quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14974: 3 anos nas Forças Armadas (Tibério Borges, ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2726) (4): Cacine

1. Parte IV de "3 anos nas Forças Armadas", série do nosso camarada Tibério Borges (ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2726, Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda, 1970/72).


3 anos nas Forças Armadas (4)

Cacine

Tinha um pequeno porto que já não me lembro a função dele pois as LGD’s faziam o seu descarregamento na praia.

O interior do quartel era composto duma avenida ladeada de palmeiras que incutia um ambiente próprio de zona equatorial. Desde a margem do rio até à saída do quartel, desembocando na aldeia, o panorama arborizado inspirava-nos de modo a abstrairmo-nos do monstro que era a guerra. Para além das palmeiras havia muitas árvores de fruta, bananeiras, mangueiras, laranjeiras e muitas outras. O nosso quartel era um lugar aprazível e a restrição de entrada do pessoal da tabanca não era rigoroso pois por volta das 16 horas lembro-me de lhes comprar mancarra (amendoim) do qual fazia o meu lanche acompanhado com uma cerveja. Nos dias de batuque na tabanca também íamos ver e tomar parte. Havia um comerciante que abastecia a população e até onde se ia muitas vezes. O administrador do posto, um cabo-verdiano, fazia parte do convívio e lembro-me que no fim da comissão nos preparou umas boas refeições de frango de caril. Ele vivia com a mulher.

O nosso convívio com a malta do pelotão era intrínseco criando-se uma forte amizade baseada nas circunstâncias da guerra e onde os longos convívios faziam brotar uma certa espiritualidade de onde nascia o saber ouvir o outro desfilando na memória do tempo rasgos de facetas de vidas duras passadas na terra de origem. Os problemas individuais desfilavam como contos de histórias e uma vez foi a sério e chegou longe demais. A namorada escreveu a informar que o namoro acabara. Longe, isolado, sem nada poder participar e ouvir directamente o que se passava a imaginação alcançava situações à maneira dele e foi de tal ordem que se abordou da beira rio e desvairado começou a disparar a G3. Já não me lembro quem foi ter com ele onde o imprevisto poderia acontecer mas que resultou em bem.


Cacine era o local onde se passava cerca de dois anos envolvidos na mística da guerra. Os nossos aposentos deviam ser precários que nem me lembro como estávamos acomodados. Todos os meses fazíamos rotação entre Cameconde e Cacine. Por isso devíamos andar sempre com a roupa atrás de nós.


O desporto era sempre um motivo para estarmos activos e o futebol era o que era mais requerido por todos. Um desporto barato porque são muitos atrás de uma bola cujo preço a dividir pelos que jogam e a sua duração dá como resultado uns tostões a cada um.


Formar equipas não era difícil entre mais de meia centena de pessoas porque a outra estava noutro lado. A disputa entre sectores era aliciante. E depois de um bom desafio de futebol um bom banho de água tirada por uma bomba sabia bem. O balneário era público feito de bidões enchidos a partir dum Unimog. Cada sector tinha o seu balneário.


De Fevereiro ao Natal de setenta o tempo passou-se. A alternância entre Cacine e Cameconde dava para variar um pouco. Quem estava em Cacine fazia os patrulhamentos até Cameconde e quem estava em Cameconde fazia-os para além em direcção à fronteira com a Guiné Konacry. A alimentação constava muitas vezes de peixe pescado na zona ou de carne arranjada por caçadores locais e até de elementos da milícia. Eram alturas de convívio em que faziam parte o comerciante local assim como o PIDE.

Ao longo do ano e conforme a estação sabia bem fazer as refeições ao ar livre debaixo duma boa sombra. A companhia dividida em quatro pelotões de 25 soldados entre os quais 12 cabos, 12 furriéis e 4 alferes juntava-lhe o pelotão das Daimlers. Sargentos havia 3. O capitão era o Magalhães. O nosso capitão foi do melhor que se pode arranjar no exército português. Fomos e voltamos todos e nesta pequena frase está tudo resumido.



Já não me lembro bem quando tirei as minhas primeiras férias as quais foram passadas em S. Miguel. Apanhava-se a avioneta para Bissau e daqui um avião da TAP para Lisboa e depois S. Miguel. Pormenores já não me lembro. Não me recordo por exemplo o preço da avioneta para Bissau nem a passagem para Lisboa e S. Miguel. Sei que ganhava naquela altura cerca de sete mil escudos. Transferia cinco mil para os Açores dos quais dava mil aos meus pais. Ficava com dois mil para as minhas despesas. Tinha que pagar a lavadeira, as bebidas fora das refeições, a mancarra e sei lá que mais. Fui duas vezes para Bissau através dum artigo do RDM que me dava 5 dias indo para o hotel que já nem sei o nome. Em Bissau percorríamos a cidade entrando nas esplanadas onde a cerveja era servida com um prato de sobremesa com camarões. À noite o serão era passado num quartel onde se jogava o bingo. Havia bons prémios tais como frigoríficos.

Passar a tropa no mato ou na retaguarda fazia a diferença. Neste contexto os nossos miolos começavam a fazer muitas perguntas. O por quê disto assim! Com que direito a situação desta guerra gerava um conjunto onde muitos seres humanos se debatiam consigo próprios a respeito da sua existência e para que servia ela. Defender a pátria ou interesses de alguns que se serviam da pátria para fins obscuros que no fundo não passava de dinheiro e bem estar à custa da vida de seres humanos. Olhando a história ela está eivada de guerras e o homem não aprende a viver sem ela. É a lei da selva, a lei do mais forte, os que não têm consciência, sobrepondo-se aos que a têm. Espero bem que um dia os dirigentes políticos sejam obrigados a passar por uma instituição religiosa para formarem a sua consciência para não ouvirmos de muitos políticos que têm a consciência tranquila quando o mais comum dos cidadãos sabe que é exactamente o contrário. Esta relatividade tem que ser bem definida. Deve ser proibido países serem governados por um Hitler, por toda a espécie de ditadores mesmo por um Bush.

Mas voltemos a Cacine para falar dum pelotão de milícias. Era uma tropa civil que na Guiné servia para fazer a picada dos caminhos e trilhos por ode se passava. Eram detectores de minas. Por acaso enquanto estive nesta guerra não me lembro de alguma mina ter sido despoletada. Dos 23 meses que ali estivemos, estive dois de férias e dois a tapar buracos em outras duas companhias. Mas neste pelotão havia de tudo um pouco. Havia os revoltados mais conscientes da situação que chegavam ao ponto de serem vergastados por lutarem por uma justa causa mas que na altura ponham em risco a sua sociedade. Era a ditadura. Os chefes da tabanca sabiam com quem estavam a lidar e colocar em risco de vida uma população ou alguns deles era periclitante sair fora da visão Salazarista. Sei dum caso em que foi bem vergastado. No entanto havia outros tipos de seres humanos e deixei bons amigos sendo um deles o Salifo Dabó.


Era um meio de subsistência ser-se integrado nesta tropa civil porque nunca soube como se vivia em lugares destes sem uma agricultura. Uma vez dei comigo num terreno onde estava a trabalhar um nativo tentando retirar alguma coisa da terra depois de fazer uma queimada. Um terreno cheio de tocas de árvores queimadas. Ele estava irritado e zangado. Mais para os arredores e mais longe dos espaços da tropa havia aquilo que antigamente parecia terrenos de muita fruta.

A milícia era um pelotão de nativos que por eles iam passando as mais diversas companhias e certamente já cansados de andarem a repetir a mesma lição dezenas de vezes.


 A população vivia em palhotas no aldeamento ao lado do quartel, para o interior do terreno. O contacto é coisa que se vai fazendo e adquirindo no bom ou mau sentido consoante a mensagem que transmitimos. Muito longe da mentalidade objectiva do tempo estava eu, formado numa congregação religiosa, transmitindo uma sã cordialidade de modo a conseguir um bom relacionamento com as pessoas. Não foi fácil nem possível, tirando algumas excepções. O diálogo era sempre à base da desconfiança. Os mais velhos e responsáveis pela população, os religiosos e homens do povo, esquivavam-se e normalmente não apareciam. Falar com eles era pior que ter uma audiência com o presidente da república. Por isso, fora desse ciclo mas certamente com a prevenção deles, apareciam as crianças e jovens. Em todas as situações do planeta as crianças são sempre as mais espontâneas e certamente por isso as que mais sofrem.

Esta “bajuda”, termo para rapariga ou menina, era filha dum milícia que lavava a minha roupa.

Algumas mulheres dos milícias apareciam com as suas crianças às costas. Fui nomeado para estar à frente deste grupo apesar de não ter isso muito em conta pois eles tinham o seu dirigente.


O meu amigo Salifo Dabó com a sua irmã

O meu amigo Salifo Dabó, um milícia e três bajudas


Makissa, uma criança filha dum milícia, penso que pai da moça que me lavava a roupa, já não me lembro, e que dediquei muita da minha atenção. Com autorização do capitão e dos pais levava-a para o quartel onde a mimava com o que havia de comestíveis, chocolates, e bebidas gasosas etc. A transpiração era um dos cuidados a ter. Dava-lhe banho, levava-a para a messe dos oficiais e estava connosco parte da tarde.

Hoje pergunto onde estará essa criança. Será que é viva? Sabe-se que após a independência foram mortos, por vingança, muitos dos milícias espalhados por toda a Guiné. Se alguém souber do paradeiro da Makissa, eu gostaria de saber.



Outra coisa curiosa que aconteceu em Cacine foi a visita duns jornalistas, penso que alemães, acompanhados por uma patente militar e sempre debaixo de olho e que me entrevistaram com uma série de perguntas que já nem me lembro sobre a situação da guerra. A Makissa estava comigo nesses momentos. Outra situação que gostaria de saber por onde anda a reportagem desses jornalistas.

Estávamos a esfregar as mãos de contentes porque estava a chegar o fim da comissão quando nos aparece um major com um plano maquiavélico para fazermos uma operação bem para o interior e para sul. Foi coisa que ainda não nos tinha acontecido. Não nos queriam deixar sair de Cacine sem um rebuçado destes. Todo o aparato foi montado e não sei quantos pelotões saíram mato dentro com um esquema que o capitão tinha em seu poder. Pormenores não me lembro mas certamente comunicados a nós sem fazer a mínima ideia da realidade do terreno. Alguém sabia o caminho e como tal lá nos embrenhamos por atalhos durante horas. A dada altura chamaram-se lá da frente com mensagem passada ao de trás. Era uma mina anti pessoal que era preciso desmontar. Lembro-me de ter nas minhas mãos o detonador. A dada altura paramos. Uma avioneta percorreu o espaço por cima de nós. Mais tarde resolveram ir buscar-nos de batelão. A maré já estava vazia e foi longe que nos deixaram entrando lodo dentro, patinhando, de modo a chegarmos ao quartel.


Texto e fotos: © Tibério Borges

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 23 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14921: 3 anos nas Forças Armadas (Tibério Borges, ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2726) (3): De Bissau para Cacine

Guiné 63/74 - P14973: Os nossos seres, saberes e lazeres (109): Tomar à la minuta (11): Vinde, Divino Espírito, aqui estão os tabuleiros da nossa fé (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 17 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
E assim se chegou à Festa dos Tabuleiros, o acontecimento religioso e etnográfico que Tomar propicia. No contexto da teofania do culto do Espírito Santo, o mais surpreendente acontece aqui e nalgumas ilhas dos Açores. As ruas engalanadas fazem antever os milhares de horas de paciência a cortar papel e a torná-lo revigorante arte efémera; os cortejos que vão pululando entre sexta e sábado, originando ajuntamentos espontâneos, sabe-se lá de que freguesia tomarense vêm aqueles pares, eles de calça preta, faixa à cinta, camisa branca e gravata a condizer com a faixa da companheira, ela transportando em cima da rodilha cerca de 15 quilos de fiadas de pão armado e encimado pela Pomba do Espírito Santo.
Uma cidade em festa, numa amenidade surpreendente, até ao momento culminante daquele domingo do grande desfile de todos os tabuleiros que serão abençoados pelo bispo. Inesquecível. E agora vamos fazer uma pausa, repensar Tomar.
A seguir a viagem segue para Itália. Depois conto.

Um abraço do
Mário


Tomar à la minuta (11)

Beja Santos

Vinde, Divino Espírito, aqui estão os tabuleiros da nossa fé





Não escondo a minha ansiedade, subi a fasquia das minhas expetativas, pela primeira vez na vida este septuagenário comparecerá à Festa dos Tabuleiros. A sua aura vem de longe, a minha avó Ângela contava-me, enquanto eu adormecia, a intensidade dos preparativos, as saudades que ela levou para África, os bilhetes-postais lhe chegavam de Tomar com a azáfama dos familiares na organização dos festejos.
À cautela, na sexta-feira de manhã vagueio, simulo que a intensidade do colorido ainda está longe e que tudo vou sorver, em longos haustos, para nunca mais esquecer. Preocupo-me com pormenores, coisas que só a mim dizem respeito, e que vêm nestas imagens: um belo portão Arte Deco, é bem provável que numa Alemanha qualquer fosse peça de museu, aqui está em fase de enferrujamento. Na rua do compositor Lopes Graça apanhei o cartaz e o incentivo: “Acordai!” e logo me lembrei de um recital de poesia no Instituto Superior Técnico, Maria Barroso galvanizava a assistência jovem com poemas de Manuel da Fonseca e ouviu-se o coro da Academia dos Amadores de Música, até que entrou a polícia à chanfalhada, foi desordem geral mas Maria Barroso enfrentou os caceteiros sem uma tremura. E temos aquela escada, que sorte com aquela luz, crua e desnudada, atravessa-se numa das ruas que mais prazer me dá, não sei se é a Idade Média se é uma aldeia serrana que entra por Tomar adentro. E visitei uma exposição que está no belo edifício que foi do Turismo, ali se exibem peças extraordinárias que foram doadas pelo professor José-Augusto França, como este óleo de Joaquim Rodrigo que me traz reminiscências de Piet Mondrian.




Assim entrei na festa, na embriaguez da cor das ruas, venho venerar o labor meticuloso de quem lavrou em papel toda esta decoração, alguém me disse que haverá banda de música por estas ruas populares ornamentadas, quero andar aqui à solta, mais tarde passarei pela Várzea Grande para me inteirar com do Cortejo do Mordomo, já vi passar pelas ruas gente a cavalo, bem ajaezados, até pensei que iam para a Feira da Golegã… Estou a contar com surpresas amanhã, apanhar os Cortejos Parciais dos Tabuleiros. Agora, deixem-me andar na folia, a cor é comigo.


Andei a saltitar entre a Corredoura, a Várzea Pequena, pus-me na ponte velha, voltei a mergulhar nesta imensidão de luz e de sombreado. Se uma das pautas de conduta da cidade é a sua amenidade, a festa e quem a visita não trouxeram estridência, andam todos em estado de admiração, vejo gente de outros pontos da Europa boquiabertos, de câmara em punho para que ninguém dos Países Bálticos até ao Mar Negro possa negar que naquele ponto do mapa, não muito longe do centro de Portugal, há para ali uma festa peculiar ao divino Espírito Santo, e que não é de fácil entendimento. Serão eles os mensageiros deste fenómeno tão terno e tão denso da Santíssima Trindade, outros virão para confirmar a beleza das imagens de que eles são portadores.



É sábado, vou pôr-me na giraldinha, à procura de surpresas dos Cortejos Parciais dos Tabuleiros, os pares desfilam solenes, cientes da supervisão pública, riem quando se aplaude e cumprimentam quando são reconhecidos, tanto quanto eu sei tanto pode ser gente de Carregueiros, Santa Maria dos Olivais, Junceira ou Sabacheira, são muitas as freguesias, dão-nos o privilégio dos ver deambular entre a parte da cidade e o casco histórico, é este um dos grandes temperos destes dias de lazer e homenagem cristã.



Nova pausa, passo pela Levada, venho visitar uma exposição fotográfica, a da família Correia, o pai de nome Augusto Corrêa Júnior e o filho José Augusto Pimentel Corrêa, agora é um mergulho no passado, que bela iniciativa, já visitei a exposição de Arte Abstrata da Coleção José-Augusto França, parei demoradamente frente às imagens de Lopes Graça, valeu a pena conhecer os dotes fotográficos destes Corrêa e Correia que saíram do pó do esquecimento.




É o zénite da festa, domingo, 12 de Julho, acalorado desde o meio-dia. Venho preparado para grandes emoções, o Cortejo dos Tabuleiros arrancará da Mata dos Sete Montes, haverá antes o Cortejo das Coroas e Pendões do Espírito Santo, aproveitei para os últimos disparos, aquela pombinha junto de porta manuelina na Igreja de S. João Batista assombra-me. Vou aguentar a pé firme junto à entrada da mata, quero acompanhar tudo, gaiteiros e tamborileiros, as quatro bandas de música, os pensões e o início do grande evento, dado pelo fogueteiro. E pelas quatro horas da tarde os escuteiros abrem alas, passaram os polícias e desencadeia-se a marcha processional, estabeleceu-se a eletricidade, há faísca mágica, mesmo com a assistência a acotovelar-se, todos querem imagens, de vez em quando há suspiros e alarmes, aquela menina que parece que vai deixar cair o tabuleiro, outra que se soltou a rodilha da cabeça, passa uma jovem com ar contrito, um dos pães foi esburacado por ratos ou pássaros, há comentários, e ela segue encabulada. Depois mergulho na multidão, até assisti a uma cena de pancadaria, um deles ficou com a camisa toda rasgada, e lenhos na cara. Falta-me ânimo para o momento solene, aquele que irá ocorrer pelas 16 horas, em plena Praça da República quando todas estas moçoilas de diferentes idades erguerem sincronicamente, à terceira badalada, os seus tabuleiros.

Volto a rememorar as histórias que a avó Ângela me contava sobre esta teofania do Espírito Santo, senti como minha toda esta movimentação prazenteira das ruas coloridas, dos desfiles, da cidade que se abriu com os braços bem abertos para acolher todos.

Chegou a hora de partir, de dizer adeus, introduzir uma pausa e refletir sobre esta rede de afetos tomarenses. Nativo ou forasteiro, devemos sempre procurar ver o nosso lugar com olhares renovados.
Como escreveu uma vez José Saramago, a viagem nunca acaba o que acaba são os viajantes. O que vê de manhã não é o que se vê à tarde, o que se vê na Primavera não é o que se vê no Outono, o olhar remoça-se, depura-se ou decanta-se. E o nosso lugar bem-amado tem outro sangue oxigenado, é uma saudade entranhada que nos revigora o futuro. Como esta imagem tão bela, esta escultura antiga que me faz cismar, fixada nos muros da Igreja de S. João Batista. Até um dia, despeço-me com estima.


Texto e fotos: © Mário Beja Santos

(FIM)
____________

Nota do editor

Postes da série de:

27 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14669: Os nossos seres, saberes e lazeres (96): Tomar à la minuta (1) (Mário Beja Santos)

3 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14694: Os nossos seres, saberes e lazeres (97): Tomar à la minuta (2) (Mário Beja Santos)

10 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14726: Os nossos seres, saberes e lazeres (99): Tomar à la minuta (3) (Mário Beja Santos)

17 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14758: Os nossos seres, saberes e lazeres (101): Tomar à la minuta (4) (Mário Beja Santos)

24 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14793: Os nossos seres, saberes e lazeres (102): Tomar à la minuta (5) (Mário Beja Santos)

1 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14819: Os nossos seres, saberes e lazeres (103): Tomar à la minuta (6) (Mário Beja Santos)

8 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14849: Os nossos seres, saberes e lazeres (104): Tomar à la minuta (7) (Mário Beja Santos)

15 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14880: Os nossos seres, saberes e lazeres (106): Tomar à la minuta (8) (Mário Beja Santos)

22 de Julho de 2015> Guiné 63/74 - P14915: Os nossos seres, saberes e lazeres (107): Tomar à la minuta (9) (Mário Beja Santos)
e
29 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14944: Os nossos seres, saberes e lazeres (108): Tomar à la minuta (10) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P14972: (De)caras (24); o meu retrato, pintado em 1970 pelo Leão Lopes, do BENG 447 (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > 1970 > Retrato do Humberto Reis (ex-fur mil, op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), pintado por Leão Lopes (ex-fur mil, BENG 447, Bambadinca, 1970/72)




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1969/1970 >   Humberto Reis (ex-fur mil, op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), vestido à civil.


Fotos: © Humberto Reis (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem do grã-tabanqueiro Humberto Reis, com data de ontem, 4 de agosto, 17h53  


Luís

Aqui vai a foto de um quadro que foi pintado em 1970, pelo Leão Lopes (ex-fur mil do BENG 446. quando esteve deslocado lá em Bambadinca, adiado à CCS/BART 2917, 1970/72).

Eu era muito fotogénico, não era?

Custou-me a brincadeira 500 escudos naquele tempo.

Julgo que o Leão Lopes chegou a ser ministro da República de Cabo Verde.

Curiosidades

Um abraço

Humberto

___________________

Nota do editor:

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14971: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (14): De 15 a 18 de Junho de 1973

1. Em mensagem do dia 30 de Julho de 2015, o nosso camarada António Murta, ex-Alf Mil Inf.ª Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), enviou-nos mais uma página do seu Caderno de Memórias.


CADERNO DE MEMÓRIAS
A. MURTA – GUINÉ, 1973-74 

14 - De 15 a 18 de Junho de 1973

Da História da Unidade BCAÇ 4513:

JUN73/15 – Apresentou-se em Aldeia Formosa 1 elemento IN armado com metralhadora ligeira DEGTYAREV, chamado NHONA NBANA. Pertencia ao bigrupo de KANSEMBEL desde OUT72, depois de ter regressado da RÚSSIA. Revelou outros elementos de interesse.
- A sub-base da estrada CUMBIJÃ-NHACOBÁ atingiu hoje esta última localidade.

Do meu diário:

15 de Junho de 1973 – (sexta-feira) – Aldeia Formosa; Ida a Buba e regresso com dilúvio.
A missão de hoje foi escoltar a coluna na ida a Buba para trazer géneros.
À passagem por Nhala verifiquei que o temporal de ontem à noite fez ali bastantes estragos, não poupando uns quantos telhados de zinco e abatendo a frontaria da minha miserável tabanca.
[Pelos vistos, nesta época ainda não tínhamos em Nhala quarto para oficiais “periquitos”].
Soube pelo camarada C. L., que ali se encontra a substituir o Cap. B. da C., que alguns soldados tiveram perturbações mentais ao presenciarem o temporal. Houve um soldado socorrido que esteve longo tempo sem dizer nada com nexo, nem reconhecer as pessoas. Tal foi a visão nocturna dos relâmpagos que, com estrondo, rasgaram o dilúvio tocado a vento.

À chegada a Buba, a primeira coisa que logo à entrada me chamou a atenção, foi o estado em que se encontrava o telhado da escola local: saltou do lugar juntamente com a estrutura como se fosse um chapéu de palha e ficou no chão apoiado a uma das paredes. Como sempre, de cada vez que vou a Buba, fico com horríveis dores de cabeça, não sei se pelo nervosismo e irritação que me provoca a confusão dos carregamentos das viaturas, se pela desgastante viagem nas picadas em péssimo estado, percorrendo aos saltos na viatura, cerca de 30 quilómetros.

Demorámos ali muito tempo no carregamento de enormes caixas, algumas das quais com 900 kg. Para as fazer carregar nas Berliet, tivemos que esperar que a maré baixasse, para as viaturas poderem descer ao leito do rio e ficarem num plano inferior ao cais. Depois, através de pranchas de ferro, as caixas deslizaram seguras pelo cabo do guincho de outra Berliet colocada no lado oposto do cais, também no leito do rio.

Não há memória da saída duma coluna tão tarde de Buba, sujeita aos perigos que acarreta aquele trajecto à noite. Mesmo sem ataques. Passámos em Nhala ainda de dia, mas alguns quilómetros antes de Mampatá, já era noite fechada, com a agravante de sermos apanhados por mais um temporal. Quase de repente, o céu ficou completamente negro, iluminado, a espaços, pelos frequentes e longos clarões dos relâmpagos. A chuva não tardou e as grossas bátegas magoavam-nos a cara. Servimo-nos de algumas chapas de zinco que carregávamos na nossa viatura (porque o condutor ainda não tinha colocado a capota de lona) mas, apesar disso, não conseguimos evitar uma bela molha, gelada e abundante. A água ia já alta na picada, parecia um rio, e chegava a ser belo o efeito produzido pela luz amarela dos faróis projectada na barreira de água que os rodados levantavam, vendo-se, ainda, através dela, os farolins vermelhos da viatura da frente. Uma fonte luminosa em movimento com metro e meio de altura.
[Percebo a ênfase dada a tão singelo fenómeno, porque ainda hoje o recordo com invulgar nitidez].

Chegados a Aldeia Formosa, deixámos as viaturas para serem descarregadas amanhã.

16 de Junho de 1973 – (sábado) – Aldeia Formosa; Descanso.
Hoje, outra vez de descanso. É dia-sim, dia-não. Nada de especial a anotar.

Aldeia Formosa. Formosa, só se for pelos hibiscos à entrada do Comando...

Aldeia Formosa a cores. E eu também.

Aldeia Formosa cinzenta. Como eu...

17 de Junho de 1973 – (domingo) – Aldeia Formosa; O Pata Grande.

Saída da minha Companhia completa para protecção às obras da estrada. Eu fiquei com o grupo emboscado junto a uma “pedreira”, na zona de Cumbijã, onde ainda se tira terra para cobrir o piso da estrada em determinado sítio. Na “frente” nada de especial e, lá atrás, também não. “A Oeste nada de novo”. Para passar o tempo, entretenho-me a observar as formigas e a bicharada rastejante. Mesmo na berma da estrada está a nascer um bagabaga. Para já, não passa de um montículo com mais ou menos um centímetro cúbico. Mas cada vez são mais as formigas que chegam, incansáveis, com uma pequena baga de argila ainda húmida presa nas mandíbulas. Depõem a baga no montículo e desaparecem por entre o capim e as ervas, com a mesma pressa com que chegaram. Só que o local não é viável e toda esta canseira será em vão. Onde é que já se viu um bagabaga quase encostado ao alcatrão? Como lamento não ter aqui com que fotografar! De vez em quando, mando o cabo das transmissões fazer uma chamada para quebrar a monotonia.
Já depois de ter chegado a Aldeia Formosa, cerca das 16 horas e picos, soube que o meu camarada J. A. T. da 1.ª CCAÇ de Buba e, como eu, especialista de minas e armadilhas, levantou uma mina A/C (anticarro), bem perto do local onde estive todo o dia, mas para o lado de Nhacobá. Como ele previa, estava armadilhada e levou-lhe cerca de uma hora a levantar. Pelo requinte da maldade, adivinha-se o autor.
Temos, portanto, o Pata Grande & Cª. a meter-se connosco. De futuro a coisa vai ser mais delicada.


Da História da Unidade do BCAÇ 4513:

Jun73/18 – S. Ex.ª GENERAL CMDT CHEFE ANTÓNIO SPÍNOLA acompanhado da REPOPER visitou A. FORMOSA. Com o Exmº. MAJOR D. M. DESLOCOU-SE a NHACOBÁ e CUMBIJÃ. Graduou em Alferes o Fur. Mil. VIEIRA da CCAV 8351.

- Às 9h30 grupo IN não estimado flagelou durante 10 minutos da direcção S-SW com cerca de 50 granadas de morteiro 82 e RPG-2 as NT instaladas em NHACOBÁ na protecção aos trabalhos de Engenharia, sem consequências.

- Às 10h45 1 máquina de Engenharia D-7 accionou em NHACOBÁ 1 mina anticarro IN sofrendo danos graves.

- Pelas 11h15 a CCART 6250 detectou e levantou em NHACOBÁ 1 mina antipessoal IN PMD-44.

Do meu diário:

18 de Junho de 1973 – (segunda-feira) – A. Formosa; Dia de descanso; Visita do Gen. Spínola.

Hoje levantei-me acossado pela curiosidade: estava a acordar quando ouvi chegar à pista dois helicópteros. Como logo calculei, um deles trazia o “Caco-Baldé”, que vinha certamente avaliar o ponto da situação. Esteve aqui breves instantes e dirigiu-se depois para Nhacobá, pilotando ele próprio o helicóptero. Chegou ali algum tempo depois de ter havido um ataque, sem consequências, à Companhia que estava a chegar para proteger as máquinas que agora, ao que dizem, estão a preparar o terreno para se montar ali um destacamento. A curta distância do local em que o general se encontrava com alguns indivíduos, rebentou uma mina sob as lagartas duma das máquinas que, embora não ficasse impossibilitada de trabalhar, sofreu alguns danos. Esta manhã ainda foi levantada ali mais uma mina antipessoal.

Entretanto, aqui em Aldeia Formosa chegaram a juntar-se na pista três avionetas civis, não sei ao certo para que efeito, mas devem ter sido fretadas por militares, pois o avião militar que aqui costuma vir, não apareceu. Foi cedo ainda que o Gen. Spínola partiu para Bissau, passando de novo por aqui.

À tarde o Cap. de Operações J. A. C. chamou-me para ir ver a mina A/C levantada ontem pelo Alf. T., a fim de saber a minha opinião. Tratava-se de um modelo relativamente recente, embora eu o conhecesse, mas equipado com um dispositivo anti levantamento. Ainda no Gabinete de Operações apreciei, junto à mina, uma belíssima metralhadora de tambor, que foi trazida há dias por um elemento do PAIGC que se entregou com todo o equipamento.

Ultimamente têm-se ouvido uns boatos, ao que parece não descabidos, de que o meu Batalhão irá sair daqui de Aldeia para Cumbijã, deixando duas companhias em Nhacobá. Para aqui viria um Batalhão que está a chegar a Bolama para fazer a IAO, saído há pouco da Metrópole. Entretanto, o Batalhão que nós viemos render, só irá embora em Setembro, facto que tem desorientado e revoltado quase toda a gente, pois que assim, irão para a Metrópole depois de uma comissão de 27 ou 28 meses, quando o normal são 23.

Há outros boatos quanto à colocação do meu Batalhão depois de sair daqui, mas o que é certo, é que tanto uns como outros são bastante perturbadores, pois que, para além de uma exposição permanente a ataques nesses locais aventados, é sabido que voltaremos a não ter as mínimas condições de vida. (...).
[Segue-se uma série de lamentos que prefiro não transcrever e que só revelam ingenuidade e ignorância das verdadeiras agruras que ainda estavam para vir].

(continua)

Texto e fotos: © António Murta
____________

Nota do editor

Último poste da série de 28 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14940: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (13): 9 a 14 de Junho de 1973, com baptismo de fogo a 13

Guiné 63/74 - P14970: Memória dos lugares (311): Lisboa, Cais da Rocha Conde de Óbidos, partida do N/M Quanza, em 8/1/1964, com o pessoal do BCAÇ 619 (Catió, 1964/66) (João Sacoto)


Foto nº 2


Foto nº 1


Foto nº 1 A


Foto nº 1 B

Lisboa > Cais da Rocha Conde de Óbidos > 8/1/1964 > Partida do N/M Quanza, com o pessoal do BCAÇ 619 (Catió, 1964/66).

Fotos: © João Sacôto (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem, de 30 de junho último, de João Gabriel Sacôto Martins Fernandes [ ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66): comandante da TAP, reformado]

 Luís:

Da partida para a Guiné do BCAÇ 619 e,  portanto, também da [minha] CCAÇ 617, tenho estas duas que poderás, querendo, publicar. (Nota: a criança que está no cais com um adulto, é a minha filha que, nesse dia, 8/01/64,  fez 2 anos.)[Vd. foto nº 1 B].

Ab. Sacôto.
___________

Guiné 63/74 - P14969: Tabanca Grande (471): Cláudio Brito, neto do falecido major art ref Fernando Brito (1932-2014)... Novo grã-tabanqueiro, nº 697


1. Mensagem, de omtem, 3 do corrente,  do nosso amigo Cláudio Brito, neto do major art ref Fernando Brito (1932-2014):


Saudações,
Antes de mais, um muito obrigado por este convite [, para integrar a Tabanca Grande,] que, alegremente, aceito, pesando-me, sem dúvida, e alegremente também, a responsabilidade de tal cargo. Porém, se depender de mim, esta Tabanca continuará a ser brindada com fontes históricas para a preservação da sua memória, da nossa memória.


Espero poder contribuir com as fontes selecionadas que trabalharei afincadamente para serem apresentadas ao blogue e quem o segue.

Envio uma fotografia recente minha e, ainda, envio o exemplo fotográfico usado para que o Leão Lopes tivesse podido pintar o quadro [, de meu pai,] que tão artisticamente concretizou.

De facto, podemos verificar uma linha histórica, apenas através da fotografia.

No verso da mesma está inscrito com a letra do meu pai: "Para o meu paizinho [, Fernando Brito,] com muitos beijos de parabéns do filho amigo, Fernando José". Brindado nos anos (a 30 de novembro) com uma fotografia do filho, [o meu avô] retribuiu o amor, mandando pintar um retrato mediante a mesma.

Vemos imediatamente as semelhanças, mas perguntamo-nos "a foto não é a preto e branco?". Sim, pelo que as cores foram imaginadas pelo próprio Leão Lopes ou feitas mediante informação fornecidas pelo meu avô. De qualquer das maneiras, o produto foi concretizado lindamente.

Assim me despeço, prometendo redobrar estas fontes de uma próxima vez.

Um grande abraço a todos, Cláudio Brito.




O pai do Cláudio Brito, Fernando José, em 1971,  aos 11 anos,  Foi com base nesta foto que o Leão Lopes pintou o seu retrato, em Bambadinca.




Dedicatória, no verso da fotografia, dp Fernando José ao pai, Fernando Brito, por ocasião do seu 39º aniversário (em 30 de novembro de 1971).



Retrato do Fernando José, pintado em Bambadinca por Leão Lopes, ex-fur mil, BENG 447 (1970/72)


Fotos: © Cláudio Brito (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

2. Mensagem de anteontem, 2 do corrente, do Cláudio Brito;


Saudações,  Sr. Luís Graça e Camaradas da Guiné,

Espero que esteja tudo bem.

Antes de mais, o meu mais profundo agradecimento por ter publicado este quadro e esta memória que, entretanto, passou a ser uma memória de todos (*). Não se pode perder apenas no meu arquivo pessoal e ficar a colecionar pó numa parede.

Com a graça de Deus e com alguma sorte à mistura, o meu avô falava muito comigo (também me demonstrei sempre interessado) e explicou-me a história ou estória de muitas das fotos, quadros, retratos e objetos que recuperei. A maior das sortes é ter alguém do "outro lado" para partilhar essa história e torná-la comentada e acessível e, por isso, perpetuada.

Relativamente ao quadro (*), ainda posso avançar algumas coisinhas:

(i) "folha de capim" é uma planta que cresce de uma forma comprida e alongada sendo suficientemente firme para, por exemplo, pintar; portanto, concluo que os materiais de pintura não eram de fácil acesso, mas a mão firme do pintor não falhou;

(ii) o meu pai tinha exatamente 11 anos nessa altura, foi em 1971; o meu pai nasceu no ano de 1960, a 18 de abril, sendo registado no dia 19 de março;

(iii) a fotografia, usada como modelo para pintar, detenho-a igualmente, e posso enviar para comparação do trabalho.

Quanto aos restantes materiais, a tecnologia tem-nos provido dos mais completos instrumentos, portanto não há desculpa da minha parte e, brevemente, farei uma escolha extensiva e, equipado com esses instrumentos, passarei os elementos do meu plano de visão para o "plano de todos", ou seja, "o plano da Tabanca", com especial enfoque para as fotografias que detenho. E quem diz fotografias, poderá dizer outras coisas. Coisas que poderão estar esquecidas no tempo aqui, mas que unidas a quem as "tocou", "viveu" e "usou" começam a fazer sentido e a montar um puzzle. Preenche a memória do meu avô e de outros tantos que estiveram lado a lado com ele.

Ficarei honrado com qualquer resposta dada pelo artista [, Leão Lopes,]  que pintou alguém tão querido por mim e fico ainda mais honrado por poder partilhar tudo isto [, no blogue dos amigos e camaradas da Guiné].

Um grande obrigado, abraço e até breve,

Cláudio Brito

 3. Comentário de LG:

Cláudio. obrigado pelas explicações adicionais e pela tua rápida aceitação do meu convite. Como prometido ficas desde já apresentado  à Tabanca Grande. Afinal, tu és, desde o princípio,  um dos nossos: os filho e netos dos nossos camaradas, nossos filhos e netos são...

És  o grã-tabanqueiro nº 697, o teu nome passa a figurar na lista alfabética dos grã-tabanqueiros, que consta da coluna do lado esquerdo da página de rosto do blogue (**)... O teu avô era (e continuará a  ser) o nº 641:  o seu nome está na lista dos camaradas e amigos (n=41) que da lei da morte já se foram libertando...

Contamos contigo  para podermos continuar a alimentar este blogue dos amigos e camaradas da Guiné. Sê bem vindo. Tens as regras de convívio na série O Nosso Livro de Estilo.

Um abraço grande. Luis



Guiné 63/74 - P14968: Parabéns a você (940): José Nunes, ex-1.º Cabo Mecânico Electricista do BENG 447 (Guiné, 1968/70) e Rui Alexandrino Ferreira, TCoronel Ref (Guiné, 1965/67 e 1970/72)


____________

Nota do editor

Último poste da série de 31 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14952: Parabéns a você (939): Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil Cav da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14967: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (16): O rio que mais me impressionou na Guiné foi o Corubal (Abel Santos, ex-Soldado Atirador da CART 1742)

1. Em mensagem do dia 27 de Julho de 2015, o nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), fala-nos do rio que mais o impressionou na Guiné, o Corubal:


Rio Corubal 

O rio que mais me impressionou foi o Corubal na zona do Che-Che, junto à estrada, ou picada, de Nova Lamego para Madina de Boé e Béli, passando por Dara e Canjadude.

Impressionou-me quando pela primeira vez o vi e fiquei apreciando toda aquela quietude, as suas águas límpidas e refrescantes, mas ao mesmo tempo incutindo em mim um certo respeito perante tão misterioso silêncio.

Na zona em que o atravessei, através da célebre jangada de má recordação para o Exército Português, aquando das colunas de reabastecimento aos camaradas de Madina de Boé e Béli, pude apreciá-lo melhor da outra margem, lado de Madina, na extensão até onde os meus olhos alcançavam, ouvindo o chilrear dos pássaros, o murmúrio das suas águas correndo no seu leito até encontrar a foz.

Hoje recordo com alguma nostalgia aquele imponente curso de água que tanto me impressionou.

Junto algumas fotos que são reveladoras da época, em que me cruzei com a majestade do Rio Corubal


O Rio Corubal a preto e branco

 Uma Daimler a banhos no Rio Corubal

Nas margens do Rio Corubal

Texto e fotos: © Abel Santos
____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14966: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (15): Aguardente doc Lourinhã, 15 anos, a 150 aéreos num supermercado dos Algarves... Em homenagem à terra do nosso editor LG (Hélder Sousa)