Com a devida vénia ao nosso camarada Miguel Pessoa (Coronel PilAv Ref, ex-Capitão PilAv da BA 12 - Bissalanca, 1972/74) e ao Blogue da Tabanca do Centro, reproduzimos o Poste 1306, ali publicado, onde o Miguel, Oficial do Quadro Permanente da Força Aérea Portuguesa, se confessa lisongeado por um "piropo" que lhe foi dirigido por um militar daquele Ramo das Nossas Forças Armadas, quando o equiparou, pelo seu relacionamento e camaradagem, a um Oficial Miliciano.
Também ficamos a saber que o então nosso Tenente Piloto Aviador Miguel Pessoa ainda foi Capitão nos últimos 8 meses da sua comissão de serviço na Guiné.
UM MODELO DE COMPARAÇÃO
UM PIROPO...
Na Guiné, como “piloto da caça”, no dia-a-dia o meu relacionamento com o pessoal da linha da frente dos Fiat G-91 era algo reduzido, limitando-se ao período imediatamente antes do voo e após este, o que não se prestava a um conhecimento profundo do pessoal que nos apoiava. Talvez o facto de ser um oficial do quadro habituado a alguma reserva no relacionamento hierárquico tenha contribuído também para esse distanciamento.
Por outro lado, o ambiente na Esquadra dos AL-III era algo diferente, dada a coesão naturalmente desenvolvida entre a tripulação – pilotos, mecânicos de bordo, atiradores do heli-canhão e as enfermeiras paraquedistas, que complementavam a tripulação nas missões de evacuação.
Embora com as limitações decorrentes desse maior isolamento, os meus contactos no decorrer das missões foram proporcionando um maior conhecimento do pessoal da linha da frente, o que acabou por permitir uma maior aproximação aos mesmos fora das horas de serviço.
Lembro-me de, a convite de um deles, ter assistido a várias sessões de ensaio de uma “banda de garagem” constituída por mecânicos da FAP, e de em outras ocasiões ter participado em alguns convívios por eles organizados.
Como ponto forte deste tempo relembro a recepção que me foi feita à chegada à Base de Bissalanca, no regresso do hospital, comemorando o excelente trabalho desenvolvido por todos na minha recuperação na sequência do abate do meu avião.
Esse relacionamento mais informal que se foi desenvolvendo ao longo da minha comissão permitiu-me uma maior integração e aceitação no grupo, de tal modo que um dia recebi de um deles um piropo que terá constituído para o próprio a melhor apreciação que ele poderia fazer da minha pessoa:
- “O Senhor Capitão(*) é um tipo porreiro! Até parece miliciano!...”
Miguel Pessoa
(*) - Embora em todas as minhas histórias da Guiné se fale sempre do Tenente Pessoa, a verdade é que os últimos oito meses da minha comissão os passei como Capitão, no período entre Novembro de 1973 e Agosto de 1974...
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Nota do editor
Último poste da série de 5 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22434: Blogues da nossa blogosfera (161): PANHARD - Esquadrão de Bula (Guiné, 1963/1974) (5): Garraiada na Monumental Arena do Real Solar Esquadrão - 1972 (José Ramos, ex-1.º Cabo Condutor de Panhard AML do EREC 3432)
3 comentários:
Caros amigos
Não será novidade para ninguém dizer-se que Miguel Pessoa é "um gaijo porreiro".
E é mesmo!
Daí que se alguém, em dado momento, intuiu que a sua forma de lidar com as pessoas era mais própria do que se convencionava ser o comportamento dos "milicianos" do que dos circunspectos e distantes do "Quadro", não se pode levar a mal esse tipo de observação, pois isso corresponde aos estereótipos que se foram inculcando nas várias mentes.
Aliás, o próprio Miguel reconhece que afinal essa expressão soou como que um "piropo".
Não posso é deixar de concordar com uma frase (e o seu sentido mais profundo) que o nosso estimado amigo JBelo colocou neste mesmo post da "Tabanca do Centro" quando de modo sintético referiu que "cognac é cognac….serviço é serviço!" relembrando que quando estas regras não eram cumpridas ou praticadas, esvaía-se a "fundamental diferença entre uma tropa combatente e um…..bando armado!"
Portanto, a interpretação dos comportamentos individuais será a que cada um possa fazer, a dificuldade é saber (e conseguir) doseá-los arrepiar caminho quando e se necessário.
Agora, que eu faço muito gosto e até me sinto orgulhoso da amizade que Miguel Pessoa faz o favor de me dedicar (mesmo com as "picadelas" do costume) isso é para mim inquestionável, seja à "moda miliciana", seja à "moda do QP".
Hélder Sousa
Alto lá! Eu não disse que me sentia lisonjeado com o "piropo", fiquei surpreendido com o seu conteúdo... E referi o termo "piropo" porque terá sido isso que o meu interlocutor pensava estar a transmitir-me. Nunca deixei de ser "um tipo do quadro" lá por me dar bem com os subalternos...
Abraço. Miguel Pessoa
E pronto!
Tal como escrevi, seja à "moda miliciana", seja à "moda do QP", como se pode observar.
Abraço
Hélder Sousa
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