Guiné > Algures > s/d > Manel Djoquin, com o seu icónico velho Ford, de matrícula G-804, a sua caçadeira e um dos seus ajudantes locais... (Dizem que um deles terá sido o Kumba Yalá, quando jovem... Nasceu em Bula, em 1953 e morreu em Bissau, em 2014, aos 61 anos; foi presidente da república, entre 2000 e 2003).
Foto (e legenda: © Lucinda Aranha (2014) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
A vovó Nené
A Julinha
Cabo Verde > Santiago > Praia > s/d > c. 1930 > Manuel Joaquim dos Prazeres éra um apaixonado por carros e corridas de carros.. E tinha, em sociedade, uma oficina de reparação de automóveis, a Auto Colonial, na Rua Sá da Bandeira (vd. pág. 29)
Guiné > s/l > s/ d (c. 1950 > O Manuel Djqoquim, numa das suas poses "cinematográficas" (v. pág. 80)
Fotos e legendas (2016): página do Facebook, Lucinda Aranha Antunes - Andanças na Escrita (Com a devida vénia...).
Lucinda Aranha - O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim. Alcochete: Alfarroba, 2018, 165 pp.
A autora chama "romance" ao seu livro de memórias da família (*)...Na realidade, é um conjunto de histórias de vida, à volta da figura do "africanista" Manel Djoquim, e das "matriarcas" da família, a Julinha, sua segunda esposa, e a "vovó Nené", a ama das filhas e depois cozinheira, vinda da Praia, Santiago, para a casa de Lisboa, onde viveu mais de 60 anos, perfeitamente adotada e integrada na família (cap 1, pp. 9 e ss.; e cap 5, pp. 58 e ss.).
Esclareceu-nos a autora, Lucinda Aranha, a mais nova das filhas do Nequinhas e da Julinha, já nascida em Lisboa: "Efetivamente nunca fui à Guiné ou a Cabo Verde. Para mim, embora o livro gire à volta do Manel Djoquim, é um livro de mulheres onde dominam as 2 matriarcas. Este trio constitui as 3 personagens mais importantes." (*)
Na contracapa pode ler-se:
"A busca de uma vida melhor. O encontro com a aventura e o desconhecido. A liberdade de uma nova terra. Os encontros e os desencontros de uma vida amorosa"...
"A busca de uma vida melhor. O encontro com a aventura e o desconhecido. A liberdade de uma nova terra. Os encontros e os desencontros de uma vida amorosa"...
Na Guiné andava sempre armado... Era uma inveterado caçador (pág. 71) |
escrever um livro que é também uma "hino de amor" àquelas duas terras por onde andou, viveu, amou, trabalhou o seu pai, Manuel Joaquim dos Prazeres (1901-1977). E um "hino de amor" aos seus pais, aos amigos dos seus pais, às suas manas, à sua ama, escrito de resto com delicadeza e inteligência emocional para não ferir suscetibilidades, até porque há muitas pessoas vivas: as irmãs, os amigos, os seus descendentes... Daí a autora chamar "romance" a este livro.
O livro tem 13 capítulos e 169 pp, onde o crioulo se mistura, saborosamente, com o português. Mas todas as falas ou expressões em crioulo têm tradução, em nota de rodapé, como a fala da vovó Nené (Maria Mendes, no romance): "C'uzas di vida, sima Deus crê. Mim nasci lá lundji, badia di pé ratchado e vem vivi e ve morri cum sinhóra e sus filhu fèmia em Lisboa" ["Coisas da vida, como Deus quer. Nasci longe, vadia de pé rachado e vim viver e morrer com a senhora e as filhas em Lisboa".] (p. 58).
Falando do feitiço de África, tudo começou, por Cabo Verde, onde Manel Djoquim, chega, em 1922, instalando-se na Praia onde começa por trabalhar, como mecânico, na Central Elétrica. Em 1930, casa-se com Tonha, "filha da terra" (pág. 33)., de quem tem duas filhas e um rapaz.
A alfacinha Julinha, 11 anos mais nova, , aparecerá mais tarde, na viragem dos anos 30 (pp. 45 e ss.). Desta relação, nascem, na Praia, duas irmãs da Lucinda... Em 1944, a família ruma até Bolama, onde nasceu uma terceira filha... Em 46, a Julinha e as filhas, mais a ama cabo-verdiana, regressam a Lisboa, onde nasceu a Lucinda.
Nascido em Lisboa, em 1901, em plena "belle époque" (, que só o era para uma minoria privilegiada da alta nobreza e da burguesia em ascensão...), Manuel Joaquim terá visto em África uma tripla oportunidade para a sua vida... Na época, África estava longe de ser um "destino comum" para os portugueses que procuravam uma "vida melhor", longe da metrópole, e dos tempos difícdeis do pós-guerra, mas também a "aventura" e o "desconhecido", a par da "liberdade" e dos "amores".. O Brasil era então, de longe, o grande destino da emigração portuguesa.
Território português durante séculos, povoado por escravos e por europeus, Cabo Verde não foi, mesmo assim, objeto de grandes memórias escritas por parte das gentes metropolitanas que naquelas ilhas se fixaram ou lá viveram durante uns largos tempos. Daí também o interesse adicional deste livro, com apontamentos e fotos interessantes sobre o quotidiano da vida na Praia, onde o Manel Djoquim viveu, mais de duas décadas, entre 1922 e 1944. (1922 é uma data aproxiamda, em rigor a autora não sabe o ano exato em que o pai se ficou na Praia.)
Mais sorte terá tido, nesse aspeto, o Mindelo, na ilha de São Vicente, cidade aberta, cosmopolita, e que teve sobretudo o privilégio de ter, durante décadas, o Foto Melo, um estúdio fotográfico que atravessou um século (1890-1992), tendo documentado praticamente toda a vida (política, militar, económica, social, cultural...), a demografia e a geografia da ilha...
"O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim", dado à estampa em 2018, parece-nos ser, de algum modo, um desenvolvimento do livro anterior da autora, "No reino das orelhas de burro" (Lisboa, Colibri, 2012, 106 pp.), baseado também nas estórias de homens e bichos que povoaram a sua infância (***)...
Na obra, agora em apreço, a autora baseou-se numa exaustiva pesquisa documental (escrita e fotográfica), recorrendo ao arquivo da família mas também e sobretudo às suas recordações de infância, adolescência e juventude (o pai morreu quando ela estaria já à beira dos 30), bem como a entrevistas a familiares e amigos do pai e da família, do tempo de Cabo Verde e da Guiné. Pai que é uma personalidade complexa e contraditória, conservador, puritano, moralista, mas também anticlerical, aventureiro, inimigo das corridas de touros e do fado, e em termos político-ideológicos um admirador de Salazar tanto quanto de Amílcar Cabral...
A autora consultou igualmente a escasssa imprensa local, dessa época, "O Eco de Cabo Verde" (, com início em 1933) e o "Arauto", primeiro semanário e depois diário, que se publicou em Bissau, de 1943 a 1968. Teve, também, verdade se diga, uma boa ajuda dos nosso blogue e dos nossos camaradas e amigos que ainda conheceram o Manel Djoquim, o homem do cinema ambulante, durante a guerra... pelo menos até 1970/71... (A PIDE/DGS e as autoridades militares acabaram por impedi-lo de deambular livremente pelo mato, com a sua carriplana, alegando razões de segurança; e isso foi "o princípio do fim": em 1973 tem um AVC, já em Lisboa, e morre quatro anos depois, precisamenre em 25 de dezembro de 1977.)
A "morabeza" cabo-verdiana está muito bem retratada no capítulo II ("Na cidade da Praia" (pp. 28-44). Há ali personagens (amigos da tertúlia do Manuel Djoquim) que mereceriam um outro deenvolvimento num romance de maior fôlego: são homens (, não entram aqui mulheres...) das relações de amizade e convívio do futuro homem do cinema...(que, de resto, coneça aqui, na Praia, a sua carreira de empresário de cinema, prosseguida depois , em 1944, em Bolama, onde se fixa, a convite da Associação dos Bombeiros locais, para dar sessões de cinema ao livre, com documentários sobre a II Guerra Mundial). (**).
"Além de mecânico da Central [Elétrica], de dar uma mãozinha na Marconi, fizera-se sócio da oficina-garagem do Pires [, a Auto Colonial,], abrira uma casa de comércio, dessas que vendem um pouco de tudo, dedicara-se à projecção de filmes.
"Ademais lucrava com a comodidade de a Central ficar perto do cinema, o Teatro Africano, rebatizado Cineteatro Virgínio Vitorino pelo Estado Novo, que desconfiara do nome primitivo, censurando as veleidades autonomistas africanas.
"A sala era-lhe subalugada pela Cãmara, que administrava também a luz. Morava então na rua Serpa Pinto, mesmo junto ao cinema e à Central, numa casa com quintal, árvores e fruta-pão e bananeiras e muito espaço para a criançada que ia nascendo e para os cães e os gatos de que gostava de se rodear. A casa comercial e a oficina ficavam na rua Sá da Bandeira, a rua mais larga da cidade" (pág. 23).
Numa terra assolada por secas cíclicas, a fuga à fome, à morte e à pobreza fazia-se muitas vezes emigrando para a Guiné e também para São Tomé e Príncipe. Para os cabo-verdianos, a vida na Guiné era-lhes mais fácil, "ou não fossem mais estudados,o que lhes garantia bons cargos, posições de chefia" (p.33).
Este e outros temas eram pretexto para a cavaqueira, tal como a chegada á ilha de exilados políticos, quer ainda no tempo da República como depois durante a Ditadura Militar e o Estado Novo: o coronel Fernando Freiria ou o médico militar Carlos Almeida, são dois exemplos citados.
Também teve eco, naquela tertúlia, a "grande escandaleira [que] foi o ataque ao crioulo e aos mulatos no 1º Congresso de Antropologia Colonial realizado no Porto, em setembro de 34. O dr. Luís Chaves, conservador do Museu Etnológico, cheio de zelo ariano, defendendeu que os mestiços eram seres inferiores, degenerados, incapazes de produzir obras literárias" (p. 37)... Com isso, amesquinhavam-se grandes escritores crioulos como o Fausto Duarte, autor do romance "Auá", que ganhara justamente o 1º prémio do 1º Concurso de Literatura Colonial, e em defesa do qual veio a terreiro o Juvenal Cabral, pai do Amílcar Cabral, nas páginas de "O Eco de Cabo Verde".
Depois de 1936, há outro motivo de conversa, a abertura da "colónia penal" do Tarrafal, na ilha de Santiago (p. 41). E, e ainda antes de (e durante) a guerra, as histórias dos alemães que, apesar da neutralidade do governo de Salazar, não se coibiam de ir a terra, desembarcados dos submarinos que patrulhavam o Atlântico, quer ´para se reabastecerem quer para fazerem jogatanas de futebol com a miudagem... (pp. 41/42).
Mas o acontecimento mais marcante desta época, pelo insólito, foi a passagem do zepelim, em 1934...
No livro "O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim" (Alcochete: Alfarroba, 2018),
Lucinda Aranha faz referência a este memorável evento nos termos seguintes termos:
" (...) mas nada os fez [ao Manel Djoquim e amigos de tertúlia] dar tanto à língua como o espetácul nunca visto do zepelim que, na manhã de 12 de junho de 34, pairou sonre o céu da Praia, em espera de um passageiro alemão que resolveu ìr às comprars de sedas e outros artigos japoneses na casa Serbam. Foi um embascamento que os fez abandonar casa e trabalho " (...) (pág. 34)
Recorde-se que o zepelim era um grande dirigível, rígido,com carcaça metálica, de tecnologia e fábrico alemães, usado para travessias do Atlântico na década de 1930.
Cabo Verde> Ilha de São Vicente > Mindelo > S/ d > A foto ilustra a passagem dum zepelim mas não tem datas. Foto do álbum de Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º Cabo n.º 816/42/5 da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do R.I. 5, despois integrado no RI 23... A foto tem a data de 18 de Outubro de 1943 e na legenda refere ser 'recordação de S. Vicente'. O original é "foto Melo". (****)
Foto (e legenda): © Hélder Sousa (2009). Todo os direitos reservados. [Edição e Legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
É uma raridade esta foto: ao que parece, dataria de 1937, ano e que o Mindelo foi sobrevoado por um dirigível que pretendia abrir uma carreira entre a Europa e o Novo Mundo, o LZ 129 Hindenburg, de fabrico alemão, origulho do regime hitleriano:
(...) Reza a História, que o dito aparelho, uma das grandes apostas à época para o transporte de passageiros, adoptando os mesmos tipos de luxos dos grandes 'Paquetes Transatlânticos' que estabeleciam as ligações entre os três continentes, Europa, África e Américas, fez só uma viagem ligando os dois continentes. Partiu da Velha Europa para o Novo Mundo - o continente Americano, tendo passado sobre Cabo Verde.
"Mindelo ficou na sua rota e Tuta [Guilherme Melo] registou esse momento, único! O aparelho passou sobre a Ilha de São Vicente, tendo largado três sacos de 'Mala Postal' - a forma complicada como se dizia correio - e teve um fim trágico ao aterrar em Lakehurst nos USA [, em 6 de Maio de 1937].
"Para os arquivos, fica mais esta imagem, só possível em Mindelo, pelo manancial de informação que corria na ilha, por causa dos cruzamentos dos cabos submarinos do Telégrafo Inglês e da Italcable (Italianos) e do seu movimentado Porto, também à época local de passagem obrigatória para os barcos que cruzavam o Atlântico Sul" (...)". Fonte: sítio Mindel Na Coraçon
(...) Reza a História, que o dito aparelho, uma das grandes apostas à época para o transporte de passageiros, adoptando os mesmos tipos de luxos dos grandes 'Paquetes Transatlânticos' que estabeleciam as ligações entre os três continentes, Europa, África e Américas, fez só uma viagem ligando os dois continentes. Partiu da Velha Europa para o Novo Mundo - o continente Americano, tendo passado sobre Cabo Verde.
"Mindelo ficou na sua rota e Tuta [Guilherme Melo] registou esse momento, único! O aparelho passou sobre a Ilha de São Vicente, tendo largado três sacos de 'Mala Postal' - a forma complicada como se dizia correio - e teve um fim trágico ao aterrar em Lakehurst nos USA [, em 6 de Maio de 1937].
"Para os arquivos, fica mais esta imagem, só possível em Mindelo, pelo manancial de informação que corria na ilha, por causa dos cruzamentos dos cabos submarinos do Telégrafo Inglês e da Italcable (Italianos) e do seu movimentado Porto, também à época local de passagem obrigatória para os barcos que cruzavam o Atlântico Sul" (...)". Fonte: sítio Mindel Na Coraçon
(Continua)
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(*) Último poste da série > 14 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20558: Manuscrito(s) (Luís Graça) (176): Manel Djoquim, o homem do cinema ambulante, o último africanista - Parte I
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Notas do editor:
(***) Vd. poste de 15 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12991: Tabanca Grande (433): Lucinda Aranha, filha de Manuel Joaquim dos Prazeres que viveu em Cabo Verde e na Guiné entre os anos 30 e 1972, e que era empresário de cinema ambulante
(****) Vd. poste de 9 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4926: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, S. Vicente, 1943/44 (Hélder Sousa)
18 comentários:
1ª. fotografia.
O Sr. Manuel Joaquim está com uma espingarda metralhadora e se era utilizada como caçadeira matava a caça de rajada.
Kumba Yala estudou e trabalhou em Loulé e foi jogador de futebol pelo Louletano.
Valdemar Queiroz
Caros leitores, vamos lá descobrir que arma era esta... Está identuficada e descrita no livro, na página 71...
A mecânica, os carros, a caça e, mais tarde, a fotografia são paixões que o acompanham na Guiné... Caça onças e crocodilos... cujas peles depois vendia...(Hoje, seguramente, teria outra consciência ecológica e conservacionista, como o nosso camarada Patrício Ribeiro, que vive na Guiné ha mais de 4 décadaas...).
Kumba Yala, aliás Mohamed Yalá Embaló (, quando se converteu ao islamismo...). Mas antes foi Manuel Joaquim, quando estudante de teologia e filosofia em Portugal...
http://www.bbc.co.uk/portugueseafrica/news/story/2008/07/080721_gbyalamuslimaws.shtml
A arma parece-me uma pistola metralhadora FBP
G.Tavares
Não. É uma carabina de caça adaptada pelo Manuel Joaquim...Marca e calibre ? Estava na moda, na época. ESta mostrar a falar do pos guerra, anos 50. LG
Há um er5 no texto , que depois emendo mais logo: a Julinha era 11 anos MAIS NOVA
Rectifico
A arma é uma pistola-metralhadora FBP 9 mm de coronha recolhida.
Valdemar Queiroz
Naqueles tempos uma das actividades com mais sucesso em África era ser mecânico de automóveis, (camiões, tractores, máquinas), ser mecânico, ou ter uma oficina com mecânicos, ou ser muito "habilidoso" com maquinismos.
As viaturas exigiam uma manutenção tão cara, que o mais difícil não era dinheiro para a aquisição da máquina, era mais difícil era a sua manutenção.
Isto tudo também devido ao tipo de estradas, picadas, que nem é preciso explicar.
O Manuel Joaquim tinha uma oficina e era apaixonado por carros, estava nas suas sete quintas.
Dizia-se: uma camionete velha, uma caçadeira, uma linda mulata...é o paraíso na terra.
Foi uma pena ter vindo a guerra e todas as grandes ambições, e vejamos no que deu, acabou-se o paraíso na terra.
Rosinha, mais à frente falaremos da "grande ansiedade" com que era esperado o Manel Djoquim, nas terras do interior da Guiné... Ele, era de facto, o homem dos "sete ofícios", tendo mãos milagrosas para tudo que era "mecânico": geradores, automóveis, camionetas... Às vezes estava no sul e chamavam-no, do norte, algum administrador ou chefe de posto, para eu vir depressa consertar... Os administradores retribuíam-lhe depois estes "pequenos grandes favores" com hospitalidade e apoio (logística, publicidade, cipaios...) à realização das sessões de cinema... Não admiara pro isso que esse recebido em festa por todo o lado, da administração às populações: "A la Manel Djoquim i na bim" [Vem aí o Manuel JOaquim!].
Valdemar, a Lucinda não te ofereceu um livro com dedicatória ?...Manda a tua morada, que eu pedir-lhe que to mande!... Bem mereces!... LG
A "morabeza" é mesmo um traço da idiossincrasia cabo-verdeana ?... De que é que falamos ?... LG
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morabeza | s. f.
mo·ra·be·za |ê| ou |é|
(morabe + -eza)
substantivo feminino
[Cabo Verde] Qualidade de quem é amável, delicado, gentil. = AFABILIDADE, AMABILIDADE, GENTILEZA
"morabeza", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/morabeza [consultado em 24-01-2020].
Valdemar e G. Tavares:
A FBP era uma arma de guerra... Vulgarizou-se com a guerra de África... Nºão me parece que, nos anos 50, pudesse andar ns mãos de civis... Além disso, na sua 1ª versão, só fazia tiro de rajada... LG
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(...) FBP é uma pistola-metralhadora projectada no final da década de 1940 por Gonçalves Cardoso, Major de Artilharia do Exército Português, combinando as funcionalidades da MP40 alemã e da M3 americana. O resultado foi uma arma de confiança e com baixos custos de produção.
A arma acabou por ser produzida pela Fábrica de Braço de Prata (FBP) em Lisboa, com cuja sigla foi baptizada.
A arma foi utilizada em combate pelas Forças Armadas Portuguesas durante a Guerra do Ultramar. A sua utilização nesta guerra levou à verificação que a sua capacidade de fazer apenas tiro automático levava a um grande desperdício de munições. Como tal, em 1963 foi introduzida uma versão aperfeiçoada com capacidade acrescida de tiro semiautomático. (...)
https://pt.wikipedia.org/wiki/FBP_(pistola-metralhadora)
Luis
A caríssima Lucinda Aranha incluiu, no seu livro 'O Homem do Cinema', fotografias cá da minha pessoa (ena até já apareço em livros) em Contuboel e fez o especial favor de me o enviar autografado. O meu neto Zee (mar em neerlandês)farta-se de mostrar o livro com a foto do avô 'a ver filmes na selva'.
Quanto à arma da 1ª. foto, é sem duvidas uma FBP m/48 ou m/61, igualzinha à que aparece na imagem do P5690. A arma transformada, referida no pag, 71 de livro, deve ser uma adaptação, com um carregador de 10 balas, numa carabina de caça.
Este nosso blogue Tabanca Grande e Camaradas da Guiné é também feito de todos estes extraordinários episódios passados na Guiné que nós conhecemos quando lá estivemos, infelizmente, na guerra.
Não façamos deste blogue apenas de noticiários dos sempre agradáveis e saudosos Encontros/Almoçaradas da rapaziada, ou de arrepiantes noticias de necrologia dos nossos queridos camaradas falecidos.
Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Ok, ótimo, a Lucinda é impecável...
Pedi-lhe para esclarecer a marca, o modelo, o calibre, o ano da carabiam. Na pág 71, ela diz que o pai tnha: (i) uma "Flaubert", "uma carabina para atirar ao alvo"; e (ii) uma caçadeira,calibre 12, automática, com carregadora de cinco cartuchos, que ele modificou, de modo a poder dar 10 tiros seguidos... (pág. 71).
Não percebo nada de armas de caça...Ab, Luís
A arma que se vê em cima do para-lamas parece ser uma THOMPSON,arma usada no tempo de Al Capone, que podia utilizar carregador e tambor.
Alcidio Marinho
Digo carregador ou tambor
A nossa pistola-metralhadora FBP e a americana Thompson m3 são primas direitas.
Julgo que a nossa foi projectada/fabricada com uma 'autorização' da Thompson.
A nossa tem o punho em madeira e a entrada do carregador ligeiramente diferente, a Thompson é toda feita em ferro.
Julgo que a esta Thompson não era adaptado o tambor/carregador.
E não sabemos como o Sr. Manuel Joaquim adquiriu a nossa por ser arma de guerra ou então a Thompson por ser de algum gangster americano.
Valdemar Queiroz
Lucinda Aranha
sábado, 25/01/2020, 20:50
Luís,
Vejo que efectivamente gostaste do livro pelo empenho que tens demonstrado, o que muito te agradeço. Quando escrevi o livro tive a preocupação de não ferir susceptibilidades, tendo-me as minhas irmãs pedido para que os nomes fossem alterados; segui o mesmo critério para algumas das outras personagens que aparecem no livro de modo a não ferir descendentes. (...)
Sobre as dúvidas a propósito das armas do meu pai, o que sei é que nunca ouvi falar que tivesse uma metralhadora mas as armas que referi no livro, entre elas a dita Flaubert que adaptou.
Várias fontes me falaram destas armas, sendo a mais fidedigna e importante o genro do Esteves , o sr Pereira, pelas relações de grande convívio e amizade. Aliás, assim que poder já combinei encontrar-me de novo com ele para tentar esclarecer as dúvidas que tens posto a propósito do Esteves e do meu pai.
Não percebo nada de armas mas o meu pai era um espírito muito inventivo e não me espantaria que a vossa metralhadora fosse a dita flaubert com a cartucheira adaptada e, eventualmente, que o braço mais comprido seja uma pega. Nas pp 80/81 do livro lá está a dita de novo, embora reconheça que não tem nenhuma pega.
Quanto a toda a parafernália de que ele se fazia acompanhar disse-me uma outra fonte, o sr Faxina, que se encontrava , pelo menos até há alguns anos, no quintal do Tita Orelha. Creio que este senhor já morreu mas há um filho, que talvez seja tabanqueiro, com quem nunca consegui falar. Eventualmente, seria ele quem melhor te podia esclarecer.
Gostei muito do poste sobre o zepelim. Quanto à data exacta da ida do meu pai para Cabo Verde não consegui apurá-la com toda a exactidão, 1922 é a minha proposta. A concretizar-se o encontro da Lourinhã teremos muito para falar. (...)
Quanto à venda do livro, pode-se sempre encomendar na Fnac mas tenho em meu poder vários livros e gostava de os vender. Basta que os interessados me contactem para o meu mail lucinda.aranha@gmail.com que eu enviarei o(s) livro(s) pretendido(s) pelos ctt contra reembolso ao preço de 12,50 eur (já com os portes incluídos).
PS- Há efectivamente uma relação entre No Reino das Orelhas de Burro e O Homem do Cinema embora este último não seja um prolongamento do anterior. Quando escrevi No Reino... já pensava escrever um livro sobre o meu pai mas ainda não tinha os contactos indispensáveis para o poder fazer. No Reino... é um caderno de agravos ( se me é permitida a terminologia da revolução francesa) em defesa dos direitos dos animais. Tenho muito gosto em te oferecer um exemplar assim como do Melhor do que Cão é Ser Cavaleiro, uma espécie de romance da cavalaria escrito por duas das minhas cockers.
Um beijo e obrigada pelo apoio que me tens dado, Lucinda
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