(1) Cadija Seidi, 39 anos, natural de Fajonquito, Sector de Contuboel, região de Bafatá.
Filha de Egue Seidi, conhecida no meio da tropa por Espanhola, nasceu em Fajonquito em 1974, o pai, soldado portugues da Companhia de Caçadores n.º 3549, “Deixos Poisar”, comandada pelo Capitão Quadro especial de Oficiais José Eduardo Marques Patrocínio e, posteriormente, pelo Capitão Miliciano Graduado de Infantaria Manuel Mendes São Pedro, que esteve sediada em Fajonquito de Maio 1972 a Junho de 1974.
Não tem informação certa, a mãe nunca lhes falou dos pais portugueses, mais tarde por volta dos anos 80 sentiu necessidade de saber a verdade e procurou informar-se junto de antigos soldados que tinham servido o exército portugues, falaram-lhe de dois nomes provaveis (D... ou P...).
(2) Kumba Seidi, 39 anos, natural de Fajonquito, Sector de Contuboel, região de Bafatá.
Ela [, a Cadija,] é irmã mais nova de uma outra, Kumba, também ela, filha de um soldado português, da mesma companhia ou da anterior, a Companhia de Artilharia n.º 2742, comandada pelo Capitão de Artilharia Carlos Borges de Figueiredo, que esteve sediada em Fajonquito entre 1970-1972.
Recentemente (2010?), dois homens brancos visitaram Fajonquito na companhia de um Guineense, sabe-se que eram portugueses, mas ninguem conseguiu saber de onde vinham nem o que queriam, no entanto visitaram o local onde antigamente se situava a morança da mãe, a bela e irreverente Egue, vulgo Espanhola. Seriam os pais ou o pai de uma delas?
Não estão desesperadas na vida, mas gostariam de conhecer os seus progenitores.
(2) Kumba Seidi, 39 anos, natural de Fajonquito, Sector de Contuboel, região de Bafatá.
Ela [, a Cadija,] é irmã mais nova de uma outra, Kumba, também ela, filha de um soldado português, da mesma companhia ou da anterior, a Companhia de Artilharia n.º 2742, comandada pelo Capitão de Artilharia Carlos Borges de Figueiredo, que esteve sediada em Fajonquito entre 1970-1972.
Recentemente (2010?), dois homens brancos visitaram Fajonquito na companhia de um Guineense, sabe-se que eram portugueses, mas ninguem conseguiu saber de onde vinham nem o que queriam, no entanto visitaram o local onde antigamente se situava a morança da mãe, a bela e irreverente Egue, vulgo Espanhola. Seriam os pais ou o pai de uma delas?
Não estão desesperadas na vida, mas gostariam de conhecer os seus progenitores.
(3) Ivo da Silva Correia, 38 anos, natural de Fajonquito
Filho de Sona Baldé, conhecida entre os soldados por Sonia, filha de Sadjo Balde, antigo cozinheiro da tropa, nasceu em Fajonquito em 1975. O pai, de nome C..., não chegou a conhecer o filho, com o fim da comissão a Companhia de Caçadores n.º 3549, “Deixos Poisar”, comandada pelo Capitão Quadro especial de Oficiais José Eduardo Marques Patrocínio e, posteriormente, pelo Capitão Miliciano Graduado de Infantaria Manuel Mendes São Pedro, deixou Fajonquito em Junho de 1974, o pai nunca mais deu sinais de vida.
Não está desesperado da vida, simplesmente gostaria de conhecer a cara do pai, pois dizem que são muito parecidos. A única referência que tinha do pai era uma fotografia que entretanto se deteriorou com o tempo.
Texto e fotos: © Cherno Baldé (2013). Todos os direitos reservados
1. Duas mensagens de hoje de Cherno Baldé
[, foto à esquerda, em Kichinev, Moldávia, ex-URSS, Dezembro de 1985, quando estudante]:
(i) Caro amigo Luis,
Concordo com a tua sugestão de dar nacionalidade a todos os «filhos de vento» ou «filhos de cabeças de vento« bem como os vossos antigos camaradas de armas [, guineenses,] que assim o queiram.
Pode-se emendar a história, sim senhora, se houver carácter e boa vontade.
Junto envio fotos de filhos de portugueses, meus irmãos que, na sequência da visita da jornalista, Catarina Gomes, solicitaram-me fazer publicar suas fotos e o desejo longamente acalentado de um dia conhecer os pais ou seus familiares.
Com o reconhecimento de sempre,
Um abraço amigo.
PS. Vi o poste sobre os "filhos de vento", podem fazer a leitura que entenderem da minha opinião, o problema é que nós, africanos, nunca fugimos nem nos escondemos dos nossos familiares. Para um africano a família é a melhor coisa que um ser humano pode ter na vida.
Os pais que estão a tentar proteger não protegeram nem sequer se preocuparam com as consequências dos seus actos. Não sabia que havia leis que protegiam aos infractores.
(ii) A Catarina [Gomes, jornalista do Publico,] pediu-me que enviasse para ela informações de pessoas que tenham dados concretos sobre os seus pais e que queiram encontrá-los. Acontece que são poucos os filhos que foram deixados com dados concretos e em muitos casos ou se deterioraram ou se extraviaram com o tempo. Infelizmente ainda nao tenho o seu email, para o fazer directamente, pelo que agradecia encaminhar a primeira mensagem com as fotos.
Muito obrigado e um abraço,
Cherno Baldé
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Nota do editor:
Último poste da série > 15 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11844: Filhos do vento (15): Na sequência da reportagem de Catarina Gomes no jornal Público (José Saúde)