segunda-feira, 3 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22167: Notas de leitura (1354): "Nos Meandros da Guerra, O Estado Novo e África do Sul na defesa da Guiné", por José Matos e Luís Barroso; Caleidoscópio, 2020 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Abril de 2021:

Queridos amigos,
A investigação de José Matos e Luís Barroso deve ser tratada como um acontecimento. Habituados que temos estado a ver repetidas litanias em que uns livros copiam os outros e nada de ir aos arquivos e trazer novos factos documentais, ficamos agora a saber que o Exercício ALCORA se prontificava a disponibilizar 6 milhões de contos para comprar armamento e equipamento dado como crucial para a continuação da guerra. Ficam aqui testemunhadas as conversações com países fornecedores e como Kissinger recorreu a um expediente para nos fornecer mísseis terra-ar compatíveis com o Strela; procede-se a um rigoroso inventário do que se pretendia comprar desde a Força Aérea ao Exército, isto quando em simultâneo havia contatos secretos, seja para beliscar o ditador de Conacri, seja para um cessar-fogo na Guiné, seja autorizando novas conversações com o Senegal, enquanto na frente interna se mantinha a intransigência do discurso e Caetano dizia a Santos e Castro que era urgente preparar Angola para uma autodeterminação controlada por brancos. O que comprova que ainda há muito a investigar no sentido de se clarificar se as atividades governamentais tinham atingido a esquizofrenia ou havia uma estratégia subtilmente montada à escala governamental, de que os ultras do Regime eram totalmente desconhecedores. Se assim fosse, resta saber o pandemónio que se avizinhava.

Um abraço do
Mário


O Estado Novo e a África do Sul na defesa da Guiné (2)

Mário Beja Santos

José Matos

"Nos Meandros da Guerra, O Estado Novo e África do Sul na defesa da Guiné", por José Matos e Luís Barroso, Caleidoscópio, 2020, é uma das obras historiográficas mais importantes para a compreensão da guerra da Guiné de publicação recente, diria mesmo de leitura obrigatória.
Basta atender ao que os autores propõem na contracapa:
“O objetivo deste livro é estabelecer a ligação entre o esforço de guerra de Portugal na Guiné e o apoio financeiro que a África do Sul disponibilizou a Portugal no início de 1974, no âmbito do estabelecimento de uma aliança militar entre Portugal, Rodésia e África do Sul, com o nome de código ‘Exercício ALCORA’. No texto anterior houve a preocupação de registar o contexto internacional que serviu de moldura para a nossa guerra colonial, quem eram os nossos aliados e fornecedores, passou-se em revista o agravamento da guerra na Guiné e o imperativo, em múltiplos domínios, de se proceder a reequipamento e a rearmamento. A questão da modernização da Força Aérea era assunto por demais premente: esta, além de desempenhar missões ofensivas, era crucial no apoio logístico, no transporte aéreo de tropas, na evacuação de feridos e nas missões de reconhecimento pela observação visual ou cobertura fotográfica. Atendendo à extensão dos territórios, exigia-se um efetivo considerável, na fase final da guerra ascendia a cerca de 700 aeronaves e cerca de 600 pilotos. No entanto cerca de 70% das aeronaves estavam tecnicamente ultrapassadas e muito usadas e havia uma falta crónica de pilotos-aviadores. Como os autores sublinham, “Além do problema da obsolescência e da falta de pilotos, era uma frota que só podia ser utilizada num ambiente com uma reação antiaérea fraca ou muito fraca, pois, no geral, os aviões portugueses eram lentos, sendo a única exceção o Fiat G.91. Além do mais, devido ao tipo de armamento que usavam e às missões que desempenhavam as aeronaves tinham que voar a média ou a baixa altitude, o que as tornava vulneráveis ao fogo antiaéreo”. E surgem os mísseis terra-ar que podiam ser facilmente disseminados por todo o território. Os planos de modernização vinham de longe, mas a partir de 1973 era uma questão de vida ou de morte. “A intenção do governo era comprar caças Mirage III para substituir os Fiat G.91, além de aviões CASA C-212 Aviocar e Reims-Cessna FTB-337G Milirôle para renovar a aviação de transporte, reconhecimento e apoio de fogo ligeiro. Estava também prevista a compra de várias dezenas de helicópteros Alouette III para reforçar a frota já existente. Neste lote de aquisições, os caças Mirage eram os aviões mais importantes, pois dariam à Força Aérea uma maior capacidade de ataque e de retaliação perante os movimentos de guerrilha”.

Os autores dão conta das diligências da aquisição de novos jatos FIAT, dos planos da Força Aérea para todo este reapetrechamento e as dificuldades encontradas, recorde-se que a França, o fornecedor dos Mirage, exigiam garantias de que estas aeronaves entrariam em operações em território senegalês. É esclarecedora a exposição que fazem sobre o Milirôle, o Aviocar, os helicópteros Alouette III e Puma SA-330. Todas estas compras eram consideradas urgentes, acompanham a vertigem de conversações ultra sigilosas no período que antecede o final da guerra. Também os autores nos dão no capítulo A Psicose dos MIG, a preocupação de Spínola em poder dispor de armamento dissuasor dos MIG-17, em Conacri. O Daily Telegraph de 2 de agosto de 1973 dava conta que o PAIGC estava a treinar pilotos na União Soviética para usar aviões MIG a partir da Guiné Conacri, as informações da DGS também eram altamente inquietantes embora fizesse constar que o PAIGC não iria usar meios aéreos. Há também o relato das incursões de MIG na Guiné, e mais tarde veio-se a perceber que os MIG em Conacri estavam praticamente inoperantes, os técnicos cubanos revelavam-se atónitos com a incompetência dos pilotos de Conacri.

E passamos para a questão do míssil Crotale que era dado como indispensável para a defesa de Bissau, os autores recordam a questão dos radares de defesa antiaérea e da urgência de novas compras: obuses de 155 mm, morteiros de 120 mm e de 81 mm, operações de aquisição que estavam em curso quando se deu o 25 de Abril. Eram contratos com os israelitas assinados em 1 de março de 1974. “Em relação aos lança-granadas-foguete, é decidido fazer uma encomenda à firma de Explosivos da Trafaria, que passa a produzir uma cópia do RPG-2 soviético. O Ministério da Defesa decide encomendar no estrangeiro 25 unidades de RPG-7 com cinco mil munições. Um outro tipo de equipamento que começa também a ser testado pelas forças portuguesas são os aparelhos de visão noturna por intensificação luminosa. Em maio de 1974, é autorizada a compra de aparelhos de pontaria para armas ligeiras destinados a serem instalados na espingarda G-3, além de aparelhos para armas pesadas e de aparelhos de observação de médio alcance a montar em tripé”.

Luís Barroso

Não menos importante é o capítulo que os autores dedicam ao armamento que se pretendia dos norte-americanos. O Embaixador Hall Themido descreveu os contatos estabelecidos para adquirir mísseis terra-ar portáteis, o Redeye, que podia ser disparado a partir do ombro de um homem, tal como o Strela. Mas havia o embargo de armas, Washington não podia vender diretamente a Portugal. Caetano usa o único trunfo que tinha disponível: a Base das Lajes. Aquando da guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973, Nixon enviara um verdadeiro Ultimatum a Caetano, não ceder a Base das Lajes acarretaria graves consequências nas relações luso-americanas. “A intenção portuguesa era comprar os famosos mísseis portáteis Redeye, o qual seria depois complementado com os meios antiaéreos e aeronaves Mirage a adquirir da França”. Kissinger encontrou uma porta de saída para a venda destas armas. Num encontro havido em 9 de dezembro de 1973, em Bruxelas, com Rui Patrício, este declarou ao secretário de Estado norte-americano que a situação militar na Guiné podia tornar-se crítica com a utilização de aviação por parte do inimigo e que poderia mesmo evoluir para ataques aéreos contra Bissau, não tendo as forças portuguesas meios eficazes para se defenderem deste tipo de ataques. Ora a porta de saída encontrada por Kissinger era fornecer os mísseis por Israel através de um intermediário alemão. “O número de mísseis encomendado mostra que os Redeye não se destinavam apenas à Guiné, onde as forças portuguesas necessitavam de cerca de 200 mísseis, mas também a outros pontos das colónias portuguesas. Os mísseis custariam 209 mil contos, não havendo qualquer informação de que este valor seria coberto pelo empréstimo sul-africano. Mas os norte-americanos não davam ponte sem nó, havia também a oferta de uma central nuclear que depois do 25 de Abril não voltaria a ser mencionada em futuras negociações do Acordo das Lajes".

O derradeiro capítulo do trabalho de José Matos e Luís Barroso versa os contactos secretos no fim do regime: o encontro em março com a delegação do PAIGC em Londres, a série de contatos secretos desenvolvidos por Marcello Caetano em Paris, em abril de 1974, de forma a conseguir com a ajuda dos Serviços Secretos Franceses encontros com as fações mais moderadas dos movimentos de libertação para negociar a independência ou autodeterminação das colónias portuguesas. Pedro Feytor Pintor confirma o móbil destes encontros. Os autores não mencionam outras diligências como as promovidas por Jorge Jardim, alguns encontros em Roma, e temos como certo e seguro o propósito de um reduto branco sonhado por Marcello Caetano para Angola e transmitido no início do ano a Santos e Castro.

Enfim, os autores equacionam como o regime de Caetano procurava desesperadamente reforçar a capacidade militar das forças portuguesas, apoiava operações portuguesas contra a Guiné Conacri, eram autorizados na Guiné contatos com o Senegal retomando uma iniciativa política do tempo de Spínola e, como se procurasse ultrapassar a pressão do tempo, fazia constar internamente que o Ultramar seria defendido por todos os meios. “Marcello Caetano precisava principalmente de tempo para levar a cabo as reformas que tinha em mente, mas, para isso, precisava de continuar a combater as guerrilhas e, sobretudo, evitar o colapso militar na Guiné, o que exigia novos meios de combate, que só seriam possíveis com a ajuda de Pretória. É interessante verificar a este nível as listas de material enviadas às autoridades sul-africanas, que mostravam bem as necessidades das tropas portuguesas em Angola e Moçambique, que iam desde armamento até sacos-cama e até arcas-frigoríficas. No entanto, os problemas não se limitavam apenas ao campo material. Um relatório da 3.ª Repartição do Comando Territorial Independente da Guiné, elaborado já depois do 25 de Abril, dava conta de outras dificuldades: falta de quadros experientes no comando e na conduta das operações, deficiente instrução prestada às tropas por graduados inexperientes e desinteressados e falta de motivação ideológica para defender um território que na ideologia oficial do regime era português. Tudo isto degradava o moral das tropas e fazia antever novos desaires para as forças portuguesas".

Como se pode verificar, temos aqui uma investigação com ida aos arquivos e a repescagem de documentos novos que alteram o conhecimento que detínhamos sobre tudo o que se passou ao nível dos empréstimos do Exercício ALCORA e como eles seriam aplicados para suster o ímpeto da guerra. Uma obra de consulta obrigatória, a partir de agora.
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de Abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22141: Notas de leitura (1353): "Nos Meandros da Guerra, O Estado Novo e África do Sul na defesa da Guiné", por José Matos e Luís Barroso; Caleidoscópio, 2020 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22166: Parabéns a você (1959): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAV 3366/BCAV 3846 (Susana e Varela, 1971/73)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22158: Parabéns a você (1958): Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705 (Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)

domingo, 2 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22165: As Nossas Mães (16): As mães nunca se esquecem, nunca morrem (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)



1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviada hoje mesmo ao nosso Blogue com um texto alusivo ao Dia da Mãe, que neste dia se comemora:


MÃE

Muito sangue já correu a dar vida a meninos, meninas, mulheres e homens, muito sangue se perdeu lavado em águas de lavadouros e ribeiros. Sangue de mães, com lágrimas de dor e de alegria, que dão vida, amor e carinho, (mãe porque partiste, diz a canção).

Uma avó paterna que por índole ou necessidade, (enviuvou cedo) deu uma educação espartana, com pouco carinho aos filhos varões (o meu pai adorava-a).

Uma avó materna, mais severa para o homem do que para os filhos, por causa de alguns excessos. Soube escolher o homem certo, humilde, honrado, trabalhador, com alguns desequilíbrios e desgostos afectivos, aos sete anos, sendo filho único estava órfão de pai e mãe, ela com palavras severas e meigas ajudou-o a fazer um bom marido e um bom pai.

Tantas tias que tive, do lado do meu pai, da minha mãe, das primas da minha mãe que tiveram tantos filhos, alguns morreram pequeninos, outros, a maioria, "vingaram" e criaram-se. A elas, tal como à minha mãe, nunca as ouvi queixar das dores e dos trabalhos que eles davam. Mulheres heróicas, com quatro, oito, dez e doze filhos que choravam pelos "anjinhos" quando morriam mas que passado um ano iam dar o mesmo nome ao outro filho que nascia.

Do amor maternal dessas mulheres mais próximas que conheci não me atrevo a dizer qual era o maior, nem de outras que conheci menos, isso não se pode medir, é um segredo afectivo, é uma reserva de vida, que cada filho guarda.

As mães nunca se esquecem, nunca morrem, estão sempre ao nosso lado para nos apoiarem, estão dentro de nós como nós já estivemos dentro delas.

Obrigado minha mãe
Um beijo grande

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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE MAIO DE 2011 > Guiné 63/74 - P8201: As Nossas Mães (15): Carta à Minha Mãe (José Eduardo Oliveira)

Guiné 61/74 - P22164: Blogpoesia (733): "Madrugada de Abril"; Ninguém a viu chegar"; "Liberdade" e "Mais uma visita", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Publicação semanal de poesia da autoria do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, CachilCatió e Bissau, 1964/66):


Madrugada de Abril

Um clarão ribombou nos céus.
A guerra possível estalou.
As forças mandantes podiam pegar em armas,
Defendendo seu poder.
Nada aconteceu.
As ruas encheram-se de cravos.
Era o perfume da liberdade.
Até que enfim. Chegou.
Rebentou a euforia.
Vieram, porém, os meliantes.
Com desejos de devorar.
Vindos do leste comunista.
Num repente invadiram as searas.
Chegaram-lhes fogo.
Os oportunistas se lançaram a destruir.
Levando tudo à frente.
Com razão e sem razão.
As herdades, as grandes empresas, só por si, são más.
Há que as esganar.
Foi um espectáculo triste,
De cima a baixo pelo país.
Do norte ao sul.
Só quem tudo isto viveu
Pode falar e avaliar.
Pelo menos, o ultramar acabou.


Berlim, 25 de Abril de 2021
16h53m
Jlmg


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Ninguém a viu chegar

Era madrugada. Todos dormiam descansados.
Acostumados à sua sorte.
Viveram sua infância e juventude.
Serviram a pátria como uma deusa.
Foram à guerra da independência.
Nunca se queixaram de sua sorte.
Voltaram em paz na consciência.
Dever cumprido.
Tudo era paz e liberdade.
Mesmo que amordaçada.


Berlim, 26 de Abril de 2021
19h21m
Jlmg


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Liberdade

Princesa rainha das quimeras.
Nuvem sobranceira planando nas alturas como o sol.
Iluminando pobres e ricos por igual.
A aspiração da liberdade é o oxigénio que respiramos.
Como o sangue que corre nas nossas veias.
Vivificando nosso corpo.
Trave-mestra desta nave gótica da catedral.
Montanha piramidal apontando as alturas.
Arca salvífica de Noé que nos salva dos dilúvios.
A companheira que nos segue e ilumina nossas passadas.


Berlim, 26 de Abril de 2021
18h8m
Jlmg


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Mais uma visita

Visitar os presos e os que esperam
É tarefa e dever dos que estão em liberdade.
A vida é uma roda em movimento.
Nunca se sabe se, um dia, será a minha vez.
Visitar os filhos, um de cada vez,
É dever dos pais que os geraram.
Eles nos aguardam como os passarinhos,
De bico aberto, onde nasceram.
É isto que dá consistência à vida.
De contrário, seríamos um monte de companheiros,
Ou de condenados a andar...


Berlim, 29 de Abril de 2021
Jlmg

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Nota do editor

Último poste da série de 25 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22140: Blogpoesia (732): "A elegância do condor"; A dor e a alegria"; "Cantando melodicamente" e "Calças de ganga", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728">

Guiné 61/74 - P22163: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte VII: Um mês em Bambadinca, de 7 de setembro a 9 de outubro de 1965


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca >CCAV 678 ( 1964/66) > Fevereiro de 1966 > Vista aérea de Bambadinca, tirada do lado do Rio Geba e da estrada Bafatá-Bambadinca, vendo-se em primeiro plano parte da tabanca, atravessada a meio pela estrada; e em segundo plano, a íngreme (e poeirenta, no tempo seco) rampa de acesso ao aquartelamento e aos edifícios administrativos da localidade já então existentes (posto administrativo, correios, escola, capela...)...

A engenharia militar fez obras em meados de 1968: o aquartelemento a partir daí já não tinha nada a ver com aquele que o João Crisóstomo conheceu em setembro de 1965...

Foto (e legtenda): © Manuel Bastos Soares (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





1. Continuação da publicação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)


CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque)


Parte VII - Um mês em Bambadina, 
de 7 de setembro a 9 de outubro de 1965


BAMBADINCA

(i) Dias 7, 8 e 9 de Setembro de 1965: transferência da CCac  1439 do Xime para Bambadinca.

A nossa permanência em Bambadinca foi apenas de um mês, razão porque não tenho muita memória dessa estadia. Lembro que as instalações eram muito melhores do que no Xime; A povoação era grande, tinha um posto de correio, havia alguns “sítios" onde se podia ir comer etc e estávamos relativamente perto de Bafatá, mas não me cheguei a aproveitar disso. Só iria conhecer Bafatá bastante mais tarde, quando estive destacado em Missirá.

Lembro bem a estrada que levava ao cais onde, salvo raras excepções em que havia melhores meios, apanhávamos uma jangada para atravessar o Rio Geba para a margem oposta onde ficava Finete e outros pontos como Missirá , Mato Cão, Enxalé e Porto Gole.

Este mês em Bambadinca foi um período sem grandes revezes, mas também sem sucessos dignos de destaque, como se pode confirmar pelo que segue:


(ii) Dia 10 de setembro: Saída para Missirá para executar as operações Brio e Garbo.

Chegados a Missirá foi-nos dito para descansarmos bem essa noite de 10 para 11, pois os próximos dias vamos precisar de estar em boas condições físicas para os próximos dias. Não sei como sucedeu, mas sei que para o capitão e para mim houve uma palhota onde havia uma cama grande de ferro à maneira europeia. Fiquei satisfeito e mais socegado; pelo menos não tinha de dormir no chão. E foi nessa cama, sem sequer tirar as botas,-- que era preciso estar pronto para tudo-- que me deitei , partilhando a larga cama com o capitão Pires. 

 Mas eu não conseguia dormir e o mesmo sucedia com o Capitão Pires. Começamos a falar nem sei de quê, mas lembro-me que me sentia deprimido; 11 de Setembro era um dia que eu nunca esquecia, dia de aniversario da minha irmã mais nova. E naquele dia não a podia ver nem sequer telefonar… Talvez para dar largas ao meu mau humor queixei-me do calor e das melgas…"isto é azar", disse eu, "imagine que hoje faz anos a minha irmã e eu nem um telefonema lhe posso faze"...

E aí o Capitão Pires que estava talvez bem mais chateado do que eu mandou-me calar: “Ora gaita, João, vê se dormes e cala-te ; eu também faço anos hoje e não me estou a queixar!"…

 Ainda hoje lembro sempre o meu capitão Pires no dia 11 de setembro…


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Carta de Bambadinca (1955) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bambadinca, Finete, Missirá e Mansoná, e os rios Queba Jilá e Passa, a noroeste.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


(iii) Dia 11 de setembro de 1965: Op Brio

Umas horas depois, bem escuro ainda, já estávamos a caminho para a Operação Brio uma supostamente pequena operação de patrulha e reconhecimento a Norte de Missirá, Objectivo; Mansoná (Vd. infografia).

O planeado era ir e voltar no mesmo dia, que para o dia seguinte já havia outra operação planeada há muito tempo …. Ainda de noite, ao longo duma picada, de repente vi toda a gente a mexer-se e correr dum lado para outro despindo fardas , atirando armas e tudo ao chão : sem nos apercebermos disso estávamos passando em cima duma patrulha de formigas e foi o " ver se te avias”..

Embora não seja tão mau como um ataque de abelhas, não é coisa que se esqueça facilmente. Depois de muita confusão a decisão foi continuar, para logo a seguir termos de voltar : o volumoso caudal no rio Passa e a muita lama e água no leito do rio Queba Jilá tornaram impossível continuar .


(iv) Dia 12 de setembro de 1965: Op Garbo

Patrulha de reconhecimento e combate à região de Banir (a norte de Mansoná). Embora se tivesse exposto o problema da impossibilidade de cambar o rio Passa e o Rio Queba Jilá ao Exmo comandante do BCaç 697, foi ordenado que se fizesse uma batida a qual pela segunda vez se verificou a sua impossibilidade. 

As NT regressaram a Bambadinca no dia 13, absolutamente extenuadas e com as pernas em ferida devido a uma reacção alérgica que motivou a inoperacionalidade de cerca de 60% do pessoal da companhia.

Na verdade era impressionante o estado em que alguns apresentavam as pernas dos joelhos aos pés : era uma úlcera inteira; o facto de todos os afectados apresentarem o problema em grau bastante grave , enquanto outros, como foi o meu caso, não termos sofrido absolutamente nada, levou-me a pensar que essa alergia deve ter sido motivada pelo ataque de formigas no dia anterior. Nenhum dos que estavam sem essa alergia se lembrava de ter tido qualquer mordida das formigas.


(v) Dia 17 de Setembro de 1965: Op Triunfo


Um grupo de combate da CCaç 1439 participou na Operação Triunfo, indo reforçar as forças da CCav 678 ao Poindon no subsector do Xime. Esta operação encontra-se referida nos relatórios da referida Companhia.


(vi) Dia 29 de Setembro de 1965: Op Sota


Saída de Bambadinca a fim de realizar a Operação Sota, patrulha de reconhecimento e combate na margem esquerda do Rio Burontoni. Foi imposto que esta operação se realizasse num itinerário diferente e desconhecido desta companhia, seguindo o itinerário da Bambadinca - Amedalai - Chacali - Chicamael (vd. carta do Xime).

Não se notava qualquer vestígios de picada pelo que o guia não conseguia encontrar o caminha exacto seguindo a corta mato. Depois de mais de 24 horas de contínua marcha sem que se tivesse encontrado vestígios de acampamentos IN em virtude de o guia se ter perdido de pista e porque todos o pessoal se encontrava num extremo grau de fatiga e consequentemente impossibilitado de reacções adequadas em presença do IN, foi solicitado ao PCV ordem para regressar ao Quartel..


(vi) Dia 9 de Outubro de 1965: partida para o Enxalé

A CCaç 1439 foi transferida para a zona de Enxalé, tendo ocupado os destacamentos de Porto Gole, Enxalé e Missirá.

(Continua)

sábado, 1 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22162: Consultório militar do José Martins (65): Ao Povo de Moscavide reconhecido à tropa do RI 7 no 28 de Maio de 1926


Desta feita, o nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), em mensagem de 8 de Abril de 2021, mandou-nos um trabalho dedicado ao Povo de Moscavide e às tropas do RI 7 do Destacamento das Caldas da Rainha,  que se deslocaram para aquela localidade aquando do Movimento de 28 de Maio de 1926.
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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE ABRIL DE 2021 > Guiné 61/74 - P22157: Consultório militar do José Martins (64): Análise ao Artigo 19 (Honras Fúnebres) do Estatuto do Antigo Combatente - Anexos

Guiné 61/74 - P22161: Os nossos seres, saberes e lazeres (450): Quando vi nascer a Avenida de Roma (6) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Março de 2021:

Queridos amigos,
Há para aqui uma tentativa de esboçar a topografia da mobilidade pedestre daquelas crianças que frequentaram a Escola Primária Nº 151, a seguir ao ensino primário houve irradiação de destinos mas muitos dos pontos de referência já estavam instalados, a corografia de Alvalade forçosamente tem que ser entendida na ampla rede que abarca o Campo Grande, a Avenida da República até ao Campo Pequeno, após o alcatroamento da Avenida dos Estados Unidos da América espiolhava-se o crescimento da Avenida de Roma, descia-se o Bairro de São Miguel e então entrávamos no nosso burgo. Vamos crescendo, alteram-se as referências, no princípio da adolescência ainda somos um grupo que se reúne aos sábados à tarde para ir ver dois filmes: no Pathé, no Lis, no Max, no Rex, até no Salão Lisboa. E vai começar a atração pelos cinemas da nossa região, e por isso eles aqui são mostrados. Faltam agora algumas lojas para se pôr termo a esta viagem de apresentação que foi o nascimento da Avenida de Roma e que para mim constituiu um resgate de saudade.

Um abraço do
Mário


Quando vi nascer a Avenida de Roma (6)

Mário Beja Santos

Quem viu nascer a Avenida de Roma obviamente que chegou um tanto mais cedo, à guisa de recapitulação, mostra-se o Bairro das Caixas de Previdência e no seu limite oriental, junto da Quinta do Sr. Visconde de Alvalade, a Rua António Patrício. Não há comércio no bairro, impõe-se a necessidade de ir ao Campo Grande e à Rua de Entrecampos. Quem desenhou o projeto escolheu um formato uniformizado, ou quase, para as fachadas, natureza das janelas ou varandas, o que muda substancialmente é a dimensão das casas. As maiores, segundo aquela lógica do Estado Novo de cada um no seu lugar, têm à entrada um quarto minúsculo para a criada, um arrumo para as malas e um escaparate em madeira para pôr fotografias; em anexo uma minúscula casa-de-banho com duche e sanitário, a criada não pode ter intimidades com a higiene dos patrões.
No fim da década de 1940 nasce o Bairro das Caixas de Previdência, em Alvalade, em baixo quase que confina com o Campo Grande, o seu limite oriental é a Rua António Patrício que tem em frente a Quinta do Visconde de Alvalade, cortada pelo estradão da Avenida dos Estados Unidos da América, no primeiro plano à esquerda a entrada do Campo Grande e à direita os últimos prédios da Avenida da República e nas suas traseiras corre a Rua de Entrecampos. Grandes mudanças vão começar.
Rua António Patrício, ao fundo irá confluir com a Avenida de Roma, imagem atual
Em primeiro plano os campos de futebol do Benfica. Ao fundo o estádio do Sporting ainda em construção (início dos anos 50). Para melhor se entender o quase descampado que se segue ao Campo Grande, esta fotografia aérea é elucidativa. Os nossos colegas de Telheiras vivem em autênticos tugúrios, na rede de azinhagas à esquerda dos campos de futebol. À direita vemos a Alameda das Linhas de Torres, artéria que nós no bairro não frequentávamos, tínhamos ainda muito para desvendar à volta do Campo Grande, percorríamos alegremente os caminhos sinuosos que articulavam a vida no interior do bairro até que surgiu o prato de substância, o nascimento da Avenida de Roma, que nos deixou temporariamente desinteressados nos restos do Mercado Geral de Gados, das fábricas e das fabriquetas em torno do Campo Grande, preferimos então acompanhar a construção civil e ver a chegada daquela classe média que rapidamente se assenhoreou da sua avenida e limítrofes, caso da Avenida João XXI, Praça de Londres, Avenida Paris, a Guerra Junqueiro, também com o seu comércio chique.
Pastelaria Sul América, Avenida de Roma

Vale a pena observar que a Avenida de Roma do cruzamento com a Avenida dos Estados Unidos da América e em direção ao Hospital Júlio de Matos tinha uma arquitetura muito semelhante à que se impôs em direção à Praça de Londres, mas nem de perto nem de longe possuía os seus atrativos comerciais, mesmo agora. A Sul América foi durante muitos anos um ponto de convívio para as gentes locais, mesmo os trabalhadores de serviços vinham aqui ao pronto a comer. E um dia fechou a porta e deu lugar a uma casa de hambúrgueres. O local de maior convivência é o revitalizado Centro Comercial de Alvalade e depois o intenso comércio da Avenida da Igreja entre a estátua de Santo António e a Igreja de S. João de Brito, tem de tudo, quatro farmácias, comidas e petiscos, frangos assados na hora, roupa para todos os preços, agência funerária, a velha Riviera, uma charcutaria que também procurou adaptar-se aos novos ritmos de vida.
Passemos em revista os cinemas do bairro. O icónico, aquele que atraía os apreciadores de cinema de qualidade, foi o Quarteto, foi encerrada por falta de requisitos de segurança, mas por ali passaram filmes lendários e nas temporadas de verão havia ciclos de cinema para rever. Ambiente acolhedor, mas já dentro daquela fórmula de entrar, petiscar e seguir prontamente para uma das quatro salas. Continuo a tremer de emoção quando vejo esta imagem.
Cinema Quarteto, quatro salas, quatro filmes, edifício icónico da minha geração, sito na Rua Flores de Lima, uma paralela da Avenida dos Estados Unidos da América, uma autêntica barreira protetora da região afim, do Bairro de São Miguel
Cinema Alvalade

Acompanhei a vida do Cinema Alvalade do princípio ao fim, naqueles tempos havia duas matinés e a sessão da noite. O desenvolvimento da RTP foi a primeira sacudidela firme, mas o repositório de filmes era aliciante, por ali passou muito do melhor cinema europeu, em concorrência com o cinema norte-americano. Não me recordo de ter aqui estacionado um cineclube, mas no verão havia ciclos que se prolongavam por mais de um mês com filmes do passado, sempre com a sala cheia. O seu interior era gracioso, naquele tempo concebiam-se espaços para os espetadores conversarem, o cinema tinha decoração, neste caso um belo painel da pintora Estrela Faria que ainda se pode ver no novo edifício que tem habitantes, restaurante oriental e várias salas de cinema. Vejam as imagens que se seguem, talvez ajudem a compreender como os adolescentes se sentiam bem neste ambiente.
Escadaria de ligação à primeira plateia com o mural de Estrela Faria
Interior do Cinema Alvalade

O Cinema Roma é um enorme caixotão que também capitulou à falta de espetadores. Um dos meus cineclubes, o Católico, aqui estacionou, as quotas eram baixas, a escolha de filmes tinha por detrás bons selecionadores e muitas vezes havia apresentações em grande estilo, alguns dos grandes estudiosos do cinema, como João Bénard da Costa ou Manuel Machado da Luz, vinham com frequência apresentar filmes nos então quatro cineclubes que trabalhavam febrilmente para os seus cinéfilos.
Cinema Roma
Cinema Londres
Quadro de Noronha da Costa no Cinema Londres. Esta pintura corresponde ao período dourado do artista, era uma inovação do trabalho em acrílico com uso de pintura a óleo
Escultura de João Cutileiro no Cinema Londres

Este cinema atraía uma enorme população, mesmo de gente que vivia para lá da Fonte Luminosa ou da Avenida Manuel da Maia, Avenida João XXI, etc., era o Cinema do Areeiro. Sala decorada, escadaria enorme com portada retangular, coração à moda, bem embrincado na arquitetura panorâmica envolvente. Na imagem que escolhemos para mostrar um pouco da Avenida de Roma, a seguir, é patente que tudo isto foi um rico laboratório arquitetónico, o confronto entre as linhas tradicionalistas de projetos baratos como o do Bairro das Caixas de Previdência, as fachadas e interiores com outro nível de qualidade do Bairro de São Miguel e a modernidade de pioneiros como Cassiano Branco, Formosinho Sanches e Fernando Segurado. Estes cinemas tinham cafetaria, o Londres avançou para o snack-bar, estrutura que estava à moda, com refeições ligeiras, que davam pelo nome de combinados. Com a luminosidade e o espírito observador sem rival que o timbrava, Alexandre O’Neill num seu livro de 1960, As andorinhas não têm Restaurante, compôs um texto com delicioso humor:
“Você conhece estes restaurantes de traz-que-eu-engulo, do engole-vai-embora, esses esófagos da cidade que mal dão tempo de fazer glu?
No calor da nalga recém-partida você assenta a sua própria nalga recém-chegada, mas o desgosto dura o tempo da fusão dos dois calores. Outro virá, meu filho, desgostar-se (breve) no calor da sua…
É nestas estações de devoração que você se reabastece de azias de opilações, de engulhos, de flatulências, de tonturas e ardências. É aqui que você faz glu com vinho que, bebido, lhe deixa no fundo da garrafinha uma inesperada linda frase:
A CEPA O DEU, VOCÊ O BEBEU!”
(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE ABRIL DE 2021 > Guiné 61/74 - P22132: Os nossos seres, saberes e lazeres (449): Quando vi nascer a Avenida de Roma (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22160: Fotos à procura de... uma legenda (150): a continência à(s) bandeira(s) (Valdemar Queiroz, ex-fur mil at inf, CART 11, 1969/70)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Gabu > CART 11 (Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/1970) > Nova Lamego > "Porta de armas": continência à bandeira nacional.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte  (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Nhala > 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), > 1973 > Cerimónia do arriar da bandeira que ainda se repetiria por mais um ano, aproximadamente. Como se pode ver, estava um grupo de combate a entrar, que pára em sentido. Mesmo as mulheres que vinham da fonte com água à cabeça paravam nestas ocasiões, tal como os homens e as crianças.

Foto (e legenda): © António Murta (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]

 

Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro / fevereiro de 1968 > A cerimónia cheia de significado da continência à bandeira nacional. Trata-se do hastear da bandeira, pela manhã, depois o arriar era às 18 horas, já quase noite. Hoje onde se vê disto? Em Bissau, por exemplo, toda a gente em sentido, até na Estrada principal, paravam os carros e saiam as pessoas com destino ou vindas de Bissau, a passar em Brá.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 4 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > 1968 > CART 2339 (1968/69) > O Grupo de combate do Alf Mil Mendonça , antes de ser recambiado para Mansambo, para o trabalho de pá e pica , a construção do aquartelamento  > O arriar da bandeira ...  

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > Xime > Posto Escolar Militar nº 8 > 1972 > Alunos participando na cerimónia do içar da Bandeira Nacional em 10 de junho de 1972. Ao centro o professor da Escola de Mansambo [?], presente a convite do camarada Carvalhido da Ponte.. [Um dos miúdos era o José Carlos Mussá Bai, hoje engenheiro florestal a trabalhar e a viver em Lisboa]

Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 6 > Guiné > Canjadude > 1974 > O PAIGC toma posse do antigo aquartelamento da CCAÇ 5 e hasteia a bandeira da nova República da Guiné-Bissau. 

Foto (e legenda): © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 7 > Guiné > Região do Oio > Mansoa > 9 de Setembro de 1974 > Uma foto para a história: O Fur Mil Op Esp Magalhães Ribeiro arriando a bandeira verde rubra... Esta terá sido a última cerimónia do arriar da bandeira portuguesa, no TO da Guiné, pelo menos com "honras de Estado", isto é, em cerimónia oficial, com altos representantes, de um lado (NT) e do outro (PAIGC)... Diz o Eduardo que estava prevista, inclusive, a presença do 'Nino' Vieira, anulada à última hora por razões (compreensíveis) de segurança.

Foto (e legenda): © Eduardo Magalhães Ribeiro (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem mais de 120 referências no nosso blogue, e é um activo e incansável comentador; vive em Agualva-Cacém]

Date: terça, 13/04/2021 à(s) 15:00
Subject: Fotografis à procura de uma legenda 

As grandes fotografias da cerimónia diária do içar e arriar da Bandeira, que estão publicadas no blogue, representam perfeitamente o que se passava diariamente dentro e fora dos nossos Aquartelamentos.

Era um momento de cerimónia militar e de grande respeito de toda a população. Parava tudo, dos miúdos às bajudas, dos mulheres grandes aos velhos.

Estas fotografias à procura de uma legenda foram escolhidas por representarem as várias situações que se verificavam nesta cerimónia diária. Mas é apenas uma pequena amostra.

Desde a imagem em Nova Lamego que até dentro de casa havia cumprimento, passando pela correcta Continência à Bandeira dos poucos militares que ficavam no Quartel da minha CART.11, a particularidade de em Nhala a Continência ser feita com um "enxada arma", provavelmente por hábito agrícola, ou em Fá Mandiga ser um Pelotão a fazer a cerimônia, ficamos com uma ideia do escrupuloso cumprimento desta cerimónia diária.

Na Continência à Bandeira do PAIGC, em Canjadude, ressalta o respeito mútuo, apenas com um nosso militar bem fardado estar um bocado à balda calhando por estar contra o acontecimento.

Julgo que os autores destas extraordinárias imagens não se importarão que eu as utilize, agora venham lá legendas para estas fotografias.

Abraço
Valdemar Queiroz
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P22159: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte VIII: A primeira visita... dos "vizinhos", com ataque ao arame!

Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cumbjã > CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã", 1972/74 > O meu grupo de combate (2.º pelotão) preparado para mais uma saída para o mato – É de meter medo !!! Eu sou o primeiro da esquerda (de pé), o Alferes Afonso o primeiro à direta (de pé), o Zé Carlos e a sua basuca o primeiro à esquerda (fila da frente), o Belinha o 3.º da primeira fila (da esquerda para a direita com a pica na mão, logo a seguir o homem de Castelo Branco com o seu morteiro...


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Cumbjã > CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã", 1972/74 > Cavando, amassando... fazendo tijolos para a construção da nossa modesta casinha.


Foto nº 3 > Guiné > Região de Tombali > Cumbjã > CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã", 1972/74 > “Rambo” Costa - “O guardador”... de tijolos 


Foto nº 4 > Guiné > Região de Tombali > Cumbjã > CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã", 1972/74 > Nem tudo era mau,  camaradas: bom whisky a “pataco” (com o selo de garantia: CTIG). Religiosamente guardadas para comemorar o meu centenário (espero estar ainda em boa forma!). Se a publicação das minhas memórias se concretizar, talvez abra uma no dia da sua apresentação (para chamar mais clientes!).

Fotos (e legendas): © Joquim Costa (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Joaquim Costa, ex- furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, Cumbijã (1972/74)

Date: quarta, 21/04/2021 à(s) 18:59
Subject: Memórias de um Tigre do Cumbijã


Meu caro Luís

Como escrevíamos antigamente para casa, nos míticos aerogramas, espero que esta te vá encontrar com ânimo bastante para venceres mais um obstáculo nesta prova de resistência que é as nossa vidas.

Por vezes, dado este meu ímpeto de colocar um pouco de humor em tudo, acabo por ser inconveniente. Espero que não seja o caso.

Por trás deste humor também há lágrimas…e obstáculos.

Felizmente tenho uma pequena costela de brasileiro pelo que por muitos obstáculos que surjam no caminho penso sempre que a coisa vai dar certo.

Meu caro Luís, o lema do Blogue é o mundo é pequeno mas a tabanca é grande. E assim é!

Já aqui fiz referência ao meu filho Tiago que esteve dois anos na Guiné na construção de uma ponte sobre o rio Geba, pois a sua esposa, enfermeira, fez a especialidade de medicina familiar onde o Luís chegou a ser o seu orientador. O mundo é mesmo pequeno.

Aproveito a oportunidade para te enviar mais um post sobre as minhas memórias de guerra- A primeira visita dos "vizinhos" (ataque ao arame).

Fica na calha para quando tiveres oportunidade(e achares que reúne condições) para ser publicado

Um abraço, Joaquim Costa




Joaquim Costa, hoje e ontem. Natural de V. N. Famalicão,
vive em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado.



Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex- furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte VIII (*)
 
A primeira visita… dos “vizinhos” 
(ataque ao arame)


Ninguém gosta de receber visitas em sua casa com esta em desalinho e ainda inacabada, contudo, foi o que aconteceu connosco poucos dias depois de nos instalarmos, de armas e bagagens, no Cumbijã.

Para se ter uma ideia do perigo e do escalar do conflito, a proteção do destacamento compreendia duas redes de arame farpado, separadas por alguns metros, com garrafas de cerveja colocadas em todo o perímetro, sobrepostas duas a duas (que tilintavam ao mínimo baloiçar das redes), e no espaço entre as duas redes eram colocados fornilhos (minas e/ou explosivos com vidros e e restos de material de ferro e aço). Tudo o que estava para além do arame farpado, literalmente, era IN.

Poucos dias depois de nos instalarmos no Cumbijã, ao fim da tarde, quando já toda a engenharia, bem como os grupos de proteção tinham regressado a Aldeia Formosa, tivemos a visita de um grupo IN, bastante numeroso, que nos intimidou com uma carga poderosa de morteiro, RPG e rajadas de metralhadora. Para os dois grupos da companhia presentes (os outros dois tinham ido para Aldeia Formosa, merecidamente, já que tinham aqui passado a noite anterior), foi o batismo de confronto direto com o IN.

Ficamos todos muito “chateados” (como diria o Almirante e ex primeiro ministro, que deu nome à minha rua – Pinheiro de Azevedo), pela visita ter lugar numa altura em que a casa ainda não estava acabada e arrumada. Só estava colocada metade da primeira fiada de arame farpado e ainda não tínhamos valas. Pela surpresa, chegámos a temer que conseguissem romper as nossas defesas, pois alguns de nós conseguíamos vê-los a aproximarem-se até muito perto do arame farpado.

Aguentámos, sem baixas, com alguns feridos ligeiros e uma das nossas tendas desfeitas, mas com a reputação em alta perante o IN e os camaradas das outras companhias da região que nos passaram a chamar: “Os Tigres do Cumbijã”.

A minha ajuda na defesa do destacamento neste ataque, de má vizinhança, foi nula já que a minha G3 encravou ao primeiro tiro.

Agora que estou ficando velho, mais dado à contemplação (mística dos factos objetivos – como dizia um camarada amigo e já cacimbado, imitando o professor de uma antiga novela brasileira), muita vezes me questiono: será que em algum momento nos diferentes contactos com o IN atingi mortalmente alguém?

Estes pensamentos, que nunca me ocorreram antes, são recorrentes nestes dias de desocupação, perturbando o meu sono que sempre foi o de um homem justo e de bem com o mundo (passe a presunção). Hoje, recordo este incidente com algum alívio, dizendo: tendo em conta o desfecho do ataque (4 feridos ligeiros... e 6 desalojados!), ainda bem que a G3 encravou!

No dia seguinte, ao fazermos o reconhecimento ao local do ataque, eram evidentes os vestígios de que do lado do IN as consequências foram bem mais gravosas.

O que antes para todos nós era “ronco”, ao verificarmos os estragos causados ao IN, hoje, ao escrever estas minhas memórias de guerra, um turbilhão de sentimentos contraditórios me desassossegam.

Ao mesmo tempo que avançava a construção da estrada para Nhacobá e os trabalhos de adaptação do Cumbijã para receber e unir definitivamente toda a família da CCav 8351, ia-se criando, em cada um de nós, a sensação, agridoce que estávamos a construir a nossa modesta casinha, porventura, no sítio menos aconselhável.

O “cacimbo” já nos começava a afetar pois que reagíamos com naturalidade à forma como os nossos camaradas de outras companhias, que participavam na proteção da estrada, se despediam de nós, com um semblante de quem está a abandonar um amigo e o deixa à sua sorte no meio de mil perigos. Ao mesmo tempo era visível nas suas caras uma sensação de alívio por saírem daquele buraco a caminho de Aldeia Formosa, uma autêntica fortaleza com todas as comodidades, comparadas com aquele buraco.

E ali ficávamos nós, a comer a nossa ração de combate e a dormir no chão em pequenas tendas, nas condições mais que precárias de conforto e segurança (só com a nossa G3, dois pequenos Morteiros 60 e duas bazucas). Entretanto em Aldeia Formosa tomava-se banho de chuveiro, de água sem saber a gasóleo, jantava-se numa messe a sério, com comida (mais ou menos) a sério, jogava-se king acompanhado com whisky em copos a sério, e dormia-se em lençóis a sério, em camas a sério e em casernas a sério…

Passou a ser habitual, e quase rotineiro, sofrermos, com muita frequência, flagelações de canhão sem recuo. Inicialmente as granadas caiam fora do perímetro do destacadamente, mas aos poucos iam-se aproximando até começarem a cair em cima das nossa cabeças, o que nos deixava intrigados, já que a experiência nos dizia que tal só era possível com informação saída do destacamento da correção do tiro!

Nos patrulhamentos quase diários o objetivo prioritário, e absoluto, era o de encontrar o local de onde eram lançados os ataques utilizando, para além da intuição, a matemática e as leis da física, já que não suportavamos mais sermos incomodados durante o jantar (demasiado frequente, tendo em conta os verdadeiros ataques e os falsos alarmes).

O maior perigo era o da(s) primeira(s) granadas,  já que estas chegavam mais rápido que o som provocado pelas saídas das mesmas, apanhando-nos desprevenidos (com consequências dramáticas,  como vamos ver mais à frente).

Lá conseguíamos encontrar o local de lançamento das granadas de canhão sem recuo (uma arma muito ágil, fácil de montar, desmontar e de transportar - segundo algumas informações manobrada por cubanos), deixando aí vestígios evidentes da nossa presença…

Não obstante esta descoberta as flagelações continuaram, porém, doutro local, o que nos dava algum descanso até conseguirem corrigir novamente o tiro.

As flagelações constantes de canhão sem recuo e os ataques ao arame, eram de um grande desgaste psicológico já que nem dentro do destacamento havia momentos de total tranquilidade, dando-nos a sensação de vivermos e dormimos com o inimigo e de estarmos constantemente a ser vigiados. Eram constantes os disparos dos vigias durante a noite ao mínimo tilintar de garrafas no arame ou movimentos suspeitos durante a noite (dada a proximidade com a base do PAIGC a maior parte das vezes era imaginação, mas que para os sentinelas eram mesmo “eles” que estavam ao arame)

A estrada ia avançando, com deteção e levantamento de minas e o jogo do rato e do gato com o IN.

Durante a noite ficavam dois grupos a proteger as máquinas evitando a colocação de minas, e rebentavam-nos mais atrás os pontões, atrasando o avanço da obra. Emboscavamo-nos junto dos pontões e passavamos a ter minas na frente de trabalho.

As minas e os ataques à coluna que se deslocava para a frentes de trabalhos, com mais frequência iam causando feridos graves (geralmente minas) e vários feridos ligeiros.

As condições de segurança e habitabilidade no Cumbijã, paulatinamente, lá foram melhorando com o esforço e entusiasmo de todos nós.

A maior empreitada foi construir casernas para toda a companhia, aqui já toda reunida, utilizando o que o português tem de melhor, o “desenrascanço”, a saber:

  • Fazer tijolos utilizando terra com capim e água amassando com os pés;
  • Colocar esta argamassa em formas, de tijolo, e pôr a secar:
  • Cortar palmeiras para as traves da cobertura:
  • “Chagar” a cabeça dos altos comandos do ar condicionado de Bissau que precisavamos de chapas de zinco para a cobertura das futuras casernas

Os primeiros dias no Cumbijã foram um duro teste às nossas capacidades físicas e psicológicas:

  • O stress das minas - a qualquer passo que dava-mos corria-mos sérios riscos de pisar uma pessoal ou mesmo anti carro;
  • As flagelações constantes de canhão sem recuo - 24 sobre 24 horas em alerta máxima, nunca conseguindo 10 minutos de sono profundo (com os disparos constantes dos sentinelas);
  • Os ataques ao arame - criando em nós a sensação de estarmos a viver e a dormir com o inimigo;
  • As condições do dia a dia - foi muito tempo a viver em tendas, dormindo no chão e alimentados à base de rações de combate;
  • A falta de higiene diária - muitos dias sem tomar banho. A água vinha de Aldeia Formosa em bidões a saber a gasóleo;
  • O cansaço - muito patrulhamento e proteção aos trabalhos de engenharia ao qual se juntou a construção, a pulso, das nossas casernas.
  • Outros imponderáveis - ver as nossa tendas voarem para fora do arame farpado com os nosso parcos haveres, depois de sermos visitados por um enorme tornado, deixando o destacamento num caos.

A melhoria das condições do destacamento foi muito importante para elevar o moral das tropas e assim vencer paulatinamente todas as dificuldades que nos eram colocadas pelo IN e pelo isolamento. Contudo, foi este mesmo isolamento que criou entre todos nós um grande espírito de grupo e, também, uma grande sensação de liberdade.

Libertámo-nos das “paranóias” militares como a preocupação com a farda, com a barba, o cabelo, as vénias e continências aos superiores. Estas “paranóias”, embora não ao nível de Bissau (preocupados com o meu bigode - como vamos ver mais à frente) eram comuns em Aldeia Formosa.

O Cumbijã para nós era uma verdadeira Aldeia do Astérix em África:

  • Não havia messe de oficiais e Sargentos;
  • Não havia um rancho para oficiais e Sargentos e outro para os soldados. A panela era a mesma para todo o pessoal da companhia;
  • Ninguém se preocupava com a farda, com o cabelo com o bigode (bem evidente na fotografia do meu grupo de combate preparado para sair para uma operação no mato)…
  • Cada um sabia qual o seu papel naquela organizada “bagunça”, onde todos eram conhecidos pelo seu nome próprio e não pela sua patente.
  • Eramos verdadeiramente um grupo de bandalhos, mas nunca no destacamento houve bandalheira. Como diziam os Sargentos de carreira: serviço é serviço, conhaque é conhaque.

Nota: Se a visita se tivesse realizado em Maio de 1974, talvez tivessemos recebido os vizinhos mais próximos (de Nhacobá), fazendo-os entrar pela porta de armas (virtual) “deitando abaixo”, entre sorrisos e abraços [??] as lindas” botelhas” da Foto nº 4. 

Como foi antes do 25 de Abril de 1974, foram recebidos de “sachola” em punho, fazendo lembrar vizinhos desavindos por demarcação de terrenos no Minho.

(Continua…)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 13 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22100: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte VII: Cumbijã: a nossa modesta casinha, os picadores e a crueldade das minas

Guiné 61/74 - P22158: Parabéns a você (1958): Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705 (Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22150: Parabéns a você (1957): Giselda Pessoa, ex-Sarg Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Bissau, 1974/74)