1. Mensagem enviada ontem pelo John (ou João) Bonifácio, que vive no Canadá, tendo sido Fur Mil SAM (vulgo: vagomestre), da CCAÇ 2402 (Có e Olossato, 1968/70) (1):
Olá, Caro Luís.
Muito Obrigado pela informação (2). Hoje é domingo e ainda está sol, pois estou a escrever aqui mesmo ao lado de Toronto.
A reportagem da SIC, imediatamente a seguir ao vosso noticiário das 20 h (15 por estes lados) foi um reviver de emoções. Nao posso mentir, ao sentir uma lágrima de solidariedade e revolta.
Eu não posso aceitar que em pleno Século XXI, 35 anos depois destes acontecimentos, em que morreram jovens e por uma causa que hoje sabemos foi um desastre político, já que nem os capitalistas ganharam.
Sinto-me revoltado e triste, e desejava que todos os nossos amigos deste Blogue soubessem, que mesmo assim, as famílias terao de pagar para rever os seus muito queridos filhos, irmãos e tios. É muito triste que o homem que mais discursos dá em Portugal, e que ate é PM, não tenha tempo de pensar, a exemplo de outros governos de outros paises, de repor a verdade, e pedir desculpa às famílias pelo abandono e desprezo votado a todos os que ainda por estão enterrados. Pedir desculpa, reconhecer perante o eleitorado que esta guerra existiu, e foi demasiado sangrenta e miserável, e tomar a responsabilidade pela transladação de todos os militares portugueses que, por falta de condições de segurança ou por estupidez dos governos de Salazar e de Marcelo Caetano, foram abandonados.
As minhas desculpas por algum erro meu, mas eu não vou rever o que escrevo. Estou muito emocionado, e não basta a perda de um irmão de armas, mas mais o desprezo e ignorância dos governos, por nã.ao terem tempo para fazer justiça.
Depois deste programa, fico com a impressão que um dos meus alferes da CCAÇ 2402 fez bem em não comparecer para embarque (3).
Um abraco para todos.
João G. Bonifácio
ex-Fur Mil SAM
CCAÇ 2402/BAT 2851
Có, Mansabá, Olossato
1968/70
__________
Notas de L.G.:
(1) Poste de ou sobre o João Bonifácio:
1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, antigo vagomestre da CCAÇ 2402)
(...) Meu caro João /'My dear John':
1. Fico muito sensibilizado com a tua mensagem… Eu sei que a Pátria não foi Mátria para ti, foi madrasta... E eu sou o primeiro a ser solidário contigo, eu que decidi ficar na terra que me viu nascer... Sei que isso não te vai servir de consolo, mas não imaginas o rol de reclamações que recebo neste pequeno canto da blogosfera!... Enfim, o importante é que hoje estejas bem, nesse grande país que eu admiro… Mas as tuas raízes, a tua identidade, o teu passado estão aqui, estão connosco… Nenhum de nós terá futuro, se não souber preservar e até alimentar o passado. A Guiné marcou-nos a todos, com o seu ferrete... Mas foi em português, na língua de Camões, que exprimimos os sentimentos mais nobres ou dissémos os palavrões mais horríveis. João: não adianta. Não se escolhe a Pátria, não se escolhem os pais nem os irmãos, não se escolhe a língua materna... Mas dessa ao menos eu tenho (e tu tens, nós temos) orgulho... É em português, e em bom português, que comunicamos na blogosfera, neste blogue, na nossa tertúlia, nesta caserna virtual onde todos cabemos, de Lisboa a Bissau, de Viana do Castelo a Toronto, de Coimbra a Luanda" (...)
25 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2212: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (3): Portugueses da diáspora também querem ver (João G. Bonifácio)
20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2562: As Nossas Madrinhas de Guerra (3): Quem as não teve ? (Luís Graça / João Bonifácio / Paulo Salgado)
(2) Vd. poste de 20 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2781: Televisão: Hoje, na SIC, às 21h: Grande Reportagem: Ninguém Fica para Trás: O regresso a Guidaje, Maio de 1973
(3) Vd. poste de 15 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1282: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (1): duas baixas de vulto, Beja Santos e Medeiros Ferreira
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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