terça-feira, 14 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22542: Tabanca Grande (525): José Emídio Ribeiro Marques, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da 3.ª Comp/BCAÇ 4616/73 (Jumbembem, Farim e Canjambari, 1974), que se senta à sombra do nosso poilão no lugar 849


1. No passado dia 12, através do Formulário de Conta, recebemos esta mensagem de José Emídio Ribeiro Marques:

Boa tarde camaradas
Tive conhecimento do blogue somente hoje. O que me despertou foi o titulo atribuído Tangomau, dado que há muito tenho conhecimento do que significa.
Estive na Guiné em 1974. Em Farim pude assistir ao arrear da bandeira portuguesa e ao hastear da bandeira da Guiné-Bissau.
Gostaria muito de contactar com regularidade.
Um grande bem hajam.

Cumprimentos,
José Emídio Ribeiro Marques


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2. No mesmo dia demos resposta ao nosso novo camarada e amigo

Caro José Emídio Marques
Julgo tratar-se de algum camarada que esteve na Guiné em 1974. É isso?
Se sim, escreva-nos para este meu endereço dizendo qual o seu posto, especialidade e unidade em que foi integrado para a Guiné.
Teríamos muito gosto em que fizesse parte da nossa tertúlia, bastando para isso que nos mande uma foto dos seus tempos de Guiné e uma actual, tipo passe ou outro formato.

Receba um abraço da tertúlia
Carlos Vinhal
Coeditor


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3. Ainda no dia 12 de Setembro de 2021, recebemos do nosso novo Tabanqueiro José Emídio Marques, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da 3.ª Comp/BCAÇ 4616/73 (Jumbembem, Farim e Canjambari, 1974) a sua mensagem de adesão à tertúlia do nosso Blogue:

Boa Noite Camarada Carlos Vinhal
Eu estive na Guiné integrado na 3.ª Companhia do Batalhão 4616.
Era 1.º Cabo Enfermeiro e estive em Jumbembem, Nema e Farim.
A nossa Companhia foi desintegrada do Batalhão para reforçar o norte e depois a Companhia acabou por ser desmembrada e cada pelotão foi para um aquartelamento na região.
Somente nos reunimos (a Companhia), muito depois do 25 Abril em Nema, que era um posto avançado de Farim.
O meu batalhão esteve em Bambadinca.

Envio em anexo as fotos de há quase 50 anos atrás e atual.
Um abraço.

O 1.º Cabo Aux. Enfermeiro José Emídio Marques
José Emídio Marques, hoje

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4. Notas de CV:

(I) - Página 195 do 7. Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné:


BATALHÃO DE CAÇADORES n.º 4616/73

Unidade Mob: RI 16 - Évora
Cmdt:
TCor Inf Luís Ataíde da Silva Banazol
TCor Inf Joaquim Luís de Azevedo Alves Moreira

2º Cmdt: Maj Inf Joaquim Luís de Azevedo Alves Moreira
OInfOp/Adj: Cap Inf Bernardino Luís de Matos Pereira Torres

Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE Domingos Roque
1ª Comp: Cap Mil Inf Augusto Vicente Penteado
2º Comp: Cap Mil Inf Luís Fernando de Andrade Viegas
3ª Comp: Cao Mil Inf João Lontral Leite Martins

Divisa: -

Partida: Embarque em 30Dez73; desembarque em 05Jan74
Regresso: em 12Set74 (1ª e 2ª Comp), 15Set74 (3ª Comp) e 16Set74 (Cmd e CCS)

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 09Jan74 a 06Fev74, no CMI, em Cumeré, seguiu depois, com as suas Companhias, excepto a 3ª Comp, para o sector de Bambadinca, a fim de efectuar o terino operacional e sobreposição com o BART 3873, de 13Fev74 a 08Mar74.
Em 09 Mar74, assumiu a responsabilidade do Sector L1, com a sede em Bambadinca e abrangendo os subsectores de Mansambo, Xime, Xitole e Bambadinca.
Desenvolveu a actividade operacional adequada às características do sector, com realização de várias operações, patrulhamentos, emboscadas dos reordenamentos de Nhabijões, Samba Silate e Bambadinca e de construção, manutenção e controlo dos itinerários da sua zona de acção. Na parte final, adaptou a sua actividade à situação então vigente, comandando e coordenando a execução do plano de retracção do dispositivo e a desactivação e entrega dos aquartelamentos ao PAIGC, sucessivamente efectuada nos subsectores do Xitole, em 01Set74, de Mansambo, em 02Set74 e de Bambadinca e Xime, ambos em 09Set74.
Em 02Set74, após desactivação e entrega dos aquartelamentos de Mambadinca, recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
[...]
A 3ª Comp cedeu, a partir de 05Jan74, um pelotão para reforço da 2ª Comp/BCAÇ 4512/72, o qual se instalou em Jumbembem. Em 11Fev74, a subunidade seguiu para Farm, a fim de efectuar o treino operacional com a CCAÇ 4944/73, sob a orientação do BCAÇ 4512/72 e seguidamente reforçar este batalhão, a fim de fazer face ao agravamento da situação na sua zona de acção.
Em 23Mar74, mantendo-se no mesmo sector do BCAÇ 4512/72, foi toda colocada em Jumbembem, em reforço da actividade da guarnição local, tendo destacado um pelotão para Canjambari, também em reforço da guarnição local, de 23Mar74 a 02Jun74.
Em 06Jun74, substituindo a 1ª Comp/BCAÇ 4516/73, assumiu a responsabilidade do susector de Farim.
Em 07Jun74, após desactivação e entrega do aquartelamento de Farim, recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

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(II) - Caríssimo José Emídio

M
uito bem aparecido na nossa tertúlia, onde a partir de hoje ocupas o lugar n.º 849 do nosso poilão.
O BCAÇ 4616/73 tem 16 entradas no nosso Blogue, sendo talvez o maior contribuidor o ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ, José Zeferino, de quem nada sabemos faz já algum tempo. Se o conheces e se sabes dele, por favor informa-nos. Da tua Companhia julgo seres o primeiro a aparecer.

Sendo tu uma das testemunha privilegiadas dos últimos tempos da guerra da Guiné, poderás contribuir com o teu testemunho, narrando e enviando fotos desses momentos extraordinários vividos no interior, vulgarmente chamado mato, e em Bissau.
As relações entre o ex-IN e as NT continuavam tensas? Havia respeito entre os antigos contendores após a declaração do cessar fogo? Como reagia a população à iminente mudança das autoridades? Estas e muitas outras perguntas fazemos nós, o mais velhos, que só podemos tomar conhecimento dos factos pelos nossos sucessores.
Estaremos sempre disponíveis para responder a alguma dúvida que tenhas.

Deixo-te um abraço em nome da tertúlia e dos editores, com os votos de que estejas bem.
Carlos Vinhal
Coeditor

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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22428: Tabanca Grande (524): Juvenal José Cordeiro Danado, ex-Fur Mil Sapador de Inf da CCS/BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1970/71), que se senta à sombra do nosso poilão no lugar 847

Guiné 61/74 - P22541: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XVI: Ilha de Mykonos, Grécia, 2018



Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Grécia, Ilha de Mykonos, setembro de 2018



1. Continuação da série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo" (*), da autoria de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74.

Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros. É membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 280 referências no blogue.


Ilha de Mykonos, Grécia, 2018


A Grécia de Sofia (de Mello Breyner), branca e azul para diluir a melancolia e entretecer a névoa em poesia.

Antes do fim definitivo chego, em Setembro de 2018, com a ventura dos deuses. Trago comigo o peso da correnteza de muitos anos. Alavancando mil viagens, navego neste mar, caminho nestas terras, mergulho nestas águas. A Grécia, depois da Ática e do Peleponeso, polvilhada de ilhas de estarrecer e de enfeitiçar.

Leonard Cohen, o canadiano das canções imortais por aqui viveu, na ilha de Hydra. Tinha por visita os burros e os homens do lixo, o que lhe agradava sobremaneira e o levava a dizer “It’s like receiving the Legion of Honour.”

Muita gente ilustre como Albert Camus, Henry Miller, Le Corbusier escolheu a ilha de Mykonos para longas estadas. Mykons, filho de Apolo, deus da beleza, da música e da poesia, deu o nome a Mykonos. Na ilha suspensa no mar, algo seca e desprotegida pela pouca vegetação, a vida das gentes passeia-se entre o branco tintado de azul das casinhas suspensas nas encostas dos montes e o mar turquesa. Sobram revoadas de turistas, de passagem.

Na vilazinha de Chora, capital de Mykonos, dizem-me que estou numa pequena Veneza. Tudo mentira. Se há casas com os pés na água e varandas balbuciando mil encantamentos, aqui tudo é grego, helénico, de raízes há muitos séculos crescendo neste solo único, agreste e doce.

Na praia de Kalafati, humedeço o meu corpo cansado no mar azul. Elogio líquido do prazer.Do outro lado da ilha, o sombreado claro dos seis moinhos de vento, algo quixotescos, avança sobre a baía. Avassaladores fascínios resplandecem em ondulantes murmúrios de águas límpidas. À noite, a carícia da lua.

António Graça de Abreu

Texto e fotos recebidos em 14/9/2021

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Nota do editor:

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22540: Agenda cultural (783): Foi dia de festa na Tabanca dos Melros, em Fânzeres, Gondomar, o dia 11, em que o António Carvalho lançou ao mundo o seu livro - Parte I: mais de 80 presenças!

Foto nº 1 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Na mesa, da esquerda para a direita, o autor, o nosso editor Luís Graça (que fez as despesas da apresentação da obra) (*) e o Zé Manuel Lopes (Josema) que teceu palavras de elogio  e grande estima pelo seu camarada e amigo, o "Carvalho de Mampatá", e leu um dos seus poemas, "Calor, cansaço, suor...", datada de junho de 1974, escrito em Mampatá.

Foto nº 2 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Na mesa, da esquerda para a direita, o autor, o nosso editor Luís Graça, a Ana Carvalho (filha do autor) e o Zé Manuel Lopes (Josema) que   leu um dos seus poemas, "Calor, cansaço, suor...", datada de junho de 1974, escrito em Mampatá.



Foto nº 3 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Momento musical, uma amiga, canta três conhecidas cancões do seu reportório brasileiro, acompanhada à viola por um sobrinho do autor,,. Na mesa, ao centro, o Jorge Teixeira, o "bandalho-mor" de "O Bando do Café Progresso: das Caldas à Guiné" (tertúlia), que desempenhou aqui o papel de "caixa" do autor (, ficando à sua guarda a venda dos livros).

Fotos: © Fernando Súcio (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 4 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  Sessão de autógrafos > O autor e o Joaquim Costa (ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74): os dois estiveram em Nhacobá...



Foto nº 5 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  Sessão de autógrafos > Da direita para a esquerda, o autor, o Ma e o Jorge Teixeira e o Manuel Carmelita (ex-fur nil radiomontador, CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73).



Foto nº 6 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Sessão de autógrafos > O Eduardo Moutinho Santos (ex-Alf Mil da CCAÇ 2366, Jolmete e Quinhámel;  e ex-Cap Mil Grad, cmdt da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70).



Foto nº 7 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Sessão de autógrafos > O António Pimentel (ex-al mil rec inf, CCS/BCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro,1968/70), ao centro, apresenta ao autor um dos seus condiscípulo do tempo do Colégio da Mealhada. Há meio século que nºao me se viam!


Foto nº 8 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  Dois históricos da nossa Tabanca Grande, o Manuel Carvalho ("Necas", mano mais velho do autor) e o Zé Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos.(A família Carvalho teve três filhos na "guerra do ultramar", dois na Guiné e um em Angola).


Foto nº 9 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  >  O
Fernando Súcio (ex-sold cond auto, o Pel Mort 4275, Bula, 1972/74), habitual frequentador da Tabanca dos Melros e membro de "O Bando do Café Progresso".

 

Foto nº 10 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos"  > Duas grandes senhoras: a Fátima Carvalho e a Margarida Peixoto, curiosamente ambas professoras primárias" (hoje aposentadas). 



Foto nº 11 > Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 11 de setembro de 2021 > Lançamento do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" > Almoço, servido pela equipa do nossso grã-tabanqueiro Gil Moutinho, ex-fur mil pil, BA12, Bissalanca, 1972/73, é um dos régulos da Tabanca dos Melros; recorde-se que ele mantém a parte agrícola da sua quinta e faz a gestão do restaurante Choupal dos Melros, especializado em eventos (casamentos, batizados, festas)... 

As "entradas" form servidas na antiga eira, um belíssimo e grande espaço, com latada, meses de pedra e espigueiro,  permitindo  a concentração de mais de 70 pessoas... Enfim, um evento, impensável há um mês atrás, por causa da pandemia de Covid-19...A inscrição de tanta gente no almoço também é indicativa da crescente confiança dos portugueses...e da necessidade de voltarmos a conviver nas nossas tabancas... Pormenor que diz muito sobre o espírito da Tabanca ds Melros: toda a gente se serviu dos "comes & bebes", sem qualquer controlo "administrativo", depois o pessoal sentou-se, no interior, nas mesas do restaurante... e no final cada um foi à sua vida, depois de pagar à saída: o Gil Moutinho tinha uma lista, a lápis, com os nomes dos inscritos, e que um dos seus colaboradores  ia riscando,  após o ato de pagamento...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do António Carvalho, ex-fur mil enf, CART 6250, "Os Unidos de Mampatá", Mampatá, (1972/74), membro da Tabanca Grande desde 13/9/2008, nascido e residente em Medas, Gondomar:


Assunto - Um Caminho de Quatro Passos"

Data - 13 set 2021 18:11  


Caro camarada Luís Graça:

Se nunca tive dúvidas quanto ao interesse do nosso blog, que tão bem soubeste criar e desenvolver, no dia da apresentação do meu livro pude confirmar os benefícios que decorrem ou podem decorrer, para qualquer combatente, da sua existência. 

A acrescer a esta ideia saliento a tua generosidade, quando aceitaste fazer a apresentação do meu livro, apesar de alguma debilidade física que te dificulta a mobilidade, Obrigado, Luís, não só por esse teu trabalho intelectual, mas também pela divulgação do evento de modo empenhado e exaustivo.

O evento teve a participação de mais de oitenta pessoas, tendo ficado para almoçar mais de setenta. Vendi perto de sessenta livros, só nesse dia. 

Caberá, em maré de agradecimentos, não esquecer o excelente serviço prestado pelo nosso amigo, também combatente da Guiné, Gil Moutinho. Devo também agradecer o papel de tesoureiro desempenhado, sem mácula, pelo Presidente do Bando, o Jorge Teixeira.

Obrigado, Luís, obrigado, blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

2. Comentário do editor LG:

António, o prazer foi todo meu meu, mas também era a minha obrigação, estando por ali perto,  naquela semana: da Tabanca de Candoz, Marco de Canaveses, à Tabana dos Melros, em  Fânzeres, Gondomar, são cerca de 60 quilómetros: o Fernando Súcio, vindo da Campeã, Vila Real, deu-me boleia desde a portagem de Marco de Canaveses, e estou-lhe grato pela sua generosidade, tornando possível a minha comparência na tua festa. Em boa verdade, fiz menos de vinte quilómetros no meu carro, que deixei junto à portagem de acesso à A4... (Confesso que não tenho conduzido nos últimos tempos, devido aos meus problemas músculo-esqueléticos.)

António,  a divulgação de iniciativas como esta não é nenhum privilégio, muito menos um favor ou um  frete, é um direito teu, é um obrigação nossa. Tu és membro da nossa Tabanca Grande, és um antigo combatente, és nosso amigo  e camarada, escreveste um livro que tem mérito e o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné limita-se a cumprir a sua missão, que é justamente a de estar ao serviço dos seus membros, e ajudar a partilhar as suas memórias, os seus escritos, as suas histórias, as suas fotos. Foi o que fizemos.

Deixa-me também dizer-te que fiquei feliz por reencontrar tantos bons amigos e camaradas, frequentadores habituais da Tabanca dos Melros, de O Bando do Café Progresso e da Tabanca de Matosinhos, e conhecer pessoalmente alguns dos nossos novos grã-tabanqueiros, como foi o caso do Joaquim Costa. 

Por outro lado, foi um privilégio estar contigo, a tua família, a tua esposa, as tuas filhas e o teu neto (e em especial a tua filha Ana), o teu mano "Necas", o nosso mui querido amigo e camarada Manuel Carvalho ... Constatei que és um homem com muitos amigos e admiradores na tua terra, uma boa parte deles acorreram a este evento, no passado dia 11, sábado, na Tabanca dos Melros. 

Estou ainda de acordo contigo, uma palavra de agradecimento tem de ficar aqui registada ao Gil Moutinho, régulo da Tabanca dos Melros, que ajudou também a abrilhantar a tua festa.

E não leves a mal que volte a recordar que o teu livro pode ser adquirido, ao preço de 15,00 Euros (portes incluídos, no território nacional ou estrangeiro). Os pedidos devem ser dirigidos ao autor, António Carvalho:

 Email: ascarvalho7274@gmail.com | Telemóvel: 919 401 036

(Continua)

Guiné 61/74 - P22539: Notas de leitura (1381): "No mato ninguém morre em versão John Wayne, Guiné o Vietname português", por Jorge Monteiro Alves; LX Vinte e Oito, 2021 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Setembro de 2021:

Queridos amigos,
Quando se pretende biografar uma figura denominada herói lendário, um combatente cumulado pelas mais altas condecorações portuguesas, impõe-se ponderar uma consulta a documentos probatórios, irrefutáveis, socorrer-se do contraditório, ir aos arquivos, quando se pretende uma biografia histórica, não é o caso do livro de Jorge Monteiro Alves que enveredou por uma biografia informal, aqui correm-se inúmeros riscos, suscitam-se imensas dúvidas, é sempre o herói quem comenta as suas façanhas, e persistem as lacunas, é indispensável que a historiografia entre em ação. Mas não se pode retirar o mérito, é o primeiro trabalho jornalístico sobre um complexo personagem sobre o qual há muito a investigar.

Um abraço do
Mário



Biografia informal de Marcelino da Mata, um projeto para entender um herói guineense

Mário Beja Santos

Uma biografia, por definição, pauta-se pela evidência científica: arquivos, consulta de toda a documentação disponível, audição de relatos apaixonados, desapaixonados, sob o efeito do contraditório; contextualização do biografado no seu tempo e pela sua obra; extensa bibliografia, notas das consultas, etc. O trabalho do jornalista Jorge Monteiro Alves sobre Marcelino da Mata, intitulado "No mato ninguém morre em versão John Wayne, Guiné o Vietname português", LX Vinte e Oito, 2021, é uma biografia informal, discorre sobre o personagem, o autor marca as suas distâncias, procura mesmo contextualizar o guineense mais condecorado do Exército Português no quadro da luta armada; mas, como é evidente, é trabalho lacunar, reconheça-se o mérito de procurar retratar o herói no seu tempo, saúde-se a primeira obra sobre alguém que suscita incomensurável admiração ou infindáveis reprovações e repulsa pelos métodos adotados na atividade de combatente.

O contraditório é elementar, tão elementar como a investigação. Julião Soares Sousa, o importante biógrafo de Amílcar Cabral, ousou desfazer lendas, contestar a data da fundação do PAIGC, pôr a nu as pesadas contradições na ideologia do líder que bem procurava camuflar a existência de uma discordância histórica entre cabo-verdianos e guineenses. Tendo Marcelino da Mata pensado em aliar-se ao PAIGC, fruto das represálias que este exerceu na sua família (mataram-lhe o pai e a irmã, grávida de 8 meses), era indispensável apurar a verdade dos factos, confirmar as execuções da primeira e segunda mulher, seguramente que houve testemunhos. Os depoimentos da sua vida são dados por ele próprio. Parece que a ebulição subversiva surgiu de modo espontâneo, e por obra e graça de um acaso tudo começa em Tite em 23 de janeiro de 1963. Ora Marcelino da Mata foi incorporado em Bolama, fez a tropa pelo irmão, será que não há nenhum testemunho sobre este tempo, e depois como condutor-auto e depois no BCAÇ 356?

Monteiro Alves dá-nos uma súmula do dispositivo militar, notas sobre a economia da província ultramarina, e assim chegamos aos efetivos. Temos o general Spínola a reivindicar mais meios (parece que os dois comandantes-chefes procederam igualmente assim, mas foram menos felizes na contemplação, fala-se no novo conceito de guerra trazido por este homem providencial, faz-se o contraponto com o triplo de poder de fogo do PAIGC face a uma unidade militar portuguesa, enfim, nada ficamos a saber sobre o comportamento das nossas forças até 1968. Providencialmente, ficamos a saber como atuavam as nossas forças tudo por causa do que diz Marcelino da Mata: a Batalha do Como, onde ele fez o tirocínio com os Comandos; o herói Marcelino da Mata está em Brá no Centro de Instrução de Comandos da Guiné Portuguesa, em julho de 1964, o Governador e Comandante-Chefe chama-se Arnaldo Schulz, Marcelino colabora com os Comandos, os Gatos, os Fantasmas, os Panteras. E no final do ano engendram um modo de operar, quer fazer operações com um escasso número de militares. Monteiro Alves entende que deve interpolar permanentemente o que faz o herói com as ofensivas do PAIGC e o que se passa na cena internacional. Temos depois a criação dos Roncos de Farim, uma tropa especial lendária a que ele se agregou, tinha à frente um alferes destemido, Filipe José Ribeiro, e Marcelino da Mata fazia parceria com um Mandinga não menos destemido, Cherno Sissé. Chovem as condecorações. Os Roncos chegam a Cumbamori, em dezembro de 1967, estava lá Luís Cabral, viveu uma grande inquietação, mas safou-se. Monteiro Alves vai citando Marcelino da Mata em exclusivo, não dá guarida a outros depoimentos.

Foi várias vezes ao Senegal, em agosto de 1967 resgatou os homens da CCAÇ 1546, que tinham sido apanhados à mão, o prémio foi a Torre e Espada. É 2.º Sargento, criou o seu próprio grupo, os Vingadores. Anda numa completa dobadoira, Schulz parte, Spínola chega e o autor desenvolve as alterações introduzidas pelo novo Comandante-Chefe, os Vingadores sempre no ativo. Cria-se a primeira Companhia de Comandos Africana, a africanização da guerra conhece novos desenvolvimentos. Dá-se a Operação Mar Verde, Marcelino da Mata participa, ataca o quartel da Guarda Nacional em Conacri, é pouco económico no autoelogio:
“Eu arranjei uma metralhadora e comecei a fazer fogo. Aquilo era como disparar contra carneiros. Só à minha conta, numa contagem oficial, ficaram lá 94 estendidos, mas devem ter sido muito mais. Quem ficou aborrecido comigo foi o Calvão, pois alguns dos mortos eram oficiais superiores que simpatizavam com a FLNG e que se deviam juntar à revolta. Mas eu não sabia de nada disso. Nem ninguém do meu grupo. Quem me levava essas instruções era o alferes. Mas como ele foi abatido logo à entrada do quartel…”.
Nova condecoração para Marcelino da Mata, graduado em alferes com a especialidade de Comando. Monteiro Alves há ocasiões em que mostra que não teve acesso a fontes documentais, refere calmamente que o PAIGC derrubou um helicóptero no rio Mansoa em 25 de julho de 1970, que vitimou quatro deputados, não foi nada assim, o helicóptero foi metido no golfão em pleno rio, o piloto não conseguiu a manobra correta para dali sair, foi tudo puro acidente.

O autor volta a espraiar-se sobre a cena internacional, Marcelino tinha sido enviado para Cabora Bassa em 1971, Spínola mandou-o regressar, veio para o Centro de Operações Especiais, foi nessa altura que nasceram os Vingadores, Marcelino da Mata conduz uma verdadeira máquina de combate. Estamos chegados a 1973, entram em cena os mísseis Strela, Marcelino tinha anteriormente colaborado na Operação Grande Empresa, a ocupação do Cantanhez, soma louvores e cruzes de guerra. São referidas as ofensivas do PAIGC e a nova ida de Marcelino da Mata a Cumbamori. A 28 de abril de 1974, Marcelino da Mata cai ferido e é mandado para o Hospital de Bissau e evacuado para Lisboa a 2 de maio. A Guiné caminha para ser um país independente. Segue-se uma frase descabelada do autor:
“As últimas tropas portuguesas saíram da antiga província. Mas não trouxeram consigo os Comandos e os Fuzileiros Africanos. A traição portuguesa equivaleu a uma pena de morte para milhares de homens que deram tudo pela bandeira verde rubra”.
Se acaso tivesse consultado a documentação, verificaria que foram efetuadas diligências para trazer todas as tropas especiais, recusaram, quiseram ser remunerados até dezembro. Está-se em crer que um jornalista sabe que existe o Direito Internacional, não se pode interferir na vida interna de um Estado autónomo, pergunta-se que mais diligências poderiam ser feitas a não ser protestar pela diplomacia. Insiste-se na tónica do abandono sem minimamente querer apurar a verdade dos factos.

A biografia informal de Marcelino da Mata certamente que irá despertar novos trabalhos que permitirão abrir luz sobre a complexidade do personagem, já que o seu heroísmo foi incontestável, como o seu destemor, o melhor será aprofundar recorrendo às fontes documentais e aos testemunhos de todas as latitudes. Enquanto é tempo, que já é muito escasso para quem conheceu e combateu ao lado do herói da lenda.


Imagem retirada do Diário de Notícias, com a devida vénia
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Notas do editor

Vd. postes de:

24 de Agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22481: Notas de leitura (1374): Jorge Monteiro Alves: “No mato ninguém morre em versão John Wayne: Guiné, o Vietname português” (Lisboa, Livros Horizonte, 2021, 191 pp.) – Parte I (Luís Graça)
e
4 de Setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22513: Notas de leitura (1377): Jorge Monteiro Alves: “No mato ninguém morre em versão John Wayne: Guiné, o Vietname português” (Lisboa, Livros Horizonte, 2021, 191 pp.) – Parte II (Luís Graça)


Último poste da série de 11 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22533: Notas de leitura (1380): "Um caminho de quatro passos": temos um novo escritor, o António Carvalho passa o teste, e espero que seja com louvor por unanimidade e aclamação dos seus leitores (Luís Graça)

domingo, 12 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22538: (Ex)citações (391): Ainda não sabemos a proveniência da foto de capa do livro do TCor Pedro Marquês de Sousa, "Os números da guerra de África" (Guerra e Paz Editores, 2021), escolhida pela editora (António Bastos / Carlos Vinhal)


1. Há dias telefonou-me o camarada António Bastos para falar do livro "Os Números da Guerra de África" do Tenente Coronel Pedro Marquês de Sousa de quem é vizinho e amigo.
Em conversa com o TCor Marquês, inevitável era que o Bastos não falasse da fotografia[*] da capa do seu livro, ao que o autor respondeu não ser responsável pela sua escolha, e que até tinha pedido que omitissem o seu posto militar quando fizessem referência ao autor da obra. Que lhe mostraram o livro já tal e qual como foi publicado.

Disse-me também o Bastos que se lembrava de ter visto uma foto semelhante àquela numas das muitas obras que tem sobre a guerra de África. Pedi-lhe que se a encontrasse, ma mandasse para se pubilcar.

2. Passados poucos dias recebi esta mensagem do António Bastos:

Companheiro Carlos, bom dia,
Mediante a nossa conversa sobre as duvidas de onde saiu a foto para o livro "Números da Guerra de África" do nosso Camarada Tenente Coronel Pedro Marquês de Sousa. Foi do Diário de Noticias que lançou já há alguns anos, dos autores Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, o livro "Guerra Colonial", livro esse que tem esta foto. Eu penso que seja uma sequência do mesmo.
Carlos, como eu disse na conversa que tive com o Pedro, ele disse-me que sobre a foto da capa do livro não sabe onde a editora a foi buscar e também me disse que tinha dito à editora que não metesse o Tenente Coronel.

Penso que esclareci algumas dúvidas dos nossos camaradas.
Um abraço e muito obrigado.
A. Paulo


3. Como também coleccionei os fascículos que compõem o livro "Guerra Colonial - Angola - Guiné - Moçambique", fui em busca da famosa foto da capa do livro do TCor Marquês mas só encontrei a que o Bastos me enviou, que está na página 400 e que não é a mesma, embora tudo leve a crer que se trate de momentos temporalmente muito próximos, minutos talvez.
Podemos comparar e verificar que os militares em progressão são os "mesmos", a autometralhadora e os dois militares que a ocupam, idem, e que até a vegetação é a mesma.

Pormenor da imagem, reduzida a preto e branco, da capa do livro de Pedro Marquês de Sousa, "Os números da guerra de África: Angola, Guiné, Moçambique; mortos, feridos, armas e combates, custos, desertores". Lisboa: Guerra e Paz Editores, 2021, 384 pp.). (Com a devida vénia ao autor e editora...) Foto (editada) da capa do livro "Os Números da Guerra de África".
Foto (editada) retirada, com a devida vénia, da pág. 400 de "Guerra Colonial", publicação em fascículos do Diário de Notícias, da autoria de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, e que tem a seguinte legenda: Exemplo típico de abertura de itinerário. Em primeiro plano, o "picador" - com a vara de detectar minas, protegido por uma secção à sua retaguarda e por outra no seu flanco. Atrás uma autometralhadora "Fox".
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Notas do editor:

[*] - Vd. poste de 19 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22468: Fotos à procura de... uma legenda (154): A imagem da capa do livro de Pedro Marquês de Sousa, "Os números da guerra de África" (Guerra e Paz Editores, 2021)

Último poste da série de 10 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22530: (Ex)citações (390): o ouri (ou uril) de Madina Xaquili, um jogo de estratégia (Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Cherno Baldé)

Guiné 61/74 - P22537: Blogpoesia (747): "Sou um chorão..."; "Meu lar" e "Sei dum rio - Camané", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Publicação de poesia da autoria do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66):


Sou um chorão...

Choro com muita facilidade.
Me comovo fácilmente.
Um violino que toca.
O timbre duma voz vibrante.
A pose dum actor brilhante.
O cantar do pintassilgo
Que vem cada manhã,
Cantar à minha janela,
Até me acordar.
A despedida dumas férias grandes
Em que fomos mesmo felizes
Com todos os filhos...


Ericeira, 29 de Agosto de 2021
15h38m
Jlmg


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Meu lar

É bom chegar.
Aquele cantinho, com tudo ao pé.
As nossas coisas,
Que a vida deu
Se juntaram todas.
A companhia de cada hora.
As nossas escolhas.
Que o sonho modela.
Um espaço único.
À nossa medida e gosto.
Parecido a nós...


Berlim, 10 De Setembro,
8h46m
Jlmg


********************

Sei dum rio - Camané

Rua seca com pedras presas,
Sobe e desce neste bairro.
Rua negra em noite escura.
Rua branca no dealbar de cada dia.
Alinhadas tantas casas,
Tantos destinos vivos,
Bons vizinhos,
Testemunhando as vidas.
Com alegrias e tristezas certas.
Cada um as suas.
É fatal.
Ligações eternas.
Ficam para sempre...


Berlim, 11 de Setembro de 2021
ouvindo Camané
8h46m
Jlmg

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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22496: Blogpoesia (746): "Larachas..."; "Dar a volta ao texto" e "As virtudes do silêncio", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P22536: Álbum fotográfico de António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª na CART 1692; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494 e CART 3567 (5): O meu tabuleiro de ouri (ou "worri", em fula) "

 



O meu ouri

Fotos (e legenda): © António J. Pereira da Costa  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, de  do nosso camarada António J. Pereira da Costa cor art ref (ex-alf art, na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmd das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74); tem mais de 170 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 13/12/2007; é autor da série "A minha guerra a petróleo"(, depois transformada em livro, editado pela Chiado Books, Lisboa, 2019, 192 pp.) tem um belíssima e valiosa colecão de arte e artesanato guineenses (fula, mandinda, bijagó...) e tem-na partilhado connosco (*): base para copos, bases para copos, pratos e terrina, cachimbos, "cirans", "cafalas", chapéu fula, cinto fula, garrafas forradas a couro, tabuinha com caracteres árabes...

Faltava esse tabuleiro de ouri ou uril (em fula, "worri", segundo o nosso assessor para as questões etnolinguísticas, Cherno Baldé). 

Trata-se de um jogo estratégia, de que há muitas variantes em África (e também na Ásia), equivalente ao nossos jogos de xadrez e damas. A essa família de jogos dá-se o nome genérico de mancala, palavra de origem árabe. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa grafou os vocábulos ouri e uril, ambos de origem duvidosa. (**)

sábado, 11 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22535: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (89): No quadro dos 60 anos do início da Guerra Colonial, o RC 6 (Braga), em parceria com o Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, está a organizar um Colóquio e uma Exposição com enfoque no património histórico do RC6 como unidade mobilizadora, entre 1964 e 1974, de Pelotões de Reconhecimento Daimler



C O N V I T E

PELOTÕES DE RECONHECIMENTO DAIMLER / RC6

No quadro dos 60 anos do início da Guerra Colonial, o Regimento de Cavalaria Nº6 (Braga), em parceria com o Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, está a organizar, para novembro do corrente ano, um Colóquio e uma Exposição com particular enfoque no património histórico do Regimento como unidade mobilizadora, entre 1964 e 1974, de Pelotões de Reconhecimento Daimler.

Se é um antigo “combatente Daimler” mobilizado pelo RC6, ou um seu familiar, convidámo-lo a contactar-nos, para podermos ver, ouvir e registar os seus testemunhos.

Por email: rc6.sois@exercito.pt

Por telefone: 916 502 474

Por correio: Regimento de Cavalaria 6, Rua do Regimento de Infantaria Nº8, 4710-303 Braga
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22531: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (88): O Regimento de Cavalaria n.º 6 de Braga, juntamente com a Universidade do Minho, está a organizar um colóquio e uma exposição (a acontecer em 18NOV21) sobre o esforço de mobilização do RC6 em PelRec Daimler para os três Teatros de Operações. Procura-se antigos CMDTs Pel Rec Daimler para possível colaboração no evento

Guiné 61/74 - P22534: Os nossos seres, saberes e lazeres (467): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (15) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Setembro de 2021:

Queridos amigos,
Depois da Lourinhã e de Sines, andei por aí, o mês de agosto em Lisboa é sempre aprazível, pouco ruidoso e dando facilidades a participar em eventos sem o risco das enchentes. Lá fui para a Ajuda, queria ver as transformações operadas no fechamento do palácio e ver ainda a distância onde vai ficar o Museu do Tesouro Real. E daqui parti para esta riquíssima exposição que tem o dom de bem comunicar o que foi o reinado da Senhora Dona Maria da Glória, fadada para ser uma princesa do Brasil, o destino trocou-lhe as voltas, D. Pedro reivindicou o trono de Portugal, seguiu-se uma terrível guerra civil, D.ª Maria II ascendeu ao trono e bem confrontada foi com ultimatos, ameaças, revoltas, levantamentos, período bem acidentado que culminou com o fim do Cabralismo e o advento da Regeneração. Todas estas peripécias aqui aparecem plasmadas e bem retratados os atores principais, desvelam-se objetos e documentos, o sucesso da exposição é permitir ao visitante captar em grande angular o reinado desta mulher que bem gostava de ser dona de casa e estar muito tempo ao pé dos filhos. Uma exposição que vale ouro, até pelo ouro que vamos ver, riquezas é coisa que ali não falta...

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (15)

Mário Beja Santos

Há muito que sentia a curiosidade de “acompanhar mais de perto” o reinado da Senhora Dona Maria da Glória, sobre a qual há a dita de profusos trabalhos de historiografia. Saber algo mais, e sequenciado, através da imagem, dos documentos e dos objetos desta princesa nascida no Brasil e catapultada para o trono de Portugal. Vida atribulada, o pai imperador do Brasil e a fazer dela a rainha do trono dos avós. Casa com um príncipe alemão em plena mocidade, logo viúva, e com a mão destinada ao tio, El-Rei D. Miguel, o das touradas e o filho mais querido de D.ª Carlota Joaquina, rei absolutista, que repudiou a mão da sobrinha e se envolveu numa tremenda guerra civil que terminou na Convenção de Évoramonte, e partiu para o exílio. A escolha de novo marido recaiu em novo mancebo alemão, de nome Fernando, vindo da família Saxe-Coburgo-Gota, do ramo católico, ter-se-ão amado profundamente, tiveram uma filharada.
Ora a exposição patente na Galeria do Rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda, até fins deste mês, é um verdadeiro acontecimento cultural, um evento museográfico e museológico de grande qualidade, recomenda-se que não se perca a oportunidade de acompanhar o itinerário desta princesa do Brasil até ao falecimento quando deu à luz o seu 11º filho. O cartaz do evento é belo, vejam-se as imagens da Coroa, do estandarte real e o quadro do príncipe-consorte, a quem tanto o país ficou a dever, alcandorou os padrões culturais, preservou património, concedeu bolsas, devemos-lhe o Palácio Nacional da Pena e muitíssimo mais.


A escolha de objetos ajuda-nos a compreender certos acontecimentos históricos, será o caso destas porcelanas comemorativas de viagens de D. Miguel. A jovem rainha e o seu marido vão ser de imediato confrontados com acesas disputas entre as linhas liberais, cartistas e vintistas, introduzem-se reformas de vulto, lembremos Mouzinho da Silveira e Passos Manuel, é uma linha de atuações ou promessas de tirar o país da letargia do Antigo Regime, do clericalismo fanático, lançar bases de progresso na indústria, no comércio e na agricultura. Irão confrontar-se líderes de diferentes matizes, Saldanha, Costa Cabral, Palmela, aparecem retratos expressivos na exposição, coincidem com todo este tremendo e avassalador período de revoltas como a da Maria da Fonte, levantamentos como a Patuleia ou a Setembrada. Na Câmara dos Pares os adversários insultavam-se, de todos eles Costa Cabral foi o bombo de festa, o mínimo que lhe chamavam era ladrão, era constantemente desafiado a explicar como da pobreza disparara para a vida opulenta, até uma boa parte do Convento de Cristo comprou, para assinalar que era Conde e depois Marquês de Tomar. No tomo do regime constitucional, D.ª Maria II e o futuro rei D. Fernando II procuravam aplacar as ondas, mas todo este período turbulento se prolongará até à Regeneração e ao Fontismo, já com novas lideranças régias
Esta senhora, a infanta Isabel Maria, não aparece por acaso. No meio das convulsões, das insubordinações de D. Miguel, do seu exílio, do seu regresso e aclamação como rei absolutista, esta infanta teve um especial papel moderador, procurou dignificar pela regência o que devia ser o real cumprimento pela exemplaridade, buscou consensos, e daí a bonita imagem que deixou, mereceu por direito próprio ter aparecido nesta exposição.
Aqui estão alguns dos protagonistas, D. Miguel, Saldanha, Palmela ou Costa Cabral, por exemplo, têm todo o direito a estar no palco, para o melhor ou para o pior mas em parte do reinado desta monarca que adorava a vida familiar, educar os filhos e andar com aquela ranchada entre Lisboa e Sintra, vendo o desvelo com que o marido preparava o príncipe real para futuras funções, como veio a suceder. D. Pedro V foi um monarca profundamente dedicado à busca da modernidade do país, uma tifoide levou-o precocemente, deixando uma admiração sem limites.
Uma exposição que cumpra literalmente o que promete tem sucesso assegurado. É o caso desta, veja-se aqui a jovem princesa, o seu pai imperador e a sua madrasta, quem diria as voltas do destino, os vendavais que iria encontrar como monarca constitucional; a leitura permanente que a exposição permite da vida do seu reinado e os símbolos artísticos que falam desta realeza, de uma rainha que aceitou o peso das suas funções sem nunca perder o gosto de acompanhar a educação dos filhos e viver todos os momentos disponíveis na companhia do seu amado marido. E parto desta exposição bem agradado, agora vou visitar o palácio onde viveu um dos seus filhos, D. Luís, depois os netos e os bisnetos, aqui findou a monarquia, a 3 de outubro de 1910 houve um jantar precipitado em honra do presidente do Brasil, D. Manuel partiu para Sintra e depois para Mafra, e da Ericeira para o exílio.
(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 4 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22511: Os nossos seres, saberes e lazeres (466): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (7) (Mário Beja Santos)