Foto nº 20
Foto nº 19
Foto nº 14
Foto nº 5
Foto nº 6
Foto nº 8
Foto nº 7
Foto nº 9
Foto nº 10
Foto nº 11
Foto nº 12
Foto nº 1 (do lote "Guerrilheiros mortos" )
Foto nº 2 (do lote "Guerrilheiros mortos" )
Guiné > Região de Tombali > Guileje > > CCAÇ 726 (out 64/jun 66) > s/d > Uma "operação militar"... Segunda (e última) parte...
Não se percebe, na ausência de legendas, se o burro ou mula é um despojo de guerra (foto nº 20). Sabemos que nessa época o PAIGC usava animais de carga para transporte de armas e munições, nomeadamente no norte da Guiné (região do Oio). A foto nº 20 sugere "partilha de despojos", depois de um bem sucedido assalto ao objetivo (*)...
A foto nº 19, tudo indica que seja de um guerrilheiro morto nesta operação. Já as outras duas fotos (nº 1 e 2) do lote "Guerrilheiros mortos", não temos a certeza se dizem respeito a esta operação... É muito provável até que não. Por outro lado, não é nossa intenção chocar ou melindrar os nossos leitores mais sensíveis: é bom não esquecer que estávamos em guerra, e que há alguns fotográficos de camaradas nossos que documentam esse facto...
Também não temos a certeza se todas as fotos dizem respeito à "mesma" operação... As fotos nºs 5,6,7,8, 9, 10, 11 e 12 formam uma sequência lógica e cronológica: houve pelo menos um ferido (, africano, provavelmente milícia,) das NT, ferido esse que é levado em maca improvisada até a uma clareira na mata (fotos nºs 5 e 6), esperando a chegada de um heli; o local para o heli pousar em segurança é devidamente sinalizado por granada de fumos e panos vermelhos (fotos nºs 7,8, 9 e 10); a seguir, um outro ferido (que parece ser um soldado metropolitano), é levado às costas (foto nº 11), e colocado numa espécie de maca afixada na parte lateral esquerda do heli, um AL II, portanto do lado de fora, e evacuado para o HM 241 (Bissau) (foto nº 12).
É-nos mais difícil perceber o que se passa na foto nº 14 (abertura de uma cova ?) e sobretudo na foto nº 1 (restos humanos ? material do IN escondido ?). (LG)
Fotos: © Alberto Pires (Teco) (2007) / AD - Acção para o Desenvolvimento. [Editadas por L.G.]. Todos os direitos reservados
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Alberto Pires, mais conhecido por Teco, natural de Angola, ex-fur mil na CCAÇ 726, a primeira subunidade a ocupar Guileje em 1964)... A companhia esteve em Guileje entre Outubro de 1974 e Junho de 1966. Ocupou Mejo e mantinha lá um destacamento em 1965 (*).
As fotos que estamos a publicar pertencem a um lote que o Teco pôs à disposição do Núcleo Museológico Memória de Guiledje e do nosso blogue (são mais de 60 fotos). Não trazem legenda, mas estão agrupadas por temas: (i) CCAÇ 726 (Guileje); (ii) construção de abrigos (Guilje); (iii) destacamento de Mejo; (iv) operação militar; e (v) guerrilheiros mortos (neste caso, são apenas duas as fotos disponibilizadas)...
Estas fotos que publicamos hoje, têm a ver com uma "operação militar" (não se sabe onde nem quando, de qualquer modo só pode ter decorrido entre 1964 e 1966, durante a comissão da CCAÇ 726, numa época em que ainda se usava o capacete de aço). São 20 imagens no total, numeradas de 1 a 20, e que foram todas editadas por nós, com vista à melhoria da sua resolução e qualidade.
Não sabemos qual a ordem lógica e cronológica destas 20 fotos, pese embora a sua numeração. Presumimos que as NT partiram de Guileje, e progrediram até um objetivo IN (*). Houve contacto, mortos e feridos, helievacuações, destruição de uma tabanca (ou acampamento temporário: parece-nos mais verosímil ser uma tabanca, uma vez que há estruturas de adobe, paredes, cobertura de capim...).
Nesta segunda sequência mostra-se o resto das fotos, incluindo uma notável sequência de uma helievacuação: na época, 1964/66, ainda não havia o heli Alouette III, apenas o II (**)... Não sabemos se o contacto havido na altura com o IN, aconteceu no assalto ao objetivo ou no regresso a Guileje.
Não se percebe, na ausência de legendas, se o burro ou mula é um despojo de guerra (foto nº 20). Sabemos que nessa época o PAIGC usava animais de carga para transporte de armas e munições, nomeadamente no norte da Guiné (região do Oio). A foto nº 20 sugere "partilha de despojos", depois de um bem sucedido assalto ao objetivo (*)...
A foto nº 19, tudo indica que seja de um guerrilheiro morto nesta operação. Já as outras duas fotos (nº 1 e 2) do lote "Guerrilheiros mortos", não temos a certeza se dizem respeito a esta operação... É muito provável até que não. Por outro lado, não é nossa intenção chocar ou melindrar os nossos leitores mais sensíveis: é bom não esquecer que estávamos em guerra, e que há alguns fotográficos de camaradas nossos que documentam esse facto...
Também não temos a certeza se todas as fotos dizem respeito à "mesma" operação... As fotos nºs 5,6,7,8, 9, 10, 11 e 12 formam uma sequência lógica e cronológica: houve pelo menos um ferido (, africano, provavelmente milícia,) das NT, ferido esse que é levado em maca improvisada até a uma clareira na mata (fotos nºs 5 e 6), esperando a chegada de um heli; o local para o heli pousar em segurança é devidamente sinalizado por granada de fumos e panos vermelhos (fotos nºs 7,8, 9 e 10); a seguir, um outro ferido (que parece ser um soldado metropolitano), é levado às costas (foto nº 11), e colocado numa espécie de maca afixada na parte lateral esquerda do heli, um AL II, portanto do lado de fora, e evacuado para o HM 241 (Bissau) (foto nº 12).
É-nos mais difícil perceber o que se passa na foto nº 14 (abertura de uma cova ?) e sobretudo na foto nº 1 (restos humanos ? material do IN escondido ?). (LG)
Fotos: © Alberto Pires (Teco) (2007) / AD - Acção para o Desenvolvimento. [Editadas por L.G.]. Todos os direitos reservados
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Alberto Pires, mais conhecido por Teco, natural de Angola, ex-fur mil na CCAÇ 726, a primeira subunidade a ocupar Guileje em 1964)... A companhia esteve em Guileje entre Outubro de 1974 e Junho de 1966. Ocupou Mejo e mantinha lá um destacamento em 1965 (*).
As fotos que estamos a publicar pertencem a um lote que o Teco pôs à disposição do Núcleo Museológico Memória de Guiledje e do nosso blogue (são mais de 60 fotos). Não trazem legenda, mas estão agrupadas por temas: (i) CCAÇ 726 (Guileje); (ii) construção de abrigos (Guilje); (iii) destacamento de Mejo; (iv) operação militar; e (v) guerrilheiros mortos (neste caso, são apenas duas as fotos disponibilizadas)...
Estas fotos que publicamos hoje, têm a ver com uma "operação militar" (não se sabe onde nem quando, de qualquer modo só pode ter decorrido entre 1964 e 1966, durante a comissão da CCAÇ 726, numa época em que ainda se usava o capacete de aço). São 20 imagens no total, numeradas de 1 a 20, e que foram todas editadas por nós, com vista à melhoria da sua resolução e qualidade.
Não sabemos qual a ordem lógica e cronológica destas 20 fotos, pese embora a sua numeração. Presumimos que as NT partiram de Guileje, e progrediram até um objetivo IN (*). Houve contacto, mortos e feridos, helievacuações, destruição de uma tabanca (ou acampamento temporário: parece-nos mais verosímil ser uma tabanca, uma vez que há estruturas de adobe, paredes, cobertura de capim...).
Nesta segunda sequência mostra-se o resto das fotos, incluindo uma notável sequência de uma helievacuação: na época, 1964/66, ainda não havia o heli Alouette III, apenas o II (**)... Não sabemos se o contacto havido na altura com o IN, aconteceu no assalto ao objetivo ou no regresso a Guileje.
Peço tanto ao Teco (que esperamos venha a aceitar o nosso convite para integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, e que tem um fabuloso álbum fotográfico sobre a Guiné, estimado em 500 fotos) como ao Carlos Guedes (, nosso grã-tabanqueiro, e também camarada do Teco na CCAÇ 726), que nos ajudem a esclarecer esta e outras dúvidas.
De qualquer modo, são imagens, muito sugestivas, que valem por si e que nos ajudam a recordar muitas das nossas operações efetuadas nas difíceis condições do teatro de guerra da Guiné.
De qualquer modo, são imagens, muito sugestivas, que valem por si e que nos ajudam a recordar muitas das nossas operações efetuadas nas difíceis condições do teatro de guerra da Guiné.
_________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 18 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10690: Álbum fotográfico do Alberto Pires, Teco, ex-fur mil, CCAÇ 726 (Guileje, out 64/ jun 66) (Parte II): Um operação com baixas de um lado e outro (1ª sequência)
(**) Sobre o Alouette II vd os seguintes postes:
Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968).
Fotos: © Alberto Pires (Teco)./ AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Jorge Félix (2009). Direitos reservados.
7 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5420: FAP (38) : O helicóptero Alouette II ou uma arrepiante viagem na 'montanha russa' até ao HM 241 (Jorge Félix)
(...) Como o teu Blogue, já nosso, tem antes de mais, a qualidade de recordar para tratar, vou falar do Heli onde aprendi a pilotar os "zingarelhos" e está numa foto deste P5417. A foto do Alberto Pires [Teco] era a BW [preto e branco] e eu dei-lhe uma coloração para se perceber melhor.
O heli era o Alouette II (dois). O que está na foto [, acima,] já tem rodas, os que conhecia eram todos com Patins. Nesta altura, os feridos eram transportados no "caixão" que eu destaquei a amarelo. Podes imaginar como arrepiante seria vajar, amarrado e bem amarrado, naquele cubículo do lado de fora da carlinga...
Cada um de nós teve o pior da guerra, (eu felizmente tinha whisky servido de bandeja à chegada na placa), mas um ferido evacuado num Heli Al II, deve ter tido a pior experiência da sua vida.
Como é que de um Blogue tão extenso fui dar importância a este pequeno acontecimento? (...)
O heli era o Alouette II (dois). O que está na foto [, acima,] já tem rodas, os que conhecia eram todos com Patins. Nesta altura, os feridos eram transportados no "caixão" que eu destaquei a amarelo. Podes imaginar como arrepiante seria vajar, amarrado e bem amarrado, naquele cubículo do lado de fora da carlinga...
Cada um de nós teve o pior da guerra, (eu felizmente tinha whisky servido de bandeja à chegada na placa), mas um ferido evacuado num Heli Al II, deve ter tido a pior experiência da sua vida.
Como é que de um Blogue tão extenso fui dar importância a este pequeno acontecimento? (...)
"Felizmente mais tarde chegaram os DO-27 e os Alouette III, onde passámos a fazer inúmeras evacuações, adaptando e modificando os meios sanitários e a nossa actuação, com a finalidade de uma mais eficaz prestação de cuidados aos feridos, os quais iam sendo cada vez em maior número. Infelizmente tivemos que chegar a fazer evacuações no Dakota, quando havia ao mesmo tempo muitos feridos e a pista era adequada para a sua aterragem." (...)
Vd. também Wikipedia > Aérospatiale Alouette II (em português)
Foi o primeiro helicóptero do mundo, motorizado com turbina a gás a ser certificado para voo.
As versões militares eram usadas essencialmente em, fotografia aérea, observação, salvamento marítimo. ligação e treino. Na parte civil era usado essencialmente na evacuação médica principalmente em grande altitude, tirando partido do seu motor de turbina. (...)
15 comentários:
1. O Beja Santos (que esteve comigo, na zona leste, setor L1, Bambadinca) escreveu aqui há uns anos (2007):
"Ainda vi burros em Bafatá e arredores. Mas o régulo [do Cuor,] Malã, como seu pai, Infali, deslocavam-se pelo regulado a trote de burro. Malã contou-me que precisava de 8 a 9 horas para percorrer as picadas de Sansão e Missirá até Sinchã Corubal e Madina".
2. E eu comentei:
(...) A provar alguma coisa, estas fotos mostram-nos que também eles, os burros, parecem querer resistir à extinção em África, em geral, e na actual República da Guiné-Bissau, em particular...
Na Guiné sempre houve burros, pelo menos desde os anos 30, a avaliar pela foto do livro do médico João Barreto... Onde há comerciantes, gilas, havia burros...
Se a memória me não falha, o único burro (fora as "bestas" humanas) que vi na Guiné foi a caminho de Madina/Belel, a 31 de Março de 1970: estava num estado lamentável, morto por abelhas selvagens e em vias de decomposição, já coberto de formigas... Deveria pertencer aos nossos "amigos" de Madina/Belel... Mas tudo indicava que o PAIGC e a respectiva população - nomeadamente ao longo do corredor do Óio - também usavam os bons serviços do burro, no transporte de armas, mantimentos e outras mercadorias... Enquanto nós aturávamos as "nossas bestas"! (...)
3. Sobre o pobre do "burro guineense", encontrei os seguintes provérbios populares, crioulo-guineenses:
(i) Buru tudu karga ki karga si ka sutadu i ka ta janti (O burro, com pouca ou muita carga, se não é açoitado não anda);
(ii) Karna di buru ta kumedu na tenpu di coba, di fugalgu na tenpu di seku (= carne de burro se come na estação, a de animal nobre na seca);
(iii) Praga di buru ka ta subi na seu ou Praga a di buru ka ta ciga na seu (Vozes de burro não chegam ao céu).
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Vd. poste de 6 de novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2244: Cusa di nos terra (12): Ainda vi burros em Bafatá (Beja Santos)
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/11/guin-6374-p2244-cusa-di-nos-terra-12.html
O Fernando Gouveia (1968/70) também confirma:
Em Bafatá, 1968,1969 e 1970 havia muitos burros, vindos da estrada do Gabu trazendo mancarra.
Um dia falarei disso.
Fernando Gouveia
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Comentário ao poste P2244, de 6/11/2007
Afinal, havia burros, que o PAIGC utilizava como ..."bestas de carga".
Ainda há dias escrevia isso mesmo, em comentário a um poste do Veríssimo Ferreira:
(... ) Quanto ao teu burro, isto é, ao teu prisioneiro, deixa-me partilhar contigo a perplexidade que me assaltou ao ler a tua história, mais uma vez bem humorada: tu viste um burro, o irmão do Tino Neves também (até tirou uma foto montado num burro em Fajonquito), o Armor Pires Mota também viu um burro (e escreveu uma história, no seu livro, "Tarrafo", com um burro IN, a que chamou - salvo erro - "Platero")...
Tirando o "burrito do mato", o valente Unimog 411, nunca vi as NT (incluindo as nossas milícias) tirarem partido da paciência, bondade e resistência do gado asinino da Guiné... Aliás, eu nunca vi um burro na zona leste onde estive e por onde andei (Contuboel, Bambadinca, Bafatá...), muito menos um cavalo (a não ser nas lendas dos fulas, contadas à noite, nas tabancas em autodefesa, à luz das estrelas, além do fiel amigo "white horse")...
Sei agora, de leituras díspares, que em 1961 haveria pouco mais de 3800 burros na Guiné, e que estes ainda eram muito utilizados no norte (regiões de Cacheu, Oio, incluindo Bissorã, Farim...) para o transporte dos sacos da mancarra... Eram, no entanto, sujeitos a grandes esforços e maltratados pelos seus donos, além de serem bastantes vulneráveis à tripanossomíase (doença do sono)... Isso explicaria a sua elevada mortalidade...
3. A verdade é que depois de camaradas como o Armor Pires Mota e de ti, que andaram pelo Oio nos anos de 1964 a 1966, não tenho visto mais ninguém a falar de burros, e muito menos de burros ao serviço do IN...
O que se terá passado ? Desapareceram mesmo ? Terão sido julgados pelo PAIGC e condenados à morte por "alta traição" ? A mosca tsé-tsé ajudou a dar cabo dos últimos exemplares ? Ou foram todos feitos prisioneiros e abatidos pelas NT ? Enfim, ainda haverá hoje alguns exemplares do burro da Guiné (refiro-me ao de "quatro patas", nome científico "Equus africanus asinus")...
Talvez o nosso amigo Cherno de Fajonquito tenham alguma preciosa informação que queira partilhar connosco sobre a enigmática extinção dos burros da Guiné...
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Fonte:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/11/guine-6374-p10618-os-melhores-40-meses.html
Este poste é de longe para mim o mais tocante.Fáz com que me sinta muito triste e muito angustiado,pois que me tráz á memória o meu primeiro encontro com o inimigo tinha ainda eu três mesinhos de Guiné.No entanto tambem me tráz á memória a primeira vês que vi as Nossas Gloriosas Enfermeiras Paraquedista em pleno mato,na sua missão militar e humanitário junto daqueles jovens assustados e desorientados após ter caido numa emboscada e ter estado debaixo de fogo real com mortos feridos e "tudo".
Um abraço muito sentido a todos que passaram por esta terrível situação.
Hoje mesmo vi na SIC uma reportagem sobre as mulheres no exército.Embora nutra muito respeito por elas,eu gostaria de vêr mais veses enaltecido nas TVs o trabalho e a dedicação que as nossas queridas Enfermeiras Paraquedistas fizeram nas Guerras do Ultramar Português.Continuo a pensar que o nosso País não presta a devida Homenagem ás GRANDES MULHERES que participaram na Guerra Colunial Portuguêsa em serviço pelo Estado Português.Não podemos deixar esquecer essas Valorosas Mulheres.
Henrique Cerqueira
Mais histórias de burros... Esta é do Torcato Mendonça, com foto do Carlos Marques dos Santos...
Guiné 63/74 - P4683: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Cansamba II, o Serra e o Burro
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/07/guine-6374-p4683-estorias-de-mansambo.html
As bajudas quando se queriam ver livres de assédio dos militares um dos termos ofensivos era você ou tu summa a burro de Bafatá.
Um alfa bravo.
Colaço.
Em 1965 em Bafatá vi alguns burros de quatro patas.
Caros camaradas
Em 27-10-65, tive a "sorte" de viajar num Alouette II-9205- no chamado caixão. Vinha consciente e como tal tive plena noção, que o local, embora tivesse os mesmos riscos do que no interior do aparelho, metia mais "cagaço". A viagem foi um pouco atribulada, porque o arranque foi do género, toca a cavar e na brasa, pois já tinha havido dificuldade na aterragem, devido aos ataques constantes que estavam a aconteçer. O local do voo, com saida a norte de Bissorã, até ao HM241-Bissau, iria durar cerca de 45min. e como o voo era curto, não tinha direito nem a uma bebida. Esta Força Aérea foi durante todo o conflito um Anjo Salvador para todos nós, muitos iriam ficar para sempre no terreno de certeza absoluta. Isto serve tanto para os pilotos e tripulações dos Helis, DO 27 e T6, já que na minha altura ainda não tinham chegado os Fiat. Ainda fiz uma operação para os lados de Mansabá em que interviram os F 86, mas pouco tempo depois foram retirados, porque pertenciam á Nato, este assunto do armamento acho que poderá ser analizado noutra altura.
Rogério Cardoso
Cart.643-AGUIAS NEGRAS
Colaço, também era costume ouvir essa das bajudas lá da minha região, no leste... Os burros de Bafatá eram "burro mesmo"...
Diz-me outra coisa: conheceste alguma tropa, no teu tempo (, tu ainda és da farda amarela e do capacete de aço!), que tenha usado burros ou mulas em operações, no transporte de munições ou equipamentos ? Ou era apenas o PAIGC?
A foto nº 20, na ausência de legenda, deixa-me uma dúvida: o burro (só se vê traseira, mas parece-me mais uma mula) era deles (IN) ou nosso (NT) ? E se era deles, foi feito "prisioneiro"... E, se sim, o que lhe terá acontecido ? Espero que tenha tido melhor sorte do que o dono...
Estou à espera que o Teco ou o Carlos Guedes (que saíu da CCAÇ 726 para ir para os Comandos de Brá, os velhinhos) me esclareçam algumas destas coisas...
Como escreveu o Jorge Félix, antigo piloto do AL III em 1968/70 (mas que fez a instrução ainda com o AL II),deveria ser uma viagem "tipo Montanha Russa"...
Rogério, devias ter entrado para o Guiness dos "feitos da Guiné"... E a propósito, está tudo bem contigo ? A saúde e o resto ?
Luís Graça
Caro Luís Graça, Saudações Amigas.
Alto lá, quanto à foto 20 e suas dúvidas de que animal se trata.
De todo não me parece que seja burra ou mula, por isso pretendo contestar afirmativamente, resolutamente, decididamente e claramente.
Dada a aparência de reses "gado vacum", com ancas, coxas, pernas e patas dianteiras de vaca, rabo de vaca e identificação fisiológica de vaca.
Se mais dúvidas houver, levanta-se o Médico Veterinário e dará o seu parecer.
Tudo isto não passa de uma rabulice de mera brincadeira.
PS: Quanto à passagem do tornado por Lagoa-Algarve, ocasionalmente encontrava-me a 150m do seu trajecto.
Para terem uma ideia do fenómeno, foi idêntico ao que se passava na Guiné, mas agora mais escuro, mais chuva torrencial, mais trovoada "raios simultâneos" e mais vento com fortes rajadas que derrubava quase tudo.
Com Um Abraço Amigo
Arménio Estorninho
Lagoa-Algarve
Luís eu não vi a nossa tropa utilizar animais de quatro patas no auxilio ao transporte de carga.
Se por ordem de alguém tivessem escalado um animal desses para apoio à caga para a operação tridente de certeza que tinha submergido no lodo do rio Cumbijã não havia corda nem forças que o puxasse.Mas se por sorte saísse do lodo teria que ser abandonado porque a seguir para atravessar um pequeno rio passamos uma ponte feita pelos nativos que era um pequeno baloiço e só de um em um conseguimos passar,além de tudo uma que me parece óbvia é que o animal era um alvo fácil para o inimigo abater,como podes ver a solução era os burros de duas patas.
Quanto ao capacete de aço fez parte da mobília para a operação tridente mas como os nossos instrutores o 7º destacamento só usavam o quico a C.caç. 557 segui-lhe o exemplo e o nosso capitão homem liberal pouco defensor da disciplina do RDM autorizou.
Por isso creio com alguma hipótese de erro penso que a C.caç 557 deve ter sido a criadora a 1ª companhia da tropa macaca a andar no mato em operações só com o quico.o capacete servia apenas para ornamentar o abrigo.
Naquilo que vi no tempo do caqui amarelo parece-me que respondi ás tuas interrogações.
Um abraço.
Colaço.
Caro Luis Graça,
O Arménio Estorninho, o português mais fula da nossa TG tem razão, o animal da foto (20) é mesmo uma vaca e não burro como se pretende. A saliencia dorsal e as patas comprovam esta evidencia.
Quando passou por Contuboel em 69 o Luis devia estar muito ocupado com os seus Nharros ou então só tinha olhos para as Bajudas mandingas porque naquela época, nas zonas norte e leste (produtoras de mancarra), utilizava-se muito o burro como animal de carga e Contuboel, um centro comercial importante, não seria uma excepção a regra.
Ainda hoje, estes animais, existem nas zonas rurais do leste mas em menor quantidade, porque com o fim da monocultura da mancarra, já não se justificavam tanto, a sua intervenção estaria, sobretudo, ligada aos trabalhos agricolas (sementeira e monda) utilizando-se instrumentos (alfaias) agricolas ligeiros, isto quando não se pode adquirir um cavalo que é sempre mais ágil e rápido.
A partir dos anos 70, com a vulgarização das carroças puxadas por animais, o gado vacum substituiu o burro nos trabalhos da carga, não obstante os nossos primos mandingas continuarem a usar os seus burrinhos para o transporte da lenha.
Em relação aos pretensos guerrilheiros mortos, nas fotos, não me parece que sejam guerrilheiros, no verdadeiro sentido e, estou mesmo tentado a dizer que tratar-se-ia de adolescentes de uma escola de mato qualquer. Talvez os participantes da operação possam esclarecer melhor. É a tal maldição das guerras, de todas as guerras.
Um abraço amigo,
Cherno Baldé
Burros há muitos,principalmente de "duas patas"....
Em Gabu há muitos burros,burros mesmo,que puxam pequenas carroças..são os denominados "táxis de Gabu".
C.Martins
Fico encantado com tantas, coloridas, detalhadas e esclarecedoras intervenções... Comentando os comentários, e começando de baixa para cima:
(i) O meu apreço solidário pelas bravas gentes de Silves e de Lagoa que acabam de sofrer um violento tornado, como é aqui lembrado pelo Arménio Estorninho, com feridos (alguns graves) e avultados prejuízos; também vimos isso na Guiné, é verdade, com os mesmos efeitos devastadores nas tabancas daquelas pobres e sofridas gentes;
(ii) O Arménio e o Cherno devem ter razão, se não é burro, é vaca... Eu ainda tive uma hesitação, daí ter sugerido a mula... Sou mau "olheiro"...
(iii) Meu caro Cherno, em Contuboel só estive 1 mês e 3 semanas, em junho/julho de 1969, para dar a instrução de especialidade aos nossos soldados do recrutamento local... Devo ter visto burros, com certeza, a região na época era calma, íamos até Sonaco, passeávamos de piroga no Rio Geba, apreciávamos a beleza das tuas primas mandingas e a paz das suas tabancas cheias de poilões... (E, a propósito, só tínhamos 2 soldados mandingas em 100 homens: o resto eram fulas e futafulas dos regulados de Badora e Cossé)...
(iii) Quanto aos "guerrilheiros" mortos, fico também com a tua dúvida: infelizmente nesta guerra e nesta época (1964/66), a população "sob controlo do IN" era um "alvo militar"... O entendimento da "guerra subversiva" e a resposta (político-militar) ao PAIGC foi-se modificando, nomeadamente sob o consulado do Spínola", como tu bem sabes... No caso destas fotos, o alvo militar não me parece que seja uma "barraca" (acampamento temporário da guerrilha), mas sim uma tabanca que devia etsra "no sítio errado do mapa" (ou seja, "sob controlo do IN")...
(iv) Zé Colaço: Não imagino esse suplício de andar um, dois, três dias com um "capacete de aço" na cabeça nas condições de "inferno" que eram as as zonas (nomeadamente ribeirinhas, de tarrafo e de floresta galeria) onde operávamos...
(v) Rogério: "caixão", é isso mesmo, o termo do calão "aeronáutico" para a maca lateral onde se transportavam os feridos, no AL II... Deve ter mesmo servido de "caixão" para alguns infortunados camaradas nossos que já não chegaram a tempo ao HM 241, mesmo com um "anjo salvador" a bordo... E ainda por cima não havia Fiat G91 no teu tempo!...
(vi) Henrique, a Pátria foi sempre ingrata. madrasta, para com os seus filhos e filhas... Temos também aqui um défice de "patriotismo", de "educação cívica", de conhecimento de (e respeito por)a nossa história...
Um Alfa Bravo a todos, sem esquecer o nosso Teco, o autor das fotos (ou dono do álbum)... LG
Carissimo Luis Graça.
Respondendo á tua intervenção, muito obrigado pelo cuidado de saber se estou bem e de saude, pois acho que sim, embora com as mazelas da idade que nos apoquenta a todos, somando as "marteladas" que apanhei, adicionando as 11 int. cirurgicas, o que não deve ficar por aqui pois já está mais uma na forja, coisa que estou a vêr se consigo fintar. Luis Graça, ainda não tive o gosto de te conheçer pessoalmente, mas vou fazer os possiveis para no próximo encontro estar presente com a minha consorte, minha companheira à 49 anos, que suportou todos os meus problemas depois da evacuação, pois já era casado quando fui para a Guiné e ainda por cima com uma filha que começou a andar no HMP agarrada ás camas, foram tempos dificeis, claro para todos nós pois não tenho exclusividade.
Um abraço amigo Luis
Rogerio Cardoso
Cart.643-AGUIAS NEGRAS
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