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Foto (e legenda): © José Torres Neves (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Tino Neves, foto atual, bancário reformado, vive na Cova da Piedade, Almada |
BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71).
Sem qualquer tom depreciativo usa, no fim, o
vocábulo "Spinolândia" para se referir à Guiné
do seu tempo. O termo, de resto, era popular durante o "consulado de Spínola" (1968-1973), e nomedamente
na zona leste (regiões de Bafatá e de Gabu).
O nosso editor, também sem qualquer intuito depreciativo, vai incluí-la no "andedotário da Spinolândia". Muitos dos nossos leitores mais recentes nunca a lerem.
(i) uma breve narrativa de um caso verídico pouco conhecido;
(ii) uma pequena narrativa que provoca (ou pretende provocar) o riso;
e (iii), também se diz, em tom depreciativo, de uma pessoa que, pelos seus ditos ou atitudes, provoca riso ou é motivo de troça.
No nosso blogue não há (ou não deve haver) lugar à "anedota" nesta última aceção, referindo-se a camaradas ou a comandantes operacionais... que passaram pelo TO da Guiné, embora tenhamos conhecido alguns...
2. A spinolândia, por Tino Neves
Um determinado dia, pousou na pista de Nova Lamego, uma DO-27, e quando o único soldado, que estava de guarda à pista, se apercebeu de quem se tratava, já o General Spínola e o seu guarda costas [ou talvez ajudante de campo], um capitão paraquedista, estavam junto dele. Apalermado, correu logo para o telefone.
− O que é que vais fazer?
− Vou telefonar ao nosso Comandante, a dizer que o Sr. está aqui!
− Não, não vais ligar, não quero falar com ele, vim aqui falar contigo.
− Comigo???
− Sim, contigo!!!
Spínola falou com o soldado durante 30 minutos, e logo a DO-27 levantou voo.
O Comandante Magalhães, admirado, pergunta:
− Então e não me avisaste?!
− O nosso General não deixou, disse que só queria falar comigo!
− Contigo???
− Sim, comigo!
− Então o que era que ele queria?
− Saber se eu gostava de estar aqui, se comia bem… assim essas coisas.
Conclusão, o General Spínola, da última vez, que tinha visitado Nova Lamego, em visita programada, tinha deparado com um quartel que estava um primor, só faltava estar todo embandeirado com pequenas bandeiras de várias cores, e os militares a dançarem o Vira, o Fandango ou qualquer outra dança tradicional portuguesa, para mostrar que estávamos todos alegres e contentes, e satisfeitos por termos nascido.
E o nosso General sabia disso, quando as visitas são programadas. E nós também, tanto que nós dizíamos que não estávamos na Guiné, mas sim na... Spinolândia. (**)
(*) Vd. poste de 5 de abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1647: Estórias do Gabu (2): A Spinolândia (Tino Neves)
(**) Último poste da série > 20 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23182: Humor de caserna (51): O anedotário da Spinolândia (I): "Sabes o que é um lapso, rapaz?" (Rogério Ferreira, ex-fur mil at inf, MA, Teixeira Pinto, Bachile, Nhamate, Galomaro, Nova Lamego, Pirada, Paiama, Paunca, Sinchã Abdulai e Mareue, 1970/71)
2. A spinolândia, por Tino Neves
Vou contar uma pequena estória do nosso General Spínola. Das poucas visitas programadas que fez, houve uma, não programada, muito especial.
Um determinado dia, pousou na pista de Nova Lamego, uma DO-27, e quando o único soldado, que estava de guarda à pista, se apercebeu de quem se tratava, já o General Spínola e o seu guarda costas [ou talvez ajudante de campo], um capitão paraquedista, estavam junto dele. Apalermado, correu logo para o telefone.
O General Spínola perguntou então ao soldado:
− O que é que vais fazer?
− Vou telefonar ao nosso Comandante, a dizer que o Sr. está aqui!
− Não, não vais ligar, não quero falar com ele, vim aqui falar contigo.
− Comigo???
− Sim, contigo!!!
Spínola falou com o soldado durante 30 minutos, e logo a DO-27 levantou voo.
O soldado então depois disso, ligou então a dizer ao Comandante do Batalhão, o Sr. Tenente Coronel Fernando Carneiro de Magalhães, que tinha acabado de falar com o Sr. General Spínola durante 30 minutos.
O Comandante Magalhães, admirado, pergunta:
− Então e não me avisaste?!
− O nosso General não deixou, disse que só queria falar comigo!
− Contigo???
− Sim, comigo!
− Então o que era que ele queria?
− Saber se eu gostava de estar aqui, se comia bem… assim essas coisas.
Conclusão, o General Spínola, da última vez, que tinha visitado Nova Lamego, em visita programada, tinha deparado com um quartel que estava um primor, só faltava estar todo embandeirado com pequenas bandeiras de várias cores, e os militares a dançarem o Vira, o Fandango ou qualquer outra dança tradicional portuguesa, para mostrar que estávamos todos alegres e contentes, e satisfeitos por termos nascido.
E o nosso General sabia disso, quando as visitas são programadas. E nós também, tanto que nós dizíamos que não estávamos na Guiné, mas sim na... Spinolândia. (**)
Tino Neves
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Notas do editor:
(**) Último poste da série > 20 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23182: Humor de caserna (51): O anedotário da Spinolândia (I): "Sabes o que é um lapso, rapaz?" (Rogério Ferreira, ex-fur mil at inf, MA, Teixeira Pinto, Bachile, Nhamate, Galomaro, Nova Lamego, Pirada, Paiama, Paunca, Sinchã Abdulai e Mareue, 1970/71)