domingo, 17 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25281: Convívios (985): 55.º Almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 14 de março de 2024 - II (e última) Parte

 

Manuel Resende (São Domingos de Rana) e José Jesus (Trajouce), ou melhor, régulo e adjunto...  (O Manuel Resende não precisa de apresbetações: tem mais de 140 referêrncias no nosso blogue.)


Carlos Silvério (Ribamar, Lourinhã) (É também membro da Tabanca Grande): O o nosso grã-tabanqueiro nº 783 foi fur mil at cav, CCAV 3378 (Olossato e Brá, 1971/73).



Manuel Leitão (o "Mafra"): O Manuel Calhandra Leião foi 1º cabo, Pel Mort 1028 (Enxalé, 1965/67),  e sentar-se  à sombra do nosso poilão, sob o nº 867.


Pedro Leitão, filho do "Mafra"


Joasquim Peixeira (Loures). outro "pira" na Tabanca da Linha




Heroíno Cabral (Lisboa)



Carlos Raposo (Carcavelos) ("cara nova" na Tabanca da Linha)



António Pina (São João da Talha)


António Varanda (Lisboa)



Orlando Pinela (Caxias) e Carlos Alberto Pinto (Amadora): dois velhos membros da Tabanca Grande


Luís Marinho,  "pira" (vive na Moita),  e o Carlos Ferrand (Lisboa)



Afonso Barroso (Oeiras)
 


José Trindade, "cara nova"... (vive em São João da Talha)

João Rosa (Lisboa)


Oeiras > Algés > Restuarahnte Caravela de Ouro > 14 de março de 2024 > 55º convívio da Magnífica Tabanca da Linha


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mais uma edição dos convívios da Tabanca da Linha.  Foi o nº 55.  Quando chegar aos 100, o Manuel Resende, jura que se reforma... Já marcou o 56º, para 23 de maio de 2024,,, Quinta feira, pois claro. E no sítio do c0stume, o Restaurante Caravela de Ouro, em Algés,,, 

Para saber mais o nosso leitor pdoe consultar a página do Facebook de A Magnífica Tabanca da Linha (grupo privado já com 155 membros)... 

Com este convívio, o 55º, realizado no passado dia 14 de março (*), entraram mais seis "piras" ou "caras novas":  Carl0s Raposo, João Crisóstom0, Joaquim Peixeira (apelido bem alentejano, e não Teixeira), José Trindade, Luís Marinho, Manuel Leitáo (ma tropa conhecido como o "Mafra"). 

Parabéns ao Manel e ao seu ajudante, o Zé Jesus, que, pelo quer vimos, tem jeito e está aprovado  para o cargo de  "tesoureiro".  Parabéns a todos os "magníficos" que, de Setúbal à Lourinhã e de Lisboa a Sintra,  quiseram aproveitar mais  duas/três horas do seu tempo de vida para um são e alegre convívio entre antigos combatentes. Parabéns também às nossas companheiras que alegraram as nossas mesas...  Sem esquecer os mais jovens que nos acompanharam, o Pedro Leitão, filho do Manuel Leitáo, e a Cristina, filha do João Crisóstomo...

O Victor Carvalho (que vive em Linda-A-Velha, mas é natural de Peniche) aceitou o nosso convite patra integrar a Tabanca Grande. Já partilhou algumas fotos do seu álbum. Foi fur mil enf, CCAÇ 2658 / BCAL 2905 (Teixeira Pinto, Bachile, Nhamate, Galomaro, Paunca, Mareué, Brá, 1970/71).

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 16 de março de  2024 > Guiné 61/74 - P25277: Convívios (984): 55.º Almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 14 de março de 2024 - Parte I

Guiné 61/74 - P25280: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (9): "Maruja"

Adão Pinho Cruz
Ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547
Autor do livro "Contos do Ser e Não Ser"


Maruja

Furioso, João entrou na livraria e só lá dentro se deu conta de que era uma livraria gay, de literatura erótica. Não tinha disposição para nada, muito menos para aquilo. Deu duas voltas à sala, cumprimentou e saiu. Madrid estava fria como o seu coração e sentia uma lagrimeta no canto dos olhos. Atirou-se para a cadeira de uma esplanada em frente e pediu uma fabada asturiana.

Maruja tinha dezoito anos e era linda como um cravo. João encontrara-a na Candeia, um conhecido cabaret do Porto. Ali cantava e dançava, sempre acompanhada pela mãe.

João prendeu-se de tal modo nos seus olhos negros e na luz do seu sorriso que, durante uma semana, ali passou as noites até de madrugada. Terminada a semana do contrato, mãe e filha passaram para o Casino de Espinho, onde iriam trabalhar mais uns dias. João contou e recontou os trocos, pediu algum emprestado, marimbou-se para a faculdade e não falhou uma noite em Espinho até que a Maruja lhe disse que ia embora para Madrid.

Não seria fácil João encontrá-la por lá, na grande cidade, mas que tentasse, se um dia se resolvesse a lá ir. Não tinha morada certa, mas vivia a maior parte do tempo no Monasterio de Las Descalzas e, por vezes, cantava e dançava no Pasapoga.

Desde Portugal, João viajou na mesma cabine do comboio com uma prostituta. Em Ciudad Rodrigo, já alta madrugada, um padre fez-lhes companhia. Quem eram, quem não eram, João era estudante de medicina no Porto e ia a Madrid à procura do amor, o padre ia a Salamanca colaborar nas exéquias de um velho professor, e a prostituta, de Coimbra, ia cumprir mais uma temporada numa casa de alterne junto à Plaza Mayor.

Depois de Salamanca, João adormeceu e acordou em Madrid ao romper de uma manhã seca e fria. Ficou um tanto atemorizado com o silêncio das ruas e com a presença de muitos soldados nos telhados das casas, armados de metralhadora. O cheiro a Guerra Civil ainda não se desvanecera por completo. As camionetas a gasogénio subiam ronceiramente a Gran Via e um ou outro transeunte perguntava se tinha café para vender.

João martelou com força por duas ou três vezes o grande batente de ferro do enorme portão do Monasterio e, quando a esperança já parecia esfumar-se, um pequeno postigo lateral encastoado no portão emoldurou uma cara do outro mundo: uma freira muito feia, com ar de demónio, boca torcida e olhos fulminantes.

- ¿Qué quiere, usted?
- Quiero hablar con Maruja, quedé con ella.
- Maruja no está ni podría estar. Maruja, ¿Que Maruja, señor?
- La bailarina.


A portinhola bateu com estrondo, quase lhe esmurrando o nariz. João ainda carregou por mais duas vezes no batente, com toda a fúria e revolta, mas um silêncio pesado cobriu como uma avalancha negra toda a fachada do enorme edifício.

A fabada não parecia estar má, mas, apesar de nada ter comido desde a véspera, a tristeza dificilmente permitia que ela passasse da boca para baixo.

Esperou pelo cair da noite, gelado por dentro e por fora, passou junto ao Pasapoga e perguntou ao porteiro a que horas atuava a Maruja.

- Maruja, ¿Qué Maruja, señor?

Ainda hoje, ao fim de tantos anos, quando João passa pelo Monasterio, levanta os olhos para a grande fachada e vê Maruja vestida de branco a voar de janela em janela.

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Nota do editor

Último post da série de 10 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25258: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (8): "Ele há coisas...!"

sábado, 16 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25279: Os 50 anos do 25 de Abril (2): O meu primo Luís Sacadura, furriel miliciano, natural de Alcobaça, hoje a viver nos EUA, estava lá, no RI 5, Caldas da Rainha, no 16 de marco de 1974, e mandou-me fotos dos acontecimentos (Juvenal Amado)


Foto nº 1 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Posto com Reforço.


Foto nº 2 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Capitão Virgílio Varela,  um dos comandantes da revolta


Foto nº 3 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Preparados para defender o quartel


Foto nº 4 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Oficiais revoltosos


Foto nº 5 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Junto à porta de armas: tempo de incerteza (i)


Foto nº 6 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Junto à porta de armas: tempo de incerteza (ii)


Foto nº 7 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > 
Junto à porta de armas: tempo de incerteza (iii)


Foto nº 8 >  Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > O quartel já cercado pelas forças governamentais


Foto nº 9 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Jipe com parlamentar governamental, o brigadeiro Pedro Serrano


Foto nº 10 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Pelo aspecto do brigadeiro,  já se estava no capitulo das ameaças. (A imagem original tem um defeito de revelação ou de exposição, que procurámos corrigir.)


Foto nº 11 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Serviço audiovisuais


Foto nº 12 > Caldas da Rainha > RI 5 > 16 de março de 1974 > Furriel mil Luís Sacadura, meu primo  que me enviou as fotos dos EUA.

Fotos (e legendas): © Luís Sacadura / Juvenal Amado (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Reproduzimos aqui a mensagem de Juvenal Amado (ex-1.º cabo cond auto-rodas, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 28 de maio de 2011, publicada no poste P8359, de 1 de junho de 2011 (*):
 
O 16 DE MARÇO DE 1974 EM FOTOS

O meu Batalhão estava no Cumeré já a aguardar embarque quando se deu o levantamento das Caldas da Rainha.

Foi com natural apreensão que essas notícias chegaram até nós, pois, já com 27 meses de comissão, os nossos receios viram eventuais atrasos no nosso embarque resultante da situação que se vivia na Metrópole.

Ainda foi alvitrado no gozo, por alguém, que quando desembarcássemos nos seria distribuída novamente as G3 e ainda acabávamos na Serra da Estrela.

Quanto a mim juntava a essas preocupações o facto de o meu primo direito Luís Sacadura, que era furriel miliciano, e o Caetano, que era alferes miliciano, os dois de Alcobaça, estarem nessa altura a cumprir serviço militar no referido quartel e que decerto se teriam envolvido nos acontecimentos, de que resultaram à volta de 200 prisioneiros.

O meu primo já estava em liberdade quando desembarquei em 4 de Abril de 1974, mas o Caetano só o vi depois do 25 de Abril quando foi solto.

Hoje quem lê sobre os acontecimentos os nomes de militares ligados à Guiné, são prova de que o facto terem sido lá combatentes, assumiu um peso muito grande tanto neste levantamento como no 25 de Abril, que levaria por diante o derrube do regime.

Por último, as fotos foram-me enviadas dos EUA pelo o meu primo com a devida autorização para as publicar (...)

2. Comentário do editor LG (*):

(i) Recebemos do Juvenal Amado a seguinte mensagem, com data de 27 de maio de 2011:

"Carlos: Recebi fotos do 16 de Março 1974 a quando do levantamento das Caldas da Rainha. As mesmas foram-me enviadas por um primo meu a morar nos USA que participou na referida tentativa.

"Não sendo assunto directamente associado com a Guiné, venho então saber se ao blogue interessa o assunto. Fico a aguardar a tua opinião e se ela for um sim escreverei alguma coisa para acompanhar as fotos." (...)


(ii) A nossa resposta dos editores só podia ser sim, sem quaisquer reservas... Independentemente da "leitura" dos acontecimentos, e da contextualização do 16 de Março de 1974, seria no mínimo uma "pena" que estas fotos, tiradas pelo Luís Sacadura, de grande interesse documental, e até de boa qualidade estética (traduzindo o momento de grande tensão dramática que foi esse dia), fossem um dia parar a um "caixote do lixo" americano...

Obrigado, Luís ("God Save You!"), obrigado, Juvenal... Tudo o que diz respeito à nossa Pátria e à nossa História, nos interessa, embora com particular enfoque na guerra da Guiné (1961/74)... Mas onde começa e acaba a "guerra da Guiné"? Para nós, que ainda estamos vivos, e cultivamos a arte e o prazer da memória, ela ainda não acabou de todo... 
 
(iii) Cinquenta anos depois do 16 de março de 1974, e do 25 de Abril, todas estas fotos são preciosas (**). O 16 de Março não teve um grande fotógrafo à altura como o Alfredo Cunha (que fez na madrugado do 25 de Abril fez a reportagem da sua vida)... 

São fotos, amadoras, que merecem ser republicadas. Aliás, temos escassas referências no blogue ao "16 de Março" e a imprensa da época, devido à censura, não pôde dar informação detalhada sobre o ocorrido...

Três dias depois os leitores do "Diário de Lisboa", como eu (na época), ficaram a saber, por uma pequena notícia da SEIT (antigo SNI) que tinham  sido presos 33 oficiais (e não 200, como dizia alguma imprensa estrangeira) "implicados na insubordinação verificada no Regimento de Infantaria nº 5"... (Repare-se que nem a RTP Arquivos tem imagens do cerco ao RI 5)...

3. O historiador e biógrafo de Spínola, Luís Nuno Rodrigues, escreveu: 

"No rescaldo do episódio, cerca de duas centenas de militares são presas, entre ele os membros do MFA mais próximos do general António de Spínoala, como Almeida Bruno, Manuel Monge, Casanova Ferreira, Armando Ramos e Virgílio Varela" (...). 

E mais adianta: 

"O '16 de Março'  tinha sido, por conseguinte, uma tentativa algo atabalhoada da 'ala spinolista' do MFA de fazer despoletar um movimento para o derrube do regime e para a entrega do poder ao general. 

"A acção fora em grande parte motivada pela tomada de posição de algins oficiais do CIOE de Lamego (que acabariam por não sair do quartel), pelas atitudes de dois antigos oficiais de Spínola na Guiné (Leuschner Fernandes e Carlos Azeredo) e pelo impeto dos oficiais oriundos de milicianos do RI5  das Caldas da Rainha". (Fonte: Excertos de "Spínola: biografia",  Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010, pág. 236).




Diário  de Lisboa, edição de terça feira, 19 de março de 1974, pág, 1
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P25278: Os nossos seres, saberes e lazeres (619): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (146): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (6) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Novembro de 2023:

Queridos amigos,
Folheio uma obra de Túlio Espanca sobre a cidade de Évora e fica-me o ressaibo de indisfarçada amargura de amanhã partir de regresso a casa sem visitar o antigo quartel dos Dragões de Évora, o Palácio de D. Manuel (ou o que dele resta), passear-me no Aqueduto da Água da Prata, ver o mirante da Casa Cordovil e algumas igrejas que são tesouros, como a Igreja de S. Francisco. Fica para a próxima. Deu-me enorme prazer sair do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida e ver outros empreendimentos da Fundação como a coleção de carruagens e o Páteo de S. Miguel e o Paço dos Condes de Basto, visitas que a todos se recomenda quando vierem à princesa do Alentejo, estou pronto a regressar, e sem demora.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (146):
Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (6)

Mário Beja Santos

Os fotógrafos de smartphone, com os quais alinho, têm o dever de ir eliminando imagens da câmara para que não chegue o pesadelo da lentidão da máquina. Estava a proceder a essa filtragem quando fiquei um tanto embasbacado quando descobri que não tinha incluído este magnífico presépio, imagem captada no Museu Nacional de Évora, no episódio apropriado, correspondente à dita visita. Por o achar muito belo, entendi que o leitor perdoaria o dislate e podia ver com agrado um vistoso presépio de que nos podemos orgulhar ter uma vastíssima coleção de obras únicas que não se confinam aos trabalhos portentosos de Machado Castro, dispomos de peças de rara sensibilidade por museus e templos religiosos e até casas particulares. Aqui fica o registo.
Presépio esplendoroso, de uma espantosa riqueza figurativa na sua organização

Visitado que foi o Centro de Arte e Cultura, havia que visitar um outro tesouro da Fundação Eugénio de Almeida, a coleção de carruagens, assente no antigo celeiro do Cabido da Sé de Évora. O edifício foi adquirido em 1959 por Vasco Eugénio de Almeida com o objetivo de integrar o conjunto edificado do pátio de S. Miguel. Abriu ao público em 1998 e foi alvo de requalificação entre 2008 e 2011, temos aqui uma coleção de carruagens que reúne os atrelados e utilitários de viagem que estiveram ao serviço da Casa Eugénio de Almeida entre a segunda metade do século XIX e os primeiros anos do século XX. A exposição não deixa de mencionar que com os primeiros anos do século XX as carruagens entraram progressivamente em desuso. A família Eugénio de Almeida começou a ter carros a partir de 1907, houve que adaptar as cocheiras do Parque de Santa Gertrudes. Décadas depois, quando as carruagens não passavam de relíquias, vieram expeditas por caminho de ferro até Évora. Mas veio o racionamento da Segunda Guerra Mundial, as velhas carruagens não tardaram a ser resgatadas e postas ao serviço, até que terminou a guerra. São estas as carruagens de família e outras peças adquiridas em leilões, caso da cadeirinha que podemos ver com imensa satisfação.
Imagens recolhidas na coleção de carruagens
Já muito se passeou e o palato pede uma açorda com muito coentro e uns cubos bem olorosos de carne de porco. É nesse ínterim que se percorrem as arcadas da Praça do Giraldo e dá-se conta que numa intervenção foi encontrado um fresco e ali ficou mantido em estado de boa conservação para nos recordarmos de outras eras em que seguramente estas arcadas, já de si garbosas, possuíam frescos.

É a última deambulação do dia, a visita ao Palácio dos Condes de Basto ou Paço de São Miguel, a sorte favorece os audazes, esta tarde o Paço é visitável, coisa que raramente acontece. Diz o guia de Évora que a origem deste palácio remonta, pelo menos, ao período muçulmano. Conheceu-se sucessivas modificações, não falta no seu interior o estilo manuelino e mudéjar. Assenta sobre troços da muralha medieval (e romana) e tem uma aparência exterior fortificada. A elegâncias das reformas manuelinas traduz-se nas janelas geminadas e nos arcos ultrapassados de um dos corpos principais, o conjunto é discreto e funde-se com a malha urbana da cidade. Só penetrando no páteo é que se começa a vislumbrar a extensão do palácio. O corpo adjacente situado a poente é mais moderno, teve obras entre 1570 e 1573. É aqui que encontramos três salas ornamentadas por programas fresquistas. Deve-se a Vasco Eugénio de Almeida, no século XX, a profunda intervenção de conservação e restauro de todo o complexo de edifícios do Páteo de São Miguel. O Paço está classificado desde 1922 como Monumento Nacional.

A Sala Oval é coberta por uma abóbada artesoada preenchida por uma copa de árvores cujos ramos e vegetação se encontram entrançados; entre estes ramos brincam crianças colhendo frutos, num ambiente de fortuna e prazer, rodeados das oitos ninfas segundo as Metamorfoses de Ovídio. A Sala da Tomada de La Goleta é coberta por 22 painéis com frescos cuja temática é a abundância.
Sala de bilhar
Um encantador sinal da arte mudéjar.

Aviso o leitor que vamos prolongar esta visita. Enquanto por aqui se deambulava, uma amável cicerone indicou uma sala onde se podia ver como era o Páteo de São Miguel antes das obras, fica-se de boca aberta com o estado de degradação, de completo abandono em que se encontravam grande parte das instalações adjacentes ao Paço. Houve a preocupação de ler Túlio Espanca antes de vir a Évora. Ele refere a importância da cidade na História de Portugal, refere mesmo a arquitetura civil manuelina e não esquece o Paço dos Condes de Basto. Este importante divulgador cultural refere a sua história e fala do edifício do seu interior desta maneira:
“Edifício de grande caráter e acentuada diversidade arquitetónica, assenta na torre e muralha mediévicas, em cujo flanco oriental rompe a hoje obstruída Porta da Traição e no maior bloco se ergue o imponente pavilhão de telhados de quatro águas, rasgado por janelas minadas, de arcos de ferradura, de ladrilho e delicada capitelação de pedra regional. No interior, disposto em majestosas salas, subsistem curiosas pinturas murais do estilo renascentista e outras maneiristas, de temática mitológica ou histórica.”

Vamos a seguir concluir a visita a tão impressionante conjunto de edifícios.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 10 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25257: Os nossos seres, saberes e lazeres (618): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (145): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25277: Convívios (984): 55.º Almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 14 de março de 2024 - Parte I


Lisboa > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 14 de março de 2024 > 55.º convívio da Magnífica Tabanca da Linha > O João Crisóstomo (Nova Iorque) e filha Cristina (que presentemente vive e trabalha em Lisboa)


Lisboa > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 14 de março de 2024 > 55.º convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Lado direito da mesa em U: logo em primeiro plano, três "magníficos" e "históricos" da Tabanca da Linha: o António Fernandes Marques (Cascais)  o Luís Moreira e a Irene (Mem-Martins)


Lisboa > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 14 de março de 2024 > 55.º convívio da Magnífica Tabanca da Linha > O lado esquerdo da mesa em U:  logo em primeiro plano, o Carlos Silvério (Lourinhã).


Luís Cardoso Moreira e Irene (Mem-Martins)


Virgínio Briote e Irene (Lisboa)


Luís Graça e Alice (Lourinhã)


O João Crisóstomo (Nova Iorque), o José Colaço e o António Pina, ambos de  São João da Talha. 


António Graça de Abreu (São Pedro do Estoril), outro "histórico" e "magnífico" da Tabanca da Linha


Hélder Valério Sousa (Setúbal)


João Pereira da Costa (Lisboa): foi recentemente operado às cataratas...


Fernando Serrano (Linda-A-Velha)


Victor Carvalho (Linda-A-Velha)


Constantino Ferreira d'Alva (Linda-A-Velha)


António F. Marques (Cascais)


António Casquilho Alves (Lisboa)


Daniel Gonçalves (Carcavelos)


João Crisóstomo (Nova Iorque)


Fotos: © Manuel Resende (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Quinta feira, 14 de março de 2024, às 21;44. o régulo (e administrador da página do Facebook) da Magnífica Tabanca da Linha, Manuel Resende, já estava a postar as fotos que tinha tirado à tarde, e comentado,  com bom humor,  que os "magníficos" desta vez foram 36 (três dúzias), alguns outros não puderam vir por esta ou aquela razão... Voltaremos a encontrarmo-nos em 23 de maio, no 56.º almoço-convívio:

(...) Caros Magníficos, como estava previsto, realizou-se hoje mais um convívio do nosso grupo "A Magnífica Tabanca da Linha",  com a presença de 36 valentes que apostam sempre na linha da frente. 

Podia ter sido um pouco mais concorrido, mas as famigeradas maleitas atacaram alguns. Vamos em frente, porque estes convívios dão força ao nosso espírito. 

O nosso "homenageado" João Crisóstomo ficou feliz com as presenças de muitos conhecidos de há quase 60 anos.

Bom, o próximo será a 23 de Maio, já reservei a sala do 2.º piso no restaurante para nós.

Para ver as fotos de hoje, clicar no link. (...)


2. Desta vez o nosso almoço foi servido na sala de jantar do r/c do restaurante Caravela de Ouro. Costuma ser no 2.º andar, em salão amplo, privativo, com vista magnífica para o Tejo... quando o número o justifica.

Não vamos repetir aqui as fotos do Manuel Resende, disponíveis na página do Facebook da Tabanca da Linha. Sabemos que ele teve  seis "piras" (caras novas) mas não listou os seus nomes... 

Para já deixamos aqui algumas caras mais conhecidas, de camaradas que são membros também da Tabanca Grande, a mãe de todas as tabancas. As fotos foram editadas por nós, eliminando o fundo... Esperamos que o fotógrafo, e os próprios, não levem a mal esta "brincadeitra"... Num segundo poste publicaremos mais "caras", umas mais conhecidas do que outras... Nestas fotos, tiradas à mesa há sempre "poluição estética" a mais: copos, garrafas, talheres, guardanapos, pratos com comida...

O João Crisóstomo, à despedida, manifestou a sua alegria por este convívio entre camaradas e "irmãos"... "Ganhei o dia!", disse-nos ele. E para mais tinha a companhia da sua querida filha Cristina que tirou pelo menos duas horas à sua agenda sobrecarregada para estar com o pai e os seus velhos camaradas... 

A Cristina, filha de mãe minhota, nasceu no Brasil, veio novinha para Portugal e só depois foi viver para Nova Iorque em meados dos anos 70, se não erro... Fala impecavelmente o português, o que é um motivo de orgulho para todos nós... (Vive no Chiado, queixa-se de estar ainda um bocado  isolada...).
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Nota do editor:

Último poste da série > 14  de março 2024 > Guiné 61/74 - P25273: Convívios (983): XXXI Convívio do pessoal da CCAÇ 2381 - "Os Maiorais" - a levar a efeito no próximo dia 13 de Abril de 2024, em Fátima, com concentração na Rotunda dos Peregrinos (José Teixeira / Eduardo Moutinho Santos)