Olá Carlos,
Aqui vai uma espécie de reportagem sobre o encontro de hoje da MTL.
Envio ainda dois lotes de retratos insofismáveis, obras quase verdadeiramente artísticas dos nossos repórteres, Manuel Resende e Jorge Canhão. Façam o favor de deixar campo livre para o caso de algum retrato com retardador não vos apanhar desmaquilhados.
JD
Então como foi?
O nosso Comandante Rosales foi o primeiro a chegar ao local operativo, dando o exemplo de que com coisas sérias não se brinca. Era meio-dia e tocou o telefone, estava eu no 3.º duche, não fosse o cheiro do trabalho forçado provocar algum ambiente desmotivador. Tinha trocado as mãos, não leu a descrição do percurso, porque era superior a três linhas, e estava à frente do hospital, quando fora amplamente divulgado que chegava-se ao sítio por detrás. Invectivou-me com palavrões impróprios deste local, e chantageou sobre a eventualidade de não ir ter com ele. Pus umas roupinhas sobre o corpo húmido, e abalei.
Lá estava o Belarmino, muito seguro do seu papel, a recriminar-me por uma coisa que ele não se deu ao trabalho de ler. Seguiu-me, e foi com a manifesta alegria destes dois intervenientes que chegámos ao ponto certo. Com os necessários salamaleques apresentei-me a Sua Excelência o Comandante, que afectuosamente mandou-me ficar à vontade... mas calado. Ainda cumprimentei o pira Rogé, o Humberto e o Resende, que ali acamparam de véspera com justo receio de uma invasão.
E foram chegando os restantes. Já estávamos a ocupar lugar na mesa, quando tocou o telefone: era o Hélder, que por alturas da Coina ficou com a capacidade de decisão evidentemente perturbada. Alô? - berrei para o telemóvel. O gajo respondeu que vinha a caminho, mas não sabia quanto tempo iria atrasar-se. Dei-lhe outra explicação sobre as coordenadas, e pareceu-me ter entendido.
Sentei-me à mesa, comecei a apalpar terreno pelo meio de croquetes e um paté dito de marisco, quando, tocou o telefone; era o Domingos, cascaense de nascimento, que pedia socorro orientativo, pois andava por uma das três ruas do Cabreiro, e não dava connosco. Pudera! Também não tinha lido sobre o percurso, e ainda se queixou do fastio das minhas lengas-lengas. Ainda fui para o exterior, pois o Domingos parecia estar a vir da Terra Santa e não dava sinais de aproximação.
Regressado à mesa e permitida a minha intervenção coloquial, estava numa conversa com o Sr. Comandante, o Manuel Joaquim (que se estreou com brilho, mas sem nos deslumbrar), e o Canhão que, furtivamente, tirava retratos históricos, quando tocou o telefone:
Saí da autoestrada e virei à direita, e na segunda rotunda voltei também à direita, pelo que estou perto do hospital - disse o Hélder, com grande fluidez de conversação. Pois devias ter virado duas vezes à esquerda, respondi.
Quando chegou tinha aparelhado uma desculpa técnica: o meu GPS só reconhece um Cabreiro a 50km daqui. Exausto, apoiei-me no ombro robusto e gordo do Sr Comandante, puxei pela cadeira, e deixei cair o corpinho estoirado, já havia meninos a colherar o caldo. Sedento mandei vir tinto, mas deram-me dois copos de sangria, que se apresentou um refresco nim, nem sim, nem sopas. Depois foi comer pela tarde adentro, enquanto os grupinhos se vangloriavam de mais uma vitória iniludível sobre a bianda e os estilhaços.
Dei uma vista de olhos, já meio turvado, e entre os presentes pareceu-me reconhecer as seguintes personalidades para além das já referidas: o Palma e o Encarnação, o Moreira e o Jorge Pinto (o Moreira vinha estafado do cozido de Monte Real, pelo que ficou dispensado de pagar 20 euros), o Marques e a Gina, o Carlos Silva e a tabanqueira sua esposa de que não recordo o nome*, o Pires (que foi seguido até ao restaurante por um angolano do tempo em que fazia reportagens em Luanda, que o reconheceu de carro para carro, e quis dar-lhe um abraço), o Colaço e o Zeca Caetano.
Feitas as contas, uma minoria ainda ficou a resolver graves e pertinentes problemas nacionais, até que a hora do lanche (os ares da serra abrem o apetite) foi chamamento mais forte, e cada um rumou a casa.
Em síntese: foi uma almoço agradável pela quase módica quantia de 15,20 aéreos. Conviveu-se dentro da melhor ordem, e o Sr Comandante não teve que recorrer a métodos coercivos, embora eu me tenha sentido algo pressionado à contensão verbal, e o Sr Comandante, com frequência, fizesse passar o cotovelo em frente do meu nariz. Cimentou-se a amizade, e sem formalidade, fez-se um voto pela harmonia na Guiné-Bissau.
(*) - Nota do editor:
Caro Zé Dinis, a esposa do camarada Carlos Silva, a Germana, sem desprimor para as esposas dos outros nossos camaradas, a minha incluída, além de ser uma simpatia de pessoa tem uma particularidade muito importante, é uma mulher do Norte, carago.
Foto 1 - Aspecto do sala, bem composta de comedores, desculpem, comensais
Foto 2 - Nesta foto, a partir da esquerda: Luís Encarnação, Francisco Palma e Hélder Valério
Foto 3 - Nesta foto de blusa azul, a "desconhecida" Germana, esposa do nosso camarada Carlos Silva
Foto 4 - Nesta foto, de azul o Zé Dinis, autor desta suposta reportagem e o Comandante Jorge Rosales, curiosamente uma figura reputadíssima em Matosinhos.
Foto 5 - Porque me pagou bem, uma segunda foto do Zé Dinis, desta vez enquadrado por uma caneca de sangria e pelo camarada Jorge Canhão
Foto 6 - Nesta foto, o bonito casal Gina e Marques, frequentadores assíduos dos Encontros da Tabanca Grande.
Foto 1 - Jorge Canhão
Fotos 2 a 6 - Manuel Resende
Legendas da responsabilidade do editor
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 4 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9992: Convívios (262): Convívios das CCAV 8350 “Piratas de Guileje” e CCAV 8352 “Águias Negras” (José Casimiro Carvalho)