“INCENDIÁRIO”
(letra adaptada à música da cantiga popular do
cancioneiro minhoto “Laurindinha”; autoria: Joaquim Pinto Carvalho,
Ó “incendiário” que foste à guerra
Ó “incendiário” que foste à guerra
E que regressaste ai-ai-ai vivo à tua
terra ai-ai-ai
E que regressaste ai-ai-ai vivo à tua
terra
Vivo à tua terra de que foste um dia
Vivo à tua terra de que foste um dia
Para assentar praça ai-ai-ai nesta
companhia ai-ai-ai
Para assentar praça ai-ai-ai nesta
companhia
Nesta companhia lá no BC 10
Nesta companhia lá no BC 10
Depois o Niassa ai-ai-ai levou-te à
Guiné ai-ai-ai
Depois o Niassa ai-ai-ai levou-te à
Guiné
Levou-te à Guiné, foste “periquito”
Levou-te à Guiné, foste “periquito”
Nas terras de Buba ai-ai-ai havia
mosquito ai-ai-ai
Nas terras de Buba ai-ai-ai havia
mosquito
Havia mosquito e muita bolanha
Havia mosquito e muita bolanha
Mas naquela guerra ai-ai-ai já ninguém
te apanha ai-ai-ai
Mas naquela guerra ai-ai-ai já ninguém
te apanha
Já ninguém te apanha já ninguém te
quer
Já ninguém te apanha já ninguém te
quer
É na tua terra ai-ai-ai é que é bom viver ai-ai-ai
É na tua terra ai-ai-ai é que é bom viver
É que é bom viver e ter alegria
É que é bom viver e ter alegria
E sem esquecer ai-ai-ai a nossa
companhia ai-ai-ai
E sem esquecer ai-ai-ai a nossa
companhia
A nossa companhia - a dos
“incendiários”
A nossa companhia - a dos “incendiários”
Que está de parabéns ai-ai-ai neste cinquentenário ai- ai-ai
Que está de parabéns ai-ai-ai neste cinquentenário
Oh Laurindinha, vem à janela.
Oh Laurindinha, vem à janela.
Ver o teu amor, (ai ai ai) que ele vai p'ra guerra.
Ver o teu amor, (ai ai ai) que ele vai p´ra guerra.
Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir.
Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir.
Ele é rapaz novo, (ai ai ai) ele torna a vir.
Ele é rapaz novo, (ai ai ai) ele torna a vir.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
1 comentário:
E a propósito da letra de uma aparentemente inocente letra de uma canção tradicional portuguesa...
Ó Laurindinha
Hélder Spínola
15 set 2017 02:00
DN . Diário de Notícias (Funchal)
Com a devida vénia...
https://www.dnoticias.pt/2017/9/15/100364-o-laurindinha/
Quem não conhece a célebre canção popular “Ó Laurindinha”? Que se estende nos versos “...vem à janela. Ver o teu amor, que ele vai p’ra a guerra”. Uma canção cuja origem se perde no tempo, mas que muito jeito fez ao ‘Estado Novo’ de Oliveira Salazar quando quis, com ternura e suavidade, mobilizar a sociedade portuguesa para a guerra no ultramar. “Se ele vai p’ra guerra, deixá-lo ir. Ele é rapaz novo, ele torna a vir”. A canção é uma arma, que qualquer um de nós pode usar, mas que também pode ser usada contra nós.
Quando se quer afagar e aquietar todo um povo, escondendo medos e inquietações que possam atrapalhar desígnios de alguns, são muitas vezes estas as armas escolhidas. “Ele torna a vir, se Deus quiser. Ainda vem a tempo de arranjar mulher”. E assim a guerra entra nos nossos corações como algo romântico que não tem necessariamente que interferir no caminho que queremos fazer para a nossa vida. Mas interfere, mutila, interrompe, trucida, mata, mesmo a daqueles que não chegam a pôr os pés na guerra.
E hoje continuamos a trautear a ‘Laurindinha’, inocentemente. Eu faço-o, e a minha filha de 3 anos também já me imita. Um dia destes, depois da canção, perguntou-me ‘o que é a guerra’. E eu expliquei-lhe... mas a arma da canção é mais forte do que qualquer explicação e, como se vê, atravessa gerações.
Enviar um comentário