Foto nº 1
Foto nº 1A
Foto nº 3
Foto nº 3A
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá _ Setor L1 > Bambadinca > BCAÇ 2852 (1968/70) > Pel Rec Daimler 2046 (1968/1970) > Fevereiro de 1970 > "Eu com um belo conjunto de bajudas junto à capela"... Se não é uma foto de despedida, até parece; mas não, nenhuma delas era conhecida do fotógrafo; dias mais tarde, finda a comissão, em fevereiro de 1970, o Pel Rec Daimler 2046, comandado pelo alf mil cav Jaime Machado, partiria para Bissau donde regressaria à metrópole, no T/T Niassa, em abril de 1970.
Fotos (e legenda): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]
[Foto atual, à direita, do Jaime Machado, que reside em Senhora da Hora, Matosinhos; sua avó paterna era moçambicana; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]
2. Comentário do editor:
Ao tempo do BART 2917 (1970/72), que o Jaime já não conheceu (veio render o BCAÇ 2852, 1968/70), havia só no regulado de Badora (que incluía, Bambadinca, o principal núcleo populacional com c. de 1500 habitantes), uma população total (recenseada e controlada pelas NT) de c. de 12 mil, metade dos quais de etnia fula.
Os restantes eram mandingas (20%), balantas (20%) e outros (10%), onde se incluíam mansoanques, manjacos e alguns cabo-verdianos e metropolitanos, cristãos.
No conjunto do setor L1 (que incluia ainda os regulados do Xime, Corubal, Enxalé e Cuor), o total da população sob o nosso controlo não ia além dos 15200. Segundo a mesma fonte (a história do BART 2917), a população sob controlo do IN, andaria à volta das "5400 pessoas, na sua maioria de etnia Balanta, Beafada ou Mandinga" (nos regulados do Corubal, Xime, Enxalé e Cuor).
Perguntei ao Jaime Machado o que é que estas beldades, bem arranjadas, "bem produzidas" (como se diz no Norte), fariam aqui, junto à capela de Bambadinca, em fevereiro de 1970 ? Era dia de festa ? Era domingo ? Seriam cristãs ? Seriam fulas, seriam mandingas ?
Apesar da sua "memória de elefante", o Jaime confessou que não se recorda de mais pormenores:
O Jaime admite que elas fossem cristãs, estavam com ar domimngueiro, bem vestidas e calçadas. (De facto, não há nenhuma descalça, até por que o chefe de posto não autorizava "pés-descalços" ali nas imediações da "cibilização"...).
Quanto a mim, seriam mandingas, a avaliar pelas feições, pelo vestuário e pelos adornos... Embora houvesse de facto uma pequena comunidade cristã em Bambadinca, não vejo crucifixos ao peito, mas sim colares, e numa delas com um amuleto (talvez em prata, uma figa, que é de origem europeia, etrusca e romana, e não africana, estando associada originalmente ao erotismo e à fertiliddae, e hoje à proteção contra o mau olhado) (foto nº 1 A)...
Por outro lado, a porta da capela está fechada... Fica a dúvida: seriam bajudas cristãs ou fulas e/ou mandingas, islamizadas ? Um certeza: para estas lindas, amorosas, bajudas, era um "dia de ronco", talvez elas fossem, frescas, alegres e divertidas, para algum casamento, ali em Bambadinca ou em Bambadincazinho.
3. Comentário do Cherno Baldé (**):
A postura e o olhar algo envergonhados, a indumentária, os penteados e os enfeites na cabeça e no corpo, dizem isso mesmo.
Ainda seriam solteiras mas, nesta idade estariam todas comprometidas (com casamentos arranjados entre os pais) e aproveitam os últimos meses de liberdade antes do casamento.
A presença de elementos ou símbolos estranhos usados como adornos pode ser explicada por razões de urbanização e da crescente mistura/influência de outros hábitos e culturas em Bambadinca (centro urbano e importante elo de ligação ao resto do país) e arredores, devido à guerra e ao movimento das populações.
(...) A expressao "islamizado/a" não é correcta, seria mais correcto dizer "islâmico/a", pois já nasceram dentro de uma familia, meio e cultura islâmicas, mesmo que superficial. Islamizados seriam os seus bisavos que, de facto foram coagidos (de forma voluntária ou não) a uma conversão, muitas vezes forçaada, nos séculos. XVIII/XIX.
De notar que os portugueses nunca utilizam a expressão "cristianizados" quando se referem aos guineenses de confissão cristã.
(*) Último poste da série > 4 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24617: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (9): ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) - Parte VI: o porto fluvial de Bambadinca, uma das portas de entrada no Leste, a par do porto fluvial do Xime
(**) Vd. poste de 7 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15215: Fotos à procura de... uma legenda (63): Bajudas de Bambadinca, fevereiro de 1970: um "grupo de idade" da etnia fula num dia de festa tradicional (Cherno Baldé, Bissau)
2 comentários:
Acho fabulosa a foto no. 1. De antologia, Jaime.
Uma equipa de futebol. Onze!... Quando veremos as miúdas guineenses a jogar à bola?
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