Foto de © Luís Graça: Pôr do sol no Atlântico, visto do estuário do Tejo. 5/11/2011 |
Vem aí a retoma
No verão,
entre cigarras e grilos,
éramos arquitectos esquilos,
desenhávamos à mão,
dedo a dedo,
frágeis barreiras de areia
contra a maré cheia
do medo.
Contra o medo do medo.
Em agosto,
ainda não se adivinhava setembro,
às portas do Império,
as pousadas estavam repletas
e éramos inconscientemente felizes.
Em Beirute caíam bombas
e nas Canárias davam à costa
cadáveres subsarianos.
O verão já era outono,
vindima, mosto,
passeávamos agora
com as nossas bicicletas,
à volta do círculo polar ártico,
furando o buraco do ozono.
Definitivamente cancelámos
o nosso cruzeiro pelo adriático.
Na rentrée,
os novos príncipes deste mundo
anunciavam a boa nova
pela têvê:
vem aí a retoma!
Praia da Areia Branca,
agosto de 2006 /
revisto em 14 de dezembro de 2012
Luís Graça
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 15 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10803: Blogpoesia (308): Hoje há mais neve branca lá fora... (J. L. Mendes Gomes)
revisto em 14 de dezembro de 2012
Luís Graça
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Nota do editor:
Último poste da série > 15 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10803: Blogpoesia (308): Hoje há mais neve branca lá fora... (J. L. Mendes Gomes)
5 comentários:
A retoma,
que tanto tarda a chegar,
pois já passaram seis anos
e ao fim de uma década
será que torna,
p´ra ficar.
Não quero ser agoirento, mas com os governos que temos tido desde então acho que a meta até nem é tão má comos os ditos.
Um grande abraço.
Adriano Moreira
Porra, o poema pode não ser lá grande coisa mas a foto merece... uma "gabadela": não é todos os dias que um fotógrafo apanha um portacontentor em contraluz, ao pôr do sol... Não, isto não é fotomontagem!... Boa continuação das festas, que é a única boa que tem o mês de dezembro das nossas lamúrias... LG
Olá Luís.
Falas–te do contra luz ao pôr do sol, onde está lá quase tudo, com um barco a levar mercadoria, pessoas e notícias, para outros rumos, um pássaro a voar, também com toda a certeza para novos rumos, e as ondas a aumentarem o seu volume, até chegarem à maré cheia do medo, e depois contra o medo do medo!.
Está lá muita coisa escondida nas enterlinhas, que eu não entendo pois há muito tempo que não vivo aí, mas li e gostei, e creio que estas frases se podem adaptar a qualquer país ou a qualquer situação.
Um abraço do amigo, Tony Borie.
Luís
Faço minhas as palavras do Tony Borie para dz que gostei muito do poema.
Cheio...de conhecimento.
Beijinho
Felismina
Ó Luizão.
Tens carradas de razão.A foto está mesmo de cair e de tão perfeita que está até me esqueci da tua merecida "Gabadela".
Desculpa camarada eu poemas goste ou não goste não sei comentar os mesmos,mas a foto está mesmo do maior.Ainda mais que eu adoro fotos do Pôr do sol visto que moro mesmo junto ao mar num 11ºandar e virado a poente.Tenho tirado algumas fotos a vários momentos de Pôr do sol mas sempre com fotos de fraca qualidade.Mas mantenho na retina esses momentos maravilhosos da Natureza.
Mais uma vês parabéns pelas fotos que tens publicado e esta em especial.
Henrique Cerqueira
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