Em mensagem de ontem, 7 de Fevereiro, o nosso camarada Mário Beja Santos enviou-nos esta Informação à Imprensa com a notícia da edição, hoje mesmo, do livro "O Fenómeno Marcelino da Mata, o Herói, o Vilão e a História", biografia escrita por Nuno Gonçalves Poças.
INFORMAÇÃO À IMPRENSA
07.03.2022
A Casa das Letras edita amanhã, terça-feira, 8 de março, “O Fenómeno Marcelino da Mata, o Herói, o Vilão e a História”, biografia escrita pelo advogado Nuno Gonçalo Poças, autor de “Presos Por um Fio – Portugal e as FP 25 de Abril”, livro, cuja publicação em 2021, provocou um enorme debate na sociedade portuguesa em torno daquela organização terrorista.
A morte do tenente-coronel Marcelino da Mata em Fevereiro de 2021, com covid 19, agitou igualmente as águas dos extremismos à direita e à esquerda e desencadeou um feroz, mas inconsequente, discussão pública.
“Este livro não é um manual de glorificação de Marcelino da Mata, nem pretende crucificá-lo ‘post mortem’”, escreve o autor no prólogo, sobre o fundador dos comandos, o militar mais condecorado da História portuguesa , a quem uns chamam “guerreiro mitológico, porta-voz de uma pátria que perdeu a glória”, e outros apelidam de “criminoso e traidor”, nunca acusado pelos crimes de guerra que cometeu.
“Marcelino foi uma personalidade controversa, sim, mas que encerra em si várias das grandes controvérsias por resolver da nossa História recente, tornando-se, por isso mesmo, politicamente relevante para o Portugal contemporâneo, no sentido em que se torna necessário, para arrumar definitivamente o passado, compreender que houve avanços e recuos, incoerências e desacertos em vários momentos políticos e em vários quadrantes ideológicos. O desafio é, pois, promover a pacificação política através da leitura de uma personalidade que, até à data, promoveu mais discórdia e radicalização. A tarefa será, quiçá, mal interpretada por todos aqueles que pretendem fazer da História uma batalha cultural. Se assim for, dá-la-ei por bem-sucedida.”
Este ensaio faz, por isso, uma apologia da moderação a partir da biografia de um polémico militar, tentando gerar um debate desapaixonada sobre assuntos da nossa história recente como a guerra, o período revolucionário, o fim do império colonial, o racismo, o nosso legado na África independente e a procura de respostas e dos consensos possíveis em temas tão sensíveis. Ao longo do livro, Nuno Gonçalo Poças faz um retrato da evolução dos movimentos independentistas na Guiné, da estratégia na Guerra Colonial, e dos seus protagonistas.
«Parece evidente que se foram inventando episódios acerca de Marcelino da Mata, e existem testemunhos que afiançam que várias dessas invenções tinham origem no próprio, mas o certo é que, indiferente à mitomania, a lenda crescia durante a guerra à medida que as medalhas e os louvores se sucediam e confirmavam todas as qualidades militares de Marcelino.
“Marcelino foi uma personalidade controversa, sim, mas que encerra em si várias das grandes controvérsias por resolver da nossa História recente, tornando-se, por isso mesmo, politicamente relevante para o Portugal contemporâneo, no sentido em que se torna necessário, para arrumar definitivamente o passado, compreender que houve avanços e recuos, incoerências e desacertos em vários momentos políticos e em vários quadrantes ideológicos. O desafio é, pois, promover a pacificação política através da leitura de uma personalidade que, até à data, promoveu mais discórdia e radicalização. A tarefa será, quiçá, mal interpretada por todos aqueles que pretendem fazer da História uma batalha cultural. Se assim for, dá-la-ei por bem-sucedida.”
Este ensaio faz, por isso, uma apologia da moderação a partir da biografia de um polémico militar, tentando gerar um debate desapaixonada sobre assuntos da nossa história recente como a guerra, o período revolucionário, o fim do império colonial, o racismo, o nosso legado na África independente e a procura de respostas e dos consensos possíveis em temas tão sensíveis. Ao longo do livro, Nuno Gonçalo Poças faz um retrato da evolução dos movimentos independentistas na Guiné, da estratégia na Guerra Colonial, e dos seus protagonistas.
«Parece evidente que se foram inventando episódios acerca de Marcelino da Mata, e existem testemunhos que afiançam que várias dessas invenções tinham origem no próprio, mas o certo é que, indiferente à mitomania, a lenda crescia durante a guerra à medida que as medalhas e os louvores se sucediam e confirmavam todas as qualidades militares de Marcelino.
E o PAIGC, por sua vez, ganhava a Marcelino da Mata um receio e uma raiva crescentes. Provavelmente, ambos os lados estariam a ser vítimas de algum tipo de exagero provocado, por um lado, pelo próprio regime que precisava de homens como Marcelino para fazer valer a sua posição política e, por outro lado, pela forma como o próprio Marcelino fez crescer a sua fama – não se coibindo de exagerar os feitos, acrescentando zeros às perdas inimigas, por exemplo. Os guerrilheiros achavam-no, pois, um sanguinário execrável, sentimento agravado por se tratar de um negro, guineense, que decidira combater, como tantos outros, embora ele com indiscutível sucesso, do lado da força colonizadora contra a independentista.»
O advogado Nuno Gonçalo Poças é autor do livro “Presos por um Fio – Portugal e as FP-25 de Abril ", editado pela Casa das Letras, em 2021, e que trouxe de novo para ordem do dia a organização.
O advogado Nuno Gonçalo Poças é autor do livro “Presos por um Fio – Portugal e as FP-25 de Abril ", editado pela Casa das Letras, em 2021, e que trouxe de novo para ordem do dia a organização.
O livro teve 5 edições e foi um fenómeno de vendas no ano passado. Formado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, é revisor do Internacional Journal of Business Strategy and Automation, da IGI Global, revista científica norte-americana, onde publicou sobre Ética e Responsabilidade Social nas Decisões Judiciais. É colunista no jornal Observador, onde também escreve ensaios sobre políticas públicas e história contemporânea.
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Nota do editor
Último poste da série de 25 DE FEVEREIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23030: Agenda Cultural (801): Adiada sine die a emissão de "Despojos de guerra", uma série documental da jornalista Sofia Pinto Coelho da SIC (Miguel Pessoa, Coronel PilAv Reformado)
Nota do editor
Último poste da série de 25 DE FEVEREIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23030: Agenda Cultural (801): Adiada sine die a emissão de "Despojos de guerra", uma série documental da jornalista Sofia Pinto Coelho da SIC (Miguel Pessoa, Coronel PilAv Reformado)
7 comentários:
Fundador dos comandos, o Marcelino ? Façam-lhe justiça, não inventem...
Lá estão os "doutorados".
"Fundador dos Comandos"? Nem sequer na Guiné. É provável que tenha pertencido aos primieros Gr Comb. Cmds, mas "fundador"... Não é verdade.
Um Ab.
António J. P. Costa
Depois do que li, estou mortinho por ver quem são as fontes do autor. A verdade é que, cinquenta anos decorridos e após tanta controvérsia infundada, quem conheceu e/ou, de alguma forma, interagiu com a personalidade em apreço não está para ser conotado com nenhum dos alegados lados contraditórios ("Herói ou vilão?")do Marcelino da Mata.
9 de março de 2022 às 01:22
'...escreve o autor no prólogo, sobre o fundador dos comandos, o militar mais condecorado da História portuguesa ...' quem escreve isto é quem está a apresentar o livro.
Não se sabe se foi beber ao livro ou se se baseou no '...existe testemunhas que afirmam que várias dessas invenções tinham origem no próprio'
Essa das invenções do próprio dá para aquela de 'não seria bem assim foi mais uma invenção dele'.
Valdemar Queiroz
... o autor (NGP) merecia-me alguma consideração, desde agora totalmente perdida com a fabricação de todo esse nojo que fez publicar.
Inqualificável!
Olá Camaradas
Sugeria que antes de comprarem lessem o que vem na última "Visão".
Parece-me que não se justificará. Ao contrário, tenho para mim, que é apenas agitar por agitar e criar confusão...
Se quiserem comprem. Por mim, para peditórios destes já dei e não foi pouco...
Um Ab.
António J. P. Costa
Gostei do seu 1.º livro, mas o 2.º, posto à venda, com o título "O Fenómeno Marcelino da Mata; O Herói, o Vilão e a História", tentando ser o mais isento possível por ter sido seu Amigo, lamento o rótulo de "vilão" com base em opiniões de tipos que estiveram ressabiados com a sua actuação em 11 anos de guerra. Convinha ler o editorial do Presidente da Liga dos Combatentes, na sua revista (Combatente) aquando da sua morte em 2021. Como é que os Comandantes-Chefe da Guiné (Shultz, Spínola e Bettencourt Rodrigues atribuíram as condecorações ao Marcelino até 1973 (2 Cruzes Guerra, Torre Espada e mais 3 Cruzes de Guerra, que devia impor uma 2.ª TE) se houvesse qualquer indício de o considerarem como "criminoso de guerra"? Fiz duas entrevistas com o Marcelino em dois dos cerca de 10 livros que publiquei utilizando a designada "História Oral" lançada em Portugal por José Freire Antunes.
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