terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10786: História da CCAÇ 2679 (57): Encontro com a má fortuna (José Manuel M. Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 7 de Dezembro de 2012:

Olá Carlos,
Aqui vai mais um trecho insólito da história da minha Companhia.
Dedico-o ao nosso amigo Chico, ou Tcherno Baldé, que tão bem tem colaborado com o blogue a partir da Guiné. Pois há alguns dias o Chico referiu ter encontrado um puto, que como ele, andava pelo aquartelamento e estava a desempenhar funções na messe de Bajocunda.
Era um puto, talvez de 12 a 14 anos entre 1970/71, mas que se desembaraçava como gente grande, com competência e alegria, até que uma vez, há sempre uma vez, teve um encontro com a má fortuna.
Oxalá que a má fortuna lhe tenha proporcionado a ocasião para singrar na vida.

Hoje anexo uma espécie de documento em que ele intervém.
Para um, como para o outro, envio um abraço afectuoso, com votos de que sejam muito felizes, e que pelo Natal tenham bastantes motivos de alegria.

Votos natalícios que também te dirijo, Carlos, e à Tabanca.
Quem dera que houvesse uma trégua nas incomodidades, que, em boa verdade, poderia durar de um Natal até ao próximo, continuadamente, se não fosse uns moralistas estarem a fazer-me pagar por actos que não cometi. Nem indirectamente, pois há muitos anos que não voto.

Abraços fraternos
JD


HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (57)

Encontro com a má fortuna

Corria o ano de 1971 em Bajocunda, localidade da fronteira nordeste da Guiné, e a tropa ali estacionada vivia com a rotina habitual, no que poderia parecer um ambiente pacífico, até harmonioso, onde o capitão Trapinhos e dois sargentos, sem sangue, nem suor, nem lágrimas, pacata e serenamente levavam a carta a Garcia, que nas circunstâncias, equivalia à justa partilha das mais-valias que resultavam de venda de bens de mercearia e de carburantes, que entrariam por via deles no retalho comercial.

Aqueles senhores, de quando em vez faziam o favor de dispensar artigos que tinham em stock's excedentários, a um ou dois comerciantes locais que os vendiam no mercado. Os bens eram do Estado para benefício exclusivo do pessoal militar ali deslocado, e os stocks tornavam-se excendentários, pelas frequentes reposições sempre que era dada notícia de destruição por via de algum ataque, tanto em Bajocunda, como em Copá, um destacamento sob comando da Companhia. Eram flagelos de praticamente 100% da existência, resultantes de manobras ilegítimas, ilegais, e de enriquecimento doloso e traiçoeiro pelo açambarcamento da coisa pública, que nem sequer tinha em conta os perigos para a saúde do pessoal, que se sujeitava a uma alimentação pobre, repetitiva, descuidada, e desmerecedora da qualidade mínima.

Já no que respeita ao negócio relativo à gasolina, consubstanciava-se por um pacto estabelecido entre aqueles senhores e o empregado da Casa Gouveia no Gabu, onde o carburante era adquirido e pago mediante requisição. O combustível chegava a Bajocunda através das colunas regulares que se organizavam àquela localidade. Alguém dirigia-se ao armazém, apresentava a requisição, carregava os tambores, e ficava em conta-corrente a liquidar uma ou outra vez, quando algum membro da "sociedade" se deslocava. Às vezes, em atitude que disfarçava a tramóia, o funcionário dizia que só tinha metade, e que o restante seguiria na próxima coluna. Para desenrascar, seguia aquela quantidade.

Quanto ao parque automóvel da Companhia, esse encontrava-se em estado lastimoso, e raramente havia disponibilidade superior a duas viaturas para as colunas, e chegaram a estar todas inoperacionais. Muitas vezes recorria-se a viaturas de empréstimo. O parque parecia o de uma sucata, e os mecânicos extraíam peças de umas para remediar outras. No entanto, nos mapas para Bissau, as viaturas funcionavam plenamente e com elevados consumos, em vez de se declarar que um pelotão era arrumado a monte sobre um ou dois Unimogues, com os riscos que advinham da falta de segurança. Arranjar dinheiro é que não era problema.

A messe situava-se no edifício que comportava os quartos dos furriéis e a enfermaria. Na messe serviam dois rapazes, o Alberto, um puto expedito de olhar esperto, e o Muntagá, mais velho e mais alto, que fazia de chefe. Os dois faziam uma boa equipa, e em dias de festa como o Natal, a Páscoa, ou algum aniversário, abrilhantavam a mesa com flores colocadas em garrafas de refrigerante, ou de água Perrier, em manifestação de naif juvenil. Também garantiam a limpeza dos quartos e da casa-de-banho. Eram prestáveis, dedicados, e bem educados, e como remuneração recebiam meia-dúzia de pesos, alimentação, e alguma sobra para as famílias.

Uma noite aconteceu um crime horrendo de elevadas consequências e perigo eminente para a segurança nacional: o sargento D... surpreendeu o Muntagá a "roubar" um bocadinho de petróleo. Aquele sargento, senhor de elevadas qualidades morais, que roubava o Estado e atraiçoava a tropa nos termos antes descritos, conseguiu impressionar toda a gente presente com a descompostura passada ao jovem Muntagá, e despediu-o das funções que exercia na messe. Se calhar nem estava a roubar, pois todos sabiam que ele levava garrafinhas de petróleo para iluminação doméstica, o que seria um luxo na aldeia.

O exagero foi comentado entre a malta, que não nutria amizade pelo sargento.

No outro dia chamei o Muntagá, e depois de saber por ele o que se passara, e ele confirmava, disse-lhe para ficar ao meu serviço na limpeza do quarto, pois condoía-me a forma desproporcionada do tratamento, mais a mais, provindo donde provinha. Pois ainda nesse dia fui surpreendido com uma chamada ao capitão Trapinhos, que algo incomodado dava-me a ler um rascunho de participação contra mim, apresentado pelo sargento D..., e que basicamente referia ser intolerável que eu o tivesse desautorizado.

Respondi que não o tinha desautorizado, pois nem sequer tinha assistido à cena do dia anterior, e que apenas chamara o Muntagá para meu empregado e a minhas custas. Não podia ser! O capitão Trapinhos referiu que o Muntagá estava definitivamente proibido de entrar na área aquartelada, e quanto a mim, voluntária, ou involuntariamente, tinha feito uma provação ao nosso Segundo por uma atitude de desobediência. Não me recordo em pormenor da conversa, mas concluía o capitão, que ou eu aceitava a situação como ela se apresentava, ou ele teria que considerar a participação. Sorri, pois se o capitão havia decretado a proibição de o Muntagá frequentar o quartel, e estava a transmitir-me essa sanção, como é que eu poderia contrariá-la sem incorrer numa pena que ele me aplicaria? Confirmei que tinha percebido a questão e tranquilizei-o, apesar de discordar da decisão.

Pedi-lhe o rascunho, e o capitão, obviamente distraído deu-mo. Por isso hoje reproduzo-o para conhecimento da Tabanca, com os retoques esclarecedores que sirvam para boa ilação: os grandes malfeitores protegem-se e têm capacidade para se ajuizarem uns aos outros; os pequenos malfeitores têm que evitar confusões, para que não caiam sob a alçada dos grandes malfeitores, que não perdem oportunidades para pregar a moral e os bons costumes.

Tal como nas comunidades de animais em que os mais fortes marcam territórios, onde os mais fracos não podem exercer concorrência.

____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10635: História da CCAÇ 2679 (56): A evacuação insólita (José Manuel M. Dinis)

27 comentários:

Tony Borie disse...

Olá José Manuel.
Obrigado pelos votos de feliz natal que diriges a toda a Tabanca, onde também me sinto inserido.
Injustiças, arrogâncias, roubos miseráveis sem qualquer compaixão, violando todos os princípios, e tal como dizes, e como nas comunidades animais, os mais fortes marcavam territórios.
Essa era parte, da guerra que vivemos.
Continuas com coragem, a contar estas verdades, que eu gosto de ler, e mostram coragem, mesmo muita coragem em as desvendar, não é qualquer um que as escreve, deste modo frontal, sem rodeios.
Parabéns, José Manuel.
Recebe um forte abraço do amigo combatente, Tony Borie.

Antº Rosinha disse...

"Os bens eram do Estado para benefício exclusivo do pessoal militar"

Tás a falar de corrupção José Manuel.

Na Guiné queixam-se que foi uma das heranças que lá ficaram, a corrupção.

E se sem falar em nomes nem lugares, um ou outro contasse coisas destas que testemunharam?

Devia ser cada bazookada que dava muitos posts.

Como é que se aguentou 13 anos!!!

Cumprimentos

Anónimo disse...

Caros amigos e camaradas,

Eu devo ter sido um felizardo. Não senti na pele esse tipo de corrupção. Acredito que a existência de alguns casos pontuais, como o relatado pelo JD, terão sido mais a excepção do que a regra.

Sugiro muito cuidado num terreno altamente escorregadio. Não podemos esquecer que aqui, neste blogue, alguns dos nossos camaradas foram comandantes de companhia, de destacamentos, chefes de secretaria, vagomestres, etc. Tudo gente que pode ser ofendida desnecessáriamente, se não formos comedidos no uso das palavras.

O caso apresentado pelo JD, tem rostos e um documento de participação. Artigos sobre corrupção militar, é disto que se trata, que não sejam baseados num mínimo de documentação credível, não serão mais que conversa de caserna e julgo que não devemos seguir por esse caminho.

Para além disso,ouso perguntar: o que é que nós, ex-combatentes, ganharemos com isso?

Abraço transatlântico,
José Câmara

Anónimo disse...

o comentário do camarada Zé da Câmara,é o meu comentário se ele mo permite. Cuidado... mas porquê só agora passados tantos anos, vir para aqui com histórias sem jeito? Ou será que só eu conheci gente boa e honesta, fossem do Quadro, fossem milicianos? Será que vamos continuar a destilar ódios contra militares de quem não gostámos? Dissessem-no na altura própria, pois que agora é tarde. Conheço quem o fez e nada perdeu por isso. Que se descubram crimes ou assassinatos, ainda vá que não vá, se estiverem envoltos em mistério ,assim não. E POR FAVOR NÃO DESTRUAM O BLOG.
O EX Fur.mil. Veríssimo Ferreira CCAÇ 1422

Anónimo disse...

Perdão ao Snr José Câmara, quando atrás o cito como Zé da Câmara. Lapso meu, Abraços, os meus cumprimentos e sinceras desculpas
Veríssimo Ferreira

zeca disse...

é facto que passaram muitos anos, mas por vezes, au vermos certos comentários, muitas coisas nos vem há memoria, mas é pura verdade, eu passei "FOME", e alguém com ou sem remorços se governou, eu é que passei fome e senti na carne tudo isto. Não sei porque muitas pessoas se sentem mal!!!! na minha terra quem não come alhos não cheira a eles, quem se sentir incomudado é porque, se sente culpa de algo. Independentemente de se gostar ou não, temos direito de opinião, não me parece que seja com o intuito de ofender este ou aquelo, mas sim relatar factos. Esta é a minha umilde oponião!!!!
Envio votos de santo Natal as todos os Ex combatentes, com votos de muita SAUDE.

Maltez da Costa, ex combatente na Guiné disse...

A verdade histórica sobre uma guerra, implica um relato minucioso dos factos vividos nos dois lados da contenda. Todos os militares sabem que factos desonrosos aconteceram nos dois lados. Lembro que muitos militares se gabavam da barbárie que cometiam.No entanto, só aceito que se lave a roupa suja, na reconstrução histórica da guerra e nunca por vingança de factos vividos há tantos anos. Todos devemos(ex-millitares)recordar os camaradas mortos e conviver saudavelmente com os vivos, independentemente dos actos menos correctos praticados nesse periodo de guerra. Eu já os esqueci há muito tempo, swm nunca deixar de conservar a saudade desses tempos.

Antº Rosinha disse...

José Câmara, muitos crimes já prescreveram, e falar em factos reais, mesmo sem falar em nomes, também é relatar a Guerra que nos saíu na rifa.

Certa corrupção e pequenos roubos de pneus, gasolina e rancho, não passavam(os) de "pilha galinhas" à solta do Minho a Timor.

Na guerra é que se vêem os homens.

Lembram-se da isenção do imposto sobre o tabaco para os militares?

Equivalia quase a metade do preço, pois fintava-se o forreta do Salazar e vai de distribuir (discretamente)indiscriminadamente pela povoação civíl, imaginem meia Luanda a fumar desse tabaco.

Na Guiné seria a mesma coisa.

Bacalhau especial para os militares,azeite, wyskies e cerveja, etceteras, tudo isento de impostos salazaristas tipo metade/metade, e de 1ª qualidade, circulava discretamente, indisciminadamente pelos civís.

Sacos azuis de companhias, que desapareciam magicamente.

Mapas de rancho fictícios em que se dava bom bife à tropa, foi aquela guerra!

Eu vi essa guerra 13 anos, e também fumava 2 maços por dia e até fui vago mestre durante 3 meses.

Mas a guerra para ser bem contada estas coisas fazem parte,

Cumprimentos

Anónimo disse...

O Zeca passou FOME porque outros comeram tudo!
O Rosinha foi "vago mestre". Terá sido mestre ou vago?
O JD ainda não se "arrumou" dentro dele.
O José Câmara e o Veríssimo tentam meter o blogue nos trilhos mas a participação escassa e a "deserção" da maioria dos pioneiros não augura grande futuro para o blogue. Veremos!
J.Antunes

JD disse...

Camaradas,
Os comentários em presença reflectem olhares distintos sobre a nossa passagem pela Guiné.
Eu não pretendo ser um Fernão Mendes Pinto, que o Antigo Regime quase ostracisou, e adulterava para Fernão Mendes Minto, cuja obra teve a 1ª.edição em 1614, e no período da ditadura,denegrindo-a, era enquadrado na lei da relevância invertida, isto é, quanto mais se diz, menos se quer dizer.
Talvez por isso, porque fomos marcados pela ditadura, sabemos tão pouco sobre a gesta lusitana, que, provavelmente, teve tanto de heróico como de bárbaro. E quanto a acção civilizadora, até aos anos 50 foi escassíssima.
Por isso, adopto aqui a premissa do blogue, de não deixarmos que sejam outros a contar a história. Interpretá-la, como se vê entre nós, é que é mais difícil.
O J.Antunes começou com alusão ao estribilho do Zeca Afonso, o que parece conferir algum sentido à matéria. Quanto a mim posso referir que continuo inquieto, pois não posso (acham que devia?) ficar indiferente às atitudes de opressão e exploração entre os homens, do que resulta o meu comportamento politicamente incorrecto.
Abraços fraternos
JD

antonio graça de abreu disse...

"O José Câmara e o Veríssimo tentam meter o blogue nos trilhos mas a participação escassa e a "deserção" da maioria dos pioneiros não augura grande futuro para o blogue."

Diz o J. Antunes. E eu subscrevo, por cima, pelo meio e por baixo.

É pena, mas é verdade.

Quanto a corruptos, estamos entendidos, houve, há e haverá enquanto o bicho homem pisar a Terra.

Abraço,

António Graça de Abreu

Tony Borie disse...

Ola camaradas combatentes.
Vejo que existe alguma controvérsia, entre as nossas opiniões. É saudável, pois estamos atentos e activos.
Injustiças, arrogâncias, roubos miseráveis sem qualquer compaixão, começaram há cinco ou seis séculos atrás, quando o primeiro marinheiro europeu, neste caso específico, talvez português, pisou terras africanas da Guiné. Um segundo depois de ter pisado terra firme, talvez com uma espada na mão e com ar agressivo, já estava a implantar o sistema, que era apropriar-se de algo que não lhe pertencia, depois os outros foram única e simplesmente os seguidores, e o sistema seguiu até o último soldado arrear a bandeira e regressar às suas raízes, que era a europa, de onde era oriundo.
Tão simples como isto, na minha modesta opinião.
Os crimes, se é que existiram, já prescreveram, nenhum de nós deve temer seja o que for, e deve guardar os últimos anos que nos restam, para trocar opiniões, confraternizar e respirar o ar puro, que ainda existe, ver o sol, abraçar os familiares e amigos, preservar a saúde que ainda nos resta, e viver o melhor que poder-mos, tentando ter comida na mesa todos os dias, e porque não contar histórias da guerra, pois fomos combatentes e sobreviventes de uma guerra.
Creio que quando nós formos embora deste mundo, os nossos filhos vão continuar a contar histórias do pai combatente, e vão sentir orgulho nisso.
Um abraço, e Boas Festas para todos, do amigo Tony Borie.

Cherno Baldé disse...

Caro amigo JD,

Obrigado por mais este texto sobre a tua passagem por terras da Guiné, em particular, Bajocunda, região de Gabu, que muito nos honra.

O Muntaga Baldé, meu caro JD, não passava de um rafeiro no quartel de tropas metropolitanas, e como tal, excusavas de dar tanta importancia ao acontecido.

Todavia, não me surpreendeu muito a tua atitude e, conforme já tive ocasião de dizer aqui, precisamente, isto fez parte do comportamento de muitos soldados milicianos que conheci, perante casos de manifesta injustiça com crianças e mulheres e que entra no leque das facetas humanas que nós "putos" admirávamos nos metropolitanos: A capacidade de sacrificio em condições desfavoráveis (p.e. viver em abrigos embutidos no solo), irreverencia inata (diante de um oficial, primeiro era a continencia, depois acompanhado de uma mão com o dedo maior em riste, nas suas costas) e diferença de opiniões ( os ocidentais, ao contrario de outras civilizações, são como os economistas, nunca estão de acordo, estão sempre a discutir, o que constitui uma força e fraqueza ao mesmo tempo).

O Rosinha colocou uma boa questão: Como foi possivel aguentar 13 anos, apesar dos "roubos" e desperdicios. Lembro-me que em Fajonquito, invariavelmente, erámos nós, putos de 12/13 anos, que levávamos alguns dos veiculos (geralmente Unimogs) para encher os depósitos, engolindo uma parte e deitando ao chão uma boa parte do combustivel antes de conseguir encher o tambor.

Faz parte, também, da história da guerra colonial.

Um abraço amigo,

Cherno Baldé

Henrique Cerqueira disse...

"O José Câmara e o Veríssimo tentam meter o blogue nos trilhos mas a participação escassa e a "deserção" da maioria dos pioneiros não augura grande futuro para o blogue."
===============================
Não me parece que o futuro do blogue esteja ameaçado pela "deserção pioneirista"
O pioneirismo é excelente para o "arranque"das coisas.Mas não significa que o futuro esteja sempre preso aos "Pioneiros".
é costume se dizer que "Só faz falta quem está presente".
Um abraço e mais fé no blogue e seus participantes.
Henrique Cerqueira

Luís Graça disse...

Obrigado ao J. Antunes, que eu não sei quem seja, pelos votos de "mau agoiro" em relação ao futuro do blogue.

Qual arguto médico de medicina interna, o J. Antunes olha para o corpo envelhecido (nove anos é muito na Net!, nem eu sei se lá chegaremos, ao dia 23 de abril de 2013, para soprar as velas!) do nosso blogue - porque não dizê-lo?, cadáver adiado!...- e faz um prognóstico sério, reservado: as "deserções dos pioneiros" (sic) não auguram nada de bom, os comentários vão-se rarefazendo, a produção bloguística baixou, a malta vai definhando, desaparecendo, desertando, morrendo...

Leia-se: enfim, o Facebook é mais divertido, mais interativo, mais espontâneo, mais descontraído, mais descomprometido...

Em suma, enterrem o blogue, que eu vou já pedir a certidão de óbito!...

Meu caro camarada J. Antunes (se é que és, como eu espero, um verdadeiro camarada da Guiné, mesmo escondido por detrás do bagabaga do anonimato): é a lei da vida, um dia o último a morrer vai fechar tampa sobre o seu próprio caixão... Um dia o blogue morre, como tudo o que é vivo e que mexe. Só espero que a sua morte seja em direto, e com toda a dignidade!

Obrigado, sem ironia. Obrigado, mesmo. Vejo o teu comentário como um repto, um desafio, não apenas aos editores e colaboradores mais próximos, mas a todos aqueles camaradas da Guiné que acreditaram (e ainda acreditam...) neste projeto de restituição da voz de um geração sofrida e silenciada... Em 2004 abrimos uma espaço na Net para partilha de memórias e de afetos. Sem qualquer agenda político-ideológica. Um espaço de liberdade e de pluralismo de que tu próprio beneficias, como leitor e comentador.

Não encontrei nenhum registo teu no blogue a não ser como "comentador" (entre o irónico e o provocador). Peço desculpa se não te identifico, ou te confundo com outrem...

De qualquer modo, em véspera de Natal (, do doloroso Natal de 2012 para muitos portugueses e europeus), em que o melhor do nosso lado cristão e humano vem ao de cima, gostaria de conhecer-te e convidar-te para seres o grã-tabanqueiro nº 592...

Sem orgulho nem preconceito. Um Feliz Natal para ti.

O editor Luis Graça

Abranco disse...

O nosso blogue não morrerá, enquanto os habitantes desta tabanca, tiverem força animica para testemunharem as suas vivências da forma como cada um sabe e as sentiu.
Onosso blogue está sim cada vez mais rico, replecto de histórias com as quais todos aprendemos.
Um grande abraço a todos os tabanqueiros e votos de UM FELIZ NATAL, extensivo a todos os familiares.
António Branco

Anónimo disse...

Ó J.D., aka Fernão Mendes Pinto

Ainda bem que há Fernões Mendes Pintos, que contam os homens como humanos e não como os semi-deuses dos outros cronistas - principes impolutos em cima de altares ou de pedestais.

Ó Cherno Baldé
Agradecido por mais uma vez vires chamar "as coisas" pelos nomes e com a experiência de quem viu essas coisas por dois lados, por dois ângulos.

Ó Luis Graça
Quanto ao facebook faltou dizer: mais frívolo, mais estúpido, mais show-off, mais sei lá o quê!
Quanto ao "cadáver adiado", a expressão é usada pelo poeta António Ramos Rosa, assim: "cadáver adiado que procria" e refere-se ao HOMEM, falível e transitório (mas que continuará a andar por aqui).

E, com isto, vou ver "A GUERRA" (talvez GADAMAEL)...

Alberto Branquinho

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Luís

Compreendo a tua reacção, este blogue deu tanto trabalho a construir, é teu, é nosso, um pouquinho também meu que continuo a colocar éne comentários.
Mas Luís, Vinhal, M. Ribeiro, não se pode tapar o sol com uma peneira.
Este blogue tem deixado muitas vezes de ser, como muito bem dizes,Luís, um "espaço na Net para partilha de memórias e de afectos. Sem qualquer agenda político-ideológica. Um espaço de liberdade e de pluralismo."

Ainda há dias tivemos mais uma desenvolvida recensão com o conselho para todos lermos a obra, do livro do sargento mor Manuel Rebocho, onde sobressai a calúnia e o insulto
aos oficiais do Quadro Permanente,
nossos companheiros de armas, com qualidades e defeitos como todos nós.
O Zé Dinis lembrou-sem agora de falar da corrupção de sargentos e oficiais do QP da sua companhia, com nomes e tudo.

É esta, meus caros "a partilha de memórias e de afectos, sem qualquer agenda político-ideológica" de que falas?

Fui um simples alferes miliciano,
tenho aprendido imenso com o blogue, até a conhecer-me melhor,
mas se fosse ou tivesse sido um militar do quadro permanente, achas que me sentiria confortável
neste blogue?
Repara como até o nosso tenente-general António Martins de Matos, companheiro de armas e amigo de tantos encontros e convívios,questionou a referência, mais uma vez, ao livro infeliz (chamemos-lhe assim...) do Manuel Rebocho.

E vocês os três sabem muito bem
que há um ror de gente que se afastou do blogue. E conhecem os porquês, as razões.E conhecem muitas dessas pessoas.
Até eu já fui criticado por continuar a escrever no blogue,
feito D. Quixote a lutar contra moinhos de ventos.

Depois, também nos conhecemos de
encontros por aqui e acolá. As posições políticas de cada um vêm ao de cima. Nenhum mal. Cada um mergulha nas águas que quer. Eu também, que não gosto de política,
não sou apolítico.
Mas a política faz mal ao blogue, a revanche política, o ajuste de contas com os senhores que nos mandaram para a guerra, enfim, tudo isto existe, tudo isto é frequentemente triste, tudo isto é o nosso fado.

Desculpem-me o desabafo. Gostava de ver um blogue melhor.

Toda a amizade do

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Tudo isto é triste tudo isto é fado.

Espanto meu finas virtudes.

Certificados de óbito.

Censuras veladas,canetas azuis.

Sensíveis,solidários,mesquinhos,intriguistas,zelosos da moral e ética.. somos todos uma cambada de verdadeiros "tugas".

Não se preocupem que o mundo acaba de 21..por isso.."siga a marinha".

Um "tuga"

C.Martins

Anónimo disse...

Camaradas
O comentário do Zé da Câmara é prudente, e portanto correcto. E a prudência e a moderação permitem, normalmente separar o trigo do joio e vibrar o golpe com mais certeza. "Se não vê nada não faz tiro". Não conheci o capitão Trapinhos. Procurei na Lista de Antiguidade e não o encontrei. Deveria estar na reforma, a menos que tenha falecido...
Creio que falta ao blog uma certa publicidade e dinâmica que poderão ser ganhas com uma melhor "divulgação". Uma Conferência/Simpósio/Encontro poderiam ser a solução para "aquecer". E que tal uma série de conferências nas Universidades (boas) para agitar a juventude? Os/as caloiro(s)/caloira(s) de História precisam de ser espicaçados para o estudo da história recente e sensibilizados até para a História recente. Devem até ser sensibilizados para o uso da linguagem correcta. Deverá ser esta a nossa área de esforço
Reparem que, nesta última série de programas do Furtado, cerca de 80% do tempo de antena é dedicado à Guiné que foi onde a "guerra" foi mais dura e teve mais influência no que sucedeu em Portugal.
Mais tarde ou mais cedo o "tema" estará esgotado. É o que sucede com qualquer facto histórico. Parece-me que o programa do Furtado poderá ser uma boa pasta de arquivo, fechada com um laçarote verde/rubro que, julgo, não fica nada mal. É bom que continuem a sair livros, mesmo que ninguém os compre e muito menos os leia. No fundo, o objectivo será que o assunto não seja esquecido, minimizado ou (muito menos) denegrido. É bom que a discussão regresse e comecemos "todos a dizer mal de todos". É saudável...
Do facebook tenho má impressão. Com aquela sucessão sucessivamente sucessiva de amizades e "góstos" tenho receio de um dia destes vir a ser amigo do Vale a Azevedo ou da Angela Merkel. Enfim é mais uma invenção dos "maricanos", uma espécie de pastilha elástica espiritual que nos puseram a mascar e que outra coisa não via senão "controlar a malta". Já o ouvi comparar a um muro de lamentações em que se escreve o que se quer e nem sempre o que é verdade.
Enfim, modernices...
Olhem, "aturêmuzias"!
Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Só para o J.Belo
Os EUA são um país como os outros. Com qualidades e defeitos que padece do mal de todos os países grandes: esmagam os outros. Nada a fazer. "Os peixes grandes comem os peixes pequenos". Quero lembrar que sou do tempo em que os "maricanos" formavam a minha mentalidade com as mensagens sub-liminares que deixavam através do filmes de cábóis e de guerra (a II), a última que eles ganharam e, mesmo assim, em casa dos outros, como é seu hábito. Recordo a frase do Henri Ford: "qualquer americano pode ter o carro que quiser desde que seja um Ford T de cor preta". São permeáveis à propaganda e defendem-na com unhas e dentes. E exportam-na, quando não a impõe claramente ou encapotadamente aos outros. Não lhes contesto a supremacia tecnológica, mas, se pensassem um bocadito, não lhes ficava mal.
Por mim, não contesto o progresso, mas gosto de ser eu a ir para o Inferno pelo meu pé...
Um Ab. do
António J. P. Costa

Henrique Cerqueira disse...

Caro António Graça Abreu.
Desculpa lá mas o teu comentário anterior a reforçar o coment. do J.Antunes e ao (subscreveres por baixo "palavras tuas")estás literalmente a querer enterrar o blogue,embora noutro comentário mais á frente já venhas mais comedido nas tuas palavras.
Quanto a mim há certos camaradas mais antigos neste blogue que tomaram este espaço como montra de "Sabedorias" e quando as coisas são mais terra a terra o pessoal visado fica amoado e desiste ou ameaça desistir.
Não quero alimentar mais polémicas mas na verdade eu sempre entendi este blogue como um espaço de camaradagem onde todos respeitam todos e que nem todos teem capacidade de pesquisar dados da "nossa" guerra e ser muito letrados para mostrar quem tem mais ou menos razão.
Luíz Graça uma vês mais muito ,mas mesmo muito grato por teres este blogue á nossa disposição .
UM SANTO NATAL PARA TODOS.
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Meus amigos, faz tempo que não introduzia um comentário neste blogue.
Fui alferes miliciano, tive como camaradas de armas,coronéis, ten-cor., majores, capitães, tenentes, alferes, sargentos, cabos e praças, muitos deles (praças) negros. Em todas as patentes ganhei amigos, mas alguns(2 dois) houve de quem me afastei, não digo nomes nem patentes, mas tenho ainda em meu poder provas de corrupção(!?) roubo(!?)e não foi em praças, aos quais punha em "sentido" com a minha brutal amizade, sim porque eram todos meus amigos á excepção dos tais dois que mesmo mais graduados ouviram directamente o que lhes tinha que dizer, e só não se chegou a vias defacto ... nem sei porquê!
Amigos foi a guerra, e quem tem maus fundos não é só na guerra que os desenvolvem, viverão sempre com eles até aparecer um como eu mas que não se retraia ...
Aconselho calma, atitude positiva e ... Feliz Natal e Bom Ano Novo (se os Maias deixarem,ihihihi!
Rui G. dos Santos

zeca disse...

Aproveito esta oportunidade, para desejar muita saude e tudo de bom, a todos em geral, com votos de "MUITO BOM NATAL"

Anónimo disse...

"Quem atira lama a outro, mais ainda a si próprio enlameia".

Cumprimentos,
Constantino Costa

Anónimo disse...

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