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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10779: Parabéns a você (507): Fernando Barata, ex-Alf Mil da CCAÇ 2700 (Guiné, 1970/72)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Guiné 63/74 - P10788: Álbum fotográfico do Alberto Pires, Teco, ex-fur mil, CCAÇ 726 (Guileje, out 64/ jun 66) (Parte V): A vida de um quartel de fronteira (Parte I)
(i) o temível morteiro 81, o "botabaixo" (. bem manobrado, fazia razias entre o pessoal atacante, num raio até 6 km);
(ii) a célebre e heróica Fox, de matrícula MG-36-24, que resistiu a tudo e todos, acabando ingloriamente, como ferro velho, nas mãos do PAIGC em 25 de maio de 1973;
(iii) uma não menos heróica GMC, caída finalmente por terra; (iv) uma também heróica GMC, de matrícula ME-00-589, de alcunha "Sobre Rodas", que deve ter fintado e sobrevoado muita mina...;
(v) mais uma foto da epopeia da construção dos abrigos;
e, por fim, (vi) uma missa campal, porque Guileje era uma terra de fé e de coragem, lembrava o nosso saudoso Zé Neto (1929-2007) [, o primeiro membro ativo da nossa Tabanca Grande que a morte veio ceifar; estava reformado como capitão, e tinha uma brilhante folha de serviço; a última batalha contra o cancro do pulmão teve um desfecho fatal no dia 29 de maio de 2007; o Zé era o nosso patriarca, o nosso decano, o nosso homem grande; pertenceu à CART 1613, Guileje, 1967/68].
O historial da Fox MG-36-24 também merece ser aqui relembrado: pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: Bêbeda, Diabos do Texas...
Segundo Nuno Rubim, "a matrícula da Fox é a mesma que consta numa fotografia tirada por elementos do PAIGC em Maio de 1973, quando ocuparam o quartel! Portanto a Bêbeda (que vai ficar para a história, representada com essa mesma inscrição no diorama de Guileje ....) terá servido desde 1965 até 1973, integrada nos sucessivos Pel Rec Fox que por lá passaram"...
Segundo Nuno Rubim, "a matrícula da Fox é a mesma que consta numa fotografia tirada por elementos do PAIGC em Maio de 1973, quando ocuparam o quartel! Portanto a Bêbeda (que vai ficar para a história, representada com essa mesma inscrição no diorama de Guileje ....) terá servido desde 1965 até 1973, integrada nos sucessivos Pel Rec Fox que por lá passaram"...
Fotos: © Alberto Pires (Teco) (2007) / AD - Acção para o Desenvolvimento. [Editadas por L.G.]. Todos os direitos reservados
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Alberto Pires, mais conhecido por Teco, natural de Angola, ex-fur mil na CCAÇ 726, a primeira subunidade a ocupar Guileje em 1964)... A companhia esteve em Guileje entre Outubro de 1974 e Junho de 1966.
As fotos que estamos a publicar pertencem a um lote que o Teco pôs à disposição do Núcleo Museológico Memória de Guiledje e do nosso blogue (são mais de 60 fotos). Não trazem legenda, mas estão agrupadas por temas: (i) CCAÇ 726 (Guileje); (ii) construção de abrigos (Guilje); (iii) destacamento de Mejo; (iv) operação militar; e (v) guerrilheiros mortos (neste caso, são apenas duas as fotos disponibilizadas)...
Estas fotos que publicamos hoje, têm a ver com o primeiro tema. As fotos foram editadas por nós com vista à melhoria do seu enquadramento e resolução. Sabemos que o Teco e o Carlos Guedes têm em mãos a elaboração de uma publicação com a história da CCAÇ 726. E esperamos que um dia destes eles nos ajudem a melhorar a legendagem do álbum. (LG)
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As fotos que estamos a publicar pertencem a um lote que o Teco pôs à disposição do Núcleo Museológico Memória de Guiledje e do nosso blogue (são mais de 60 fotos). Não trazem legenda, mas estão agrupadas por temas: (i) CCAÇ 726 (Guileje); (ii) construção de abrigos (Guilje); (iii) destacamento de Mejo; (iv) operação militar; e (v) guerrilheiros mortos (neste caso, são apenas duas as fotos disponibilizadas)...
Estas fotos que publicamos hoje, têm a ver com o primeiro tema. As fotos foram editadas por nós com vista à melhoria do seu enquadramento e resolução. Sabemos que o Teco e o Carlos Guedes têm em mãos a elaboração de uma publicação com a história da CCAÇ 726. E esperamos que um dia destes eles nos ajudem a melhorar a legendagem do álbum. (LG)
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Nota do editor:
Último poste da série > 26 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10737: Álbum fotográfico do Alberto Pires, Teco, ex-fur mil, CCAÇ 726 (Guileje, out 64/ jun 66) (Parte IV): A construção dos primeiros abrigos do aquartelamento de Guileje
Último poste da série > 26 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10737: Álbum fotográfico do Alberto Pires, Teco, ex-fur mil, CCAÇ 726 (Guileje, out 64/ jun 66) (Parte IV): A construção dos primeiros abrigos do aquartelamento de Guileje
Guiné 63/74 - P10787: Agenda cultural (240): Lançamento do livro "Guiné - Guerra e Poesia", de José Martins Gago, dia 16 de Dezembro de 2012, pelas 15h00, na Livraria Bar Les Enfants Terribles, Rua Bulhão Pato, 1 - Lisboa (José Martins)
C O N V I T E
Para o lançamento do livro "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de autoria de José Martins Gago, dia 16 de Dezembro de 2012, pelas 15h00, na Livraria Bar Les Enfants Terribles (Cinema King), Rua Bulhão Pato, 1 - Lisboa
Capa do livro
Guiné – Guerra e Poesia
O José Martins Gago não é só um conhecido da guerra na Guiné. O Zé Gago é um camarada de armas e calcorreamos juntos as bolanhas e matas da Guiné, “desde o Gabu ao Boé”, como “reza” no Hino dos Gatos Pretos.
Foi mobilizado quando prestava serviço na Carreira de Tiro da Serra da Carregueira, perto de Sintra. Eu já estava na unidade há quase um ano, quando chegou, a 21 de Março de 1969, o Alferes Gago, em rendição individual, visto que toda a nossa Companhia de Caçadores 5, era de militares africanos e Oficiais, Sargentos e Praças especialistas, de rendição individual.
Na primeira operação que comandou, a sul de Canjadude, fui incorporado no grupo de combate reforçado. Recordo esta operação, já que durante a mesma, o guia se “perdeu” e foi necessário “fazer uns ajustes” na organização e orientação da operação.
Deixou Canjadude, por transferência para o Centro de Instrução Militar / CTIG, em Bolama, sendo abatido à unidade em 23 de Abril de 1970. Um mês depois, eu terminava a minha comissão de serviço, regressando à Metrópole.
Em Maio do ano passado pediu-me, por mail, um mapa do subsector de Canjadude, para incluir no seu livro. Enviei o mapa e aguardei. O livro vai chegar!
José Martins
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 3 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10756: Agenda cultural (239): O grã-tabanqueiro, nova-iorquino, João Crisóstomo, é um dos "Portugueses Pelo Mundo", retratado no livro que será apresentado hoje, 2ª feira, dia 3, às 18h30, na FNAC - Chiado
Guiné 63/74 - P10786: História da CCAÇ 2679 (57): Encontro com a má fortuna (José Manuel M. Dinis)
1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda,
1970/71), com data de 7 de Dezembro de 2012:
Olá Carlos,
Aqui vai mais um trecho insólito da história da minha Companhia.
Dedico-o ao nosso amigo Chico, ou Tcherno Baldé, que tão bem tem colaborado com o blogue a partir da Guiné. Pois há alguns dias o Chico referiu ter encontrado um puto, que como ele, andava pelo aquartelamento e estava a desempenhar funções na messe de Bajocunda.
Era um puto, talvez de 12 a 14 anos entre 1970/71, mas que se desembaraçava como gente grande, com competência e alegria, até que uma vez, há sempre uma vez, teve um encontro com a má fortuna.
Oxalá que a má fortuna lhe tenha proporcionado a ocasião para singrar na vida.
Hoje anexo uma espécie de documento em que ele intervém.
Para um, como para o outro, envio um abraço afectuoso, com votos de que sejam muito felizes, e que pelo Natal tenham bastantes motivos de alegria.
Votos natalícios que também te dirijo, Carlos, e à Tabanca.
Quem dera que houvesse uma trégua nas incomodidades, que, em boa verdade, poderia durar de um Natal até ao próximo, continuadamente, se não fosse uns moralistas estarem a fazer-me pagar por actos que não cometi. Nem indirectamente, pois há muitos anos que não voto.
Abraços fraternos
JD
HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (57)
Encontro com a má fortuna
Corria o ano de 1971 em Bajocunda, localidade da fronteira nordeste da Guiné, e a tropa ali estacionada vivia com a rotina habitual, no que poderia parecer um ambiente pacífico, até harmonioso, onde o capitão Trapinhos e dois sargentos, sem sangue, nem suor, nem lágrimas, pacata e serenamente levavam a carta a Garcia, que nas circunstâncias, equivalia à justa partilha das mais-valias que resultavam de venda de bens de mercearia e de carburantes, que entrariam por via deles no retalho comercial.
Aqueles senhores, de quando em vez faziam o favor de dispensar artigos que tinham em stock's excedentários, a um ou dois comerciantes locais que os vendiam no mercado. Os bens eram do Estado para benefício exclusivo do pessoal militar ali deslocado, e os stocks tornavam-se excendentários, pelas frequentes reposições sempre que era dada notícia de destruição por via de algum ataque, tanto em Bajocunda, como em Copá, um destacamento sob comando da Companhia. Eram flagelos de praticamente 100% da existência, resultantes de manobras ilegítimas, ilegais, e de enriquecimento doloso e traiçoeiro pelo açambarcamento da coisa pública, que nem sequer tinha em conta os perigos para a saúde do pessoal, que se sujeitava a uma alimentação pobre, repetitiva, descuidada, e desmerecedora da qualidade mínima.
Já no que respeita ao negócio relativo à gasolina, consubstanciava-se por um pacto estabelecido entre aqueles senhores e o empregado da Casa Gouveia no Gabu, onde o carburante era adquirido e pago mediante requisição. O combustível chegava a Bajocunda através das colunas regulares que se organizavam àquela localidade. Alguém dirigia-se ao armazém, apresentava a requisição, carregava os tambores, e ficava em conta-corrente a liquidar uma ou outra vez, quando algum membro da "sociedade" se deslocava. Às vezes, em atitude que disfarçava a tramóia, o funcionário dizia que só tinha metade, e que o restante seguiria na próxima coluna. Para desenrascar, seguia aquela quantidade.
Quanto ao parque automóvel da Companhia, esse encontrava-se em estado lastimoso, e raramente havia disponibilidade superior a duas viaturas para as colunas, e chegaram a estar todas inoperacionais. Muitas vezes recorria-se a viaturas de empréstimo. O parque parecia o de uma sucata, e os mecânicos extraíam peças de umas para remediar outras. No entanto, nos mapas para Bissau, as viaturas funcionavam plenamente e com elevados consumos, em vez de se declarar que um pelotão era arrumado a monte sobre um ou dois Unimogues, com os riscos que advinham da falta de segurança. Arranjar dinheiro é que não era problema.
A messe situava-se no edifício que comportava os quartos dos furriéis e a enfermaria. Na messe serviam dois rapazes, o Alberto, um puto expedito de olhar esperto, e o Muntagá, mais velho e mais alto, que fazia de chefe. Os dois faziam uma boa equipa, e em dias de festa como o Natal, a Páscoa, ou algum aniversário, abrilhantavam a mesa com flores colocadas em garrafas de refrigerante, ou de água Perrier, em manifestação de naif juvenil. Também garantiam a limpeza dos quartos e da casa-de-banho. Eram prestáveis, dedicados, e bem educados, e como remuneração recebiam meia-dúzia de pesos, alimentação, e alguma sobra para as famílias.
Uma noite aconteceu um crime horrendo de elevadas consequências e perigo eminente para a segurança nacional: o sargento D... surpreendeu o Muntagá a "roubar" um bocadinho de petróleo. Aquele sargento, senhor de elevadas qualidades morais, que roubava o Estado e atraiçoava a tropa nos termos antes descritos, conseguiu impressionar toda a gente presente com a descompostura passada ao jovem Muntagá, e despediu-o das funções que exercia na messe. Se calhar nem estava a roubar, pois todos sabiam que ele levava garrafinhas de petróleo para iluminação doméstica, o que seria um luxo na aldeia.
O exagero foi comentado entre a malta, que não nutria amizade pelo sargento.
No outro dia chamei o Muntagá, e depois de saber por ele o que se passara, e ele confirmava, disse-lhe para ficar ao meu serviço na limpeza do quarto, pois condoía-me a forma desproporcionada do tratamento, mais a mais, provindo donde provinha. Pois ainda nesse dia fui surpreendido com uma chamada ao capitão Trapinhos, que algo incomodado dava-me a ler um rascunho de participação contra mim, apresentado pelo sargento D..., e que basicamente referia ser intolerável que eu o tivesse desautorizado.
Respondi que não o tinha desautorizado, pois nem sequer tinha assistido à cena do dia anterior, e que apenas chamara o Muntagá para meu empregado e a minhas custas. Não podia ser! O capitão Trapinhos referiu que o Muntagá estava definitivamente proibido de entrar na área aquartelada, e quanto a mim, voluntária, ou involuntariamente, tinha feito uma provação ao nosso Segundo por uma atitude de desobediência. Não me recordo em pormenor da conversa, mas concluía o capitão, que ou eu aceitava a situação como ela se apresentava, ou ele teria que considerar a participação. Sorri, pois se o capitão havia decretado a proibição de o Muntagá frequentar o quartel, e estava a transmitir-me essa sanção, como é que eu poderia contrariá-la sem incorrer numa pena que ele me aplicaria? Confirmei que tinha percebido a questão e tranquilizei-o, apesar de discordar da decisão.
Pedi-lhe o rascunho, e o capitão, obviamente distraído deu-mo. Por isso hoje reproduzo-o para conhecimento da Tabanca, com os retoques esclarecedores que sirvam para boa ilação: os grandes malfeitores protegem-se e têm capacidade para se ajuizarem uns aos outros; os pequenos malfeitores têm que evitar confusões, para que não caiam sob a alçada dos grandes malfeitores, que não perdem oportunidades para pregar a moral e os bons costumes.
Tal como nas comunidades de animais em que os mais fortes marcam territórios, onde os mais fracos não podem exercer concorrência.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10635: História da CCAÇ 2679 (56): A evacuação insólita (José Manuel M. Dinis)
Olá Carlos,
Aqui vai mais um trecho insólito da história da minha Companhia.
Dedico-o ao nosso amigo Chico, ou Tcherno Baldé, que tão bem tem colaborado com o blogue a partir da Guiné. Pois há alguns dias o Chico referiu ter encontrado um puto, que como ele, andava pelo aquartelamento e estava a desempenhar funções na messe de Bajocunda.
Era um puto, talvez de 12 a 14 anos entre 1970/71, mas que se desembaraçava como gente grande, com competência e alegria, até que uma vez, há sempre uma vez, teve um encontro com a má fortuna.
Oxalá que a má fortuna lhe tenha proporcionado a ocasião para singrar na vida.
Hoje anexo uma espécie de documento em que ele intervém.
Para um, como para o outro, envio um abraço afectuoso, com votos de que sejam muito felizes, e que pelo Natal tenham bastantes motivos de alegria.
Votos natalícios que também te dirijo, Carlos, e à Tabanca.
Quem dera que houvesse uma trégua nas incomodidades, que, em boa verdade, poderia durar de um Natal até ao próximo, continuadamente, se não fosse uns moralistas estarem a fazer-me pagar por actos que não cometi. Nem indirectamente, pois há muitos anos que não voto.
Abraços fraternos
JD
HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (57)
Encontro com a má fortuna
Corria o ano de 1971 em Bajocunda, localidade da fronteira nordeste da Guiné, e a tropa ali estacionada vivia com a rotina habitual, no que poderia parecer um ambiente pacífico, até harmonioso, onde o capitão Trapinhos e dois sargentos, sem sangue, nem suor, nem lágrimas, pacata e serenamente levavam a carta a Garcia, que nas circunstâncias, equivalia à justa partilha das mais-valias que resultavam de venda de bens de mercearia e de carburantes, que entrariam por via deles no retalho comercial.
Aqueles senhores, de quando em vez faziam o favor de dispensar artigos que tinham em stock's excedentários, a um ou dois comerciantes locais que os vendiam no mercado. Os bens eram do Estado para benefício exclusivo do pessoal militar ali deslocado, e os stocks tornavam-se excendentários, pelas frequentes reposições sempre que era dada notícia de destruição por via de algum ataque, tanto em Bajocunda, como em Copá, um destacamento sob comando da Companhia. Eram flagelos de praticamente 100% da existência, resultantes de manobras ilegítimas, ilegais, e de enriquecimento doloso e traiçoeiro pelo açambarcamento da coisa pública, que nem sequer tinha em conta os perigos para a saúde do pessoal, que se sujeitava a uma alimentação pobre, repetitiva, descuidada, e desmerecedora da qualidade mínima.
Já no que respeita ao negócio relativo à gasolina, consubstanciava-se por um pacto estabelecido entre aqueles senhores e o empregado da Casa Gouveia no Gabu, onde o carburante era adquirido e pago mediante requisição. O combustível chegava a Bajocunda através das colunas regulares que se organizavam àquela localidade. Alguém dirigia-se ao armazém, apresentava a requisição, carregava os tambores, e ficava em conta-corrente a liquidar uma ou outra vez, quando algum membro da "sociedade" se deslocava. Às vezes, em atitude que disfarçava a tramóia, o funcionário dizia que só tinha metade, e que o restante seguiria na próxima coluna. Para desenrascar, seguia aquela quantidade.
Quanto ao parque automóvel da Companhia, esse encontrava-se em estado lastimoso, e raramente havia disponibilidade superior a duas viaturas para as colunas, e chegaram a estar todas inoperacionais. Muitas vezes recorria-se a viaturas de empréstimo. O parque parecia o de uma sucata, e os mecânicos extraíam peças de umas para remediar outras. No entanto, nos mapas para Bissau, as viaturas funcionavam plenamente e com elevados consumos, em vez de se declarar que um pelotão era arrumado a monte sobre um ou dois Unimogues, com os riscos que advinham da falta de segurança. Arranjar dinheiro é que não era problema.
A messe situava-se no edifício que comportava os quartos dos furriéis e a enfermaria. Na messe serviam dois rapazes, o Alberto, um puto expedito de olhar esperto, e o Muntagá, mais velho e mais alto, que fazia de chefe. Os dois faziam uma boa equipa, e em dias de festa como o Natal, a Páscoa, ou algum aniversário, abrilhantavam a mesa com flores colocadas em garrafas de refrigerante, ou de água Perrier, em manifestação de naif juvenil. Também garantiam a limpeza dos quartos e da casa-de-banho. Eram prestáveis, dedicados, e bem educados, e como remuneração recebiam meia-dúzia de pesos, alimentação, e alguma sobra para as famílias.
Uma noite aconteceu um crime horrendo de elevadas consequências e perigo eminente para a segurança nacional: o sargento D... surpreendeu o Muntagá a "roubar" um bocadinho de petróleo. Aquele sargento, senhor de elevadas qualidades morais, que roubava o Estado e atraiçoava a tropa nos termos antes descritos, conseguiu impressionar toda a gente presente com a descompostura passada ao jovem Muntagá, e despediu-o das funções que exercia na messe. Se calhar nem estava a roubar, pois todos sabiam que ele levava garrafinhas de petróleo para iluminação doméstica, o que seria um luxo na aldeia.
O exagero foi comentado entre a malta, que não nutria amizade pelo sargento.
No outro dia chamei o Muntagá, e depois de saber por ele o que se passara, e ele confirmava, disse-lhe para ficar ao meu serviço na limpeza do quarto, pois condoía-me a forma desproporcionada do tratamento, mais a mais, provindo donde provinha. Pois ainda nesse dia fui surpreendido com uma chamada ao capitão Trapinhos, que algo incomodado dava-me a ler um rascunho de participação contra mim, apresentado pelo sargento D..., e que basicamente referia ser intolerável que eu o tivesse desautorizado.
Respondi que não o tinha desautorizado, pois nem sequer tinha assistido à cena do dia anterior, e que apenas chamara o Muntagá para meu empregado e a minhas custas. Não podia ser! O capitão Trapinhos referiu que o Muntagá estava definitivamente proibido de entrar na área aquartelada, e quanto a mim, voluntária, ou involuntariamente, tinha feito uma provação ao nosso Segundo por uma atitude de desobediência. Não me recordo em pormenor da conversa, mas concluía o capitão, que ou eu aceitava a situação como ela se apresentava, ou ele teria que considerar a participação. Sorri, pois se o capitão havia decretado a proibição de o Muntagá frequentar o quartel, e estava a transmitir-me essa sanção, como é que eu poderia contrariá-la sem incorrer numa pena que ele me aplicaria? Confirmei que tinha percebido a questão e tranquilizei-o, apesar de discordar da decisão.
Pedi-lhe o rascunho, e o capitão, obviamente distraído deu-mo. Por isso hoje reproduzo-o para conhecimento da Tabanca, com os retoques esclarecedores que sirvam para boa ilação: os grandes malfeitores protegem-se e têm capacidade para se ajuizarem uns aos outros; os pequenos malfeitores têm que evitar confusões, para que não caiam sob a alçada dos grandes malfeitores, que não perdem oportunidades para pregar a moral e os bons costumes.
Tal como nas comunidades de animais em que os mais fortes marcam territórios, onde os mais fracos não podem exercer concorrência.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10635: História da CCAÇ 2679 (56): A evacuação insólita (José Manuel M. Dinis)
Guiné 63/74 - P10785: Do Ninho D'Águia até África (34): Aquela garotada (Tony Borié)
1. Mais um episódio, enviado em mensagem do dia 8 de Dezembro de 2012, da narrativa "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177.
Do Ninho D'Águia até África (34)
Aquela garotada
Quase sempre ao domingo, e quando estava de folga e livre das suas tarefas, o Cifra dava o seu passeio habitual pela tal aldeia, com casas cobertas de colmo que existia próximo do aquartelamento. Parava aqui e ali, já conhecia alguns habitantes, e as crianças andavam sempre em seu redor, pois sempre trazia no bolso rebuçados que comprava na loja do Libanês.
Atrás das
crianças, foto com o Cifra acima, vinham os adultos e
sempre se passava um pouco de
tempo, falando disto e
daquilo, e algumas “bajudas”
eram uma companhia agradável,
mas por favor, não sejam mal
intencionados nos vossos
pensamentos, pois o Cifra,
sempre respeitou a dignidade
e o forte carácter dos
naturais, que muito admirava, alguns até o tratavam por
“irmão”, e sempre seguiu as
leis, as ordens e os
ensinamentos dos “homens grandes” que, com toda a sua sabedoria,
e com muitas “chuvas” no corpo, que deviam de ser anos,
apontando com uma espécie de bengalim, com que afugentavam
algumas moscas, e batiam nos cães, que famintos se aproximavam
das “moranças”, que eram as suas casas cobertas de colmo, e que
entre outras coisas, pronunciavam num português acrioulado, que
o Cifra compreendia perfeitamente, e não se podia duvidar das
suas palavras, pois eram sinceras, e para mais vindas de um
“homem grande” para o “irmão Cifra”, e diziam, olha aquela
ali... “cabaço ká tem”... anda para aqui... aquela “bajuda”
além... “mama firme”... porque depois de... “tem manga di sabe
sabe”... ela precisa de... está na altura de... “conversa
giro”... e o irmão Cifra é que... fica no Guiné, “ca bai” no
Portugal..., e quando se despedia, agarravam-lhe na mão e
diziam, Cifra “ca bai”, e davam-lhe “mantenhas”, e às vezes até
ficavam “tchora”. Bem, é melhor ficarmos por aqui, pois o
Cifra, está com um pressentimento, que os seus amigos antigos
combatentes e não só, já estão a sorrir com alguma maldade e a
pensar coisas, que não eram.
Mas adiante, pois já nos estamos a desviar do principal, que era aquela garotada.
As crianças tocavam em tudo o que reluzisse da farda do Cifra, como por exemplo a fivela do cinto, os emblemas da boina, os ilhós das botas, os botões, o relógio de pulso, que algumas vezes usava, e faziam mesmo guerra, entre elas para andarem em redor do Cifra. Numa dessas vezes, estando elas em pleno convívio, e com alguma algazarra própria de crianças, de repente, desaparecem, começando a correr, cada uma para junto da sua “morança”.
O Cifra admirado com esta situação, abre os braços e pergunta a uma das “bajudas” que estavam presentes, qual o motivo desta atitude, e uma logo lhe respondeu, numa linguagem que se compreendia perfeitamente:
- O lobo do mato que come criança, anda por aí!
Fazendo um gesto em círculo com o braço, e o lobo do mato, a que se referia a “bajuda”, era uma hiena que há algum tempo andava a rondar a aldeia, e diziam que já tinha levado um bebé a uma mãe menos cautelosa.
O Cifra, como não tinha ouvido nenhum ruído, nem nenhuma movimentação em seu redor, ficou admirado como era possível as crianças, foto com o Cifra em cima, terem dado pela presença da referida hiena. Ainda hoje não sabe, só tem uma explicação, talvez o olfacto ou o instinto natural de protecção que um ser humano tem, mas só sensível em alguns. Era mesmo uma hiena, pois passados uns minutos ela passou um pouco ao longe, com o rabo curto, caído e quase entre as patas traseiras.
O Mamadú, um caçador que costumava passar as madrugadas esperando que os animais viessem beber a uma pequena bolanha que havia para os lados de Porto Gole, onde caçava as suas prezas, um dia apresenta-se no aquartelamento, dizendo:
- Pessoal vai buscar lobo do mato que está morto e não come mais criança!
E lá foi a caminho da casa do Libanês, levando outra preza que era uma gazela morta, pendurada à tiracolo, pela levou uma nota de cinquenta pesos, embrulhadinha e metida na sacola do seu farnel, onde não faltava coca que mascava quase vinte e quatro horas por dia.
(Texto, ilustrações e fotos: © Tony Borié (2012). Direitos reservados)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10773: Do Ninho D'Águia até África (33): O Grupo do Cifra (Tony Borié)
Do Ninho D'Águia até África (34)
Aquela garotada
Quase sempre ao domingo, e quando estava de folga e livre das suas tarefas, o Cifra dava o seu passeio habitual pela tal aldeia, com casas cobertas de colmo que existia próximo do aquartelamento. Parava aqui e ali, já conhecia alguns habitantes, e as crianças andavam sempre em seu redor, pois sempre trazia no bolso rebuçados que comprava na loja do Libanês.
Mas adiante, pois já nos estamos a desviar do principal, que era aquela garotada.
As crianças tocavam em tudo o que reluzisse da farda do Cifra, como por exemplo a fivela do cinto, os emblemas da boina, os ilhós das botas, os botões, o relógio de pulso, que algumas vezes usava, e faziam mesmo guerra, entre elas para andarem em redor do Cifra. Numa dessas vezes, estando elas em pleno convívio, e com alguma algazarra própria de crianças, de repente, desaparecem, começando a correr, cada uma para junto da sua “morança”.
O Cifra admirado com esta situação, abre os braços e pergunta a uma das “bajudas” que estavam presentes, qual o motivo desta atitude, e uma logo lhe respondeu, numa linguagem que se compreendia perfeitamente:
- O lobo do mato que come criança, anda por aí!
Fazendo um gesto em círculo com o braço, e o lobo do mato, a que se referia a “bajuda”, era uma hiena que há algum tempo andava a rondar a aldeia, e diziam que já tinha levado um bebé a uma mãe menos cautelosa.
O Cifra, como não tinha ouvido nenhum ruído, nem nenhuma movimentação em seu redor, ficou admirado como era possível as crianças, foto com o Cifra em cima, terem dado pela presença da referida hiena. Ainda hoje não sabe, só tem uma explicação, talvez o olfacto ou o instinto natural de protecção que um ser humano tem, mas só sensível em alguns. Era mesmo uma hiena, pois passados uns minutos ela passou um pouco ao longe, com o rabo curto, caído e quase entre as patas traseiras.
O Mamadú, um caçador que costumava passar as madrugadas esperando que os animais viessem beber a uma pequena bolanha que havia para os lados de Porto Gole, onde caçava as suas prezas, um dia apresenta-se no aquartelamento, dizendo:
- Pessoal vai buscar lobo do mato que está morto e não come mais criança!
E lá foi a caminho da casa do Libanês, levando outra preza que era uma gazela morta, pendurada à tiracolo, pela levou uma nota de cinquenta pesos, embrulhadinha e metida na sacola do seu farnel, onde não faltava coca que mascava quase vinte e quatro horas por dia.
(Texto, ilustrações e fotos: © Tony Borié (2012). Direitos reservados)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10773: Do Ninho D'Águia até África (33): O Grupo do Cifra (Tony Borié)
Guiné 63/74 - P10784: (Ex)citações (204): Razões portuguesas e razões guineenses (João Meneses / Cherno Baldé)
1. Resposta do João Meneses [, fo to ao lado, ] ao comentário do Cherno Baldé ao poste P10769 (*)
Data: 7 de Dezembro de 2012 23:54
Assunto: Resposa a comentário de Cherno Baldé
Caro Luís e Carlos
Deixo exclusivamente ao vosso critério, em vez de o fazer directamente, a publicação da resposta (a seguir) que gostaria de dar a Cherno Baldé, critério que são vocês os únicos indicados para decidir.
Na actualidade:
1 - Sempre fui e serei Português (com muito orgulho)
2 - Cherno Baldé é Guineense (certamente com muito orgulho)
No tempo da guerra éramos todos Portugueses, independentemente de conceitos diversos sobre o tema.
Segue a minha resposta.
2º TEN FZE João Carvalho Meneses
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591
"(...)aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pelas guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais".
Esta frase cega, que não faz nenhuma diferença entre o PAIGC e os cidadãos da Guiné-Bissau, vinda de um português de origens caboverdianas e que fez a guerra no território que hoje considera violenta e cujos habitantes têm a violência no sangue, é no mínimo infeliz e lamentável.
O FZE do DFE, Tenente Meneses, hoje advogado, tinha a obrigação de conhecer bem a história da Guiné, ou melhor, da Guiné de Cabo-Verde e saber quem, na verdade, semeou, ao longo dos séculos nos rios da Guiné, ou ainda trás no sangue os germes da intriga étnica e da violência.
Tanto assim que o próprio nos esclarece melhor quais as suas origens e a vocação da sua familia:
"(...) Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família, sabes. (...)".
Afinal, quem trás a guerra e a violência na massa do sangue?
São os Guinenses, concerteza. Quem havia de ser?
Cherno Baldé. (...)
Caro Luis e amigos da TG,
Desculpem esta recepção um tanto crispada ao João Meneses que confundi com o José Macedo, mas a intenção foi chamar a atenção sobre a ambiguidade de certas frases e discursos que, não sendo intencionais, acabam em generalizações abusivas.
Na Guiné nunca houve guerras étnicas, pois aquilo que se considera como tal, por exemplo entre fulas e mandingas, na minha opinião, era muito mais que isso, porque dificilmente se poderá tomar cada um destes grupos simplesmente como uma etnia. Mas isto é outra história.
Desejo boas vindas ao amigo João Meneses a nossa Tabanca Grande porque eu sei que ele gosta da Guiné e dos Guineenses e aproveito dizer-lhe que tivemos familiares integrados nos FZE (não sei se no 21 ou 22) dos quais me lembro do Sedjali Embaló, preso e morto nos primeiros anos após a independencia.
Cherno Baldé
(**) Último poste da série > 3 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10757: (Ex)citações (203): O "fado das comparações"... ou o humor sarcástico do Cancioneiro do Niassa(Luís Graça)
Data: 7 de Dezembro de 2012 23:54
Assunto: Resposa a comentário de Cherno Baldé
Caro Luís e Carlos
Deixo exclusivamente ao vosso critério, em vez de o fazer directamente, a publicação da resposta (a seguir) que gostaria de dar a Cherno Baldé, critério que são vocês os únicos indicados para decidir.
Na actualidade:
1 - Sempre fui e serei Português (com muito orgulho)
2 - Cherno Baldé é Guineense (certamente com muito orgulho)
No tempo da guerra éramos todos Portugueses, independentemente de conceitos diversos sobre o tema.
Segue a minha resposta.
Um grande abraço, Luís e Carlos
2º TEN FZE João Carvalho Meneses
_________________________
Em resposta a Cherno Baldé [, foto à direita] (**):
Desejo-lhe a melhor sorte da vida. Não o conheço a si, nem me conhece igualmente a mim, como prova o seu comentário. Logicamente que o Zé Macedo nada tem a haver com isto, conforme esclarece, e oportunamente, o Luís Graça, estando ele totalmente isento, por direito, e como tal sugiro que lhe apresente desculpas, ou admita que se enganou. Bastava que antes de escrever, tivesse lido com mínima atenção. Levou-o simplesmente o ataque. Do que escrevo, sou eu o único responsável, conhecendo que por vezes, para que todas as sensibilidades fiquem esclarecidas, para dizer uma única palavra, deva fazer uma explicação do sentido que essa mesma palavra pretende.
Se esse comentário se dirigiu ao meu artigo, certamente que sim, caro Baldé. Mas ataque, o conceito e não a pessoa. Não distingo, nem sequer admito que eu o pudesse fazer, entre o PAIGC e o POVO da Guiné Bissau, dado que num estado democrático, é o Povo que elege (ou deve eleger) qual o partido ou os partidos que o devem governar. As lutas internas dos partidos deveriam só a eles dizer respeito, não tendo o direito de fazer sofrer um Povo inteiro, ao tentarem impor-se. Posso extrapolar para qualquer povo. Acrescento qu, e para além da linha PAICG, existem outras, e que é o povo que as escolhe. Não entro, aqui, em análises políticas, por saírem fora do interesse deste espaço e do meu próprio.
Assim, com esta introdução, afirmo-lhe que o PAIGC não tem a importância que o povo tem. Só o tem, se for eleito e o servir na realidade. Vê qual a ordem de prioridades?
Sobre a existência de lutas tribais, já Amílcar Cabral, inconfesso defensor da Guiné e seu Povo, reconhecia essa evidência, derivada de variadíssimos factores, entre eles as diferentes crenças religiosas e comunicação. Verifique-se primeiro: O território da Guiné Bissau diminui 1/3 entre a maré vazia e a cheia. As vias de comunicação são dificílimas de implantar dado que, de um ponto a outro, se tem que contornar bolanhas extensas, aumentando exponencialmente as distâncias. A comunicação entre as diversas ilhas, necessitariam de um serviço minimamente eficiente de meios de transporte, marítimos e fluviais. Os recursos naturais têm limitados meios de produção, etc, etc, que saberá mais aprofundadamente do que eu.
Quanto à droga, está à vista. É organizada por estrangeiros que se servem da Guiné, mas que acabam por os envolver. Não são os Guineenses que plantam, fornecem e distribuem a droga. O dinheiro fácil, corrompeu alguns que, por razão da movimentação dos capitais envolvidos, tentam impor à política a facilitação do pretendido. Estudos internacionais sobre este problema já reconheceram a sua existência, a razão da mesma e o descontrolo.
Quanto ao "está-lhes no sangue", referi-me às evidências do que tem acontecido nas classes dirigentes, até à data, não desde a autoproclamação da Independência, mas a partir da saída dos Portugueses.
Repare, tudo isto, à revelia do Povo.
Dou por finda a minha explicação sobre o que penso da Guiné, desejando a todos os Guineenses que consigam entender-se e estabilizar, para que o Povo tenha a legítima dignidade que ele merece.
Não me leve a mal que escreva o que penso. Não pretendo ofender nenhuma sensibilidade. No tempo em que estive na Guiné morreram Portugueses de várias cores incluindo camponeses.
Com respeito
João Carvalho Meneses
Em resposta a Cherno Baldé [, foto à direita] (**):
Desejo-lhe a melhor sorte da vida. Não o conheço a si, nem me conhece igualmente a mim, como prova o seu comentário. Logicamente que o Zé Macedo nada tem a haver com isto, conforme esclarece, e oportunamente, o Luís Graça, estando ele totalmente isento, por direito, e como tal sugiro que lhe apresente desculpas, ou admita que se enganou. Bastava que antes de escrever, tivesse lido com mínima atenção. Levou-o simplesmente o ataque. Do que escrevo, sou eu o único responsável, conhecendo que por vezes, para que todas as sensibilidades fiquem esclarecidas, para dizer uma única palavra, deva fazer uma explicação do sentido que essa mesma palavra pretende.
Se esse comentário se dirigiu ao meu artigo, certamente que sim, caro Baldé. Mas ataque, o conceito e não a pessoa. Não distingo, nem sequer admito que eu o pudesse fazer, entre o PAIGC e o POVO da Guiné Bissau, dado que num estado democrático, é o Povo que elege (ou deve eleger) qual o partido ou os partidos que o devem governar. As lutas internas dos partidos deveriam só a eles dizer respeito, não tendo o direito de fazer sofrer um Povo inteiro, ao tentarem impor-se. Posso extrapolar para qualquer povo. Acrescento qu, e para além da linha PAICG, existem outras, e que é o povo que as escolhe. Não entro, aqui, em análises políticas, por saírem fora do interesse deste espaço e do meu próprio.
Assim, com esta introdução, afirmo-lhe que o PAIGC não tem a importância que o povo tem. Só o tem, se for eleito e o servir na realidade. Vê qual a ordem de prioridades?
Sobre a existência de lutas tribais, já Amílcar Cabral, inconfesso defensor da Guiné e seu Povo, reconhecia essa evidência, derivada de variadíssimos factores, entre eles as diferentes crenças religiosas e comunicação. Verifique-se primeiro: O território da Guiné Bissau diminui 1/3 entre a maré vazia e a cheia. As vias de comunicação são dificílimas de implantar dado que, de um ponto a outro, se tem que contornar bolanhas extensas, aumentando exponencialmente as distâncias. A comunicação entre as diversas ilhas, necessitariam de um serviço minimamente eficiente de meios de transporte, marítimos e fluviais. Os recursos naturais têm limitados meios de produção, etc, etc, que saberá mais aprofundadamente do que eu.
Quanto à droga, está à vista. É organizada por estrangeiros que se servem da Guiné, mas que acabam por os envolver. Não são os Guineenses que plantam, fornecem e distribuem a droga. O dinheiro fácil, corrompeu alguns que, por razão da movimentação dos capitais envolvidos, tentam impor à política a facilitação do pretendido. Estudos internacionais sobre este problema já reconheceram a sua existência, a razão da mesma e o descontrolo.
Quanto ao "está-lhes no sangue", referi-me às evidências do que tem acontecido nas classes dirigentes, até à data, não desde a autoproclamação da Independência, mas a partir da saída dos Portugueses.
Repare, tudo isto, à revelia do Povo.
Dou por finda a minha explicação sobre o que penso da Guiné, desejando a todos os Guineenses que consigam entender-se e estabilizar, para que o Povo tenha a legítima dignidade que ele merece.
Não me leve a mal que escreva o que penso. Não pretendo ofender nenhuma sensibilidade. No tempo em que estive na Guiné morreram Portugueses de várias cores incluindo camponeses.
Com respeito
João Carvalho Meneses
______________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591
(...) (i) Comentário de Cherno Baldé,com data de 7/12/2012:
Caro João Meneses,
"(...)aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pelas guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais".
Esta frase cega, que não faz nenhuma diferença entre o PAIGC e os cidadãos da Guiné-Bissau, vinda de um português de origens caboverdianas e que fez a guerra no território que hoje considera violenta e cujos habitantes têm a violência no sangue, é no mínimo infeliz e lamentável.
O FZE do DFE, Tenente Meneses, hoje advogado, tinha a obrigação de conhecer bem a história da Guiné, ou melhor, da Guiné de Cabo-Verde e saber quem, na verdade, semeou, ao longo dos séculos nos rios da Guiné, ou ainda trás no sangue os germes da intriga étnica e da violência.
Tanto assim que o próprio nos esclarece melhor quais as suas origens e a vocação da sua familia:
"(...) Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família, sabes. (...)".
Afinal, quem trás a guerra e a violência na massa do sangue?
São os Guinenses, concerteza. Quem havia de ser?
Cherno Baldé. (...)
(...) (ii) Novo comentário do Cherno Baldé, com data de 10/12/2012
Desculpem esta recepção um tanto crispada ao João Meneses que confundi com o José Macedo, mas a intenção foi chamar a atenção sobre a ambiguidade de certas frases e discursos que, não sendo intencionais, acabam em generalizações abusivas.
Na Guiné nunca houve guerras étnicas, pois aquilo que se considera como tal, por exemplo entre fulas e mandingas, na minha opinião, era muito mais que isso, porque dificilmente se poderá tomar cada um destes grupos simplesmente como uma etnia. Mas isto é outra história.
Desejo boas vindas ao amigo João Meneses a nossa Tabanca Grande porque eu sei que ele gosta da Guiné e dos Guineenses e aproveito dizer-lhe que tivemos familiares integrados nos FZE (não sei se no 21 ou 22) dos quais me lembro do Sedjali Embaló, preso e morto nos primeiros anos após a independencia.
Cherno Baldé
Guiné 63/74 - P10783: Blogoterapia (219): Reflexão sobre a nossa condição militar (António Melo, camarada da diáspora)
1. Mensagem, de 1 do corrente, do António Melo (ex-1.º Cabo Rec Inf, BCAÇ 2930, Catió e QG, Bissau, 1972/74), camarada que vive em Espanha [, foto à direita]:
E que assim este texto seja de todos nós ex-soldados do Exército, Marinha ou Força Aérea, quer tenham sido praças, sargentos ou oficiais, hajam servido nos comandos, fuzileiros, paraquedistas ou tropa regular, e de todos os que estavam na frente de combate e dos que estavam na cidade no ar acondicionado como assim já aqui li algumas vezes.
Mas que, sem esses que estavam na cidade, ns os que estávamos na frente de combate não sobreviviríamos porque nos faltaria a logistica de apoio, como as munições, os conbustíveis para a viaturas, os alimentos, a organização de comando e o correio das nossas famílias que tanto apreciávamos e que era para nós o ar que necessitávamos para continuar a viver e não me quero alongar mais porque era incomensurável o labor que faziam para podermos sobreviver.
E que ao ler este, saibam que aqui inclu0 a todos que tenham servido Portugal em Cabo Verde, Guiné, São Tome e Príncepe, Angola, Moçambique, Índia, Macau ou Timor, para todos os meus respeitos.
Um dia partia um jovem vestido de verde, azul ou branco, com sua mochila ao ombro e uma mala na mão, caminhava com passo seguro, cabeça baixa e por seu rosto lhe caíam as lágrimas e sem olhar para trás, pois nesse momento não queria ver o rosto dos que deixava destroçados e de rastros, sua mãe, seu pai, seus irmãos, tios, primos, vizinhos e amigos, e que que aos gritos pronunciavan o seu nome.
Partia em direção à sua unidade e no dia seguinte era o embarque rumo a África.
Já acomodado a sua nova vida, pára. E pensa um pouco.
Mas de verdade,
o que faço eu aqui???????'???????????????
aqui nao perdi nada!!!!!!!!!
por isso nada posso encontrar!!!!!!!,
lutar, combater, morrer ou ser morto, porquê?
se esta gente não me fez nada, porque tenho eu que lutar?
a mim sempre me ensinaram que tens que lutar pelo que é teu,
e isto não é meu?
E de momento voltou à realidade e se deu conta que havia passado quase uma hora, rebobinou os seus pensamentos e encontrou a resposta:
- Sim, é verdade, tenho que combater, lutar, porque e a minha vida é essa, sim que é minha e está aqui.
Aquele jovem és tu, sou eu e somos todos. Espero um dia poder estar num conivio e que possamos falar de coisas alegres e tristes mas isso só a vida nos dirá o que nos reserva.
Hoje quero falar um pouco sobre as verdades do passado, presente e futuro dos ex-militares que na sua juventude partiram para uma aventura desconhecida, que para uns foi enriquecedora, para outros nem fu nem fa, para outros amarga e para alguns, não poucos , foi o final da sua curta vida (e que aqui rendo a minha homenagem a esses valorosos caídos).
Hoje todos nos somos esquecidos pela classe politica que nos governa.
Hoje todos nos somos esquecidos pela classe politica que nos governa.
Mas vou explanar-me sobre o fictício mas que foi um extrato retirado de cada um de nós, ex-militares, e que ao lê-lo cada um extraia a parte que lhe corresponde da verdade.
E que assim este texto seja de todos nós ex-soldados do Exército, Marinha ou Força Aérea, quer tenham sido praças, sargentos ou oficiais, hajam servido nos comandos, fuzileiros, paraquedistas ou tropa regular, e de todos os que estavam na frente de combate e dos que estavam na cidade no ar acondicionado como assim já aqui li algumas vezes.
Mas que, sem esses que estavam na cidade, ns os que estávamos na frente de combate não sobreviviríamos porque nos faltaria a logistica de apoio, como as munições, os conbustíveis para a viaturas, os alimentos, a organização de comando e o correio das nossas famílias que tanto apreciávamos e que era para nós o ar que necessitávamos para continuar a viver e não me quero alongar mais porque era incomensurável o labor que faziam para podermos sobreviver.
E que ao ler este, saibam que aqui inclu0 a todos que tenham servido Portugal em Cabo Verde, Guiné, São Tome e Príncepe, Angola, Moçambique, Índia, Macau ou Timor, para todos os meus respeitos.
Um dia partia um jovem vestido de verde, azul ou branco, com sua mochila ao ombro e uma mala na mão, caminhava com passo seguro, cabeça baixa e por seu rosto lhe caíam as lágrimas e sem olhar para trás, pois nesse momento não queria ver o rosto dos que deixava destroçados e de rastros, sua mãe, seu pai, seus irmãos, tios, primos, vizinhos e amigos, e que que aos gritos pronunciavan o seu nome.
Partia em direção à sua unidade e no dia seguinte era o embarque rumo a África.
No dia seguinte o embarque e a viagem. Para África, claro está.
E cada um que idealize a sua, e já chegados ao seu destino lhe foi dado o seu lugar na unidade que lhe tocou, para uns um aquartelamento adequado, para outros umas tabancas e ainda para outros uma árvore, uma arma, uma pá e uma pica e agora... vai à vida que a tropa manda desenrascar.
Já acomodado a sua nova vida, pára. E pensa um pouco.
Mas de verdade,
o que faço eu aqui???????'???????????????
aqui nao perdi nada!!!!!!!!!
por isso nada posso encontrar!!!!!!!,
lutar, combater, morrer ou ser morto, porquê?
se esta gente não me fez nada, porque tenho eu que lutar?
a mim sempre me ensinaram que tens que lutar pelo que é teu,
e isto não é meu?
E de momento voltou à realidade e se deu conta que havia passado quase uma hora, rebobinou os seus pensamentos e encontrou a resposta:
- Sim, é verdade, tenho que combater, lutar, porque e a minha vida é essa, sim que é minha e está aqui.
Assim foram passando dias, meses e anos, lá foi vivendo, lutando, recebendo o correio que tanto adorava da família. E asim passa o tempo e, quase chegada a hora do regresso, ,cada vez e maior o aperto que sente dentro de si porque as saudades são muitas e quer ver a família e agora que lhe restam poucos dias para os ver adopta todas as cautelas para que nada lhe passe porque lhe vem a mente alguns dos camaradas que como ele para ai foram e ja nao estao partiram para uma viagem sem retorno uns por acidente outros por enfermidade e outros na frente de combate.
´
Se termina o tempo e são substituídos por outros, chega a hora do regresso e lá vem o jovem. Ao chegar é recebido por sus familiares e amigos, agora já um homem curtido, endurecido pelo que representou aquela estadia em África. Os primeiros dias vai visitando os sítios que costumava frequentar antes da vida militar, em alguns casos entra a medo,
Não é medo que lhe possam fazer mal, mas porque não quer aceitar a realidade que alguns dos amigos vizinhos ou conhecidos ou até pessoas com que pouco havia tratado, também já partiram uns que morreram, outros que imigraram, mas assim é a vida e, aos poucos, vai assumindo a realidade porque quando partiu deixou uma realidade e agora encontra outra.
Não é medo que lhe possam fazer mal, mas porque não quer aceitar a realidade que alguns dos amigos vizinhos ou conhecidos ou até pessoas com que pouco havia tratado, também já partiram uns que morreram, outros que imigraram, mas assim é a vida e, aos poucos, vai assumindo a realidade porque quando partiu deixou uma realidade e agora encontra outra.
Dias depois começa a pensar o que vai fazer da nova vida pois nada é o mesmo, a empresa onde trabalhava fechou as portas e ele tem de tomar uma decisão.
De todos esses que regressaram uns continuam seus estudos que tiveram que interromper para cumprir o serviço militar, outros voltam aos mesmo posto de trabalho que deixaram, outros que não tiveram tanta sorte e a sua cabaça não aguentou foram para lá uns homens com todas as faculdades mentais intactas e voltaram feitos farrapos, a sua cabeça já não é a mesma e se lançaram às ruas da cidade uma vida sem rumo. Outros há que seguiram a vida militar, outros ainda deles optaram pela imigração e assim alguns se encontram hoje repartidos pelos quatro cantos do mundo desde a Patagónia ao Canada, desde as gelidas terras do norte da Europa África, Austrália e países asiáticos, nunca mais se voltaram a ver aqueles que um dia e por determinado tempo foram camaradas, viveram melhor ou pior, mas da mesma maneira sofreram choraram ou riram juntos.
Formaram um lar, casaram, vieram os filhos e os netos, hoje gente com o cabelo prateado, vamos sendo cada vez menos.
Formaram um lar, casaram, vieram os filhos e os netos, hoje gente com o cabelo prateado, vamos sendo cada vez menos.
Agora, caros amigos, tabanqueiros, deram-nos estes avanços técnicos e estamos aqui reunidos ou atabancados, como queiram.
Aquele jovem és tu, sou eu e somos todos. Espero um dia poder estar num conivio e que possamos falar de coisas alegres e tristes mas isso só a vida nos dirá o que nos reserva.
Um grande abraço a todos e para ti amigo, Carlos, um muito especial. António Melo
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Nota do editor:
Último poste da série > 15 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10534: Blogoterapia (218): Voltei ao Éden (Felismina Costa)
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Nota do editor:
Último poste da série > 15 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10534: Blogoterapia (218): Voltei ao Éden (Felismina Costa)
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Guiné 63/74 - P10782: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (2): Quem seria o "anjo do céu" que veio na DO 27, nº 3331, buscar feridos a Bambadinca ? Pede-se a ajuda do Humberto Reis, do João Carreira Martins, do Abel Rodrigues, da Giselda Pessoa, da Maria Arminda, da Rosa Serra, do Jorge Narciso...
Foto nº 38 - A (pormenor)
Foto nº 38
Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) / CCAÇ 12 (1969/70) > Pista de aviação de Bambadinca... Evacuação de feridos > Em primeiro plano, uma enfermeira paraquedista (cuja identidade desconhecemos, mas esperemos que possa ser revelada por uma das suas camaradas), e o fur mil enfermeiro da CCAÇ 12, o João Carreiro Martins, o nosso querido "Pastilhas"... A seus pés um ferido, com a cabeça engessada...
Foto nº 36 - A (pormenor)
Foto nº 36-B (pormenor)
Foto nº 36
Na foto 36, vê-e ao centro o fur mil op esp Humebrto Reis (2º Gr Conmb / CCAÇ 12), e à esquerda o oficial de dia, que me parece ser, visto de costas, o alf mil Abel Maria Rodrigues, nosso grã-tabanqueiro, tal como o Humberto. Estendido na maca, na parte de trás, está o ferido com a cabeça engessada, e no cockpit, no lugar do copiloto (ou do mecânico), parece-me "ver" outro ferido, africano...
Serão militares da CCAÇ 12, serão civis, ou serão prisioneiros de guerra ? Os nossos feridos graves, em combate, eram sempre ou quase sempre helitransportados a partir do mato... Não é aqui o caso... Estes feridos são evacuados a partir de Bambadinca... Não poderiam ser seguramente os feridos das duas minas anticarros, que explodiram em 13 de janeiro de 1971, à saída do reordenamento de Nhabijões... Nessa altura, o fur mil Lopes já estava longe, na metrópole, há 7 meses... Tanmbém não poderiam ser prisioneiros da Op Lança Afiada, março de 1969 (Nessa altura ainda estavámos na matrópole, nós, malta da CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12)...
Serão militares da CCAÇ 12, serão civis, ou serão prisioneiros de guerra ? Os nossos feridos graves, em combate, eram sempre ou quase sempre helitransportados a partir do mato... Não é aqui o caso... Estes feridos são evacuados a partir de Bambadinca... Não poderiam ser seguramente os feridos das duas minas anticarros, que explodiram em 13 de janeiro de 1971, à saída do reordenamento de Nhabijões... Nessa altura, o fur mil Lopes já estava longe, na metrópole, há 7 meses... Tanmbém não poderiam ser prisioneiros da Op Lança Afiada, março de 1969 (Nessa altura ainda estavámos na matrópole, nós, malta da CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12)...
Espero também que as nossas queridas enfermeiras paraquedistas, as camaradas Giselda Pessoa, Rosa Serra e Maria Arminda (ou o melec Jorge Narciso, que é do nosso tempo de Guiné) me consigam também identificar a enfermeira paraquedista da foto nº 38...que nesse dia (não sabemos qual, mas só estar compreeendido entre finais de julho de 1969 e finais de maio de 1970) foi até Bambadinca buscar feridos graves...
Já falei ao telefone com o meu camarada Lopes, de resto meu vizinho (, mora em Linda a Velha, concelho de Oeiras,) e embora ele não visite o nosso blogue (por um questão de princípio e de higiene mental, não quer voltar a reviver esses tempos), está disposto a partilhar mais fotos do seu álbum e da sua coleção de diapositivos com os amigos e camaradas da Guiné que integra a nossa gloriosa e fraterna Tabanca Grande.
Prometi ir um dia destes fazer-lhe uma visita. Soube por outro lado qual era a sua verdadeira especialidade: Contabilidade & Pagadoria, um delicioso nome arcaico ou castrense para tesouraria... Até lá, o meu reconhecimento e agradecimento, em nome de toda a nossa Tabanca Grande. (LG)
Já falei ao telefone com o meu camarada Lopes, de resto meu vizinho (, mora em Linda a Velha, concelho de Oeiras,) e embora ele não visite o nosso blogue (por um questão de princípio e de higiene mental, não quer voltar a reviver esses tempos), está disposto a partilhar mais fotos do seu álbum e da sua coleção de diapositivos com os amigos e camaradas da Guiné que integra a nossa gloriosa e fraterna Tabanca Grande.
Prometi ir um dia destes fazer-lhe uma visita. Soube por outro lado qual era a sua verdadeira especialidade: Contabilidade & Pagadoria, um delicioso nome arcaico ou castrense para tesouraria... Até lá, o meu reconhecimento e agradecimento, em nome de toda a nossa Tabanca Grande. (LG)
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Nota do editor:
Marcadores:
Abel Rodrigues,
Bambadinca,
BCAÇ 2852,
CCAÇ 12,
DO-27,
enfermeiras pára-quedistas,
Humberto Reis,
J. C. Rodrigues Lopes,
João Carreiro Martins,
Jorge Narciso
Guiné 63/74 - P10781: Notas de leitura (438): "A Curva do Rio", de V. S. Naipaul (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Setembro de 2012:
Queridos amigos,
Proponho, sem qualquer hesitação, que leiam esta obra-prima de V. S. Naipaul. Parece não haver dúvidas que se passa no ex-Congo Belga, a arquitetura do romance é uma perfeição, a linguagem do Prémio Nobel da Literatura de 2001 é contida, elegante, as caraterizações dos personagens são soberbas. Temos aqui a metáfora do homem novo africano e de um presidente déspota caprichoso, que todos temem. Estamos num país que procura arrasar os valores coloniais, a religião importada, mas que se transforma numa fábrica de corrupção em que as propriedades mudam de mão e toda a gente vive uma vida instável enquanto as execuções se multiplicam. Não será que ao lermos “A Curva do Rio” não nos vem à mente outros dramas africanos?
Um abraço do
Mário
A curva do rio
Beja Santos
É o retrato de uma África em pós-independência, um país algures. Há uma cidade junto a uma curva do rio e alguém, de origem indiana, de nome Salim, adquire um negócio, não tem medo da instabilidade. Ele descreve o que constitui o seu mister: “A minha loja parecia um campo de batalha. Tinha rolos de tecidos e de oleado nas prateleiras, mas a maior parte dos artigos estavam espalhados pelo chão de cimento. Eu sentava-me a uma secretária, a meio do barracão de cimento, de frente para a porta, com um pilar de cimento ao lado da secretária, pilar que me fazia sentir como que ancorado naquele mar de trastes – grandes bacias de esmalte, com os rebordos brancos e azuis, ou azuis com motivos florais; pilhas de pratos de esmalte branco, com papel de embrulho cor de lama entre os pratos, púcaros de esmalte e panelas de ferro e fogareiros a carvão e camas de ferro e baldes de zinco ou plástico e pneus de bicicleta e lanternas a pilhas e candeeiros a óleo com vidro verde, cor-de-rosa ou cor de âmbar”. Não foi fácil a Salim chegar à curva do rio, metade da cidade estava destruída, o antigo bairro europeu tinha sido queimado, naquela cidade proliferavam as ruínas.
V. S. Naipaul, Prémio Nobel da Literatura de 2001, tem uma escrita serena, extremamente elegante, descreve e contempla com cuidados desvelados, autênticas águas-fortes, todos os personagens, Zabeth, a estranhíssima vendedeira que percorre os confins da floresta ou o comerciante Nazruddin, que atraiu Salim àquela curva do rio numa altura em que os acontecimentos africanos começavam a suceder-se a um ritmo vertiginoso, com rebeliões e também massacres; Ferdinand, o filho de Zabeth, um africano que veste mal na sua pele as cargas genéticas; Metty, o criado de Salim, que procura inserir-se na sociedade africana a todo o custo, e que se irá revelar um traidor; o Padre Huismans que adora a escultura africana, e que irá ser massacrado. Mas há mais, muito mais participantes nesse país que sofrera uma revolução e depois uma guerra civil e que agora tem um novo presidente que manda construir, ali na curva do rio, a Cidade Nova. O presidente mandou executar os responsáveis do exército que vinham do período colonial, o Grande Chefe possui muito dinheiro e pode ter um exército de mercenários, o Exército de Libertação, ao seu serviço. Aquela cidade na curva do rio era um microcosmos mas também o espelho convexo de todas as aflições e turbamulta em que vivia África, nesse arranque das independências dos anos 1960. É neste ambiente que mergulhamos no assombroso romance “A Curva do Rio”, de V. S. Naipaul, em boa hora reeditado pela Quetzal Editores.
A Cidade Nova parecia um empreendimento faraónico, o presidente, que vivia na capital, deu luz verde para que na curva do rio se fizessem construções faustosas, o presidente queria mostrar uma nova África. “A Cidade Nova fora rapidamente construída; mas a sua decadência, sob o sol impiedoso e a chuva persistente, também foi rápida. Depois da primeira estação das chuvas, muitas das árvores que haviam sido plantadas na larguíssima avenida principal acabaram por definhar, com as raízes inundadas, apodrecidas por tanta água”. Havia pois que encontrar rapidamente uma utilidade para aqueles edifícios: “A Cidade Nova transformou-se numa cidade universitária e num centro de investigação. O edifício destinado às conferências passou a ser um instituto politécnico para o povo da região, e outros edifícios foram transformados em dormitórios e habitações dos professores e funcionários”. Surgem novas tensões, aqueles alunos parecem pugnar por um nacionalismo africano, desconfiam das teorias ocidentais, das religiões importadas. Chega um amigo de Salim, um professor da Cidade Nova, ele vai-lhe mostrar a cidade que se via em poucas horas: “Havia o rio, com um passeio marginal meio arruinado perto do porto. E havia o porto; os estaleiros com barracões de chapa de ferro ondulada, cheios de peças de máquinas enferrujadas, e a jusante, a catedral em ruínas, de uma grandiosidade maravilhosa e com um ar antigo, como se fosse uma catedral da Europa – mas só se podia admirá-la da estrada, porque o mato à volta estava muito cerrado e o local era famoso pelas suas cobras. Havia as praças esburacadas com os seus pedestais danificados e sem estátuas; os edifícios oficiais da época colonial em avenidas orladas de palmeiras…”. Surge um guru do presidente, mas que anda angustiado, cheio de dúvidas quanto à identidade africana e os sacrifícios ditados pelo progresso que era a marca de água das potências coloniais do passado.
Como numa tragédia grega, sente-se que caminhamos para uma inevitabilidade, guerra feroz decretada por aquele enérgico presidente transformado num ditador absoluto. O presidente discursa às massas: “Os temas não eram novos: os sacrifícios que era preciso fazer; um futuro radioso; a dignidade da mulher africana; a necessidade de fortalecer a revolução, por muito impopular que ela fosse entre os negros das cidades que ansiavam acordar um dia transformados em brancos; a necessidade que os Africanos tinham de ser Africanos, de retornar, sem vergonha, aos seus hábitos democráticos e socialistas, de redescobrir as virtudes do regime alimentar e dos remédios dos seus avós, de não correr atrás de coisas como conservas e vinhos importados como se fossem crianças; a necessidade de vigilância, de trabalho e, acima de tudo, de disciplina”. O presidente castigava os desobedientes, sobretudo os Jovens Guardas da região, foram banidos e mandados para o mato. Aquela cidade na curva do rio estava repleta de fotografias do presidente, cresciam as explosões de violência, sucediam-se os motins. Então, o Grande Chefe mandou punir os desobedientes. Salim vai provar humilhações quando regressa de Londres, a cidade na curva do rio está em crescente agitação, os haveres dos brancos foram nacionalizados, cresce a corrupção e o livre arbítrio. “Havia um sentimento generalizado de que o descalabro se aproximava a grande velocidade, de que o país cairia muito em breve num caos tremendo; e algumas pessoas comportavam-se, por isso, como se o dinheiro tivesse perdido já o seu valor”.
Salim mete-se nalguns negócios escuros, é denunciado por Metty, é levado preso e mais tarde liberto por Ferdinand, agora um servidor do Grande Chefe. Na prisão, professores com botas enormes e bastões, obrigam e recorrem à brutalidade para que os jovens repitam os versos dos hinos em louvor do Grande Chefe. Mas há um grande medo que assola os carrascos. “Aqueles pobres rapazes eram também vítimas das palavras escritas no muro branco da cadeia. Mas, pelas suas expressões, podíamos concluir que os seus corações, mentes e almas, não estavam presos. Os guardas, enfurecidos, também eles africanos, pareciam compreender isso mesmo, pareciam compreender que nunca conseguiriam dominar verdadeiramente as suas vítimas”. Aproxima-se a matança e Ferdinand prevê os próximos tempos, e di-lo a Salim: “Quando o presidente vier, vai ser horrível. Ao princípio, pensaram em matar só gente do Governo. Agora, o Exército de Libertação diz que isso não chega. Ao princípio, pensaram em fazer tribunais do povo e matar gente nas praças. Agora dizem que têm de matar muito mais gente, e que todos vamos ter de manchar as mãos de sangue”. Salim consegue partir, não se sabe para onde, viaja no rio num vapor a caminho da capital. Algumas canoas procuram seguir o vapor, os desesperados querem fugir à maré dos acontecimentos. Há tiroteio. Mas o vapor prosseguiu o seu rumo e sai da zona de batalha, já não está na curva do rio.
Dizem os especialistas que o país é o Congo, o Grande Chefe era Mobutu e a cidade Kisangani. Pode ser. Mas quem não reconhece outro país, outro grande chefe, outra cidade na curva do rio, algures em África?
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10771: Notas de leitura (437): "Amílcar Cabral, Essai de biographie politique", por Mário de Andrade (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Proponho, sem qualquer hesitação, que leiam esta obra-prima de V. S. Naipaul. Parece não haver dúvidas que se passa no ex-Congo Belga, a arquitetura do romance é uma perfeição, a linguagem do Prémio Nobel da Literatura de 2001 é contida, elegante, as caraterizações dos personagens são soberbas. Temos aqui a metáfora do homem novo africano e de um presidente déspota caprichoso, que todos temem. Estamos num país que procura arrasar os valores coloniais, a religião importada, mas que se transforma numa fábrica de corrupção em que as propriedades mudam de mão e toda a gente vive uma vida instável enquanto as execuções se multiplicam. Não será que ao lermos “A Curva do Rio” não nos vem à mente outros dramas africanos?
Um abraço do
Mário
A curva do rio
Beja Santos
É o retrato de uma África em pós-independência, um país algures. Há uma cidade junto a uma curva do rio e alguém, de origem indiana, de nome Salim, adquire um negócio, não tem medo da instabilidade. Ele descreve o que constitui o seu mister: “A minha loja parecia um campo de batalha. Tinha rolos de tecidos e de oleado nas prateleiras, mas a maior parte dos artigos estavam espalhados pelo chão de cimento. Eu sentava-me a uma secretária, a meio do barracão de cimento, de frente para a porta, com um pilar de cimento ao lado da secretária, pilar que me fazia sentir como que ancorado naquele mar de trastes – grandes bacias de esmalte, com os rebordos brancos e azuis, ou azuis com motivos florais; pilhas de pratos de esmalte branco, com papel de embrulho cor de lama entre os pratos, púcaros de esmalte e panelas de ferro e fogareiros a carvão e camas de ferro e baldes de zinco ou plástico e pneus de bicicleta e lanternas a pilhas e candeeiros a óleo com vidro verde, cor-de-rosa ou cor de âmbar”. Não foi fácil a Salim chegar à curva do rio, metade da cidade estava destruída, o antigo bairro europeu tinha sido queimado, naquela cidade proliferavam as ruínas.
V. S. Naipaul, Prémio Nobel da Literatura de 2001, tem uma escrita serena, extremamente elegante, descreve e contempla com cuidados desvelados, autênticas águas-fortes, todos os personagens, Zabeth, a estranhíssima vendedeira que percorre os confins da floresta ou o comerciante Nazruddin, que atraiu Salim àquela curva do rio numa altura em que os acontecimentos africanos começavam a suceder-se a um ritmo vertiginoso, com rebeliões e também massacres; Ferdinand, o filho de Zabeth, um africano que veste mal na sua pele as cargas genéticas; Metty, o criado de Salim, que procura inserir-se na sociedade africana a todo o custo, e que se irá revelar um traidor; o Padre Huismans que adora a escultura africana, e que irá ser massacrado. Mas há mais, muito mais participantes nesse país que sofrera uma revolução e depois uma guerra civil e que agora tem um novo presidente que manda construir, ali na curva do rio, a Cidade Nova. O presidente mandou executar os responsáveis do exército que vinham do período colonial, o Grande Chefe possui muito dinheiro e pode ter um exército de mercenários, o Exército de Libertação, ao seu serviço. Aquela cidade na curva do rio era um microcosmos mas também o espelho convexo de todas as aflições e turbamulta em que vivia África, nesse arranque das independências dos anos 1960. É neste ambiente que mergulhamos no assombroso romance “A Curva do Rio”, de V. S. Naipaul, em boa hora reeditado pela Quetzal Editores.
A Cidade Nova parecia um empreendimento faraónico, o presidente, que vivia na capital, deu luz verde para que na curva do rio se fizessem construções faustosas, o presidente queria mostrar uma nova África. “A Cidade Nova fora rapidamente construída; mas a sua decadência, sob o sol impiedoso e a chuva persistente, também foi rápida. Depois da primeira estação das chuvas, muitas das árvores que haviam sido plantadas na larguíssima avenida principal acabaram por definhar, com as raízes inundadas, apodrecidas por tanta água”. Havia pois que encontrar rapidamente uma utilidade para aqueles edifícios: “A Cidade Nova transformou-se numa cidade universitária e num centro de investigação. O edifício destinado às conferências passou a ser um instituto politécnico para o povo da região, e outros edifícios foram transformados em dormitórios e habitações dos professores e funcionários”. Surgem novas tensões, aqueles alunos parecem pugnar por um nacionalismo africano, desconfiam das teorias ocidentais, das religiões importadas. Chega um amigo de Salim, um professor da Cidade Nova, ele vai-lhe mostrar a cidade que se via em poucas horas: “Havia o rio, com um passeio marginal meio arruinado perto do porto. E havia o porto; os estaleiros com barracões de chapa de ferro ondulada, cheios de peças de máquinas enferrujadas, e a jusante, a catedral em ruínas, de uma grandiosidade maravilhosa e com um ar antigo, como se fosse uma catedral da Europa – mas só se podia admirá-la da estrada, porque o mato à volta estava muito cerrado e o local era famoso pelas suas cobras. Havia as praças esburacadas com os seus pedestais danificados e sem estátuas; os edifícios oficiais da época colonial em avenidas orladas de palmeiras…”. Surge um guru do presidente, mas que anda angustiado, cheio de dúvidas quanto à identidade africana e os sacrifícios ditados pelo progresso que era a marca de água das potências coloniais do passado.
Como numa tragédia grega, sente-se que caminhamos para uma inevitabilidade, guerra feroz decretada por aquele enérgico presidente transformado num ditador absoluto. O presidente discursa às massas: “Os temas não eram novos: os sacrifícios que era preciso fazer; um futuro radioso; a dignidade da mulher africana; a necessidade de fortalecer a revolução, por muito impopular que ela fosse entre os negros das cidades que ansiavam acordar um dia transformados em brancos; a necessidade que os Africanos tinham de ser Africanos, de retornar, sem vergonha, aos seus hábitos democráticos e socialistas, de redescobrir as virtudes do regime alimentar e dos remédios dos seus avós, de não correr atrás de coisas como conservas e vinhos importados como se fossem crianças; a necessidade de vigilância, de trabalho e, acima de tudo, de disciplina”. O presidente castigava os desobedientes, sobretudo os Jovens Guardas da região, foram banidos e mandados para o mato. Aquela cidade na curva do rio estava repleta de fotografias do presidente, cresciam as explosões de violência, sucediam-se os motins. Então, o Grande Chefe mandou punir os desobedientes. Salim vai provar humilhações quando regressa de Londres, a cidade na curva do rio está em crescente agitação, os haveres dos brancos foram nacionalizados, cresce a corrupção e o livre arbítrio. “Havia um sentimento generalizado de que o descalabro se aproximava a grande velocidade, de que o país cairia muito em breve num caos tremendo; e algumas pessoas comportavam-se, por isso, como se o dinheiro tivesse perdido já o seu valor”.
Salim mete-se nalguns negócios escuros, é denunciado por Metty, é levado preso e mais tarde liberto por Ferdinand, agora um servidor do Grande Chefe. Na prisão, professores com botas enormes e bastões, obrigam e recorrem à brutalidade para que os jovens repitam os versos dos hinos em louvor do Grande Chefe. Mas há um grande medo que assola os carrascos. “Aqueles pobres rapazes eram também vítimas das palavras escritas no muro branco da cadeia. Mas, pelas suas expressões, podíamos concluir que os seus corações, mentes e almas, não estavam presos. Os guardas, enfurecidos, também eles africanos, pareciam compreender isso mesmo, pareciam compreender que nunca conseguiriam dominar verdadeiramente as suas vítimas”. Aproxima-se a matança e Ferdinand prevê os próximos tempos, e di-lo a Salim: “Quando o presidente vier, vai ser horrível. Ao princípio, pensaram em matar só gente do Governo. Agora, o Exército de Libertação diz que isso não chega. Ao princípio, pensaram em fazer tribunais do povo e matar gente nas praças. Agora dizem que têm de matar muito mais gente, e que todos vamos ter de manchar as mãos de sangue”. Salim consegue partir, não se sabe para onde, viaja no rio num vapor a caminho da capital. Algumas canoas procuram seguir o vapor, os desesperados querem fugir à maré dos acontecimentos. Há tiroteio. Mas o vapor prosseguiu o seu rumo e sai da zona de batalha, já não está na curva do rio.
Dizem os especialistas que o país é o Congo, o Grande Chefe era Mobutu e a cidade Kisangani. Pode ser. Mas quem não reconhece outro país, outro grande chefe, outra cidade na curva do rio, algures em África?
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10771: Notas de leitura (437): "Amílcar Cabral, Essai de biographie politique", por Mário de Andrade (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P10780: Tabanca Grande (372): O resto da autobiografia do nosso último grã-tabanqueiro, nº 591, João Carvalho Meneses, 2º tenente fuzileiro especial na situação de reforma, DFA, a residir em Azoia de Cima, Santarém
1. Mensagem de 9 do corrente do João Carvalho Meneses, o nosso último grã-tabanqueiro (que, espero, não será o último nem deste ano nem do resto da vida Tabanca Grande, que vai completar 9 anos a 23 de abril de 2013, e que teoricamente deveria encerrar, para balanço, quando chegar - se lá chegar - aos 11, os míticos 11 da guerra colonial na Guiné, 1963/74):
Assunto: actualizações
Amigos: Primeiro que tudo, um grande abraço.
Amigos: Primeiro que tudo, um grande abraço.
(...) Junto mais alguns dados individuais, que penso te possam interessar para o Blogue:
Data de Nascimento: 05-01-1948
Data da Morte: terá que ser outro a escrever
Data de alistamento: 19-09-1971
Data de Imposição das Boinas aos Fuzileiros Especiais: 16-03-1972
Data de Promoção a Aspirantes: 14-04-1972
Data da disponibilidade: 01-05-1974 (note-se o dia - 1º de Maio, feriado oficial)
Local de Nascimento – Freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa, PORTUGAL
Local de Falecimento – A ver vamos ….
Local de Residência – Azoia de Cima, Santarém, PORTUGAL
Data de Nascimento: 05-01-1948
Data da Morte: terá que ser outro a escrever
Data de alistamento: 19-09-1971
Data de Imposição das Boinas aos Fuzileiros Especiais: 16-03-1972
Data de Promoção a Aspirantes: 14-04-1972
Data da disponibilidade: 01-05-1974 (note-se o dia - 1º de Maio, feriado oficial)
Local de Nascimento – Freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa, PORTUGAL
Local de Falecimento – A ver vamos ….
Local de Residência – Azoia de Cima, Santarém, PORTUGAL
NOTA: Não sou EX-Ten. Sou 2º TEN FZE na Situação de Reforma (pela razão de DFA)
Afirmei também a dada altura que os meus problemas duram há 33 anos, mas foi erro meu tipográfico. Dado que ainda estou vivo, fez este Setembro 2012, a dias 29, 40 anos sobre o facto [, o grave ferimento em combate ocorrido na região do Cubisseco, a sudoeste de Emapada]
Novo Alfa Bravo (como vocês dizem)
Afirmei também a dada altura que os meus problemas duram há 33 anos, mas foi erro meu tipográfico. Dado que ainda estou vivo, fez este Setembro 2012, a dias 29, 40 anos sobre o facto [, o grave ferimento em combate ocorrido na região do Cubisseco, a sudoeste de Emapada]
Novo Alfa Bravo (como vocês dizem)
2º TEN FZE Carvalho Meneses, Guiné, 1972
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Nota do editor:
Último poste da série > Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591
Guiné 63/74 - P10779: Parabéns a você (507): Fernando Barata, ex-Alf Mil da CCAÇ 2700 (Guiné, 1970/72)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 9 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10775: Parabéns a você (506): Amaro Samúdio, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 3477 (Guiné, 1971/73) e Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589 (Guiné, 1966/68)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 9 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10775: Parabéns a você (506): Amaro Samúdio, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 3477 (Guiné, 1971/73) e Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589 (Guiné, 1966/68)
domingo, 9 de dezembro de 2012
Guiné 63/74 - P10778: Os nossos médicos (44): Cumprir as normas, sempre (Valente Fernandes, ex-Alf Mil Médico do BCAV 8323)
1. Mensagem do nosso camarada Manuel Valente Fernandes, ex-Alf Mil Médico do BCAV 8323, Pirada, 1973/74, com data de 4 de Dezembro de 2012:
Caro Camarada
Conforme prometido, envio-te outra aventura acontecida em terras do leste da Guiné em 1973.
Não sou de confiança em localizações geográficas, pelo que (desta vez) não me comprometi.
Junto envio três fotografias, uma do período antes da Guiné (muitas inspecções a mancebos fiz eu nas instalações da Manutenção Militar, junto à feira da Ladra), as outras duas fotos de Pirada.
Com um abraço
Valente Fernandes
CUMPRIR AS NORMAS, SEMPRE
Em 1973 eu era alferes miliciano médico no BCAV 8323 em Pirada.
Eram óbvias as nossas preocupações na perspectiva do provável agravamento da situação, isto é, das flagelações e dos contactos com os guerrilheiros numa zona de fronteira, porquanto tínhamos vivido uma intensidade operacional com menor intensidade. Sabíamos (informações muito incompletas) o que tinha acontecido em Guidage.
Após as consultas de saúde da manhã, primeiro no posto médico do batalhão e depois na enfermaria destinada à população, à tarde o tempo livre não nos faltava. Os dois furriéis enfermeiros das duas companhias sediadas em Pirada (da CCS e da 3ª Companhia) e os vários maqueiros, tiveram complemento de formação no âmbito do socorrismo, incluindo a administração expedita de soros por via endovenosa (na veia), soros que poderiam vir a contribuir para salvar vidas.
O acaso contribuiu para termos muitas ‘cobaias’ para treino: Tínhamos recebido informação de Bissau ‘havia que matar a maioria dos cães’ que pululavam no batalhão e na tabanca porque os serviços de saúde do Senegal tinham ‘detetado cães com raiva' no seu território, logo ali, do outro lado da fronteira’.
Conforme combinado com o comandante do batalhão, tenente-coronel Jorge Mathias (distinto equitador e coronel no ano seguinte), e para cumprimento das ordens de Bissau, foi decidido matar todos os cães existentes em Pirada que não tivessem dono. Aos cães condenados administrámos previamente Valium (um medicamento sedativo) por injecção intramuscular. Após adormecidos os animais, todos os membros do serviço de saúde do batalhão puderam praticar (várias vezes) a inserção de uma agulha com soro numa veia da face interna da coxa dos cães. Tínhamos soros em fartura. Era estranho que também houvesse num posto médico no mato tantas ampolas de Valium… Talvez não fosse tão estranho, se considerássemos o que viemos a encontrar no conteúdo do atrelado sanitário da CCS…
Lembrei aos maqueiros a importância da administração dos soros por via endovenosa e que sozinhos no mato, em caso de dúvida, deveriam sempre administrar um soro. Estávamos em ambiente militar, avisei-os que a falta de administração de um soro necessário, poderia implicar uma punição. Em contrapartida, a administração desnecessária de um soro, não implicaria qualquer penalização.
Certa manhã, uma coluna saída de Pirada sofreu uma emboscada próximo de Bajocunda (cerca de dez quilómetros para leste desta povoação? não sou competente em localizações geográficas). Imediatamente saiu um grupo de combate para os socorrer, no qual eu me integrei. Quando chegámos, o combate tinha cessado, infelizmente tínhamos dois militares mortos (os primeiros mortos do batalhão. Ainda era intenso o odor a pólvora e verifiquei que os poucos feridos tinham recebido os primeiros socorros adequados.
Reparei então que um jovem militar estava sentado no chão encostado a uma árvore, fumando um cigarro, de perna ‘traçada’ e com um soro (pendurado num dos ramos da árvore) em perfusão endovenosa, com a agulha adequadamente inserida na região do sangradouro.
Então o maqueiro que ia na coluna atacada, informou-me: Quando aconteceu a emboscada, os militares saltaram para fora das viaturas, ficando deitados no solo a responder ao ataque. Perante o intenso ruído de muitas detonações simultâneas, num ambiente de concentração de pólvora queimada, uma cobra tinha mordido aquele militar que estava tranquilamente encostado à árvore. O maqueiro que integrava a coluna tratou primeiro os outros feridos. Depois administrou a este militar o antídoto antiofídico que sempre transportava. Administrou correctamente o antídoto à volta do local da mordedura da cobra (no antebraço). Depois disso, surgiu-lhe a dúvida, dúvida agravada pela terrível vivência dos sentidos que tinha experimentado durante a emboscada: se a mordedura de cobra implicava (ou não) a administração complementar de soro na veia: o militar estava com óptimo aspecto mas, conforme às recentes normas do batalhão, em caso de dúvida era para administrar…
Manuel Valente Fernandes
Pirada > Na casa do (célebre) senhor Mário Soares. Acompanhando-o quatro alferes milicianos e um capitão miliciano.
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10542: Tabanca Grande (365): Manuel Valente Fernandes, ex-Alf Mil Médico do BCAV 8323 (Pirada, 1973/74)
Vd. último poste da série de 17 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10394: Os nossos médicos (43): Amaral Bernardo e Mário Bravo, em Guileje, ao tempo do cap Jorge Parracho, comandante da CCAÇ 3325 (1971)
Caro Camarada
Conforme prometido, envio-te outra aventura acontecida em terras do leste da Guiné em 1973.
Não sou de confiança em localizações geográficas, pelo que (desta vez) não me comprometi.
Junto envio três fotografias, uma do período antes da Guiné (muitas inspecções a mancebos fiz eu nas instalações da Manutenção Militar, junto à feira da Ladra), as outras duas fotos de Pirada.
Com um abraço
Valente Fernandes
CUMPRIR AS NORMAS, SEMPRE
Em 1973 eu era alferes miliciano médico no BCAV 8323 em Pirada.
Eram óbvias as nossas preocupações na perspectiva do provável agravamento da situação, isto é, das flagelações e dos contactos com os guerrilheiros numa zona de fronteira, porquanto tínhamos vivido uma intensidade operacional com menor intensidade. Sabíamos (informações muito incompletas) o que tinha acontecido em Guidage.
Após as consultas de saúde da manhã, primeiro no posto médico do batalhão e depois na enfermaria destinada à população, à tarde o tempo livre não nos faltava. Os dois furriéis enfermeiros das duas companhias sediadas em Pirada (da CCS e da 3ª Companhia) e os vários maqueiros, tiveram complemento de formação no âmbito do socorrismo, incluindo a administração expedita de soros por via endovenosa (na veia), soros que poderiam vir a contribuir para salvar vidas.
O acaso contribuiu para termos muitas ‘cobaias’ para treino: Tínhamos recebido informação de Bissau ‘havia que matar a maioria dos cães’ que pululavam no batalhão e na tabanca porque os serviços de saúde do Senegal tinham ‘detetado cães com raiva' no seu território, logo ali, do outro lado da fronteira’.
Conforme combinado com o comandante do batalhão, tenente-coronel Jorge Mathias (distinto equitador e coronel no ano seguinte), e para cumprimento das ordens de Bissau, foi decidido matar todos os cães existentes em Pirada que não tivessem dono. Aos cães condenados administrámos previamente Valium (um medicamento sedativo) por injecção intramuscular. Após adormecidos os animais, todos os membros do serviço de saúde do batalhão puderam praticar (várias vezes) a inserção de uma agulha com soro numa veia da face interna da coxa dos cães. Tínhamos soros em fartura. Era estranho que também houvesse num posto médico no mato tantas ampolas de Valium… Talvez não fosse tão estranho, se considerássemos o que viemos a encontrar no conteúdo do atrelado sanitário da CCS…
Lembrei aos maqueiros a importância da administração dos soros por via endovenosa e que sozinhos no mato, em caso de dúvida, deveriam sempre administrar um soro. Estávamos em ambiente militar, avisei-os que a falta de administração de um soro necessário, poderia implicar uma punição. Em contrapartida, a administração desnecessária de um soro, não implicaria qualquer penalização.
Certa manhã, uma coluna saída de Pirada sofreu uma emboscada próximo de Bajocunda (cerca de dez quilómetros para leste desta povoação? não sou competente em localizações geográficas). Imediatamente saiu um grupo de combate para os socorrer, no qual eu me integrei. Quando chegámos, o combate tinha cessado, infelizmente tínhamos dois militares mortos (os primeiros mortos do batalhão. Ainda era intenso o odor a pólvora e verifiquei que os poucos feridos tinham recebido os primeiros socorros adequados.
Reparei então que um jovem militar estava sentado no chão encostado a uma árvore, fumando um cigarro, de perna ‘traçada’ e com um soro (pendurado num dos ramos da árvore) em perfusão endovenosa, com a agulha adequadamente inserida na região do sangradouro.
Então o maqueiro que ia na coluna atacada, informou-me: Quando aconteceu a emboscada, os militares saltaram para fora das viaturas, ficando deitados no solo a responder ao ataque. Perante o intenso ruído de muitas detonações simultâneas, num ambiente de concentração de pólvora queimada, uma cobra tinha mordido aquele militar que estava tranquilamente encostado à árvore. O maqueiro que integrava a coluna tratou primeiro os outros feridos. Depois administrou a este militar o antídoto antiofídico que sempre transportava. Administrou correctamente o antídoto à volta do local da mordedura da cobra (no antebraço). Depois disso, surgiu-lhe a dúvida, dúvida agravada pela terrível vivência dos sentidos que tinha experimentado durante a emboscada: se a mordedura de cobra implicava (ou não) a administração complementar de soro na veia: o militar estava com óptimo aspecto mas, conforme às recentes normas do batalhão, em caso de dúvida era para administrar…
Manuel Valente Fernandes
Pirada > Na casa do (célebre) senhor Mário Soares. Acompanhando-o quatro alferes milicianos e um capitão miliciano.
Pirada > Messe
____________Nota de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10542: Tabanca Grande (365): Manuel Valente Fernandes, ex-Alf Mil Médico do BCAV 8323 (Pirada, 1973/74)
Vd. último poste da série de 17 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10394: Os nossos médicos (43): Amaral Bernardo e Mário Bravo, em Guileje, ao tempo do cap Jorge Parracho, comandante da CCAÇ 3325 (1971)
Guiné 63/74 - P10777: Álbum fotográfico de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 196971) e de Luís R. Moreira, ex-alf mil, sapador, CCS/BART 2917, e BENG 447 (Bambadinca e Bissau, 1970/72): A famosa autogrua Galion...
Foto nº 1
Foto nº 1 - A
Foto nº 1 - B
Foto nº 2
Foto nº 2 - A
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Estrada Xime-Bambadinca > 23 de novembro de 1969 > A famosa autogrua Galion (*), desembarcada no Xime, em LDG, e fornecida pela Engenharia Militar para operar no porto fluvial de Bambadinca... Atascada, no final da época das chuvas... junto à bolanha de Samba Silate, antes de Nhabijões, dois topónimos de má memória para muitos de nós que andámos por aquelas paragens...
Na primeira foto, em segundo plano (foto nº 1), aparece o Tony Levezinho, sem a camisa do camuflado, de óculos de sol, de mezinho ao peito... Ainda na mesma foto (nº 1-A, pormenor), vê-se um capitão em cima da Galion (o Humberto diz que o Figueiras, da CCS). E ao fundo, uma nesga da famosa estrada (!) Xime-Bambadinca (Mais tarde, será construída uma nova, alcatroada)... E no foto nº 1-B (pormenor), surge de costas, um major, de boina camuflada (!), que eu não consigo identificar (seria o 2º comandante do BENG 447, que trouxe a "encomenda" ?... Será que veio mesmo em coluna auto por aquelas bandas mal afamadas?... De qualquer modo, sabemos que o 2º comandante do BENG 447 esteve em Bambadinca por essa ocasião).
Na foto nº 2 , temos em grande plano uma das rodas da Galion atascada,,, E, em segundo plano, aparece o Humberto Reis, de cigarro na boca, óculos de sol, lenço ao pescoço, impecavelmente fardado, como mandava... a puta da sapatilha!. (Foto nº 2-A, pormenor; os outros militares, não os consigo identificar, não eram gente da CCAÇ 12, que montava a segurança à coluna).
A Galion veio para substituir as pequenas autogruas de marca Fuchs (segundo oportuno comentário do nosso camarada Vasco Ferreira (*), e que eu creio que eram duas, pintadas de azul), existentes até então no cais de Bambadinca , por ocasião do início do ambicioso projecto de reordenamento de Nhabijões, um dos maiores da Guiné naquele tempo (cerca de 300 casas).
Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) > Cais de Bambadinca, 1970... A autogrua Galion a (des)carregar vacas...Fotos do álbum do Luís FR. Moreira, ex-alf mil sapador da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), que viria a ser gravado ferido em mina A/C em 13/1/1971, à saída do reordenamento de Nahbijões. É um dos nossos grã-tabanqueiros mais antigos.
Fotos: © Lusi R. Moreira (2005). Todos os direitos reservados.
1. A propósito destas duas fotos do Luis R. Moreira, escreveu o Humberto Reis, em 20 de setembro de 2005, na I Série do nosso blogue:
(...) A Galion a carregar vacas no cais fez-me lembrar o episódio dela no percurso do Xime para Bambadinca. A Galion veio numa LDG [ Lancha de Desembarque Grande] desde Bissau até ao Xime. E daí para Bambadinca ia pelos seus próprios meios. Passou bem pelo destacamento da Ponte do Rio Undunduma, mas quando chegou a meio da bolanha a estrada não aguentou o peso e cedeu. Resultado, a Galion desequilibrou-se e ficou meio enterrada na bolanha.
Julgo que isto se passou em 23 de Novembro de 69 (, na véspera do aniversário do Tony) Tenho este episódio documentado mas, como era hábito naquele tempo, está em diapositivo e não em fotografia. (...)
(...) Lembro-me que foi dos primeiros episódios a que assistiu o nosso amigo, na altura capitão periquito da CCS [do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70], o Figueiras, (co-organizador do habitual almoço anual que este ano que teve lugar na ria Formosa) que alguns conheciam como tenente da carreira de tiro de Tavira. (..:).
E o Tony Levezinho acrescentou o seguinte, no mesmo poste: (...)
(...) Foi todo o dia 24 [ou 23 ?] de Novembro [de 1969] na tentativa desesperada de desatascar a Galion antes que a noite caísse. Os esforços revelaram-se infrutíferos e assim não tivemos outra alternativa que não a de convidar a mosquitada da bolanha a juntar-se a nós para comemorarmos todos (em silêncio, como a situação de emboscada impunha) o meu 22º aniversário [, a 24].
À falta de Champanhe serviram-se rodadas de Repelente que, a julgar pela sua ineficácia, funcionou como uma iguaria de entrada para os mosquitos, antes que estes chegassem à nossa pele, já depois de perfurarem até aquela capa de borracha que, creio, chamávamos ponche. (...) Recordo este episódio apenas porque se tratou da celebração mais picante que eu alguma vez tinha experimentado ao longo de toda a minha carreira. (...)
_____________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 8 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10774: Álbum fotográfico do ex- fur mil J. C. Rodrigues Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1): Parte I: Embarque de vacas no porto de Bambadinca
Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) > Cais de Bambadinca, 1970... A autogrua Galion a (des)carregar vacas...Fotos do álbum do Luís FR. Moreira, ex-alf mil sapador da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), que viria a ser gravado ferido em mina A/C em 13/1/1971, à saída do reordenamento de Nahbijões. É um dos nossos grã-tabanqueiros mais antigos.
Fotos: © Lusi R. Moreira (2005). Todos os direitos reservados.
1. A propósito destas duas fotos do Luis R. Moreira, escreveu o Humberto Reis, em 20 de setembro de 2005, na I Série do nosso blogue:
(...) A Galion a carregar vacas no cais fez-me lembrar o episódio dela no percurso do Xime para Bambadinca. A Galion veio numa LDG [ Lancha de Desembarque Grande] desde Bissau até ao Xime. E daí para Bambadinca ia pelos seus próprios meios. Passou bem pelo destacamento da Ponte do Rio Undunduma, mas quando chegou a meio da bolanha a estrada não aguentou o peso e cedeu. Resultado, a Galion desequilibrou-se e ficou meio enterrada na bolanha.
Julgo que isto se passou em 23 de Novembro de 69 (, na véspera do aniversário do Tony) Tenho este episódio documentado mas, como era hábito naquele tempo, está em diapositivo e não em fotografia. (...)
(...) Lembro-me que foi dos primeiros episódios a que assistiu o nosso amigo, na altura capitão periquito da CCS [do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70], o Figueiras, (co-organizador do habitual almoço anual que este ano que teve lugar na ria Formosa) que alguns conheciam como tenente da carreira de tiro de Tavira. (..:).
E o Tony Levezinho acrescentou o seguinte, no mesmo poste: (...)
(...) Foi todo o dia 24 [ou 23 ?] de Novembro [de 1969] na tentativa desesperada de desatascar a Galion antes que a noite caísse. Os esforços revelaram-se infrutíferos e assim não tivemos outra alternativa que não a de convidar a mosquitada da bolanha a juntar-se a nós para comemorarmos todos (em silêncio, como a situação de emboscada impunha) o meu 22º aniversário [, a 24].
À falta de Champanhe serviram-se rodadas de Repelente que, a julgar pela sua ineficácia, funcionou como uma iguaria de entrada para os mosquitos, antes que estes chegassem à nossa pele, já depois de perfurarem até aquela capa de borracha que, creio, chamávamos ponche. (...) Recordo este episódio apenas porque se tratou da celebração mais picante que eu alguma vez tinha experimentado ao longo de toda a minha carreira. (...)
_____________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 8 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10774: Álbum fotográfico do ex- fur mil J. C. Rodrigues Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1): Parte I: Embarque de vacas no porto de Bambadinca
Guiné 63/74 - P10776: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (18): 19.º episódio: Viva a peluda
1. Em mensagem do dia 5 de Dezembro de 2012, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422, Farim, Mansabá, K3,
1965/67), enviou-nos o último episódio da sua campanha no K3, dias que
fazem parte dos melhores 40 meses da sua vida.
OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA
19º e último episódio:
A morte do meu Comandante,
A minha, quase, ida para os Comandos e
Viva a peluda!!!
12 de Junho de 1966
Aconteceu o impensável, embora a morte nos tivesse já levado em 17 de Maio último um camarada FURRIEL MILICIANO e também com a traição duma mina.
Digo impensável, por ter sido ali naquele sítio. A vítima desta vez foi o nosso CAPITÃO, Comandante da Companhia.
E eu estava lá... e eu vi como foi.
O seu jeep e o meu unimog cruzar-se-iam dentro de segundos.
A mina fora preparada, disso continuo convencido, para ser detonada à distância e só mesmo quando da sua passagem, o que até nem era habitual.
Deslocava-se portanto, nesse dia e àquela hora, a título excepcional.
Já passáramos por ali mais de vinte vezes, a estrada fora picada aquando da primeira passagem e depois, de cinco em cinco minutos, voltávamos a fazer o mesmo trajecto com ida e volta, ora levando a água trazida de Farim, ora regressando para nova recolha e a área circundante tinha vasta visibilidade e estava capinada e para além disso tínhamos patrulhas a pé e em constante movimento de vai-vem, vigiando os três quilómetros que separavam o aquartelamento do rio.
Não faltou ou faltava portanto a segurança e para mim tratou-se dum atentado traiçoeiro, bem preparado e conseguido pelo IN. Perdi ali uma grande amizade e um amigo inesquecível.
Decidi então, oferecer-me para a 3ª de Comandos, a ser constituída em Brá e apenas para militares já com alguma experiência de mato.
Colaborei assim com o pedido feito para que fossem dispensados até dois elementos voluntários de cada Unidade Operacional.
Feitas as provas de admissão, aguardei a respectiva integração que já me tinha sido confirmada.
Chega entretanto a Bissau, uma verdadeira 3ª CComandos, treinada e preparada na Metrópole e sou dispensado com ordem de marcha para regressar ao meu velhinho K3. Colocado fui na CCS/QG a aguardar transporte. Pedem-me para ajudar administrativamente a Secção de Funerais e Registo de Sepulturas e logo após, dado ter terminado a comissão de serviço da chefia, é-me "oferecida" essa mesma chefia. "Aceitei"... cumpri... modifiquei e melhorei algumas coisas, apresentei propostas para alterar procedimentos, e as aceites, postas de imediato em prática resultaram em pleno.
Até que um dia... um tal de Uíge convida-me a vir com ele. Lisboa engalanou-se para me receber e ali debaixo da ponte e com o cais de desembarque à vista, juntei-me ao enorme coro que ali já deixara a sua voz e também cantei num grito:
- VIVA A PELUDA.
E hoje quem por ali passa porque o eco ainda se houve desde a foz à nascente do Tejo, tem que saber que esta canção foi entoada por centenas de milhares de COMBATENTES, e que o fizeram em grande momento de felicidade.
E se repararem bem, ouvir-me-ão ali também.
Veríssimo Ferreira
ex-Fur Mil
CCAÇ 1422
Nota de CV:
Vd. últimos postes da série de:
11 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10652: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (10): 11.º episódio: Momentos de puro e são divertimento
14 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10668: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (11): 12.º episódio: Uma experiência como Vagomestre
18 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10691: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (12): 13.º episódio: Como 5 dias de licença em Bissau se transformaram em 30 na Metrópole
22 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10705: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (13): 14.º episódio: A estranha ausência da guerra e dos camaradas do K3
25 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10724: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (14): 15.º episódio: Hora de voltar ao palco da guerra
28 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10736: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (15): 16.º episódio: Alô K3
2 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10750: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (16): 17.º episódio: O mistério das luzinhas do K3
e
5 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10762: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (17): 18.º episódio: Emboscando a morte
OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA
19º e último episódio:
A morte do meu Comandante,
A minha, quase, ida para os Comandos e
Viva a peluda!!!
Aquartelamento do K3 e Rio Cacheu. Vd. Carta de Farim
Foto © de Carlos Silva (2008). Direitos reservados12 de Junho de 1966
Aconteceu o impensável, embora a morte nos tivesse já levado em 17 de Maio último um camarada FURRIEL MILICIANO e também com a traição duma mina.
Digo impensável, por ter sido ali naquele sítio. A vítima desta vez foi o nosso CAPITÃO, Comandante da Companhia.
E eu estava lá... e eu vi como foi.
O seu jeep e o meu unimog cruzar-se-iam dentro de segundos.
A mina fora preparada, disso continuo convencido, para ser detonada à distância e só mesmo quando da sua passagem, o que até nem era habitual.
Deslocava-se portanto, nesse dia e àquela hora, a título excepcional.
Já passáramos por ali mais de vinte vezes, a estrada fora picada aquando da primeira passagem e depois, de cinco em cinco minutos, voltávamos a fazer o mesmo trajecto com ida e volta, ora levando a água trazida de Farim, ora regressando para nova recolha e a área circundante tinha vasta visibilidade e estava capinada e para além disso tínhamos patrulhas a pé e em constante movimento de vai-vem, vigiando os três quilómetros que separavam o aquartelamento do rio.
Não faltou ou faltava portanto a segurança e para mim tratou-se dum atentado traiçoeiro, bem preparado e conseguido pelo IN. Perdi ali uma grande amizade e um amigo inesquecível.
Decidi então, oferecer-me para a 3ª de Comandos, a ser constituída em Brá e apenas para militares já com alguma experiência de mato.
Colaborei assim com o pedido feito para que fossem dispensados até dois elementos voluntários de cada Unidade Operacional.
Feitas as provas de admissão, aguardei a respectiva integração que já me tinha sido confirmada.
Chega entretanto a Bissau, uma verdadeira 3ª CComandos, treinada e preparada na Metrópole e sou dispensado com ordem de marcha para regressar ao meu velhinho K3. Colocado fui na CCS/QG a aguardar transporte. Pedem-me para ajudar administrativamente a Secção de Funerais e Registo de Sepulturas e logo após, dado ter terminado a comissão de serviço da chefia, é-me "oferecida" essa mesma chefia. "Aceitei"... cumpri... modifiquei e melhorei algumas coisas, apresentei propostas para alterar procedimentos, e as aceites, postas de imediato em prática resultaram em pleno.
Até que um dia... um tal de Uíge convida-me a vir com ele. Lisboa engalanou-se para me receber e ali debaixo da ponte e com o cais de desembarque à vista, juntei-me ao enorme coro que ali já deixara a sua voz e também cantei num grito:
- VIVA A PELUDA.
E hoje quem por ali passa porque o eco ainda se houve desde a foz à nascente do Tejo, tem que saber que esta canção foi entoada por centenas de milhares de COMBATENTES, e que o fizeram em grande momento de felicidade.
E se repararem bem, ouvir-me-ão ali também.
Veríssimo Ferreira
ex-Fur Mil
CCAÇ 1422
Veríssimo Ferreira, Mansabá, 1965
____________ Nota de CV:
Vd. últimos postes da série de:
11 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10652: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (10): 11.º episódio: Momentos de puro e são divertimento
14 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10668: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (11): 12.º episódio: Uma experiência como Vagomestre
18 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10691: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (12): 13.º episódio: Como 5 dias de licença em Bissau se transformaram em 30 na Metrópole
22 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10705: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (13): 14.º episódio: A estranha ausência da guerra e dos camaradas do K3
25 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10724: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (14): 15.º episódio: Hora de voltar ao palco da guerra
28 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10736: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (15): 16.º episódio: Alô K3
2 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10750: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (16): 17.º episódio: O mistério das luzinhas do K3
e
5 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10762: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (17): 18.º episódio: Emboscando a morte
Guiné 63/74 - P10775: Parabéns a você (506): Amaro Samúdio, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 3477 (Guiné, 1971/73) e Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589 (Guiné, 1966/68)
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10772: Parabéns a você (505): Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pel Canhões S/Recúo 2054 (Guiné, 1968/70)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10772: Parabéns a você (505): Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pel Canhões S/Recúo 2054 (Guiné, 1968/70)
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