A Guiné /Os Tempos de Guerra
1968/70
Companhia de Caçadores 2382
O Distintivo da Companhia
Este era o distintivo da Companhia. Continha na parte central, a figura de um militar com aspecto de veterano de guerra, já com o camuflado e botas um pouco danificados, e a sua inseparável G3.
Na mão direita segura aquilo a que chamávamos a “pica”, que não era mais que uma vareta de aço afiada e que servia como o nome indica para picar o terreno susceptível de ocultar uma mina. Na extremidade da referida "pica" encontra-se uma pequena caixa que representa uma mina anti-carro.
Sendo a CCaç 2382 uma Companhia Independente, nos quatro ângulos do distintivo encontram-se as iniciais dos comandos a que pertenceu: o primeiro é o Regimento de Infantaria 2 de Abrantes onde a companhia se formou e foi mobilizada; o segundo é o COSAF Comando Operacional de Aldeia Formosa; o terceiro, Batalhão de Caçadores 2834 ao qual a companhia esteva adida e o quarto, o COP4 (Comando Operacional nº4, sedeado em Buba).
As duas inscrições laterais poderão levantar algumas interrogações: “Por Estradas Nunca Picadas”. Esta pequena frase diz-nos que a companhia andou por locais até ali ainda não pesquisados; “Por Picadas Nunca Estradas” aqui pretende-se dizer o que foi uma realidade, que os militares andaram pelo mato por caminhos que nunca foram estradas.
Mas voltando à figura central, àquele a que chamámos “o Zé do olho vivo”, por ser uma figura mais ou menos engraçada, valeu-nos na Guiné o título da Companhia dos Palhaços.
Manuel Batista Traquina
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Adaptação do texto da responsabilidade de vb.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Foi Alf.Curado e Silva quem me disse: "Capitão, a rapaziada gostava de ter um emblema que pudesse pôr sobre o bolso da camisa da farda e que identificasse a Companhia..."
Eu era alérgico a grandes aparatos assumindo falsos "espíritos de corpo" mas naquele momento senti que, no nosso caso, havia já bastante união e camaradagem para podermos usar algo que nos identificasse. Entrei no meu gabinete, puxei pelo meu velho jeito para a bonecada e, durante umas horas daquela noite de Buba, lá estive, de esferográfica em punho, puxando pela imaginação. Achei que devia homenagear o soldado comum, possuidor daquela sagacidade, coragem e suficiente boa disposição que lhe permitiria voltar aos braços dos seus pais, das suas noivas, dos seus familiares, terminados os cerca de dois anos de Guiné. Fiz o desenho sem uma emenda, acho que estava inspirado... Depois foi encomendar os guiões, crachás e emblemas e... Creio que foi um sucesso!... Quando aguardávamos embarque, em Brá, ainda apareciam militares de outras unidades, que eu nem conhecia, pedindo-me, por tudo, um guião! Chegaram-me também alguns reparos: parece que eu não havia respeitado as regras de heráldica militar! Claro que isso foi o que menos me preocupou... O engraçado é que descobri, recentemente, que a maioria da rapaziada nem sabia que tinha sido eu o autor do desenho... Tudo bem!... Gostaram, não foi? Era o mais importante...
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