1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 18 de Novembro de 2012:
Carlos
Mais uma achega nestes tempos que nos consomem e nos ferem.
O povo português tem orgulho nos seus antepassados, mas bem vistas as coisas o que é que o povo alguma vez beneficiou das riquezas que ajudou a conquistar?
Os nobres e o clero praticamente dividiram entre si as riquezas e os beneficios comerciais, e a plebe continuou miseravel, a viver em condições degradantes debaixo do poder feudal.
Mais tarde esse poder mudou de nome mas o povo continuou só para servir e nunca foi servido.
Quanto ao poema se tiver valor para ser publicado avança.
Bom fim de semana
Juvenal Amado
O POVO A QUE PERTENÇO
Nação de mãos postas e joelhos em terra
De soldados e marinheiros rasos não reza a História
Heróis abstratos e invisíveis sempre o foram
Povo que teima em se benzer em cada cruzamento
Que entra com o pé direito para ter sorte
Que apresentou sempre uma bucólica existência
Que se esconde no fausto a sua pobreza
Que agradece o que lhe é devido
Que chora a cantar a sua melancolia
Nunca regateou o sangue que derramou
Com ele foram regadas as paradas flamejantes
Para os poucos que lucraram com as sua desdita
Encheram os bolsos de prata e ouro
A cabeça de penachos e o peito de honrarias
Banham-se estes em luxo e iguarias
Enquanto nós pobre povo olhamos
As velas que apodrecem rasgadas pelo vento
Caravelas viradas ao Sul e Oriente
Agora para sempre em terra
Nada do que trouxeram foi para o povo
A este povo com Séculos de história
Só resta ao povo clamar por Portugal e por Justiça.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10637: Blogpoesia (305): África... (J. L. Mendes Gomes)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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17 comentários:
Caro Juvenal,
Gostei, diz tudo o que deve ser dito.
Este é que deve ser o FADO DO POVO PORTUGUÊS e nunca nos disseram nada.
Um grande abraço.
Adriano Moreira
Tudo dito
Em poucas palavras
Verdades ditas
A alguns canalhas!!!
Bravo Camarada Juvenal Amado.
Um Abraço Amigo.
José Pedro Neves
Melhor forma de dizer verdades que com a poesia, não há.
Só as não entende, quem não quer...
Um abraço
António Eduardo Ferreira
Ai Portugal,Portugal!
tens um pé numa galera
e outro no fundo do mar.
Meu caro Juvenal, gostei!
Em 1830, no seu exílio de Londres, Almeida Garret escreveu o panfleto "Carta de Mucius Scevola", o qual começa assim:
"Os portugueses são naturalmente sofredores e pacientes: e muito arrochada há de estar a corda com que de mãos e pés os atam seus opressores, antes que rompam em um só gemido os desgraçados. Um murmúrio, uma queixa ... nem talvez no cadafalso a soltarão.
Vendem-nos, resignadas ovelhas!Vendem-nos os desleais pegureiros de quem nos deixamos governar; vendem-nos, enxotam-nos para a feira a cajado, e a latido e mordidela de seus mastins; e nós vamos e nem gememos.
Se um clamor de queixume, se uma voz de desconfiança acaso surde dentre o paciente rebanho, aqui os clamores de rebeldes, as alcunhas de demagogos ... e a nação (o rebanho direi antes) que se resigna e sofre e continua a caminhar para o seu exício!
Tal é, com as sós diferenças de variados nomes e datas, a história de Portugal quase desde que a revolução ou restauração (restauração seria?) de 1640, fez da nação portuguesa o património de meia dúzia de famílias privilegiadas e de seus satélites e parasitos. ..."
(Continua)
Caríssimo Juvenal
Lá nos vais presenteando com os teus poemas. Fazes bem, mesmo não gostando muitas vezes do que se passa no Blogue, com alguns pontos de vista veiculados, vais mantendo a tua intervenção, a tua colaboração, a tua partilha de sentimentos connosco, ao contrário de outros companheiros de viagem.
E fazes isso bem, também!
Desta vez retratas, com o que parece algum desencanto, o 'triste fado' do Povo Português, daqueles filhos da Pátria com que muitos enchem a boca (e às vezes até arranjam uns pins na lapela) para falar de 'patriotismo' mas 'nunca querem ver' (e sabemos que não há pior cego do que aquele que se recusa a ver) que esse Povo foi sempre usado e abusado em proveito dos possidentes.
Continua e obrigado por mais este pedaço.
Abraço
Hélder S.
Pois é, meu caro Juvenal,
eu não quero, nem devo, ser pessimista. Mas a história deste país diz-nos que o seu povo foi quase sempre um povo sofredor. Às vezes revolta-se, raras vezes com resultados que lhe sejam favoráveis.
António José de Almeida escreveu na revista Alma Nacional (10/02/1910) referindo-se precisamente à "Carta de M. Scevola", acima citada por mim:
"-É certo. Os portugueses são assim, como diz Garret: sofredores, pacientes, resignados. Mas, no meio da trágica resignação do seu sofrer, é visível a indómita rebeldia do seu carácter. São morosos na insurreição mas,no momento supremo, quando a medida se enche, não há dique que se oponha ao extravasar da cólera".
Não sei se é da minha velhice ou das desilusões cívicas que sofri mas, olhando a paisagem política, a de hoje mas também a histórica, queria acreditar que A. J. Almeida esteve certo na definição do povo português.
É que estou mais perto da visão de A. Garret, há 182 anos! A de que este país é património de meia dúzia de famílias privilegiadas e de seus satélites e parasitas.
Um grande abraço do camarada amigo
Manuel Joaquim
Tanta política!
Os bons e os maus, os opressores e os oprimidos, o povo e a burguesia, a exploração do homem pelo homem.
Os polacos, que como nós viveram sob uma ditadura comunista (a nossa foi provincianamente capitalista!) também durante mais de quarenta anos, costumavam dizer que o capitalismo é a verdadeira exploração do homem pelo homem e que o socialismo é verdadeiramente o contrário.
O defeito não está nos povos, nem nas ideologias, nem no sonho mas na reles espécie humana.
Há um provérbio chinês que diz que o dinheiro compra tudo, menos a paz de espírito. A paz de espírito de opressores e oprimidos. E os oprimidos, quando deixam de o ser,
(tâo sinuosas as vias por onde caminha a fraca espécie humana) podem transformar-se em asquerosos opressores do povo de onde vêm e a que pertenceram.
Vi muito disso na China, trabalhei com eles, os quadros do Partido Comunista, quase todos em nome do povo a cavalgar e a chular o pobre povo. Também vi do mesmo na ex- Uniâo Soviética. É só terem ou darem-lhes poder.
As boas almas como o Juvenal acabam cilindradas nesses "sóis do nosso planeta", como dizia o Álvaro Cunhal.
Abraço,
António Graça de Abreu
Abraço,
António Graça de Abreu
Bom dia.
Hoje 25 de Novembro!...
Ler poesia é beber conhecimento, Obrigado Juvenal!
Acrescento agradecido aos demais comentários da nossa Tertúlia, todos com conteúdo profundo do sentimento que nos rasga a alma lusitana, de que sofrendo possamos resistir, mas há limites!
Estaremos próximo?
Parafraseando o Dr. Mário Sacramento, um coimbrão médico do povo que nos deixou na "Carta Testamento" publicada em finais dos anos sessenta, uma frase final com grande significado; -"Façam um mundo melhor,ouviram, não me obriguem a voltar cá!-"
É isto Juvenal, bem hajas.
Um abraço a todos!
Olá António Graça de Abreu, um abraço!
"Tanta política"! É uma crítica condenatória? Não te ponhas de parte, neste assunto tu foste e és um "ás"!
Escreves: «As boas almas como o Juvenal acabam cilindradas nesses "sóis do nosso planeta", como dizia Àlvaro Cunhal». E pergunto eu: nos outros "sóis", não? Estes só afagam?
"O defeito não está nos povos, nem nas ideologias, nem no sonho mas na reles espécie humana". Esta frase assusta e assusta-me pensar que seja verdade tal afirmação. Queres dizer que as "boas almas" foram, são e serão cilindradas em qualquer lado onde o "Poder" se instale?
Porquê esta pergunta? É que começas por apresentar os sujeitos da dialética marxista e passas a condenar os regimes ditos marxistas-leninistas. Tudo bem mas como é que no fim se fica com a ideia que este teu comentário se ficou por aí? E então os variados regimes assentes no poder económico-financeiro de oligarquias, usando politicamente um capitalismo devorador e vampiresco? Estes "sóis", para outros que não Cunhal, não cilindram as "boas almas"?
Pelo que de ti conheço, levo em conta a tua frase sobre a "reles espécie humana" como aplicação universal.
Da minha parte quero dizer que nunca cultivei a dialética marxista, muito menos o marxismo-leninismo, afora nuns "breves momentos" da minha juventude em que acreditei em paraísos, tanto na Terra como no Céu. Hoje temo chegar ao fim a pensar se não fui,simplesmente, mais um exemplar da tal "reles espécie humana". Mas, parafraseando o que disseste sobre o Juvenal, na minha hora final gostaria de fazer parte das "boas almas", cilindrado ou não, e imaginar a satisfação dos meus descendentes ao ouvirem um "lá se foi mais uma boa alma!" em vez de se sentirem incomodados com um "lá se foi um grande (ou pequeno) sacana!"
E fico-me por aqui, António. Mais um abraço do
Manuel Joaquim
Leio no Expresso:
(...) "A autoavaliação dos portugueses contribui de forma mais negativa para a reputação do país do que a imagem que os estrangeiros têm de nós, segundo o estudo Country Rep Track, do Reputation Institute.
"Este estudo, que avalia a reputação de 50 países, agrupa-os em quatro níveis: robustos, moderados, vulneráveis e fracos.
"Neste momento, Portugal está no grupo dos países vulneráveis, os que têm uma avaliação entre 60 e 40 pontos".
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/marca-portugal-e-melhor-do-que-os-portugueses-julgam=f769232#ixzz2DFuaYSSt
2. Juvenal: Valha-nos a poesia, e a liberdade poética... Não há retratos a preto e branco... A nossa história de mil anos é demasiado rica e densa para se fazer uma leitura linear da nossa "idiossincrasia"... Temos os nossos próprios estereótipos negativos e autopunitivos...
Com esta ressalva, gostei do teu poema. E acho que o nosso grande desafio como povo, e como humanidade, é conseguir conciliar jsutiça com liberdade e vice-versa...
Tudo o que pedem é o fim do Partido
Comunista na China e a implementação
da liberdade de informação. É assim
o Grupo Epoch, que desde 2000
anda pelas ruas de Macau a chamar
a atenção dos turistas do Continente.
Ao Hoje Macau, Jackie pede o fim das
repressões políticas: “eles perseguem os
nossos membros até à morte”
Jornal Hoje Macau, 25 de Novembro de 2012.
Anti-comunista eu? Ou o imenso respeito que me merece cada cidadao, homem livre em dignidade e em direitos.
António Graça de Abreu
Caros camaradas
Já se sabe, isto de opiniões é como os chapéus do filme com o Vasco Santana: "há muitas"!
Mas estou sempre a aprender.
Na minha ingenuidade até cheguei a pensar que seria possível comentar-se a poesia (ou o poema, se preferirem) do Juvenal, dar opinião sobre o seu conteúdo, a justeza (ou não) do que refere ou sugere, da sua oportunidade, até da sua estética intrínseca (para os mais versados neste coisa da poesia). Mas não, afinal trata-se de coisa 'proibida'.. é 'política'! Meu Deus, que horror! Como pode ser? Por este andar, qualquer dia, ainda vão criar condições para se rebelarem contra o 'estado da coisa'!
Mas também fiquei a saber que há a 'política boa' a 'nossa', a que defende e propaga os 'nossos valores e pontos de vista' e a 'outra' a 'má', a dos outros.
Enfim, cá se vai andando, cantando e rindo.
Abraços
Hélder S.
Caros camaradas
Quando escrevo digo sempre o que me vai na alma. Não alinho palavras, deixo que elas corram à medida que algum azedume ou sentimento toma conta de mim.
A minha vivência no blogue não pode ser dissociada do meu passado, do meu presente e das utopias que me trazem a certeza, que não há um só caminho para o Futuro que se quer melhor.
O A.G. Abreu lá encontrou mais uma oportunidade de embalar mais um discurso, em que passa um atestado de ignorância e ingenuidade o qual não me assenta de maneira nenhuma. A ansia de fazer campanha anti comunista é tal, que só assim se compreende que vá escrevendo por tudo e por nada os tais ataques ao passado e ao presente de muitos portugueses.
Ninguém como ele trouxe a política partidária para o blogue e denúncia de forma continuada, das preferências políticas que julga este ou aquele ter.
Qual é o interesse? É denunciando como apoiante deste ou daquele partido, retirar a razão do que escrevemos tentando logo tirar-nos o poder de argumentação, utilizando preconceitos e encostando-nos dessa forma à parede?
Eu escrevi sobre um problema de séculos, onde só é visível algum bem estar nas classes trabalhadoras desde o 25 de Abril para cá. Vai buscar logo como exemplos o maoismo e o estalinismo, que foram uma infeção que deu no movimento operário e não tem nada a ver com os anseios dos povos por mais paz, mais liberdade e melhor distribuição da riqueza que produzem.
Não se enganem o estalinismo tem existido dentro de todos os partidos da direita à esquerda.
Tentar confundir as pessoas atribuindo essa prática só a uns, não é honesto.
O sucesso tem muitos pais!
Os falhanços são sempre de pais incógnitos.
#Banham-se estes em luxo e iguarias
Enquanto nós pobre povo olhamos
As velas que apodrecem rasgadas pelo vento
Caravelas viradas ao Sul e Oriente
Agora para sempre em terra
Nada do que trouxeram foi para o povo
A este povo com Séculos de história
Só resta ao povo clamar por Portugal e por Justiça.#
Meu caro Juvenal
Se isto não é política, então o que é?
É Poesia. Poesia política. O grito do povo mais o ultrapassado mito do povo.
O realismo socialista passou à História, há muitos anos. A árvore não deu fruto.Ou deu? Ou ainda vai dar...
E não me acuses de ser anti-comunista. Eu nunca fui anti coisa nenhuma.
Mas sei, por experiência vivida, sofrida que os piores reaccionários e anti-comunistas são quase todos os comunistas quando estão no poder.
E não fui eu que trouxe a política para o blogue. A não ser que te refiras a uma carta aberta a Salazar e Marcelo, publicada no blogue há uns dois anos atrás, onde eu tentava inteligentemente zurzir nas duas criaturas.
Creio, no entanto, que não é difícil entender como e porquê muitos
dos nossos bloguistas assíduos fazem inclinar o blogue para a esquerda.
Mas há gente má, assim-assim e boa em todas as tendências.
Tu
és dos melhores, meu caro Juvenal, apesar de me parecer teres parado no tempo histórico. Mas o que me parece não tem importância nenhuma.
Abraço,
António Graça de Abreu
Estive na Guiné em 69/71,era Furriel milic.e sou o Jose Ramos Domingues e pertencia ao Batalhão 600 em Bissau.Estou no Facebook,mas gostava de contactar com os camaradas que estiveram lá no 600(o N/comandante era o Major Parente)
Eu sou politico.
Nada é apolítico meu caro Abreu agora o problema é ser-se é partidário. Nunca aqui falei que era do partido (A) ou (B). O que citas do meu poema é uma generalidade não tem bandeiras nem épocas.
"A minha vivência no blogue não pode ser dissociada do meu passado, do meu presente e das utopias que me trazem a certeza, que não há um só caminho para o Futuro que se quer melhor".
Como vês eu não defendo uma única via mas várias para resolver os nossos problemas como nação.
Também nunca fiz qualquer discurso nacionalista porque entendo que ser patriota é amar Portugal acima do nacionalismo, que considero noção de pátria ultrapassado.
Eu necessito do meu vizinho como ele necessitará de mim.
Quanto ao ter parado no tempo estás enganado meu amigo, o que me aconteceu foi que nunca acreditei em nada piamente. Resguardei sempre lugar para dúvidas, questionei sempre tudo e todos, porque edeologias são uma coisa e o que os homens fazem com elas é outra.
Ao contrário tu acreditaste demais e hoje praticas uma cruzada, não perdes uma oportunidade de te mostrares um "cristão novo", que normalmente são mais papistas que o Papa.
Eu faço efectivamente politica mas tu tens feito partidarite. Essa é que é uma verdade.
Já agora terás que me dizer onde é que o meu poema me denuncia como de esquerda. Eu até penso que ele poderia ser escrito por uma pessoa de direita, republicano ou monárquico.
Olha um abraço
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