1. Mensagem do nosso camarada António Pinto, enviada ontem a Adelaide Gramunha Marques:
Dª. Adelaide Crestejo:
Deixe-me tratá-la por minha Irmã Adelaide, porque se eu considerava o MARQUES (1) como meu Irmão e o meu melhor Amigo que tive na Guiné, considero não ser abuso fazer tal pedido.
Estou bastante emocionado pois, quando abri as mensagens ou vou ao blogue da Tertúlia, o que faço constantemente, vi uma mensagem desse grande Senhor, que se chama LUÍS GRAÇA (que já tive o privilégio de conhecer pessoalmente) cujo assunto se referia ao nosso Irmão, que sofregamente li e reli.
Ao ler veio-me à memória, já um bocado gasta, tanta coisa que, com certeza, não vou poder descrevê-las todas. Mas isto é sem dúvida um princípio.
Mal possa vou procurar no meu pequeno espólio de guerra e ver se encontro algumas fotos, para além das que eu já enviei para o blogue. No entanto com as várias mudanças de residência muita coisa se perdeu.
Hoje só quero mandar uma mensagem para a Adelaide saber que existe aqui em Monção ( sou de V. N. de Gaia, fiz toda a minha vida no Porto, mas depois de reformado, eu e minha Mulher, refugiámo-nos neste sossego) um Amigo, que gostaria imenso de a conhecer para falarmos e recordar esse grande Homem, que a maldita guerra, que fomos obrigados a fazer, ceifou duma maneira cruel.
Para já deixo aqui os meus contactos:
António de Figueiredo Pinto
Lugar da Cova
Valadares
Apartado 100
EC Monção
4950-909 Monção
Telefone fixo > 251 531 855
telemóvel > 911 029 056
e-mails: >
antoniopinto67@sapo.pt
ninhodavo@sapo.pt
Amanhã não prometo entrar em contacto pois tenho que fazer vários exames médicos, pois a idade (68) já não perdoa, mas breve voltarei.
Uma boa noite e um abraço do
Pinto
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, António. São de grande nobreza as tuas palavras. Fico de algum modo feliz por o nosso blogue proporcionar momentos de solidariedade e grandeza humanas, como este. Ao mesmo tempo, é espantoso como, mais de 40 anos volvidos sobre os acontecimentos, tudo isto ainda mexe profundamente com as nossas emoções e os nossos sentimentos. À nossa amiga Adelaide, dirijo-lhe formalmente o convite para ficar na nossa Tabanca Grande o tempo que entender e precisar… Continuaremos a lutar pelo nosso direito à memória.
Mantenhas (como dizíamos lá na Guiné), para os dois.
3. Mensagem da Adelaide, enviada esta madrugada:
Meu caro amigo Luís, obrigada pelas suas palavras de conforto e pela rapidez com que me pôs em contacto com o Sr. António Pinto.
Vou tentar ainda hoje responder ao email que ele me enviou e que me deixou muito confortada pois vejo e sinto nas palavras dele que o meu irmão teve na Guiné se mais não foram, pelo menos UM grande amigo, UM irmão.
Pelo vosso trabalho um bem hajam e que Deus os acompanhe sempre assim como ás vossas familias.
O Luís diz que o Martinho já nos deixou há 42 anos e é verdade, mas para mim esse dia está tão presente na minha memória como se tivesse sido ontem.
A única diferença é que nos habituamos a viver com a ausência e a valorizar os momentos que tivemos de convivio como os mais preciosos deste mundo.
Obrigada meu caro amigo e bom trabalho para todos.
Adelaide G. M. Crestejo
_________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 20 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1862: 42 anos depois, com emoção e revolta, sei das circunstâncias horríveis em que morreu o meu irmão... (Adelaide Gramunha Marques)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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