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segunda-feira, 30 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26968: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942- 1965) (sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619, Catió, 1964/ 1966) - Parte II: o Manuel Luís Lomba estava lá, em Cufar, em 23 de janeiro de 1965


1. Comentário do Manuel Luís Lomba ao poste P26957 (*):

Foto à esquerda: Manuel Luís Lomba: (i) ex-fur mil cav, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66): (ii) autor de “A Batalha de Cufar Nalu” (Terras de Faria, Lda. 4755-204,
Faria, Barcelos, 2012); (iii) natural de Barcelos.

O camarada lourinhanense José António Canoa Nogueira, apontador do morteiro 81, participante da Operação Tridente (Batalha do Como, jan -mar 64), foi alvo de (e mortalmente atingido por) uma granada de RPG, talvez a uns 20 metros de mim, nessa madrugada. 

Adido à CCav 703, pertencia á esquadra que o furriel Santos Oliveira foi instalar no nosso estacionamento em Cufar Nalu, no âmbito da Operação Campo, complementada com as Operações Alicate 1, 2 e 3, entre janeiro e março de 1965... 65 dias de vida à toupeira!...

O IN, comandado por Manuel Saturnino, atacou-nos em meia lua, cortou as primeiras fiadas de arame farpado, o José António ousava fazer fogo de olho e ouvido, orientado pelas chamas do seu armamento... O IN, por sua vez, orientou-se pela chama do seu morteiro, foi certeiro, e ele tombou com uma granada de RPG, eu ajudei a retirá-lo para o posto de socorros, uma tenda em ruínas da antiga fábrica de descasque de arroz.

O alferes miliciano médico João Sequeira já não pôde fazer nada por ele, á luz de um petromax. A vítima foi um moço corajoso.



Capa do livro do Manuel Luís Lomba: leiam-se as páginas 157-169, onde se descreve o ataque do PAIGG a Cufar, em 23 de janeiro de 1965, seis dias depois da sua sua ocupação pelas NT, Foi nessa madrugada que morreu o lourinhanense , sold ap mort, Pel Mort 942, José António Canoa Nogueira (era soldado, mão 1º cabo).

 

Mas o IN também também teve a sua paga, na retirada. A Companhia de Milícias, comandada pelo João Bacar Jaló e por Zacarias Sayeg (futuro capitão do MFA, assassinado após a independência) e o Grupo de Comandos "Os Fantasmas", de Maurício Saraiva, futuro comandante do capitão Salgueiro Maia, em Moçambique, no qual se distinguia o então primeiro cabo Marcelino da Mata e o nosso amigo furriel João Parreira, montaram-lhe uma emboscada de muito sucesso.... sanguinário.

Dos intervenientes, o capitão Fernando Lacerda, o dr. João Luís Sequeira, o furriel Santos Oliveira e o furriel 'comando' João Parreira, e outros indiretos, como os alferes João Sacoto e Carvalhinho estão vivos - e recomendam-se!

Aquele abraço!

sexta-feira, 27 de junho de 2025 às 10:51:00 WEST


(Revisão / fixação de texto: LG)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 26 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26957: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942-1965), sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/1966) - Parte I: nota biográfica

4 comentários:

ManuelLluís Lomba disse...

Luís: devo-te o reconhecimento pela lembrança e, relativamente ao meu livro, escrito há 20 anos, uma correção se impõe.
Eu não fiz diário na Guiné, fazia apontamentos num caderno de "papel costaneira", que o tempo começou a esfarelar...
O meu apontamento rezava que o morto era o cabo da esquadra Gregório da Silva Lopes e que o Pelotão tinha o número 912...
Emedar o erro nunca é tarde.
Obrigado a ti e à lição do Blogue!
Abraço
Manuel Luís Lomba

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Manuel Luís, o teu livro é extremamente rico em termos de informação, observações, detalhes sobre estes anos de guerra... Pode haver um ou outro anacronismo, erro fatual, etc., mas de um modo geral, achei (pela releitura que estou a fazer) que procuraste documentar-te e fundamentar o que relatavas da tua dura e corajosa experiência como combatente...

A batalha de Cufar Nalu é, sem sombra de dúvida, é um texto antológico, e que merece melhor divulgação através do blogue...Num mail que te acabei de mandar, com conhecimento ao Santos Oliveira, também me penitenciei pelo troca do Pel Mort 912 com o 942 (a que pertenceu o bravo mas infortunado Canoa Nogueira).

ManuelLluís Lomba disse...

Bom dia, Luís!
Respondo-te por este meio porque tenho o email "encravado".
O meu livro contem todas as deficiências de investigador e de escriba amador, de seu redator, revisor, editor e distribuidor. Para a sua reedição teria que o corrigir e aumentar, para o que parasitaria o acervo de conhecimento do Blogue!
Quanto às publicações no blogue, faz o que e como entenderes - e muito grato te fico pela distinção.
Boas férias, na Lourinhã, Candoz, na Praia da Madalena ou notro lugar na terra e no mar.
E votos da melhor saúde, extensivos aos teus.
Manuel Luís Lomba

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Manuel Luís, fizeste o melhor pudeste e soubeste, na altura... Com o teu inegável talento literário e a tua paixão por aquela terra "verde-rubra"...E tiveste logo o reconhecimento do nosso crítico literãrio, o Mário Beja Santos:

Queridos amigos,
Avanço desde já que o livro do Manuel Lomba fará estalar alguma controvérsia, não propriamente pelo relatos da vida operacional mas pela miríade de considerações de índole política sobre tudo quanto se passou antes, durante e após a luta armada.

É um escritor que possui um domínio da língua, faz soltar os sons e liberta os sentidos na hora própria.
Há para ali parágrafos de raro valor, o tempo dirá. Estudou, esteve atento, colheu informação e não esconde o seu olhar peculiar sobre as coisas da Guiné.

Nunca me passara pelas mãos uma obra de tanta errância à mistura pelo gosto de contar e reviver as suas lembranças que não se apagam.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Guiné 63/74 - P10554: Notas de leitura (421): "Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar Nalu", de Manuel Luís Lomba (Mário Beja Santos)