Suécia > s/l > s/d > Visita de uma delegação de um país africano ou de um movimento nacionalista africano (parece-me mais provável ser do ANC do que do PAIGC...). Pelo vestuário e pelo fenótipo, os africanos devem ser originários da Africa do Sul... Provavelmente ainda no tempo do "apartheid"... [O Cherno Baldé veio depois corrigir-me: pelas vestes e traços fisionómicos, são representantes do povo massai, seminómadas; são menos de um milhão, e vivem no Quénia e no norte da Tanzânia]
Foto do arquivo de José Belo (sem indicação da fonte).
1. Mandei ontem a seguinte mensagem ao José Belo, o nosso régulo da Tabanca da Lapónia:
José:
Bom dia!.. Ainda não nos roubaram o sol, que é a única coisa (de Portugal) que deve fazer inveja aos teus suecos...
Olha, diz-me se sabes algo mais sobre estes rapazes, que também ajudaram os guineenses a aprender a falar e a escrever a nossa língua... (uma das poucas boas que lá deixámos).
Esta tipografia (e editora ?) de Upsala imprimiu dezenas de milhares de manuais escolares para o PAIGC... Quem é que pagava ? O meu sueco do Google não dá para perceber tudo...
Um abração. Luis
PS - Vd. poste P13837: (...) "Wretmans Boktryckeri AB era um tipografia, fundada em 1889, por Harald Wretmans, tipógrafo com formação alemã, e que faliu em 1973, depois de ter passado por várias mãos, e de ter 40 funcionários na década de 1940. Tinha fama de apresentar boas encadernações." (...)
2. Resposta do Jose[ph] Belo, na volta do correio:
Quem pagava era o Departamento Estatal "Swedish International Development Autority".
Com um início modesto em 1969, o governo sueco acabaria por enviar para o PAIGC, durante a guerra, um total de 53,5 milhöes de coroas suecas (ao valor actual). [cerca de 5, 8 milhões de euros; 1 euro = 9,2761 SEK, à taxa de câmbio em 31/10/2014].
Assistência que, em crescendo rápido, acabou por vir a financiar a maioria das actividades näo militares do PAIGC,s alientando-se o sector alimentar, transportes, educacäo e saúde.
A isto somavam-se vastos e constantes fornecimentos para as chamadas "Lojas do Povo".
Posteriormente à independência, a Guiné-Bissau foi o único país da África Ocidental a ser incluída nos denominados países programados para a distribuicão da assistência sueca ao desenvolvimento.
Com resultados muito díspares(!), a assistência total à Guiné independente, durante o período de 1974/75-1994/95, foi de 2,5 mil millhões (!) de coroas suecas [, c. 269,5 milhões de euros,], colocando então a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos do país.
Hoje?....A história é outra.
Hoje?....A história é outra.
José Belo |
Um abraço do José Belo.
Entre documentos antigos encontrei algumas curiosidades relacionadas com Amílcar Cabral e a Suécia que creio serem menos conhecidos por muitos.
Vou traduzir no meu melhor português de 40 anos de assuecamento e enviar para aí.
Um abraço.
Literalmente...Tabanca da Lapónia!,
agora como http://laplandnearkeywest.blogspot.pt [Lapland Near Key West / A Lapónia ao pé de Key West, Flórida, EUA]
Blogue do José Belo, há cerca de 40 anos na Suécia: "Lappland near Key West" [A Lapónia ao pé de Key West, Florida, EUA]. Ao cimo, do lado esquerdo, abaixo do título, há uma frase muito didática e certeira, antietnocêntrica, prevenindo-nos contra a tentação de ver o mundo através do nosso umbigo: "We dont see the things as they are, we see them as we are"... Traduzindo: "Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos"... [A frase é atribuída à escritora Anïs Nin (1903-1977)] (LG).
Blogue do José Belo, há cerca de 40 anos na Suécia: "Lappland near Key West" [A Lapónia ao pé de Key West, Florida, EUA]. Ao cimo, do lado esquerdo, abaixo do título, há uma frase muito didática e certeira, antietnocêntrica, prevenindo-nos contra a tentação de ver o mundo através do nosso umbigo: "We dont see the things as they are, we see them as we are"... Traduzindo: "Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos"... [A frase é atribuída à escritora Anïs Nin (1903-1977)] (LG).
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Nota do editor:
Último poste da série > 23 de outubro de 2014 Guiné 63/74 - P13788: Da Suécia com saudade (39): A estrela de David, os Torquemada de Burgos, os marranos de Belmonte... Olhares desde a Lapónia...(Joseph Belo)
Nota do editor:
Último poste da série > 23 de outubro de 2014 Guiné 63/74 - P13788: Da Suécia com saudade (39): A estrela de David, os Torquemada de Burgos, os marranos de Belmonte... Olhares desde a Lapónia...(Joseph Belo)
11 comentários:
Olá Camaradas
Já vi!
Compreendo o anti-fascismo do suecos. Não arriscavam nada, davam uma de pacifista e ficavam bem vistos por ajudarem os combatentes da liberdade. Ao mesmo tempo mobilizavam o respectivo povo para uma "causa nobre".
Depois da independência, pensaram que dali poderia vir qualquer coisa. O quê? Não sei, mas eles talvez pensassem que...
O resto já sabemos.
Foi pena que se aplicassem tanto.
António J. P. Costa
Fecharam a "torneira" em 94 ?
Não sei ...não.
Em 2006 ainda os vi lá (cooperação sueca) montes de jeeps ..e uma sueca (boa) e antipática e um sueco (mudo).
Quanto ao dinheiro doado durante a guerra..bem sabendo que o PAIGC comprava o armamento aos russos..dá para desconfiar.
Também nunca percebi a intenção da cooperação sueca...sabendo-se que durante a segunda guerra mundial foram neutros e colaboracionistas dos nazis..deve ser por terem consciência pesada.
Pacifistas !!!..fabricam e exportam armamento do melhor que há..contradições..que razões de estado justificam..será ?
C.Martins
Mas,mas foi muito dinheiro...agora compreendemos melhor porque os libertadores desenvolveram tão bem a sua amada pátria...
Fora deste Poste, fala-se em cubanos.Eles participaram como combatentes. Estavam no Poidom quando nós o destruimos em mai/Junho de 68; estiveram em set/68 na emboscada á fonte de Mansambo etc. Bons rapazes...Boa rapariga era a agente russa (e ??) Tânia...terá algo a vercom a prisão do francês R. Debray que foi preso pois estava na guerrilha com o Che e, para não dar o barulho internacional, como o Debray deu foi assassinado...Ab,T.
Os governantes guineenses mantiveram-se durante mais de vinte anos pisando o povo, apoiados principalmente pela Suécia, Rússia, e Portugal, este para não ficar para traz, fornecia de graça dois vôos semanais da TAP e uns tantos professores.
A Rússia abastecia de balas, canhões e carros de combate os quartéis e fazia umas pescarias desportivas.
A Suécia, desde a agricultura e educação e Volvos para os ministros, e umas tantas motoserras.
Mas o Sueco a quem os dirigentes africanos mais devem ficar agradecidos foi um Secretário Geral da ONU que desde 1953 a 1961 mais os incentivou a tomar conta dos "seus destinos".
E não foram os guineenses as maiores vítimas em África dessas gerações de governantes.
Caro amigo Luis,
Os visitantes africanos da imagem acima pertencem ao povo Massai, que vivem na regiao leste do continente, principalmente no Kenia, mas tambem um pouco espalhados entre Tanzania e Uganda. Em tempos recuados, tais como os fulas com os quais poderao ter origens muito proximas, eram pastores que nomadizavam nas vastas planicies da Africa do leste desafiando os leoes, leopardos e outros felinos que abundavam na regiao.
Quanto as ajudas, nada a dizer, como todas as ajudas, em grande medida foram mal aproveitadas e ainda serviram para criar circulos viciosos.
Mas, nao devemos perder de vista que cada um dos protagonistas no conflito tinha os seus amigos(?) e aliados e como tal tera beneficiado de ajudas para fazer face a Guerra que era muito voraz em meios materiais e humanos.
Com um abraco amigo,
Cherno AB.
Como disse o Cherno, são massais. Traços distintivos são a cor vermelha (predominante), as orelhas rasgadas com elementos decorativos, e os físicos esguios e magros de caminhantes de muitos quilómetros.
Devem envergar trajes de cerimónia.
Quanto ao que se observa sobre financiamentos à guerrilha, acredito, que os ilustres políticos suecos enfileiravam com as ideologias mais avançadas que, contrapostas com o peculiar "fascismo" fechado de Salazar, que estava na ONU e a desprezava, os estatutos da organização, para além de fazer gala do "orgulhosamente sós". Por esta ordem de ideias acredito na boa intenção dos suecos, que desconhecendo o ultramar português nos seus níveis de convivência, não diferenciavam entre colonialistas (o grande capital que por lá continua a dominar) e os feitores (os portugueses que garantiam as funções de Estado). Sobre o desenvolvimento do ultramar português a partir dos anos cinquenta já aqui foram expressas várias opiniões, que não vem ao caso repetir.
O que vale a pena sublinhar, é que Portugal deixou África, e a condição de vida daqueles africanos piorou muitíssimo, enquanto os novos títeres, produtos das lutas de emancipação, garantem muito mais lucros em N.York, Londres, ou Berlim.
O MFA, que conhecia povos e territórios, foi "aliado" da Suécia quanto ao epílogo da presença portuguesa, e também não cuidou de avaliar e garantir a justiça naqueles azimutes.
Abraços fraternos
JD
Como disse o Cherno, são massais. Traços distintivos são a cor vermelha (predominante), as orelhas rasgadas com elementos decorativos, e os físicos esguios e magros de caminhantes de muitos quilómetros.
Devem envergar trajes de cerimónia.
Quanto ao que se observa sobre financiamentos à guerrilha, acredito, que os ilustres políticos suecos enfileiravam com as ideologias mais avançadas que, contrapostas com o peculiar "fascismo" fechado de Salazar, que estava na ONU e a desprezava, os estatutos da organização, para além de fazer gala do "orgulhosamente sós". Por esta ordem de ideias acredito na boa intenção dos suecos, que desconhecendo o ultramar português nos seus níveis de convivência, não diferenciavam entre colonialistas (o grande capital que por lá continua a dominar) e os feitores (os portugueses que garantiam as funções de Estado). Sobre o desenvolvimento do ultramar português a partir dos anos cinquenta já aqui foram expressas várias opiniões, que não vem ao caso repetir.
O que vale a pena sublinhar, é que Portugal deixou África, e a condição de vida daqueles africanos piorou muitíssimo, enquanto os novos títeres, produtos das lutas de emancipação, garantem muito mais lucros em N.York, Londres, ou Berlim.
O MFA, que conhecia povos e territórios, foi "aliado" da Suécia quanto ao epílogo da presença portuguesa, e também não cuidou de avaliar e garantir a justiça naqueles azimutes.
Abraços fraternos
JD
Olá Camaradas
Volto à questão do "futuro da Guiné" no pós 25ABR74.
Começo por lembrar que quem não tem competência não se estabelece, especiaLmente na gestão de um povo. Depois há honrar os generosos combatentes que sofreram e muito na "luta de libertação" e que mereciam outra Pátria, como todos os Guineenses. Se não lha deram não temos culpa.
Quanto ao MFA, aproveito para esclarecer que o PAIGC (BÉBEDO DE VOITÓRIA, COMO EU JÁ ESCREVI) nunca aceitaria um simples conselho dos "colonialistas, salazaristas, imperialistas, etc em istas". Além disso não creio que existissem voluntários para "lá" ficarem a colaborar nas tarefas de desenvolvimento.
Um Ab.
António J. P. Costa
Caro António José Pereira da Costa,
Respigo a frase "quem não tem competência não se estabelece, especialmente na gestão de um povo".
Pois do mesmo mal podem queixar-se os portugueses de cá e de lá, tendo em conta muitíssimos acontecimentos supervenientes do 25 de Abril.
De facto, nem a metrópole estava preparada para viver sem as "colónias", nem estas estavam preparadas para viver com uma autonomia agravada pela debandada dos metropolitanos.
Aqui sucedeu uma ditadura a outra, mas a mais recente ainda foi abrilhantada por uma tremenda crise económica provocada pelo desequilibrio da fractura da nação, para além de não ter promovido a disciplina política e social, do que resultou um dos períodos mais conflituosos no âmbito do poder, com frequentes velhacarias e traições, assim como as relações sociais passaram a caracterizar-se pelo divisionismo intolerante, com especial incidência nas relações de propriedade e de trabalho.
Verificou-se depois que o MFA não tinha um projecto nacional, pelo que não passou de um "complot" para derrubar o regime que não parecia capaz de dar solução à guerra, a especial preocupação do Movimento e o primeiro objectivo: descolonizar. Sobre democracia, sobraram muitas razões de queixa, e custos humanos muito elevados, enquanto o desenvolvimento registou preocupante retrocesso e estagnação. Por isso, e pela incompetência governativa, Portugal recorreu ao FMI, e aderiu com urgência à CEE, de onde provieram grandes fluxos financeiros.
JD
Caro António José Pereira da Costa,
Faz o favor de desculpar não ter deixado um abraço na mensagem anterior. Envio-o agora com muito gosto e amizade.
JD
Olá Camarada LD
Estamos a falar da Guiné e do "apoio" que a Suécia lhe deu.
Por cá as coisas correram como correram e, como sabes, em História não à revoltas ou revoluções a régua e esquadro. Tudo corre como corre e como é possível que, pela correlação de forças em presença, corra.
Além disso, quem não erra, normalmente também não faz mais nada.
Volto a recordar que a máxima liberdade traz a máxima responsabilidade, o que deveria ser tido em conta pelos dirigentes do PAIGC, quer no exterior e, principalmente, na interior do país. Quanto ao facto de nem a metrópole estar preparada para viver sem as "colónias", nem estas estavam preparadas para viver com uma autonomia agravada pela debandada dos metropolitanos...
O primeiro ponto é discutível e, no limite leva-nos a teses colonialistas que já recusámos há muito. É que as colónias eram parte do país há demasiado tempo...
Quanto ao segundo era previsível, dadas as experiências independentistas que se tinham verificado por toda a África, durante os anos 60.
É caso para perguntar de que é que estávamos à espera?
Se calhar, o melhor era não se ter feito nada e tudo ter ficado como estava...
Um Ab.
António J. P. Costa
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