sábado, 3 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6670: V Convívio da Tabanca Grande (14): Caras novas (Parte III): O João Barge, da CCAÇ 2317, que foi meu actor em A Cantora Careca, com o Rui Barbot/Mário Claúdio... (Carlos Nery)











 Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  > (*) Em cima (as três primeiras imagens), o João Barge e o Carlos Nery... Em baixo, o João Barge, ao meio, com o Idálio Reis (à direita, segurando uma cópia das letras do Cancioneiro de Gandembel) e o camarada,  advogado da Tabanca de Matosinhos, que, na Guiné, chegou a ser graduado capitão ou comandou a sua companhia (Imperdoável: não fixei o seu nome, espero que o Carlos Vinhal ou o Eduardo me dêem uma ajuda para colmatar esta branca; é outra cara nova nos encontros da Tabanca Grande, e que não precisa de convite para se juntar aos bravos do pelotão).

 

1. Comentário, com data de hoje,  de Carlos Nery ao Poste P6630:





E não é que, em Monte Real, fui encontrar o João Barge, outro dos "meus" actores de Bissau?!

O João, afinal, faz parte da Tabanca Grande e descobri-o agora, esteve comigo em Buba, também.

Eu explico, houve uma altura em que Buba foi terra de "muitas e desvairadas" gentes. Abria-se aquele "elefante branco" que foi a Estrada Nova, (um dia falarei nessa empresa que custou vidas, sofrimento e imenso esforço e que nunca serviu para nada); uma das unidades que ali esteve, creio que durante três meses, foi a companhia que estivera em Gandembel, a CCaç 2317, a que o Alf João Barge pertencia.

Certamente que o conheci nessa altura mas não me recordo. Mais tarde, quando em Bissau decidimos fazer A Cantora Careca,  creio que não tive a noção daquilo que havia sido a experiência de guerra do João.

Várias vezes o Barbot [hoje, o escritor Mário Claúdio,] me perguntara, mais recentemente, pelo João. Dali mesmo, de Monte Real, lhe comuniquei que o encontrara, finalmente, e que estávamos ali os dois. Pois está "na calha" um encontro, algures, destes três amigos!


2. Comentário de L.G.:

Como a gente costuma dizer, quando estamos sentados debaixo do poilão da Tabanca Grande, à sombrinha, protegendo-nos dos rigores da canícula, e descansando o corpinho da longa e difícil jornada do dia, "o mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande!". 

O João, já o conhecia, superficialmente, de um dos primeiros convívios da Tabanca do Centro. Ele é natural de (ou residente em) Leiria. Agora, o que não imaginava que ele era também um dos homens-toupeira de Gandembel e um dos famosos letristas do Cancioneiro de Gandembel. Daí ele aparecer ao lado do Idálio Reis que, de resto, me ficou de mandar uma cópia das letras do Cancioneiro (que não se resumem ao hino)... 

O João Barge, ex-Alf Mil, de rendição individual, que passou pela CCAÇ 2317 (Gandembel e Ponte Balana, 1968/69), vai honrar-nos, naturalmente, com a sua adesão formal à Tabanca Grande: falta-nos mandar a "chapa da tropa"...  A pouco e pouco, o encenador Carlos Nery vai juntando os actores que deram brado, em Bissau, no QG, na representação da peça A Cantora Careca, de Eugénio Ionesco (1909-1994), o franco-romeno, considerado um dos pais fundadores do Teatro do Absurdo. [Para quem quiser saber mais, vd. aqui o  texto em português de A Cantora Careca].


3. Comentário (posterior) de Arménio Estorninho:

Olá, Camarada e Amigo Carlos Ner  (já conhecemo-nos de Buba e dos almoços-convívio). Lá vai uma ajudinha aqui das bandas do Sul e com forte calmeiro de Sueste.

Na foto quatro, o Camarada e Amigo não identificado, trata-se do ex-Capitão Graduado  Inf Eduardo Moutinho F. Santos, hoje Advogado na cidade do Porto.  Comandou a CCaç 2381 "Os Maiorais", 1968/70 e tomando posse a 09/11/69, em Empada.

Distinto Oficial, Alferes Mil da CCaç 2366/BCaç 2845, foi Graduado em Capitão por actos praticados em combate que ilustram as Forças Armadas, por Despacho de 03/11/69 de S.Exª o General Comandante-Chefe.

Assim como, em 14/12/69, foi atribuído ao Comando da Unidade,  além da responsabilidade Militar, a da Administração Civil do Sub-Sector. Pela primeira vez na Província da Guiné.

Com um abraço amigo
Arménio Estorninho 

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Nota de L.G.:


(*) Vd. último poste desta série > 2 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6669: V Convívio da Tabanca Grande (11): Caras novas (Parte II): Jorge Araújo, Acácio Correia, Manuel Carmelita, Eduardo Campos... (Luís Graça)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6669: V Convívio da Tabanca Grande (13): Caras novas (Parte II): Jorge Araújo, Acácio Correia, Manuel Carmelita, Eduardo Campos, João Malhão Gonçalves, Júlia Neto, Arménio Santos.. (Luís Graça)



Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Pessoal da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74), visivelmente bem disposto, à hora dos aperitivos & entradas: Jorge Araújo  (Almada), António Costa (Mem Martins / Sintra), Acácio Correia (Algés / Oeiras), António Sousa Bonito (Montemor-O-Velho) e Sousa de Castro (Viana do Castelo)... O Jorge e o Acácio são caras novas nos nossos encontros.


O Acácio (ex-Alf Mil) entrou há muito pouco para a nossa Tabanca Grande. O Jorge (ex-Fur Mil) vai entrar em breve, faltando mandar-nos um foto do antigamente, e apresentar-se ao pessoal atabancado, como manda o figurino (De qualquer modo, o seu nome já na nossa lista, na letra J)...


O Bonito (ex-Fur Mil) já é repetente (esteve na Ortigosa, em 2009, mas estranhamente o seu  nome não consta da lista alfabética dos Amigos e Camaradas da Guiné, o que é imperdoável... Vamos regularizar a situação, pedindo também ao Bonito para nos mandar uma chapa da tropa... Entretanto, o seu nome passa já a figurar na nossa lista, na letra A, de António...


Quanto ao Sousa de Castro, foi com especial alegria que eu o revi e o abracei: como eu já tenho dito e redito, se não fosse um mail dele, em Abril de 2005, o blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné nunca teria existido, pelo menos neste formato... É da autoria dele o poste nº 6, de 22 de Abril de 2005, todos os outros anteriores são meus, remontando o primeiro a 23 de Abril de 2004, um ano antes (quando o blogue ainda se chamava simplesmente Blogue-Fora-Nada).


Vídeo (34''): Luís Graça (2010). Alojado em You Tube > Nhabijoes



 Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  > Outra cara nova, o Manuel Carmelita, de Vila do Conde (Veio acompanhado da esposa, Joaquina; vivem em Vila do Conde; ele é um grande fotógrafo, de tal maneira de que a Tabanca de Matosinhos já é pequena para ele; não sei nada da sua vida militar na Guiné, só sei que foi professor primário)...

Desta vez, foi o fotógrafo que foi apanhado pelas objectivas do Jorge Canhão e do Carlos Vinhal... Não tenho a certeza, sequer, de lhe ter dado uma palavrinha em Monte Real. Indesculpável, camarada Carmelita, mea culpa, mea culpa!... Até um dia destes, na Tabanca de Matosinhos. Mas fica aqui o convite para actualizares o teu cadastro e regularizares a tua situação na Tabanca Grande (donde já constas, na letra M)...

Fotos: © Jorge Canhão; Carlos Vinhal (2010). Direitos reservados


Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Sousa de Castro, o antigo 1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74), e hoje técnico fabril reformado dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, exibindo um velho Emissor / Receptor AVP1 usada na nossa "guerra a petróleo" (como diria o António Costa, que capitaneou
a rapaziada da CART 3494)...

Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Outra cara nova... O Eduardo Campos, esse, sim  1º Cabo Trms (CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), matando saudades do velhinho AVP1, numa simulação de comunicação com o Sousa de Castro... O Eduardo é cunhado do J. Casimiro Carvalho, o Pirata de Guileje (e herói de Gadamael), a Ana Carvalho(que esteve no nosso encontro) é sua mana. O Eduardo esteve recentemente na Guiné-Bissau. Pedi-lhe para escrever mais umas notas de viagem. Foi a tudo o que era sítio, incluindo a famosa Ponte de Caium (tenho aqui duas fotos dele para entregar pessoalmente ao Jacinto Cristina).

Fotos: © Sousa de Castro  (2010). Direitos reservados

Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné &gt > Nesta foto, da esquerda para a direita: Isabel, esposa do nosso camarada Pereira da Costa (estiveram no nosso IV Encontro, em 2009); duas caras novas no Encontro, a Leonor e a Júlia Neto, respectivamente, neta e viúva do nosso saudoso Capitão Zé Neto, e finalmente António Estácio, também um estreante nos nossos convívios.

Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné &gt > Surpreendido pela objectiva de Mário Fitas, um representante da CART 2732, João Malhão Gonçalves que quis sentir de perto o nosso ambiente. Fez-se acompanhar da sua esposa Gracinda. Na foto reconhecem-se ainda os veteranos do Blogue, Xico Allen e António Santos. O João está igualmente convidado a ingressar na nossa Tabanca Grande.

Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné >  Mestre e ex-aluno (da Lusófona), dito de outra forma, o nosso camarada Jorge Cabral e o novo tertuliano e também estreante nos Encontros da Tabanca Grande, o Arménio Santos (dirigente sindical e deputado).


Mais fotos estão disponíveis no Álbum Picasa, na conta do nosso co-editor Carlos Vinhal:

(i) Fotos de Manuel Carmelita


(ii) Fotos do Mário Fitas




Vídeos disponíveis no You Tube, na conta do Sousa de Castro:



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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior desta série:


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6668: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (35): Diário da ida à Guiné - 17/03/2010 - Dia catorze


1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 19 de Junho de 2010:

Caro Carlos:
Cheguei ao fim dos relatos da minha visita à Guiné-Bissau. Este é o último. Não sei se alguma vez terei a oportunidade de passar outros quinze dias tão “cheios”.

Um abraço
FG


A GUERRA VISTA DE BAFATÁ - 35

Diário da Ida à Guiné – Dia Catorze, último dia (17- 03-2010)

Como era costume, levantei-me cedo para ir ver pela última vez…

…última vez… Era o último dia que passava na Guiné. Também agora, ao escrever, estou a sentir sensação idêntica por ser o último relato que faço desta minha viagem à Guiné-Bissau que talvez tenha sido a viagem de que mais gostei em toda a minha vida. As condições que lá se proporcionaram possivelmente não mais se repetirão…

…Como ia dizendo fui pela última vez ver a armadilha. Nada. Recolhi o fio para levar numa próxima ida à Guiné.

Antes de almoço fomos a Bissau. Pelo caminho fizemos uma visita a um empresário português nosso conhecido. Em Bissau substituíram-nos a mola partida da carrinha (40.000 f) e comprei colorau para, ao jantar, confeccionar um gaspacho andaluz pois a sopa, embora sempre boa, achávamo-la quente demais para aquele clima.

No regresso, junto à ponte sobre o rio Mansoa, mais uma vez comprámos camarão tigre para o almoço, que foi acompanhado com uma salada à base de flor de bananeira. O Xico e também os africanos ficaram surpreendidos com as possibilidades da flor de bananeira.

À tarde fotografei o que considerei uma autêntica instituição nacional guineense: Um fogareiro. Em qualquer estrada por onde se passe há sempre sacos de carvão à venda. É com esse combustível, nada ecológico, pois contribui para a desflorestação do território que, nos tais fogareiros, e não só, fazem muitas das refeições.


Foto 1 > Aquecendo água para o chá no fogareiro de roda de bicicleta.

É sabido que em Moçambique e em Angola os miúdos fazem brinquedos (carrinhos, etc.) de arame, autênticas obras de arte. Por toda a Guiné-Bissau, agora não os miúdos mas os adultos, fazem uns fogareiros tendo por base uma roda velha de bicicleta. Aproveitam só o eixo e os raios. Os raios de um dos lados do eixo são “encordoados” como um cesto, com arame de cobre, formando o corpo principal do fogareiro. Com os raios do outro lado “tecem” a base. Vi-os por toda a Guiné tendo-os achado de uma criatividade fora do comum.

Jantámos o tal gaspacho andaluz e ainda antes do telejornal fui pagar à minha lavadeira, que morava nuns armazéns na periferia do empreendimento. Chegado lá, com uma escuridão total, notei que estavam várias pessoas por ali. Umas estariam a fazer o “cume” e uns miúdos estariam a tomar banho. Perguntei pela Augusta. Disseram-me que estava para Bula. Disse ao que ia e que depois o Sr. Francisco Allen lhe pagaria.

Chegaram-me uma cadeira e comecei a conversar com o pessoal. Em determinada altura ouço uma voz vinda do escuro: What is your name? Por momentos fiquei mudo mas reagindo respondi: - My name is Fernando. Quem me interpelou passou a falar em português… para meu descanso. Perguntei-lhe porque é que falou em inglês tendo-me dito que era por ser gambiano.

Fiquei a saber pela primeira vez, e ali às escuras, que na Gâmbia se falava inglês e não francês como eu supunha. Tinha sido portanto uma colónia inglesa.

Conversámos um pouco tendo-lhe perguntado qual o nível de pobreza da Gâmbia. Também ali fiquei a saber que, para aquele gambiano, dos três países da zona, a Guiné-Bissau era o mais pobre seguido do Senegal e a muita distância, a Gâmbia. Outra surpresa para mim.

Tirei algumas fotos mas na escuridão era complicado enquadrar os vultos.


Foto 2 > Na escuridão total o rapaz mais velho dá banho aos mais novos, não sendo irmãos uns dos outros.


Foto 3 > Só cá em Portugal pude reconhecer os miúdos que tinha fotografado no banho e às escuras. Era a Osenda, de quatro anos, e o Nelson da mesma idade, este filho da Augusta. Costumavam ver televisão connosco à noite.

Depois de fazer contas com o Xico e de me despedir do pessoal seguimos para o aeroporto. Eram cerca de dez da noite e a temperatura rondava os quarenta graus. O Xico deixou-me e aí estava eu no fim da minha ida à Guiné e a caminho de Lisboa.

Como uns dias antes tinha estado na gare de entrada de passageiros, onde tínhamos ido levar uns camaradas, tinha observado os procedimentos da verificação da bagagem, autenticamente de faz de conta. Para abreviar direi que acabei por ir para o avião com a enorme navalha de ponta e mola (que muito jeito me fez lá), uma garrafa de litro e meio de água e umas nozes de cola para mostrar cá ao pessoal.

Em Lisboa e por o aeroporto ser como é, a referida navalha protagonizou uma estória, que só contada. Mas chegou comigo ao Porto.

Para amenizar, ainda direi que durante toda a estadia, uma coisa que sempre me admirou foi o tratamento do cabelo de todas as mulheres guineenses. Há quarenta anos arranjavam-no da forma mais simples possível mas agora era uma delícia ver os arranjos dos cabelos das africanas, especialmente em Bissau. Cá em Portugal ainda não vi o entrançado com o encaracolado nas pontas que lá era vulgar.

Foto 4 > A Elisa e a Missinda, duas bajudas de tabanca (com catorze anos) com os cabelos devidamente tratados.

No aeroporto pedi a um casal que me deixasse tirar uma foto ao cabelo da senhora. Na conversa que se seguiu foi-me dito que lá, o custo de um arranjo semelhante era de 10 euros.

Foto 5 > Na gare do aeroporto. Cabelos tratados deste modo viam-se, em Bissau, a todo o momento.

Muitas estórias ficaram por contar e muitas fotos e filmes ficaram por ver.

Até sempre camaradas.
Fernando Gouveia
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Nota de CV:

Vd. postes da ida de Fernando Gouveia à Guiné-Bissau de:

3 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6101: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (24): Diário da ida à Guiné - 04/03/2010 - Dia Um

19 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6185: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (25): Diário da ida à Guiné - 05/03/2010 - Dia dois

27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6262: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (26): Diário da ida à Guiné - 06/03/2010 - Dia três

30 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6285: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (27): Diário da ida à Guiné - 07/03/2010 - Dia quatro

6 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6330: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (28): Diário da ida à Guiné - 08/03/2010 - Dia cinco

13 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6384: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (29): Diário da ida à Guiné - 09/03/2010 - Dia seis

22 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6451: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (30): Diário da ida à Guiné - 10 e 11/03/2010 - Dias sete e oito

26 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6473: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (31): Diário da ida à Guiné - 12 e 13/03/2010 - Dias nove e dez

3 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6525: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (32): Diário da ida à Guiné - 14/03/2010 - Dia onze

7 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6555: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (33): Diário da ida à Guiné - 15/03/2010 - Dia doze

13 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6584: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (34): Diário da ida à Guiné - 16/03/2010 - Dia treze

Guiné 63/74 - P6667: As nossas mulheres (10): Um pouco de mim (Ana Duarte)

1. Mensagem de Ana Duarte, viúva do nosso camarada Sargento-Mor Humberto Duarte, que foi Fur Mil Op Esp / RANGER do BCAÇ 4514, Cantanhez -1973/74.

Um pouco de mim

Sou Ana Duarte,  viúva de Humberto Duarte,  Ranger que esteve na Guiné no BCaç 4514. Em 2000 foi considerado DFA e em 2002 reintegrado nas FA, fez o curso de Sargento Ajudante e infelizmente partiu em Fevereiro, sendo na altura o Sargento-Mor mais antigo de todas as FA no activo.

Sou moçambicana, vim em 75, éramos seis irmãos, casa sempre cheia de adultos e miúdos. Em casa era sossegada só lia e fazia puzzles, na rua tinha a alcunha de turra ou chamuça, gostava de me sentar a ouvir os mais velhos e o descanso de subir muros e árvores era ouvir a conversa dos escuteiros mais velhos e tentar perceber porque aqueles rapazes tão bonzinhos quando iam pró norte fardados voltavam brutos. O primeiro contacto com stress pós-traumático, tinha eu 9/10 anos, foi com um dos tais rapazes que tinha boina vermelha e tinha estado lá em cima,  perto de Tete.

Lutei ao lado do Humberto para conseguir que ele fosse considerado DFA e depois reintegrado. Depois disso foram vários os camaradas que foram por nós ajudados a iniciar os seus processos. Muitas vezes era eu que,  nos almoços, jantares e na concentração do 10 de Junho,  lhe chamava a atenção para este ou aquele.

Conheci alguns que um ano estavam impecáveis e no ano a seguir eu notava qualquer coisa no olhar que me dizia que o stress acumulado durante anos estava prestes a estoirar; quantos tinham empregos estáveis, uma vida familiar que parecia impecável e de repente tudo desmoronava e normalmente ficavam sós!?

Não estou a criticar familiares porque sei por experiência que não é facil viver com alguém que tenha uma percentagem grande de stress de guerra e muitas mulheres e filhos não têm conhecimento de causa daquilo que vocês passaram, a maior parte das fotos que elas viram foi em poses ou em descanso, falar normalmente quem verdadeiramente passou não fala e depois são alcunhados de malucos, bêbados... Têm problemas com álcool, muitos têm, mas porquê?

Eu tenho amigos que até me aturavam, mas como se habituaram a eu aguentar tudo, agora sou eu que não sou capaz de chorar ou queixar-me à frente deles, são as desvantagens de estar durante 12 anos na retaguarda de alguém com 40% de stress de guerra,  sempre preocupado com os outros, sempre a querer ajudar, mas quando as coisas corriam mal tinha que explodir e o normal no ser humano é explodir com quem se gosta mais.

Tenho doze anos tão intensos que pessoas que viveram 40 anos juntas, não têm. Pessoas que não conheciam a nossa história, mas nos conheciam pessoalmente, agora ficam muito espantadas e há quem não acredite que só vivíamos juntos há 12 anos.

Tenho muitas histórias que talvez ajudassem mulheres que amem mesmo o seu companheiro, mas que lhes seja extremamente difícil por vezes aguentar quando por alguma razão há uma descarga de stress, mas ao mesmo tempo essas mesmas histórias lidas por quem não consiga perceber o que é o stress pós-traumático, podem servir para,  como tanta vez infelizmente ouvi, [criticae],  "eram uns assassinos e agora são bêbados, agressivos.."

Tinham que ser histórias filtradas por alguém competente, que eu não sou, pois eu rio-me delas e não é agora, porque quando passavam as crises e algumas foram bem grandes, eu falava com ele, ríamos juntos e muitas vezes ele acabava a dizer "eu não sei como me perdoas,  como aguentas" e eu a responder "percebo-te, gosto de ti e amo-te".

Conhecem o filme Nascido a 4 de Julho? Eu costumava-lhe dizer que era a vida dele,  só que em vez de vir em cadeira de rodas, a cabeça dele é que tinha vindo.

Em 1998 vivia sozinho numa casa com um cão, uma cadela e um gato, água e luz com ligação directa, despensa e frigorífico vazios, de manhã bebia água e fingia que era leite, jantava em casa de um camarada, de vez enquanto tinha dinheiro que umas "amigas" lhe davam, deitava as beatas pela janela para as ir apanhar de madrugada, desfazê-las, secá-las na cloche e fazer novos cigarros. A 28 de Fevereiro de 2010 morre em casa nos braços da mulher, sendo o Sargento-Mor mais antigo das FA no activo, depois de reintegrado por streess pós-traumático.

Fico danada quando me dizem,  como disseram ontem,  "se não fosse a Ana..." porque a partir do momento em que o conheci, percebi o que tinha, gosto dele e o amo, só faço aquilo que tenho de fazer, ele também fez muito por mim, amou-me e casei, porque ele quase me obrigou para poder ter as regalias que tenho.

Gostei das fotos dos monumentos aos combatentes, mas já está na hora de isso passar para o outro lado, sair dos blogues dos ex-combatentes, passar para a nova geração, entrar nas escolas, nem que seja naquele dia em que o neto ou filho chegam dizendo que a professora quer um trabalho sobre o passado de Portugal ou o porquê do 25 de Abril.

A minha "guerra" era essa,  ao lado do meu marido e agora continua, eu sou educadora, neste momento as idades com que trabalho não dá para isso (2/3 anos), mas trabalhei muitos anos com miúdos de primária e aproveitava sempre essas datas para explicar qualquer coisa àquelas crianças. Deu frutos, porque no dia 12 estive em Belém, e a minha companhia foram, um com 22 anos que é militar e foi o último a quem o meu marido impôs a boina, um com 19, um dos tais de quem fui educadora, um com 13, vizinho, que um dia estava aflito com um trabalho sobre o 25 de Abril e os pais não sabiam explicar, e o meu neto com 7 anos que se fica quieto quando do toque do silêncio aos mortos, e na altura do Hino, que o canta todo.

Outra coisa, o 10 de Junho tem de ser em Belém, é lá que suposta ou verdadeiramente estão os nomes de todos, é uma maneira de chamar a atenção da opinião pública, ou então arranjem um dia dos ex-combatentes e vão lá todos. Em Abril estive no Porto, fui entregar uma lembrança do meu marido a um Camarada, e ele levou-me a um jantar de caloiros e fez-me falar.

Detesto falar em público, mas fi-lo para lhes falar dos ex-combatentes e no fim vieram agradecer, porque tinham pais, tios... que estiveram lá fora, que eles percebiam que havia qualquer coisa, mas não sabiam nada da guerra, nem do que muitos sofrem em silêncio por causa dela.

Desculpem o desabafo, mas eu sei o que passaram, o que passam hoje, conheço bem alguns que com a idade as coisas só pioraram, as mulheres não perceberam e agora estão com dificuldades e sozinhos.

Ana Duarte
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6591: O discurso de António Barreto no dia 10 de Junho de 2010 (3): O dia do ex-combatente devia ser comemorado noutra data (Ana Duarte)

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6310: As nossas mulheres (16): Hoje é Dia da Mãe (Felismina Costa)

Guiné 63/74 - P6668: Estórias do Juvenal Amado (28): Ele voltará a crescer, ou a entrada na vida militar

1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 19 de Junho de 2010:

Meu caros Luis, Carlos, Briote, Magalhães e restante Tabanca Grande
Foi bonita a festa pá mas há que voltar ao trabalho.

Assim uma pequena estória ligth que retrata a nossa entrada na vida militar.

O Zé Lourenço é meu amigo até hoje.
Encontro-o várias vezes quando vou buscar a minha mãe e ele está visitar um amigo comum, que inflizmente está muito doente.
Esse amigo trabalhou comigo na Crisal, mas hoje está agarrado a uma cadeira de rodas.
Práticamente só já mexe a cabeça, mas mesmo assim ditou estórias para crianças que uma funcionária do lar escreveu, e com elas, foi editado um livro muito bonito.

Vou pedir-lhe autorização para enviar à tertúlia uma das suas estórias
Também quero trazer o Zé ao nosso convívio.

Um abraço
Juvenal Amado


8.º Pelotão com o Asp. Of. Mil. Pimenta e o 1.º Cabo Miliciano Picado


ELE VOLTARÁ CRESCER

Cortei o cabelo num barbeiro perto da entrada do Convento de Sta. Clara, onde funcionava o CICA 4, onde naquele 9 de Junho de 1971 me apresentei para dar início à recruta e aos anos que se seguiram como militar.

Durante a viagem de comboio, o Zé Lourenço ria-se ao garantir aos outros recrutados, que eu entraria na porta de armas com o cabelo civil.

Foi visível o agrado com que o barbeiro já com alguma idade, meteu a máquina zero e cortou primeiro o lado esquerdo, para eu ver bem a diferença entre o antes e o depois. Sabe-se que os barbeiros nutriam alguma animosidade para com a malta que de longos cabelos lhes passava à porta e que nem para lá olhavam, por isso o natural regozijo dele.

Naquela cadeira para trás ficaram os longos cabelos, e a roupa também ao jeito do que se usava lá fora, que se vendia nos Porfírios em Lisboa. A mesma ficou no saco até que em Abrantes, o dito foi-me roubado por alguém que nessa mesma noite embarcou para Angola, no batalhão que eu ajudei a acarretar para o Rossio ao Sul do Tejo, em viagens sucessivas com uma Morris de toldo.

Voltando a Sta. Clara, foi um dia longo o da nossa chegada. Distribuição das fardas, botas, um talher, camas e caixas onde guardávamos as nossas coisas e era fechada com o famoso aloquete que se vendia na cantina e que eu até ali, sempre lhe tinha chamado cadeado. A caixa era arrumação para os nossos pertences e ficava debaixo do beliche.

Naquele dia os meus medos resumiam-se aos mais velhos, que viriam roubar-nos o que a eles já lhes faltava e ao não conseguir calçar e apertar as botas a tempo, para a formatura da manhã seguinte. Este facto para além do resto, contribuiu para que a nossa primeira noite fosse agitada, e ainda não tinha amanhecido, já eu estava à volta com os cordões das benditas botas.

Cedo aprendi que o talher para nada servia e passei a usar como os demais só a colher enfiada na bota. No bolso lateral das calças a caixa de pomada e escova, pois as botas ao fim da manhã e ao fim do dia, tinham que estar no mínimo pretas.
O resto das higienes eram mais difíceis como por exemplo tomar banho ou ao menos ter água para fazer a barba, que se queria irrepreensível. Só ao fim semana havia água com abundância e quando andávamos na instrução, para os faxineiros fazerem a limpeza da camaratas e retretes.
Rapidamente ganhamos a cor de terra e a lama depois de seca saía facilmente. Valha-nos isso.

O Zé Lourenço ficou no 6.º pelotão e eu no 8.º, éramos pois do 1.º subturno do 2.º turno de 71. O 1.º turno ficava na outra parede à esquerda de quem entrava na caserna, eram um mês mais velhos, por isso já considerados a «velhice».

Os beliches estavam encostados quatro a quatro e ainda hoje estou por saber o porquê de os percevejos atacaram violentamente o meu colega do lado, rapaz da Cálvaria, Porto de Mós, e nunca me tocaram a mim. As grandes batatas que ele apresentava, levaram-no várias vezes ao hospital militar.

Bem daí para a frente era extenuante o dia. Aulas de manhã em posição de descansar, mas nem na parede podíamos tocar. As flexões e abdominais, por castigo, sucediam-se por qualquer falha no código, ou por mudarmos o peso de uma perna para outra.
Ordem unida à tarde, mal por mal era por mim preferida. Marchas e marchas, pista de obstáculos, desarmar e armar a G3, bem como a instrução nocturna.
Saltávamos o fosso, a ponte interrompida, caminhávamos sobre o pórtico, rastejávamos debaixo do arame farpado, mas a minha maior tragédia foi a paliçada.

Saltar a paliçada tirou-me o sono durante as primeiras semanas, é verdade. Aquilo era digno de desenho animado quando eu ali chegava, todos desatavam a rir. Não era capaz, o que queriam que eu fizesse?

Um camarada ficava para trás para me ajudar a suprir este obstáculo.
Um dia saltei sozinho e que sabor a vitória, sim por eu não queria ser conhecido por pés ou cú de chumbo, que era pior.

Safei-me e passei ao anonimato depois de ter sido pelo o facto tristemente famoso.
Passei a dormir cada dez minutos, cada meia hora cada hora onde estivesse.

Já falei na estória anterior do famoso galho, mas não posso deixar de falar dele outra vez.

Depois de já termos saltado, caminhado, corrido, rastejado subido e descido cordas, saltado de carros em andamento, inexplicadamente continuávamos sem passar por ele.
Parecia uma sentinela firme e hirto.

O jornal da caserna já difundia que o referido obstáculo tinha sido proibido por ter caído lá um instruendo que partiu a coluna e mais não sei o quê. Ninguém sabia donde vinha semelhante noticia, mas à boa maneira da tropa, um dizia que tinha ouvido da boca de gajo a quem tinham contado, mas já não se lembrava quem.

Resultado, uma bela manhã, depois de já bem tratados de exercícios, pista de obstáculos, o nosso cabo miliciano Picado mandou ensarilhar as armas. Em bicha de pirilau, mandou-nos subir ao escadote de madeira tipo cadafalso, que já tinha tido melhores dias e por isso abanava por todos lados. Uma vez lá cima, à voz de comando do cabo Picado, - diga o seu nome e salte - lá saltei o galho. Bem só voltei a saltar quando me mandaram, outros houve, que o já desciam de cabeça para baixo, como o meu amigo Turquel, que dormia na cama por cima de mim.

No dia do juramento de Bandeira, eu e Zé Lourenço abraçamos as famílias, arrumamos as nossas coisas e rumamos ao RI6, na Estrada da Circunvalação, Porto.

Três anos mais tarde o cabelo voltou a crescer, só não voltaram os anos de alguma forma mal aproveitados, ainda que com muitas passagens saborosas.

Juvenal Amado

No dia do Juramento de Bandeira, e Juvenal Amado com o José Lourenço
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6606: Parabéns a você (121): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CCS/BCAÇ 3872 (Editores)

Vd. último poste da série de 15 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6595: Estórias do Juvenal Amado (27): Os lugares e os amenos fins de tarde da nossa terra

Guiné 63/74 - P6666: (Ex)citações (83): Dois povos pacíficos, o da Guiné e o de Portugal (Amadu Djaló, nascido em Bafatá, em 10 de Novembro de 1940)


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Em primeiro plano, o Virgínio Briote e o Amadu Djaló, um e outro muito acarinhados por todos. Não sei o que é o que Virgínio, um homem sábio, europeu,  estava a pensar, mas possivelmente estava a organizar a sua resposta à questão, pertinente,  levantada pelo Amadau, outro homem sábio, africano: "Os portugueses, a alguns povos, deram-lhes novos nomes e apelidos, livros para estudar e consideraram-nos civilizados. Desta civilização não precisávamos, mas faltava-nos a cultura, porque a cultura, de onde sai não acaba e de onde entra não enche. E no nosso Alcorão está tudo, moral, comportamento cívico e civilização e nós não precisávamos de ser civilizados, o que nos faltava era escola para aumentar os nossos conhecimentos"...


Foto: © Luis Graça (2010). Direitos reservados


1. O Amadu Djaló, nosso camarada, falhou o encontro em Monte Real.  Ou melhor, foi a saúde dele que não o permitiu. O seu irmão Virgínio Briote inscreveu-o no encontro, e estava preparado para o trazer e levar, de carro. Como no ano passado.

Tínhamos pedido ao Joaquim Mexia Alves para reservar uma salinha, para a cerimónia de apresentação do livro dele aos amigos e camaradas da Guiné, reunidos sob o poilão da Tabanca Grande (Um poilão frondoso, generoso, e cada vez mais majestoso,  aonde se acolhe também o Amadu, futa-fula, velho combatente, nascido  em Bafatá, na freguesia de N. Sra da Graça, no dia 10 de Novembro de 1940, incorporado no exército português em 1962 e passado à disponibilidade em 1974)...

Mas, aos 70 anos, a saúde prega partidas, aos velhos combatentes. Só Deus sabe, dirá o Amadu, mas a verdade é que a vida lhe está a fugir. E o seu sonho ainda é ir morrer à sua terra. Os amigos (e muito em particular o nosso camarada Virgínio Briote) tudo têm feito para o ajudar a viver, com  dignidade, esperança e acesso a cuidados de saúde. Um momento alto, este ano,  em 15 de Abril último, foi o lançamento do seu livro de memórias, "Guineense, Comando, Português" (1ª edição, Lisboa,  Março de 2010).

O Virgínio Briote deu conhecimento, pessoalmente, ao Amadu, das inúmeras manifestações de carinho  e de apreço que lhe fizeram em Monte Real. O Amadu ficou comovido até às lágrimas e agradece a todos os amigos e camaradas da Tabanca Grande.
Entretanto, no próximo dia 10 de Novembro, queremos celebrar juntos o 70º aniversário do Amadu (se for essa a sua vontade e se a saúde lho permitir). Era bonito fazermos-lhe uma festinha, e transmitir-lhe o nosso carinho, amizade e camaradagem.  E, quem sabe, festejar com ele a 2ª edição do seu livro (**).

Espero que haja voluntários, na nossa Tabanca Grande,  para uma comissão ad-hoc, a constituir rapidamente, para esse efeito ... Pode ser um jantar de homenagem, aqui na área da Grande Lisboa, sem pompa nem circunstância, mas com muitos amigos e camaradas da Guiné, generosos e afectuosos. Nessa altura espero bem que a 1ª edição do livro esteja mais que esgotada (já se terão vendido mais de 700 exemplares).

Até lá, o Amadu promete que o coraçãozinho dele se vai portar bem. Para aqueles que ainda não compraram nem leram o seu livro (**), nem conhecem pessoalmente o Amadu, aqui fica mais um pequeno excerto, revelador da sabedoria deste homem dividido entre duas pátrias (ou melhor, que é capaz de dividir, pela Guiné e por Portugal, o seu sangue, a sua vida, a sua identidade, a sua história de vida)... Sei que o título do livro é comercial (uma concessão ao marketing do editor), mas também sei que o Amadu, sendo genuinamente um africano e muçulmano, também nos toca pela sua surpreendente portugalidade, que nada tem  de demagogia, assimilação forçada ou circunstancialismo.

2. Excerto de Amadu Bailo Djaló: Guineense, Comando, Português: 1º Volume: Comandos Africanos 1964-1974. Lisboa: Associação de Comandos, 2010. pp. 15-16 (Com a devida vénia ao autor e ao editor): (*)

(...) Nós, Povo da Guiné, antes da guerra, mal conhecíamos o Povo Português. Nunca nos juntávamos nas festas com os europeus, durante a presença portuguesa. Só quando se iniciou o conflito, começámos a ver os militares das companhias e dos batalhões, que nos acompanhavam como irmãos e como amigos. Festejávamos juntos, repartíamos o pão na mesma mesa, juntávamo-nos, em todas as ocasiões, boas e más.

Este povo pacífico, que agora vinha de Portugal e convivia connosco nos momentos de guerra, ficou a conhecer-nos melhor, trocávamos conhecimentos de vida diferentes, tratávamo-nos como irmãos.

Antes só os comerciantes e os funcionários do Estado vinham com as famílias para a Guiné. Nós éramos servidores, eles patrões e chefes. E a convivência entre nós, nesses anos, não era muita!

Os jovens da minha etnia [, futa-fula,], na então Guiné Francesa [, República da Guiné-Conacri, desde 2 de Outubro de 1958,] andavam todos em escolas europeias. Na Guiné Portuguesa, as portas das escolas só se abriram para nós, muçulmanos, com a vinda dos padres italianos.

Os portugueses, a alguns povos, deram-lhes novos nomes e apelidos, livros para estudar e consideraram-nos civilizados. Desta civilização não precisávamos, mas faltava-nos a cultura, porque a cultura, de onde sai não acaba e de onde entra não enche. E no nosso Alcorão está tudo, moral, comportamento cívico e civilização e nós não precisávamos de ser civilizados, o que nos faltava era escola para aumentar os nossos conhecimentos.

Depois que a guerra teve início começaram a desembarcar companhias e batalhões de militares vindos de Lisboa. Passámos a ter amigos europeus, quase todos militares simpáticos, tanto oficiais como sargentos e praças. Poucos eram os que não tinham amigos. Antes de ser incorporado, o meu único amigo branco era um oficial do Exércirto, o tenente Carrasquinha, em finais de 1961 [,que pertencia ao BCAÇ 238]. Ia a minha casa, foi o meu primeiro amigo. Depois a tropa continuou a desembarcar e fui tendo mais amigos. Convivíamos em festas, comíamos e bebíamos, cantávamos juntos e ficavam também a conhecer o Povo pacífico da Guiné.

Todos os europeus que regressaram deixaram lá pelo menos um amigo que pensa neles., E todos os que regressaram trouxeram consigo um amigo ou mais amigos, no fundo do coração, que ainda hoje pensa neles.

O Povo da Guiné também é diferente dos outros povos da África. Desde o início da guerra foram muito raros os casos em que o PAIGC matou civis brancos.

A guerra destrói um lado e constrói outro. Mas a destruição é sempre maior. Por isso é melhor evitá-la, o máximo que pudermos. Mas, se não fosse a guerra, nós também nunca viríamos a conhecer este Povo Pacífico, que é o português, e que nunca deixámos de recordar.

Vivemos com estas recordações e vamos morrer com elas.

Até agora, se Portugal for invadido, nós vamos defendê-lo com tudo o que estiver ao nosso alcance. Se a Guiné for invadida, faremos o mesmo. Eu acho que devemos estar cada vez mais unidos e mais fortes, Guiné e Portugal. (...)

_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 3 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6634: (Ex)citações (65): Meu pai, meu herói (Sofia Carvalho, filha do nosso camarada J. Casimiro Carvalho, Ex-Fur Mil Op Esp., CCAV 8350, Piratas de Guileje, 1972/74)

(**) A 1ª edição (750 exemplares) está praticamente esgostada. No nosso V Encontro Nacional, venderam-se cerca de 35.   Os últimos exemplares pdoem ser procurados na Associação de Comandos (que foi o editor) ou nas Livrarias Bulhos (Preço: 25 € ).

Seria, entretanto, ter-se no dia em que o Amadu fizer 70 anos (em 14/11/2010) um 2ª edição, corrigida, melhorada e até aumentada (Sei que o Virgínio Briote tem uma surpresa...).

Associação de Comandos 
Secretaria: Avenida Duque de Ávila, 124, 4º Esquerdo

1050-084 LISBOA
assoc.cmds@mail.telepac.pt

Telef. (+ 351) 213 538 373

E ainda nas livrarias Bulhosa (Pode ser comprado pela Internet, envio até 48h)

Guiné 63/74 - P6665: Parabéns a você (128): Mensagens para a Tertúlia (José Firmino / Manuel Maia)

1. Mensagem de José Firmino (ex-Soldado Atirador da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, 1969/71) com data de 30 de Junho de 2010:
Caro Camarada Carlos Vinhal, para conhecimento da Tertúlia

Caros amigos camaradas,
Uma das melhores prendas da vida são a família, os amigos e tudo de bom que nos rodeia.

Ao festejar mais um aniversário, de muitos que ainda espero ter pela frente, me senti como nunca pois tive de facto tantos votos de parabéns: Por me sentir com tanta vontade de viver quero partilhar com todos vós a minha grande satisfação e deixar a toda Tertúlia o meu reconhecimento por toda amizade manisfestada.

São para mim estes pequenos grandes gestos que fazem de todos nós Homens que pensam e com um coração bondoso.

Reconhecidamente grato.
Firmino.

**********


2. Mensagem de Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de 30 de Junho de 2010:
Camaradas,
Foi com o coração apertado que decidi escrever esta meia dúzia de palavras de agradecimento, que não conseguiria pronunciar, embargada que tenho a voz pela carga emocional que a vossa amizade evidenciada através dos telefonemas, mails e comentários ao trabalho do Carlos e a suprema arte do casal Pessoa, me causou...

É gratificante saber que temos amigos que nos momentos importantes das nossas vidas dizem presente, e nos fazem acreditar que o mundo é afinal uma coisa extraordinariamente bela e importante, e que a vida é bem mais interessante quando sentimos o calor dessa amizade, como hoje experimentei.

Cruzei o limiar da porta dos sexagenários, e ainda me revejo de calções, pião e faniqueira no bolso, à pasta às costas, a caminho da escola primária que o "bolorento regime" erigira e que este efabulado sistema do "ensino para todos" vai encerrar...
Parece que foi ontem.

Das duas primeiras décadas passei uma boa parte na escola, depois no início da terceira, virei aprendiz de guerrilheiro, nas restantes tenho vivido a luta pela vida, nesta guerra constante duma sociedade altamente competitiva onde os atropelos aos valores são uma constante na procura incessante que o homem faz para a acumulação de bens...
Uma sociedade onde o dinheiro é a mola propulsora e unico objectivo de vida que me não é particularmente interessante.

É portanto, para mim, altamente gratificante aperceber-me de que pelo menos entre nós, guinéus, há valores que se não perderam, e estão aí perpetuados no tempo, "vivinhos da silva", como todos vocês nas mais díspares formas que a tecnologia hoje propicia, fizeram questão de evidenciar.

Bem hajam todos pelo prazer que me fizeram sentir enquanto ser humano que descobriu que afinal nem tudo está perdido nesta selva para onde os (ir)responsáveis políticos nos atiraram sem sequer nos facultarem mapas ou quaisquer azimutes para nos desembaraçarmos do pântano...

Mas os guinéus estão habituados às bolanhas e ao tarrafo, e saberão, com maior ou menor dificuldade, vencer as dificuldades que se nos deparam.

Obrigado
Um abraço do tamanho do Cumbidjã (do nosso cumbidjã Mário Fitas...) para todos.
Manuel Maia
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Notas de CV:

Vd. postes de:

29 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6651: Parabéns a você (125): José Rodrigues Firmino, ex-Soldado da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884 (Os Editores)
e
30 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6660: Parabéns a você (127): Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (Os Editores)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6664: Em busca de... (137): Procuro informações sobre Fernando Labaredas Torrão, Alf Mil da CCAÇ 461


CCAÇ 461
À procura de Camaradas e amigos do Fernando Labaredas Torrão (Alferes Miliciano da CCAÇ 461)

A pedido do nosso Camarada Álvaro Basto (ex-Fur Mil Enf da CART 3492/BART 3873), passamos a publicar uma mensagem de Teresa Torrão, filha de um Camarada-de-armas nosso, entretanto falecido, cujo teor se reproduz:

Boa tarde, o meu nome é Teresa Torrão e sou filha de Fernando Labaredas Torrão (ele era de uma aldeia de Montalegre chamada Serraquinhos e antes de ir para a Guiné foi aluno no Seminário de Vila Real).
Foi incorporado no E.P.I. em 5 de Agosto de 1962 (dia de aniversário dele), no quartel de vila Real (Trás-os-Montes), como Alferes Miliciano na unidade CCAÇ 461, que foi para a Guiné em Julho de 1963, tendo regressado em Agosto de 1965.
O nº de Identificação Militar dele era: M-6271360 - tropas licenciadas em 31 de Dezembro de 1974, D.R.M. n.º 13.
O meu pai infelizmente já faleceu há 5 anos, mas quanto mais o tempo passa mais a minha saudade aumenta, pelo que gostaria muito de conhecer Camaradas e amigos que estiveram com ele na Guiné, para saber o que ele por lá viveu, embora ele me tenha contado algumas coisas.
Penso que me disse que o seu quartel era no mato e que esteve lá 3 anos... mas como eu era pequena e não tinha bem a noção do que era a guerra…
Tenho algumas fotos dele ao pé de 1 árvore enorme, que penso ser 1 Secóia e, nessa altura, o meu pai usava barba.
Como pai, marido e amigo era e sempre foi exemplar.
Se me puderem dar informações agradecia do fundo do coração.

2. Ora aqui fica o desafio.
Quem esteve entre 1963 e 1965 na Guiné e conheceu o alferes Fernando Torrão da CCAC 461?

3. Sobre a CCAÇ 461 sabe-se o que está publicado no poste P2416, de 7 de Janeiro de 2008, com o seguinte título: Guiné 63/74 - P2416: Unidades que passaram por Barro, na região do Cacheu (A. Marques Lopes)

Companhia de Caçadores n.° 461
Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963
Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965
Síntese da Actividade Operacional
Em 28 de Julho de 1963, seguiu para Mansabá e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Olossato, até 26Dez63 e Cuntima, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e após reformulação dos sectores, do BCAÇ 512.
Em 23 de Dezembro de 1963, substituída no subsector de Mansabá pela CCAÇ 594 e foi transferida para Bigene onde assumiu a responsabilidade do subsector, com um pelotão destacado em Barro, desde 21 de Dezembro de 1963 e mantendo o outro pelotão destacado em Cuntima, onde permaneceu até 23 de Julho de 1964, depois deslocado para Guidage, de 8 de Agosto de 1964 a 13 de Maio de 1965.
A subunidade manteve-se na zona de acção do BCAÇ 512 e depois do BCAV 490.
Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de reconhecimento, de patrulhamento e de contacto com as populações da área e executou algumas acções ofensivas contra elementos inimigos infiltrados na região de Mores.
A partir de 2 de Março de 1964, mantendo a anterior actividade de patrulhamento e de contacto com as populações, passou também a realizar acções ofensivas e emboscadas na região de Bigene e Barro, com especial incidência na região de Sambuiá.
Em 28 de Maio de 1965, foi rendida no subsector de Bigene pela CCAÇ 762 e foi tranferida para Bissau, onde foi integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCAÇ 787, tendo ficado integrado nos efectivos do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 513, até ao seu embarque de regresso.
Entretanto, ainda, dois pelotões estiveram temporariamente deslocados em Bula, a partir de 13 de Junho de 1965, em períodos de 10 a 15 dias, em reforço do BCAV 790, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com a população, na região de S. Vicente.
__________
Nota de M.R.:

Guiné 63/74 - P6663: V Convívio da Tabanca Grande (12): Hoje estou triste e amargurado (Amílcar Ventura)


1. O nosso Camarada Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74, enviou-nos, em 27 de Junho de 2010, a seguinte mensagem a propósito do nosso convívio em Monte Real no passado dia 26:

Hoje estou triste e amargurado

Amigos e Camaradas de Guiné, hoje estou triste e amargurado por ontem não ter podido estar com vocês.
A tristeza é tanta que hoje enviei uma mensagem, para o amigo Magalhães vos ler, pensando que era hoje o convívio.
Gostaria de vos dizer que não fui só por uma simples razão, a minha situação financeira não está boa a vida de há dois anos para cá tem sido muito madrasta e aquilo a que chamam crise afectou-me imenso no negócio que tinha, e tive que fechar as duas lojas de fotografia que eram o sustento da minha família.
Primeiro foi uma e agora foi a outra, e para isto se recompor vai levar o seu tempo.
Tive a sorte de entrar para este blogue maravilhoso, onde criei grandes amizades e têm sido estes amigos que, sem os conhecer a não ser por fotos, me têm dado o ânimo suficiente para ultrapassar este obstáculo que a vida me tem criado.
É com os vossos e-mails, que recebo todos os dias, que vou vivendo o dia-a-dia e com a leitura do blogue, que também me vai dando alma para ultrapassar tudo isto.
Muito obrigado a vocês todos, pois eu sei que posso contar com vocês.
Um abraço do tamanho da Guiné para toda a Tabanca Grande e Amigos.
Amílcar Ventura,
Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

30 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6662: V Convívio da Tabanca Grande (10): Caras novas (Parte I) (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P6662: V Convívio da Tabanca Grande (11): Caras novas (Parte I) (Luís Graça)


Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 2010 > A ex-enfermeira pára-quedista Rosa Serra, novo membro da nosso blogue... Tive uma conversa interessante sobre o tema que me intriga: como é que os militares (nomeadamente os do mato) viam (ou idealizavam) as enfermeiras pára-quedistas ? como enfermeiras ?  como militares ? como anjos que vinham do céu ? como simples camaradas ? como mulheres de carne e osso ?... Conversa interessante mas inconclusiva: não é pergunta que se faça a um ex-enfermeira pára-quedista, jovem, bonita, corajosa,  e muito menos num 'ajuntamento' como este, com mais de centena e meia de convivas (de resto, com uma presença forte de mulheres: mais de um terço...).




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Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 2010  > O Pirata de Guileje J. Casimiro Carvalho, felicíssimo, junto da sua Ana, a mãe da Sofia e da Kika... Vivem na Maia, mas o Pirata  nunca a traz para estas coisas (Eu pessoalmente não a conhecia, a não ser talvez - e se não me engano - das cartas do corredor da morte...)




Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 2010 > Da esquerda para a direita: o Hugo Guerra, Cor Inf DFA Ref, o nosso camarada que foi evacuado duas vezes e meia; a Ema, sua companheira, antiga hospedeira de terra da TAP e agora aluna do curso de licenciatura em serviço social; e a Elisabete, esposa do Francisco Silva (que hoje é ortopedista no Hospital Amadora-Sintra)... Qualquer deles não esteve no encontro do ano passado, na Ortigosa. Pela foto, percebe-se que a Ema estava cansada, mas feliz... que a jornada foi longa e cheia de emoções.




Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 20 >  A Maria João, esposa do camarada Jorge Araújo, que pertenceu à CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74); é doutorada em Psicologia Clínica, trabalha no Instituto Piaget e, imaginem, vir a descobrir que eu e ela pertencemos ao CIESP - Centro de Investigação e Estudos em Saúde Pública... O casal vive em Almada... Na foto, está a ler o livro do Amadu Djaló (que infelizmente, por razões de saúde, não pôde apareecer desta vez; mesmo assim, o Virgínio Briote e o Eduardo Magalhães Ribeiro conseguiram vender quase meia centena de exemplares).

O Jorge vai seguramente "tratar dos papéis" para formalizar a sua entrada na Tabanca Grande... Quem andava radiante era o Sousa de Castro, o nosso tabanqueiro nº 2, de Viana do Castelo, que conseguiu reunir,  com ele, cinco elementos da sua companhia, incluindo um dos capitães que por lá passaram, o nosso António Costa...





Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 20 > Malta da FAP, em peso: em primeiro plano, à esquerda, o Melec Jorge Narciso (Cadaval) que é uma cara nova, o Victor Tavares (Águeda,  o homem da MG 42, ex-pára, ou Pára para Sempre, que acaba de ser operado à coluna, com todo o sucesso; pertenceu à CCP 121/BCP 12, 1972/74); em segundo o plano, outro Melec, o Vitor Barata (fundador e animador do blogue Especialistas da BA 12, Guiné, 65/74),  e outro ex-pára Manuel Rebocho, este último, também um estreante nestas andanças, e meu confrade da sociologia, área disciplina onde se doutorou, em 2005, pela Universidade de Évora, com uma tese sobre a formação das elites militares em Portugal, no Séc. XX). Há um 5º camarada, ao lado do Victor, que eu não consigo de momento identificar.





Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho  de 2010 > O ex-Cap Mil Carlos Nery Gomes Araújo, autor da nova série Histórias de Carlos Nery, ex-Cap Mil da CCQAÇ 2382 (Buba, 1968/70). Meu vizinho de Alfragide (bem como do Humberto Reis e do Manuel Amaro), só no sábado de manhã é que o conheci. Dei-lhe uma boleia até Monte Real.  Conversámos longamente. Disse-me que está a recolher informação sobre o famoso ataque a Buba, em 16 de Outubro de 1969, por uma força IN estimada em 5 bigrupos...




Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 2010 > O Jaime Brandão ficou na mesa da FAP, presidida por dois pesos pesados, da guerra aérea na Guiné, a parelha Miguel Pessoa (Cor Pilav Ref) e António Martins de Matos (Ten Gen Pil Res)... O Jaime também foi piloto, esteve na Guiné, e é amigo do nosso anfitrião Joaquim Mexia Alves. Fiz-lhe expressamente o convite parta ingressar na Tabanca Grande...





Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande > 26 de Junho de 2010 > O António Estácio, o único membro do blogue nado e criado na Guiné, que esteve presente nesta nossa bela jornada... O autor de Nha Carlota (2010) fez o serviço militar em Angola, como alferes miliciano, e  esteve depois em Macau com o nosso saudoso Zé Neto, cuja viúva, Júlia, e neta, Leonor, também participaram neste encontro da Tabanca Grande... A Júlia disse-me estar encantada. A Leonor, coitada, fez o sacrifício em homenagem ao seu querido avô. Uma menina de ouro (de quem não tenho uma foto!!!). (*)

(Continua)

Fotos e legendas: © Luís Graça (2010). Direitos reservados

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