Fotos (e legendas): © Orlando Silva (2009). Todos os direitos reservados. (Editadas por L.G.)


1. Continuação da publicação da história da CCAÇ 3325, que esteve eem Guileje, de janeiro a dezembro de 1971, reproduzida aqui com a devida autorização do autor, José Orlando Almeida e Silva, ex-alf mil, residente em Aveiro (*).

ACTIVIDADE OPERACIONAL > Jan/abr 71


De 31 de Janeiro até 29 de Abril de 1971, a CCAÇ 3325, Cobras de Guileje,  realizou 44 patrulhas sem dia nem horas certas.

Como se tratava de uma ZICC (zona de intervenção do Comando-Chefe), trocávamos informações operacionais constantes com aquele Comando.

Foi descoberta entretanto mais uma Base de Fogos do IN,  em Paroldade. O moral das tropas estavam em alta, o que nos ajudava na nossa actividade operacional. Procurou-se,  dentro deste período, realizar algumas acções ao “Corredor de Guileje” e sem qualquer tropa especial, o que conseguimos, e isso teve efeitos altamente moralizantes sobre as nossas tropas.

Mas,  para isso, foi necessário obter a autorização do Comando-Chefe, o que exigiu a colocação de um helicanhão no Quartel, pois contrariamente ao que era hábito, o “Corredor de Guileje” era visto pelos Oficiais de Bissau (de gabinete), como local praticamente inacessível a tropas que não fossem especiais (Comandos e Paraquedistas).

A ocupação dos tempos livres consistia, na limpeza à volta do Quartel, na construção e pintura dos postes de electricidade e abrigos (logo que tivemos cimento, construímos postes para colocar à volta de todo o Quartel), na colocação de arame farpado novo, na construção e pintura de um muro de barris e bidões do lado da pista, na construção de um caminho de garrafas de cerveja em direcção à pista de aviação, na construção de uma porta de armas à entrada da pista, e na construção de um monumento aos mortos e feridos no mesmo local. (Fotos nºs  9, 10, 11, 13, 14)

Num Quartel daqueles, num sítio daqueles, sempre que chegava um avião com visitas (civis ou militares), era bonito ver os dois soldados (um europeu e outro africano) devidamente fardados, de lenço ao pescoço amarelo, fazer a devida continência! (Fotos nºs 15 e 16)

Como era possível,  num local daqueles, as tropas andarem dentro do Quartel, devidamente fardadas e lavadas, e disputarem rijos jogos de futebol no campo junto à pista e fora do arame? Mas era verdade. Havia tempo para tudo, sob o comando do nosso “Capitão Velhinho”, como os nossos soldados carinhosamente lhe chamavam. [Cap Inf Jorge Saraiva Parracho, natural de Mafra] (Foto nº 12).

Quanto mais depressa fossemos atacados, mais depressa saíamos para o mato. Não ficávamos a ver os comboios, e a coçar na barriga com medo.

(Continua)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 (Jan/Dez 1971) > Foto do álbum do cor inf ref Jorge Parracho >  Foto aérea de Guileje (tabanca, aquartelamento e pista de aviação). São visíveis os espaldões das pelas de artilharia 11.4, apontadas para a fronteira com a Guiné-Conacri, a sudeste.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 (Jan/Dez 1971) > Foto do álbum do cor Jorge Parracho >  As três peças de artilharia 11,4 cm ali existentes, no tempo em que a unidade de quadrícula era a CCAÇ 3325, comandada pelo Cap Jorge Parracho, hoje coronel na reforma.  




Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 (Jan/Dez 1971) > Foto do álbum do cor Jorge Parracho > Pessoal do 5º Pel Art que guarnecia as peças 11,4 cm ali existentes, no tempo em que a unidade de quadrícula era a CCAÇ 3325, comandada pelo Cap Jorge Parracho, hoje coronel na reforma.  O 5º Pel Art era comandando pelo Alf Mil Art Cristina. A CCAÇ 3325 foi substituída pela CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972), Os Gringos de Guileje, a que se seguiu a CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973). 

Onze companhias passaram por Guileje, desde Fevereiro de 1964 a 22 de maio de 1973: as CCAÇ 495, 726, 1424, 1477, a CART 1613, a CCAÇ 2316, a CART 2410, as CCAÇ 2617, 3325, 3477, e, por fim, a CCAV 8350.  Esta última foi a unidade, a seguir à CCAÇ 1477, que esteve menos tempo em Guideje: 6 meses e 1 dias (de 21/11/72 a 22/5/73) (segundo informação recolhida pelo nosso grã-tabanqueiro Cor Art Ref Nuno Rubim) (LG).


Fotos: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10269: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte II (Orlando Silva)

Guiné 63/74 - P10277: Parabéns a você (459): Mário Fitas, ex-Fur Mil da CCAÇ 763 (Guiné, 1963/65)

Para aceder aos postes do nosso camarada Mário Fitas, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10272: Parabéns a você (455): José Manuel Cancela, ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)

sábado, 18 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10276: Notas de leitura (393): Sobre a Guiné e Outras Ideias, Revista Vida Mundial de 16 de Julho de 1971 (José Manuel Matos Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 15 de Agosto de 2012:

Caríssimo Carlos,
Na senda da última mensagem que enviei, e transcrevia uma reportagem sobre a revisão constitucional e a questão ultramarina, editada pela Vida Mundial, em 16/VII/71, encaminho hoje uma caixa da mesma edição subordinada ao título "Sobre a Guiné e Outras Ideias", que, curiosamente, parece revelar importantes desenvolvimentos sobre a política portuguesa na época: por um lado, o general Spínola que usava com mestria os meios de informação, e era praticamente visita diária dos lares portugueses onde pontificava o aparelho de televisão, não só explanava novos conceitos sobre as relações do ultramar com a metrópole, como já tinha em marcha uma base de apoio para voos mais altos na estrutura da república, um e outros a adequarem-se rapidamente à filosofia dos "novos ventos" que varriam a África, particularmente em relação aos territórios sob administração portuguesa, nalguns casos com inflexões bastante acentuadas; por outro lado, esses conceitos representavam um corte abissal relativamente à apatia política de Salazar no que toca ao ultramar, e que morrera em 27 de Julho de 1970, depois de quase dois anos de enfermidade, do que resultava um cisma na maneira de pensar a política ultramarina.
As resoluções, no entanto, nunca foram claras e rápidas, pelo que não se chegou a formatar um novo projecto de relações de Portugal com as colónias, salvo no que respeita à desejada Zona do Escudo, e ao Projecto de Sines, que, afinal, poderiam constituir mais um estertor da autonomia administrativa e financeira das então designadas Províncias Ultramarinas.
Mas a política em Portugal tem sido cheia de incongruências.

Carlos, para ti e para o Tabancal, vai...
Aquele abraço
JD


SOBRE A GUINÉ E OUTRAS IDEIAS

Vida Mundial, em 16/VII/71

No debate dos problemas ultramarinos não deixou de se citar a acção que o general Spínola tem desenvolvido na Guiné. O deputado Maximiliano Fernandes considerou de realistas e clarividentes as directrizes traçadas por aquele governador, dizendo que elas teriam uma grande oportunidade, se aplicadas com fins semelhantes em Moçambique. E exaltou o empenho do governador António de Spínola em "acelerar a formação de "élites", por forma a permitir aos guinéus um acesso cada vez maior, não só às estruturas privadas do desenvolvimento económico, como até aos quadros superiores da administração provincial, aos seus orgãos legislativos e aos seus serviços, caminhando assim para uma Guiné administrada fundamentalmente por guinéus". Tais afirmações mereceram o inteiro aplauso de grande sector da Câmara, evidenciando-se as atitudes assumidas na sequência da intervenção do referido deputado, pelo dr. Barreto de Lara e pelo prof. Pinto Machado, declarando este: "Já que se refere ao sr. governador da Guiné, e porque tenho procurado estar a par, objectivamente, da sua acção, eu queria declarar aqui a minha profunda admiração pela extraordinária obra de autêntica unidade nacional - essa é que é obra de autêntica unidade nacional - que ele está a realizar nessa província e que, oxalá, efectivamente se realize nas restantes e até aqui nesta província lusitana".

O voto do deputado Pinto Machado foi apoiado por muitos pares, sendo de assinalar as considerações que lhe juntou o dr. Barreto Lara, que, na discussão constitucional relativa às alterações respeitantes ao Ultramar, teve papel muito destacado, em virtude do qual manteve apaixonante diálogo com alguns deputados. O dr Ulisses Cortês, que nesse debate defendeu uma posição de harmonia com os princípios que tem seguido, concordou, em princípio, com a exaltação do governo do general António de Spínola, embora vincasse que não podia deixar de tornar "extensiva a homenagem a todos os governadores do Ultramar".

Enquanto decorria o debate da Assembleia Nacional, o dr. José Pequito Rebelo, que foi destacado dirigente integralista, publicava no semanário monárquico "O Debate" uma série de artigos sobre a Constituição, a propósito da reforma, defendendo neles uma política integracionista e o total povoamento do Ultramar. Num desses artigos ("A verdadeira constituinte", saído no dia 26 de Junho), o articulista escrevia, ao justificar os pontos de vista que tem desenvolvido: "Enfraquecida a unidade nacional (referia-se às alterações dedicadas ao Ultramar), tenderia a descentralização administrativa a transformar-se em independência política, que, aliás, no seu limite, seria uma pseudo-independência, depressa caída na órbita dos imperialismos neocolonialistas".

Por outro lado, na véspera de partir para Angola e Moçambique, numa viagem que enquadraria também uma visita oficial ao Malawi, o actual Ministro do Ultramar, prof. Silva Cunha, respondia a muitas afirmações relativas à política ultramarina, produzidas na Assembleia Nacional e fora dela. Assim, depois de uma interpretação sobre os dados históricos da presença portuguesa em África, acentuava que "no momento presente tem de dar-se mais um passo para o desenvolvimento (o das províncias ultramarinas), aliás, na linha das reformas promulgadas há cerca de oito anos, pois é necessário adaptar o sistema vigente às novas situações, criadas pelo acelerar da evolução registada neste período". E proclamava: "É esta uma verdade tão evidente que nem sei como possa contestar-se quando sem preconceitos nem erros de observação, motivados pela ignorância das realidades ou pelo preconceito, pela paixão ou pela ambição políticas, se analisa a situação das províncias ultramarinas. Por isso, é difícil compreender certas atitudes de alguns poucos que atacam o Governo, esgrimindo com falsos argumentos colhidos numa especiosa e errada interpretação da História, invocando supostas ameaças à unidade nacional e facilitando assim a acção dos verdadeiros inimigos da Pátria na sua integral dimensão (...). Vivemos uma hora em que não se admitem hesitações nem dúvidas, em que não se pode contemporizar com comodismos ou interesses comodistas, nem com manobras ou doutrinas que diminuam a autoridade do Estado (...)".
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10241: Notas de leitura (389): O Ultramar e a revisão constitucional de 1971, Revista Vida Mundial de 16 de Julho de 1971 (José Manuel Matos Dinis)

Vd. último poste da série de 17 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10274: Notas de leitura (392): "África, Frente e Verso", por Urbano Bettencourt (Mário Beja Santos)