Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Vista das janelas da nossa casa, na Quinta de Candoz > 11 de abril de 2022, c. 19h16 >
Um arco-íris (ou o "arco-da-velho") sobre a albufeira da barragem do Carrapatelo, no rio Douro, a maior dos cinco aproveitamentos do Douro Nacional, com uma superfície inundada de quase mil hectares, e uma queda de 36 metros. Estende-se por 40 km e vários concelhos, atingindo na extremidade de montante o aproveitamento hidroeléctrico da Régua.
Nas fotos, vê-se ao fundo parte da albufeira e o Porto Antigo, na margem esquerda, já no concelho de Cinfâes, distrito de Viseu, a terra do explorador Serpa Pinto (1840-1900), Coberta de nuvens, em frente a serra de Montemuro (a sul). Candoz, a norte, está em contacto visual com Cinfães (não visível na foto, à direita de Porto Antigo, a caminho de Montemuro).Fotos (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
entre indivíduos das diferentes espécies,
do grilo à andorinha,
que cultiva a vinha e cuida da horta e limpa os montes...
ou do javali que de vez em quando desce, esfaimado, até ao milheiral.
Ainda venho cá meia dúzia de vezes por ano,
pelo Natal, Carnaval, Pàscoa,
vindimas, Festa da Família (no nosso querido mês de agosto)...
e, claro, pelos batizados, casamentos e funerais.
Fica a Norte, a 400 quilómetros de Lisboa, a 320 da Lourinhã
(itinerário: IC 17, A8, A17, A25, CREP, A4,
De Candoz vê-se Cinfães,
Tenho uma grande ternura por Candoz,
e sobretudo pelas suas gentes,
Às vezes fico lá uns dias,
Há sempre coisas novas para descobrir
e outras para confirmar:
o amor, a amizade, a ternura, a solidariedade
(coisas estas que são mais difíceis de captar pela máquina fotográfica)...
Quando eu morrer,
a começar por Candoz onde fui feliz,
ou da dança do fado ao som da rebeca...
"O fadinho é bonito, os c... ao pé do pito!".
Tinha de se passar, há quase meio século atrás, vários testes
quando o meu país estava a arder...
Percebo agora melhor a história deste país do arco-da-velha
que nasceu entre dois vales apertados,
21 comentários:
“Percebo agora melhor a História deste país do arco da velha “
Uma conclusão para muitos resultante da jornada que é a vida.
Jornadas no espaço,no tempo,e não menos,no espírito.
Um abraço do JB
Luís
Uma fotografia magnífica e bem oferecida à tua netinha para que a vida lhe sorria
com todas as cores do arco iris.
Estamos a entrar na Páscoa. Eu nasci numa sexta feira santa de 1945, a II guerra mundial duraria mais um mês, nunca tive amêndoas fáceis de trincar e as cores que a vida me foi pintando bem podiam ser mais duradouras sem visivelmente se dissipando.
Abraço, saúde da boa e Páscoa feliz.
Valdemar Queiroz
Boa-tarde, Luís.
Quero dar-te os parabéns pelas fotos e desejar boa Páscoa para todos, na tua em primeiro e depois na nossa grande família.
Mas, como sou um picuinhas, queria que corrigisses o texto, pois Cinfães (e todo o seu concelho) é na margem esquerda, como bem sabes.
Saúde e um abraço!
Ramiro Jesus
Ramiro, obrigado, pelos votos de boa Páscoa... E não, senhor, não és picuinhas, nada!... Eu é que tenho mau sentido de orientação, não andei nos escoteiros nem nos comandos... Claro que Porto Antigo e Cinfães ficam na margem esquerda do Rio Douro... Eu estou a Norte, Candoz, Marco de Canaveses logo na margem direita... Vou corrigir... Saúde e paz para ti e família. Luís
Não te sabia tão fidalgo, Luís. :-) Com que então a beber vinho por uma caneca de porcelana! Ora toma! Gente fina é outra loiça, e neste caso é mesmo. O verde tinto bebe-se por uma malga de barro vidrado, isso sim! Mas estás perdoado. Até já escreves "anho" em vez de "borrego"... Estás quase a ficar um homem do Norte. Agora só tens que trocar a caneca de porcelana por uma tigela de barro.
Muito bem, Luís, por terras lusas de mil maravilhas.
Abraço,
ANTÓNIO GRAÇA DE ABREU
Luís, esta malta do Norte é do “carago”.
Não perdoam uma falha aos “apinocados” sulistas.
Tiveste sorte em vires “sacar” uma prendada menina ao maravilhoso Douro, sem seres sujeito ao teste de cantar sem hesitações todas as estações e apeadeiros da Linha do Douro.
Mas pelo que vejo valeu todos os sacrifícios e afrontas.
No fundo, como bem sabes, falam grosso e em vernáculo mas são gente de bem, prontos a cederem a sua capa a quem tem frio e não apenas metade como o S. Martinho
Mas essa da malga não tem desculpa…
Já descreves o Douro, com uns “tiques” de Torga
Um grande abraço e boa Páscoa
Joaquim Costa
Amigos, há a liberdade do poeta e o rigor do antropólogo. É a malga de barro vidrado, sim, senhor,com que se bebe o vinho verde tinto. A porcelana não chega a casa de lavrador... Aqui no passado havia o fidalgo, o lavrador (pequeno proprietário), o rendeiro e o cabaneiro...E, claro,Deus e o padre...
Infelizmente já não fazemos vinho verde tinto, só branco. Agora tenho que ir ao Minho bebe-lo. Boas e santas Páscoas para todos...
A pedido de várias famílias (nortenhas): Abaixo a caneca de porcelana, viva a malga de barro vidrado (mesmo que faça cancro no estômago)!
Não gosto de "tira-teimas", mas tenho que confessar que a primeira vez que conheci o meu futuro sogro, José Carneiro, foi numa feira do Marco de Canaveses... E logo ali uma "caneca" de vinho verde tinto... Não foi a "caneca" foram uns golos, à vez... Seria feio beber a "caneca" toda... Mas recordo que a "caneca", de palmo de altura, era branca, de "porcelana"... Não sou bom em "metais" nem em "minérios", mas juro que era de "porcelana"... Era uma caneca pesadona... Tenho fotos dele "delit(r)o"... LG
Até os pacatos lapöes reagiram à essa das canecas de porcelana para o vinho verde.
MAS,MAS…..sendo eu um lisboeta dos estoris lá ia frequentando alguns locais “bem”,mais ou menos exclusivos,da minha cidade.
Ora no snack-bar do hotel Ritz,virado ao Parque Eduardo VII,servia-se (creio que pela primeira vez em Lisboa) vinho verde tinto,tirado à caneca como se de cerveja se tratasse.
A burguesia elegante tinha que experimentar a novidade ,naqueles ainda tão provincianos finais dos anos sessenta na capital do Império.
Ora no Snack-Bar “ de luxo” do Hotel Ritz as canecas em que o vinho verde era servido eram em bonita porcelana acinzentada.
Valorizava o aspecto espumante do vinho verde tinto.
Mas no Portugal verdadeiro a porcelana….era outra!
Um abraço do JBelo
Luís, aqui na minha zona, era eu ainda pixote, nas tascas, o vinho tinto era servido em canecas brancas de porcelana.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Camarada Carlos Vinhal, não te quero ofender, mas permite-me duvidar. Naquele tempo, a cerâmica de uso corrente era quase toda de faiança, não era de porcelana. A porcelana era consideravelmente mais cara, porque era fabricada a partir de caulino puro, como o que havia na Senhora da Hora e já não há. As canecas usadas nas tascas deviam ser de faiança, quase de certeza.
Faiança, porcelana, barro vidrado ? Venham mais explicações... que eu agradeço. LG
Caro Luís
Uma coisa podemos estar (quase!) certos...as canacas em que se servia o vinho verde tinto näo seriam de plástico!
Por outro lado.....um bom vinho verde tinto ( a tê-lo aqui na Suécia) até o bebia por copo de lavar os dentes!
E, mais um, respeitoso abraco do JBelo
Uma malga tamanho XXL, com broa de milho acabada de sair do forno “esmigalhada” , embebida num verde tinto carrascão, deixada em repouso umas horas, deitada “abaixo”, com todo o carinho, ao fim da tarde... Até tremo e fico com suores frios só de pensar nesta extraordinária iguaria do Minho.
Ai!!! as tardes passadas na Tasca da Sara Barracoa (V.N. de Famalicão), onde a eficiente Sãozinha, sempre sem lavar a caneca (sim Luís nas tascas também se servia o verde tinto nas canecas que referes) a mantinha sempre cheia durante toda a tarde… Uff!!!
Boa Páscoa
Joaquim Costa
Para a semana vou a Vila Nova de Famalicão que tem uma rede impressionante de museus que quero conhecer... E que restaurante me recomendas ? A Tasca da Sara Barroca já deve ser da pré-história... Mas fico curioso pelo que tens (d)escrito... Abraço, doces Páscoas... Fico por cá até ao 25...
Luís, Julgo que o melhor restaurante nos dias de hoje é a FERRUGEM
Mas se queres um que eu frequentava nos anos 70 (na altura uma tasca gerida por 3 manas simpáticas… e jeitosas!!!) vai ao PEGAS. Pratos mais tradicionais e mais “caseirinhos”.
Vai a Ribeirão ver o museu da Guerra Colonial. Passas a ponte sobre o Ave e vai comer um divinal Leitão assado em forno de lenha na Trofa.
Boa estada pela minha terra e ótima Páscoa.
Joaquim Costa
No tempo da nossa meninice e juventude, a louça de uso diário nas nossas casas não era de barro nem de porcelana; era de faiança. Os pratos de sopa eram de faiança, as chávenas de café eram de faiança, as travessas em que era servida a carne ou o peixe eram de faiança, etc.
Agora já não é assim. Toda a loiça de uso corrente é de porcelana, uma porcelana que não é tão fina como a da loiça da Vista Alegre, mas mesmo assim é porcelana, sem dúvida nenhuma. Até as canecas usadas nas tascas mais chungas são de porcelana, julgo que de origem chinesa. A China, que foi, aliás, a inventora da porcelana, deve possuir inesgotáveis depósitos de caulino, para inundar assim o mercado mundial de tanta porcelana, às toneladas e toneladas.
Sobre as distinções entre o barro vidrado, a faiança e a porcelana, não há nada como consultar quem sabe do assunto, neste caso o prof. Galopim de Carvalho que, apesar de já ter 90 anos de idade, se mantém ativo diariamente no Facebook (https://www.facebook.com/Prof.Galopim), onde tem vindo a publicar um conjunto de posts sob o título genérico "MOLDAR O BARRO, DA PRÉ-HISTÓRIA AOS DIAS DE HOJE", dos quais posso retirar as frases seguintes:
«Desde muito cedo, no Paleolítico superior, o Homem conheceu a moldabilidade do barro molhado, teve a percepção de que, uma vez seco, este se comportava como um sólido pouco rígido e macio, que se deixava riscar facilmente pelas unhas. Verificou que, humedecido de novo, voltava a ser moldável. Verificou, ainda, talvez por acaso, que, por aquecimento ao fogo, o barro endurecido pela secagem consolidava de vez, tornando-se coeso e rígido . Nasceram assim, entre outros objectos achados, as conhecidas Vénus paleolíticas.»
«Desde os vasos mais frustes dos nossos ancestrais, à mais fina porcelana, passando pela indústria de barro vermelho, pela faiança e pelo grés, a cerâmica dos dias de hoje assenta nas características físicas e químicas dos argilominerais (com destaque para caulinite, ilite e esmectite) presentes, hoje bem conhecidas em grande pormenor, mas que extravasam os propósitos generalistas deste texto.»
«Barro vermelho é, entre nós, o nome de uma cerâmica cozida em forno oxigenado, a temperaturas na ordem de 900 ºC, de cor avermelhada, variando entre tons mais acastanhados e mais alaranjados. Por efeito do aquecimento, a que a pasta cerâmica é submetida, tem lugar a oxidação do ferro existente em determinadas “impurezas” (impregnações de minerais contendo ferro), dando ao produto final os citados tons. Tem baixa resistência mecânica ou, como se costuma dizer, é quebradiço.»
«O uso da loiça de barro vermelho ou, simplesmente, loiça de barro, vidrada (total ou parcialmente) e não vidrada ainda persiste, entre nós, por terras esquecidas do interior e em muitas tabernas, casas de pasto e restaurantes urbanos, com propósitos tradicionais de chamamento ao turismo.»
«Conhecido e utilizado desde a Antiguidade, no Extremo Oriente, o caulino é uma argila caulinítica, muito branca, praticamente destituída de impregnações “(impurezas”) como são, entre outras, as de óxido e hidróxido de ferro, pelo que permanece branco após cozedura, o que lhe permite ser usado como matéria-prima no fabrico de porcelanas e faianças. O termo caulino provém de Kao Ling, nome de uma localidade na província de Jiangxi, na China, e que significa montanha alta. Os ingleses chamam-lhe “China clay”, numa alusão nítida à importância desta matéria-prima na China. Em Portugal, o caulino explora-se como produto de alteração dos granitos e gnaisses da faixa litoral a norte de Aveiro, com destaque para o da Senhora da Hora (Porto), mas também em Barqueiros, Vila Seca e Milhazes, no concelho de Barcelos.»
(continua)
(continuação)
«Em termos muito gerais e como começo de um novo tema, podemos dizer que a porcelana é um produto cerâmico branco, translúcido, totalmente vidrado, impermeável, ou seja, isento de porosidade.
Não podemos falar de porcelana sem uma referência muito especial à velha China, o berço da “arte cerâmica”, iniciada no terceiro milénio a.C., mas foi só a partir da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) que surgiu a produção de cerâmica cozida e vitrificada, ou seja, de porcelana. De notada beleza e fruto de grande qualidade técnica, a porcelana chinesa exerceu grande influência na Ásia e na Europa.»
«Tipo bastante comum de cerâmica branca ou de cor marfim, a faiança é menos rica em caulino do que a porcelana. Na sua composição, além do caulino, incorpora geralmente uma argila esmectítica (mais gorda, que lhe dá a moldabilidade pretendida), areia e um descolorante. Sendo um corpo poroso, com uma capacidade de absorção de água geralmente superior a 3%, necessita de ser vidrado, o que é feito posteriormente à cozedura, a temperaturas variando entre 900 e 1250°C, mais baixas, portanto, do que as usadas na indústria do caulino.»
Vale a pena ler integralmente os posts todos desta série e tudo o mais que o prof. Galopim de Carvalho tem vindo a publicar no Facebook.
Caro Fernando Ribeiro, quando afirmei que as canecas eram de porcelana, não atendi ao pormenor científico do material, só quis dizer que as ditas canecas não eram de barro vermelho, limoges, estanho, cobre, ou outro material. Lembro-me que eram brancas e vidradas.
Agradeço a correcção que tiveste a amabilidade de fazer.
Ainda me lembro do montes caulinos em S. Gens, Senhora da Hora.
Boa Páscoa
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira.
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