Guiné >Zona leste > Setpr L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > O fur mil at inf Arlindo Roda junto a uma viatura, sinistrada na estrada Bambadinca-Mansambo -Xitole (se não me engano...). Era frequente as viaturas, civis e militares, que integravam as colunas de reabastecimento a Mansambo, Xitole e Saltinho, com escolta da CCAÇ 12, "atolarem-se", "despistarem.se" ou "pisarem minas". O "desenrascanço" da malta era essencial para "desobruir" a via pública,,,
Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. Edição e legendas de L.G.
1. Desenrascanço | s. m.
de·sen·ras·can·ço
(desenrascar + -anço)
substantivo masculino
[Informal] Capacidade de solucionar problemas ou resolver dificuldades rapidamente e sem grandes meios.
"desenrascanço", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/desenrascan%C3%A7o [consultado em 27-09-2014].
Curiosamemte, o vocábulo ainda não vem grafado no "Dicionário Houaiss da Língua Portugesa", pelo menos na versão que eu tenho em casa (6 volunmes, Lisboa, Círculo de Leiotes, 2003). Vem enrascar, desenrascar, mas não enrascanço nem desenrascanço...
2. No "top ten" das palavras estrangeiras mais fixes ["coolest"] que a língua inglesa devia ter, vem em nº 1 o vocábulo português “desenrascanço”. A escolha é de um sítio, na Net, norte-americano, que cultiva o bom humor, O artigo (de 13 de abril de 2009) tem quase 3 milhões de visualizações ...
“Desenrascanço" (o termo é intraduzível em inglês) seria a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem planeamento e sem meios... explica o "site". O exemplo mais intelegível, para um americano, seria a célebre personagem da popular série televisiva MacGyver, q dos anos 80/90 do século passado. Lembram-se do rapaz, de estatura meã, bem apessoada, que celebrizou o canivete suíço ?
5. Pessoalmente, tenho a ideia que aquela guerra (a "nossa") foi um exemplo da arte lusitana do desenrascanço no seu melhor e no seu pior... Desde o início, quando fomos apanhados de calças na mão, e o Salazar nos mandou "para Angola, rapidamente e em força", que se pode dizer que o "desenrascanço foi a palavra de ordem"...
“Desenrascanço" (o termo é intraduzível em inglês) seria a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem planeamento e sem meios... explica o "site". O exemplo mais intelegível, para um americano, seria a célebre personagem da popular série televisiva MacGyver, q dos anos 80/90 do século passado. Lembram-se do rapaz, de estatura meã, bem apessoada, que celebrizou o canivete suíço ?
3. É um traço da "cultura" portuguesa e terá sido a chave para o segredo da nossa sobrevivência como povo ao longo de séculos... Enquanto a maioria dos norte-americanos terão crescido sob o lema dos escuteiros, 'sempre prontos', os portugueses fazem exactamente o contrário... Como eles gostam de dizer, estão-se "cagando" para os entretantos (meios), gostam é dos finalmentes (resultados)...Em suma, há sempre uma solução de última hora para resolver um problema... Seja o que Deus quiser!... Para quê estar a perder tempo com planos que depois saem furados ?
Moral da história: O futuro ? Logo se vê...Viva a arte lusitana do desenrascanço!... Andamos a desenrascarmo-nos... há mil anos!
4. Já agora, aqui ficam mais algumas palavras estrangeiras que os americanos gostariam de ter no seu léxico: vêm na lista das dez mais, encabeçada pelo portuguesíssimo "desenrascanço"
- “Bakku-shan” > palavra usada pelos japoneses quando se querem referir a uma rapariga bonita... vista de costas;
- “Nunchi” > vocábulo usado pelos coreanos. identificando alguém que fala sempre do assunto errado, no sitio errado, na altura errada, com a pessoa errada; em suma, o tipo desbocado ou inconveniente;
- “Tingo” > uma expressão usada na Ilha da Páscoa, Chile, e que significa pedir sistematicamente emprestado a um amigo, ou "cravar" um amigo, até o deixar de tanga, sem nada...
4. Já agora, aqui ficam mais algumas palavras estrangeiras que os americanos gostariam de ter no seu léxico: vêm na lista das dez mais, encabeçada pelo portuguesíssimo "desenrascanço"
- “Bakku-shan” > palavra usada pelos japoneses quando se querem referir a uma rapariga bonita... vista de costas;
- “Nunchi” > vocábulo usado pelos coreanos. identificando alguém que fala sempre do assunto errado, no sitio errado, na altura errada, com a pessoa errada; em suma, o tipo desbocado ou inconveniente;
- “Tingo” > uma expressão usada na Ilha da Páscoa, Chile, e que significa pedir sistematicamente emprestado a um amigo, ou "cravar" um amigo, até o deixar de tanga, sem nada...
5. Pessoalmente, tenho a ideia que aquela guerra (a "nossa") foi um exemplo da arte lusitana do desenrascanço no seu melhor e no seu pior... Desde o início, quando fomos apanhados de calças na mão, e o Salazar nos mandou "para Angola, rapidamente e em força", que se pode dizer que o "desenrascanço foi a palavra de ordem"...
Posso estar a ver árvore que tapa a floresta... Mas da minha experiência na Guiné sou capaz de arranjar já, aqui, em cima do joelho alguns exemplos do nosso "proverbial desenrascanço":
A lista, a completar pelos nossos leitores, é meramente exemplificativa:
(i) Não tínhamos cão ? Caçávamos com gato;
(ii) Não tínhamos inseticidas ? Matavámos mosquitos com a bazuca 8.9;
(iii) Não havia peças sobresselentes para o jipe do comandante ? Canibalizava-se um unimogue sinistrado;
(iv) Não havia "bunkers", de cimento armado, à prova de canhão sem recuo ? Fazíamos buracos com tetos de cibe;
(v) Já não havia gente na metrópole para ir para a guerra ? Alistávamos os fulas, desde os putos de 16 anos aos velhos de 40;
(vi) As viaturas atolavam-se, e não havia reboques ? Guincho de GMC com elas, ou vai ou racha...
(vii) Só havia um frango ? O cozinheiro fazia massa com "estilhaços de frango";
(viii) Não havia frigorífico na tabanca em autodefesa onde estavas destacado com a tua secção ? Pois, comias uma lata de fiambre dinamarquês de 5 kg num dia (devia durar para duas semanas, para ti e para o soldado de transmissões, que os teus soldados fulas não comiam carne de porco e eram desarranchados)...
(i) Não tínhamos cão ? Caçávamos com gato;
(ii) Não tínhamos inseticidas ? Matavámos mosquitos com a bazuca 8.9;
(iii) Não havia peças sobresselentes para o jipe do comandante ? Canibalizava-se um unimogue sinistrado;
(iv) Não havia "bunkers", de cimento armado, à prova de canhão sem recuo ? Fazíamos buracos com tetos de cibe;
(v) Já não havia gente na metrópole para ir para a guerra ? Alistávamos os fulas, desde os putos de 16 anos aos velhos de 40;
(vi) As viaturas atolavam-se, e não havia reboques ? Guincho de GMC com elas, ou vai ou racha...
(vii) Só havia um frango ? O cozinheiro fazia massa com "estilhaços de frango";
(viii) Não havia frigorífico na tabanca em autodefesa onde estavas destacado com a tua secção ? Pois, comias uma lata de fiambre dinamarquês de 5 kg num dia (devia durar para duas semanas, para ti e para o soldado de transmissões, que os teus soldados fulas não comiam carne de porco e eram desarranchados)...
(ix) É preciso fazer 300 moranças no novo reordenamento ? Eh, malta, caboqueiros, marceneiros, carpinteiros, trolhas da consgtrução vil, engenheiros técnicos, toca a largar a G3 (de dia) e aarregaçar as mangas do camuflado;
(x) Quem tem medo do macaréu ? Ninguém, vamos lá entrar para o sintex, que somos um povo de marinheiros;
(xi) O pobre do comandante de batalhão, com idade de ser avôzinho, não tem pedalada para este tipo de guerra ? Vem o Spínola, de heli, de Bissau e traz-lhe "um par de patins";
(xii) A jangada só leva 100 ? É malta, toca a dar m um jeitinho, que cabe sempre mais um,,,
(xiii) Detetores de minas ? Inventa-se a "pica", um pau de metro e meio, com um prego afuado na ponta...
... E a lista será infindável, se os nossos leitores quiserem colaborar!
6. A sondagem desta semana é justamente sobre o "desenrascanço," alegadamente uma virtude nacional, uma característica (única) da nossa idiossincrasia... E na Guiné, durante a guerra colonial, o nosso exército teria dado boas provas disso...
Recorde-se que no início da década de 1960, a malta chegava à Guiné, mal equipada, de mauser na mão e capacete de aço na cabeça, vestida de caqui, treinada para fazer a guerra do Raul Solnado, a guerra das trincheiras... Em pouco tempo, esse exército tornou-se uma grande máquina de luta antiguerrilha... Os franceses não tiveram tempo de aprender connosco. Os americanos, arrogantes, não o quiseram, mas a gente se calhar tinha algumas coisas a ensinar-lhes... Comparativamente com as guerras da Argélia, da Indochina e do Vietname, o nosso desempenho, do ponto de vista operacional, militar, disciplinar e humano, não terá sido desprimoroso...
Sondagem (em curso durante os próximos 6 dias):
(x) Quem tem medo do macaréu ? Ninguém, vamos lá entrar para o sintex, que somos um povo de marinheiros;
(xi) O pobre do comandante de batalhão, com idade de ser avôzinho, não tem pedalada para este tipo de guerra ? Vem o Spínola, de heli, de Bissau e traz-lhe "um par de patins";
(xii) A jangada só leva 100 ? É malta, toca a dar m um jeitinho, que cabe sempre mais um,,,
(xiii) Detetores de minas ? Inventa-se a "pica", um pau de metro e meio, com um prego afuado na ponta...
... E a lista será infindável, se os nossos leitores quiserem colaborar!
6. A sondagem desta semana é justamente sobre o "desenrascanço," alegadamente uma virtude nacional, uma característica (única) da nossa idiossincrasia... E na Guiné, durante a guerra colonial, o nosso exército teria dado boas provas disso...
Recorde-se que no início da década de 1960, a malta chegava à Guiné, mal equipada, de mauser na mão e capacete de aço na cabeça, vestida de caqui, treinada para fazer a guerra do Raul Solnado, a guerra das trincheiras... Em pouco tempo, esse exército tornou-se uma grande máquina de luta antiguerrilha... Os franceses não tiveram tempo de aprender connosco. Os americanos, arrogantes, não o quiseram, mas a gente se calhar tinha algumas coisas a ensinar-lhes... Comparativamente com as guerras da Argélia, da Indochina e do Vietname, o nosso desempenho, do ponto de vista operacional, militar, disciplinar e humano, não terá sido desprimoroso...
Sondagem (em curso durante os próximos 6 dias):
"Desenrascanço é uma qualidade nossa. Na Guiné demos boas provas disso"... É falso ou verdadeiro ? Totalmente falso ou totalmente verdadeiro ?
A palavra ao(s) leitor(es)... LG
A palavra ao(s) leitor(es)... LG